Declaração de Katmandu: Financiamento climático deve ser global, mas adaptação deve ser local


A oitava Conferência Anual sobre Adaptação Comunitária (CBA), terminou nesta semana em Katmandu, no Nepal, destacando que é necessário arrecadar mais financiamento global para as mudanças climáticas, e que este deve ser aplicado em nível local.

 

                    

 

“Pelo menos 50% do financiamento [climático] global precisa ser alocado para atividades de adaptação e do fundo de adaptação, e pelo menos 50% deve ser direcionado a entidades locais, tais como comunidades vulneráveis”, diz a Declaração de Katmandu, documento final do encontro.

A secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Christiana Figueres, salientou ainda que o atual financiamento para adaptação climática é “pateticamente insuficiente”, e pediu que os países mais ricos se apressem em participar dos fundos que existem para esse fim.

“Eu pediria que todos os países relevantes acelerassem o desenvolvimento de seus vários planos a fim de maximizar o desenvolvimento de todos esses fundos – por exemplo, o Fundo de Adaptação tem um financiamento total de pouco mais de US$ 220 milhões, dos quais apenas US$ 78 milhões foram desembolsados.”

Figueres louvou a declaração de Katmandu, acrescentando que o próprio Nepal, é um bom exemplo de como dividir o financiamento destinado ao combate e adaptação às mudanças climáticas.

A política climática adotada pelo governo do Nepal em 2011 estipulou que 80% do orçamento climático seja dado a comunidades vulneráveis. Infelizmente, a Comissão Nacional de Planejamento do país afirma que até agora apenas 11% do orçamento climático foi compartilhado com essas comunidades.

Ainda assim, outros países apresentam sinais de quererem adotar medidas semelhantes, disse Saleemul Huq, um dos autores da declaração. “Até agora, o Nepal é o único país a alocar explicitamente 80% [do orçamento] para nível local, mas muitos outros, tais como Paquistão e Quênia, estão avaliando opções.”

“A tarefa urgente é garantir que todas essas peças de trabalho sejam criadas, recriadas e articuladas em conjunto para desenvolver o motor mais potente para uma mudança para um mundo neutro em carbono – isso em parte definirá as vidas e legitimará as aspirações das pessoas pelos próximos anos”, concluiu Figueres.

Crédito imagem: Oxfam

02/05/2014   –   Autor: Jéssica Lipinski   –   Fonte: Instituto CarbonoBrasil