Plantio de árvores como compensação de emissões na Copa ficou na promessa


Entrevista com Magno Castelo Branco

 

Responsável pelo Departamento Técnico da Iniciativa Verde – organização não governamental que trabalha para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas por meio de recomposição florestal -, Magno Castelo Branco diz que a organização da Copa do Mundo no Brasil acertou na gestão de resíduos, mas decepcionou na compensação de emissões. “Tivemos promessas de plantio de até 34 milhões de árvores, coisa que não ocorreu”. Também consultor do Banco Mundial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Embaixada Britânica sobre assuntos relacionados à mudança do clima, Castelo Branco acredita que a opção por chamar empresas para doarem créditos de carbono – adotada pelo governo e pela Fifa -, tenha pouco valor. “Foi uma atitude desesperada para cumprir de qualquer jeito uma promessa”. Na sua avaliação, é preciso incorporar de maneira significativa iniciativas de compensação de gestão de grandes eventos, buscando mecanismos de compensação que contribuam de maneira significativa para a realidade local.

A entrevista é de Maura Campanili, publicado por Clima e Floresta e reproduzida por EcoDebate, 08-08-2014.

Eis a entrevista.

Você acompanhou as medidas de sustentabilidade anunciadas pelo governo brasileiro para a Copa do Mundo? Podemos dizer que foram eficazes?

Sim, acompanhei as medidas de sustentabilidade anunciadas, mas também as que foram efetivamente implementadas. Posso dizer que fiquei bem impressionado com a gestão de resíduos recicláveis durante o evento. Foram contratados 1,5 mil catadores que coletaram mais de 180 mil toneladas de resíduos. Essa foi uma iniciativa importante, principalmente por criar e incentivar a cultura de coleta e reciclagem nas cidades sedes. Sobre a certificação dos estádios, considero que seja uma obrigação, pois hoje é inadmissível pensarmos em construir arenas dessa magnitude sem considerarmos formas de torná-las mais eficientes. Apenas seis das 12 arenas foram certificadas com o selo LEED (Leadership in Energy & Environmental Design). Minha experiência mostra que a certificação das obras não necessariamente aumenta os custos de implantação e sempre reduz os custos durante a operação. Um ótimo exemplo é a Arena Castelão, que foi a mais barata da Copa mesmo sendo certificada. Porém, sobre os estádios ainda tenho outra preocupação. Observando que quase todos os estádios custaram mais do que deveriam e tiveram suspeitas de superfaturamento, tenho certeza que essas ineficiências de gestão significaram também um aumento do consumo de recursos e nas emissões de gases de efeito estufa. Talvez seja difícil mensurar, mas é certo que uma gestão ineficiente acarreta maiores desperdícios financeiros e, consequentemente, de materiais.

E em relação à compensação de emissões de gases de efeito estufa, houve iniciativas importantes?

Sobre a compensação de emissões fiquei decepcionado, pois tivemos promessas de plantio de até 34 milhões de árvores antes do evento, coisa que não ocorreu. Nem ouvimos mais falar sobre o assunto. Essa era uma oportunidade única de incentivar projetos de grande impacto positivo, pois a visibilidade era muito grande. Era uma chance de dar visibilidade a projetos de recuperação da Mata Atlântica – uma das grandes riquezas de nosso país-, além de muitas outras iniciativas espalhadas pelo Brasil. O que vimos foi um ato desesperado de tentar, de última hora, “zerar’ as emissões do evento com a doação de créditos de carbono. Infelizmente, o que aconteceu foi muito menos significativo do que poderia.

Em relação especificamente às emissões, que tipos de emissões um evento desse porte, realizado em doze diferentes cidades, pode causar? É possível calcular as emissões realizadas? Como?

Todos os eventos podem ter as suas emissões calculadas. Para tanto, são utilizadas metodologias consagradas, como por exemplo o GHG Protocol. Por mais que a metodologia seja voltada para o cálculo de emissões corporativas, é possível adaptá-la para um evento, avaliando as fontes de emissão existentes. Em eventos de qualquer porte, a principal fonte de emissão é geralmente o transporte. No caso de um grande evento como a Copa do Mundo, isso fica muito evidente. No inventário realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), chegou-se a conclusão que 83% das emissões do evento estão relacionadas ao transporte dos espectadores. Mas é importante ressaltar que há sim outros diversos impactos como, por exemplo, a construção das arenas. Acho que foi um erro da Fifa e do MMAoptarem por não incluir essas emissões no escopo do inventário da Copa. Pela minha experiência na Iniciativa Verde com a execução de inventários de emissões de empreendimentos, posso deduzir que este impacto seria bastante representativo no total. Pelo fato de termos 12 cidades sedes, tivemos um impacto relativo ao transporte ainda mais significativo. Os deslocamentos são maiores também pelas distâncias entre as cidades. Além do transporte, são consideradas as emissões relacionadas a realização de todos os eventos relacionados com a Copa, incluindo nos cálculos fontes de emissão como: Consumo de energia, consumo de materiais, transporte de staff, consumo de combustíveis, entre outras.

No site oficial da Copa, o governo afirma que o Brasil compensou sete vezes mais do que o estimado para as emissões diretas de gases de efeito estufa geradas pela realização da Copa do Mundo. Esses índices teriam sido alcançados em decorrência da chamada pública para empresas interessadas na doação de créditos de carbono, lançada pelo Ministério do Meio Ambiente. Esse é um bom sistema para compensar emissões?

Acredito que chamar empresas para doarem créditos seja uma ação com pouco valor, pois sugere que o governo e aFIFA pouco fizeram para tanto. Foi uma atitude desesperada para cumprir de qualquer jeito uma promessa. Muitos outros projetos poderiam ter sido incentivados.

Pelo sistema adotado, as empresas doariam as suas Reduções Certificadas de Emissões (RCE) em troca de ter seus nomes veiculados nos eventuais relatórios de gestão e resultados do Projeto e publicados no Diário Oficial da União. Você poderia explicar o que são essas RCE e como funcionam?

RCE são reduções de emissões certificadas dentro do Protocolo de Kyoto. Uma tonelada de CO2 reduzida e certificada é o que chamamos de RCE, ou crédito de carbono. Essas reduções podem ser obtidas por diversos projetos que utilizam metodologias aprovadas na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima(UNFCCC) e são registrados nesse órgão.

A Iniciativa Verde trabalha com a compensação de emissões por meio de projetos de recomposição florestal, de proteção às águas e de auxílio aos proprietários rurais para adequação ambiental. As iniciativas da Copa do Mundo contemplaram essas áreas?

Não fomos contemplados nas ações oficiais da Copa do Mundo. Algumas empresas nos buscaram e acabamos realizando projetos relacionados com a Copa. Porém, oficialmente, não fomos procurados pela organização do evento. Também não temos notícias de outras instituições que foram convidadas a fazer essas atividades no âmbito oficial do evento, ou seja, as iniciativas da Copa não envolveram esse tipo de trabalho. Na realidade, pelo que vimos, projetos de recomposição florestal não estiveram envolvidos com as atividades de compensação de emissões do evento.

Há outras questões relacionadas à sustentabilidade e à pegada de carbono da Copa do Mundo que podemos destacar? Que lições ficam para eventos semelhantes, sobretudo as Olimpíadas que acontecem no Rio de Janeiro daqui a dois anos?

A principal lição é que precisamos incorporar de maneira significativa essas iniciativas de compensação na gestão desses grandes eventos, dando a mesma importância que atribuímos às obras em si, buscando mecanismos de compensação que contribuam de maneira significativa para a realidade local e regional. E em se falando de Brasil, nada supera, a meu ver, os projetos de restauro florestal no âmbito do bioma da Mata Atlântica.

Catadores viram solução para lixo da Copa


Cooperativas são responsáveis por recolher toneladas de resíduos dentro e fora das arenas e dar um fim correto ao lixo gerado pelo evento

      

A quantidade de lixo gerado pela Copa do Mundo é grande. Mas uma parte dele, ao menos, está contribuindo para o trabalho de um bom número de pessoas. Catadores de materiais recicláveis são responsáveis por recolher parte do lixo que tem se acumulado ao redor das arenas e Fan Fests.

A ação é financiada pelo Ministério do Meio Ambiente e coordenada pelas prefeituras de seis cidades-sede do evento: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal e São Paulo. A intenção do projeto é contribuir para o trabalho de parcela importante da população, os catadores, e ainda incentivar o descarte correto dos resíduos. Somente nos primeiros 5 dias de copa, 5 toneladas foram recolhidas nas Fan Fests. Todo o material recolhido é destinado às cooperativas de reciclagem.

Karla Vieira Semcom Semulsp

Karla Vieira Semcom Semulsp

Os Catadores trabalham tanto nas Fan Fests como dentro das arenas.

Na cancha

Os catadores também agem dentro das arenas que recebem os jogos da Copa. Em março deste ano, 840 catadores começaram a ser capacitados para trabalhar nas arquibancadas e dependências dos estádios. A iniciativa foi promovida pela Coca-Cola, uma das patrocinadoras oficiais do evento.

Há até um “Placar da Reciclagem“, que calcula a quantidade de materiais recolhidos até o momento dentro das arenas. É possível visualizar os diferentes tipos de resíduos e filtrar a coleta por estádio. ate o momento, segundo o site, foram coletadas 184 toneladas de materiais recicláveis.

Peso

A atuação dos catadores na Copa é reflexo da importância que eles vêm adquirindo na gestão de resíduos do país. Em quase 50 cidades brasileiras, cooperativas de catadores já são responsáveis por fazer a coleta seletiva oficial de materiais recicláveis.

A mudança se acentuou após o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 2011, que criou a possibilidade de prefeituras contratarem cooperativas para a gestão municipal do lixo.

O PNRS ainda determina que todos os lixões do país sejam fechados até agosto deste ano. A intenção é que eles sejam substituídos por aterros, que ficariam proibidos de receberem das prefeituras qualquer tipo de material reciclável. As prefeituras têm recorrido aos catadores, mas, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, mais de 2 mil lixões ainda funcionam no país.A mudança se acentuou após o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 2011, que criou a possibilidade de prefeituras contratarem cooperativas para a gestão municipal do lixo.

Fonte: Catraca Livre

Seleção de catadores vai reciclar lixo produzido nos jogos da Copa


                           

Eduardo Ferreira de Paula foi convocado para a Copa do Mundo. Mas ele não vai entrar em campo. Com 25 anos de experiência como catador de materiais reciclados, vai coordenar a equipe que fará a coleta seletiva no Itaquerão, estádio onde o Brasil faz o jogo de abertura do Mundial.

Como ele, outros 840 catadores foram treinados pela Coca-Cola para trabalhar nas 12 arenas durante os jogos da Copa. A estimativa é que sejam recicladas pelo menos cinco toneladas de resíduos produzidas em cada partida. Isso corresponde a cerca de 65% do total de lixo produzido, considerando os números levantados pela multinacional de refrigerantes durante a Copa das Confederações.

“Nunca pensei que fosse fazer parte da Copa do Mundo. Foi uma surpresa para todos os catadores”, confessa de Paula, que construiu sua casa e sustentou quatro filhos catando vidro pelas ruas de São Paulo. Aos 47 anos, está ansioso pelo apito inicial do jogo entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho, mas sabe que o trabalho que tem pela frente precisa ser feito com seriedade. “Queremos mostrar na Copa que os catadores são uma categoria com dignidade”, resume.

A seleção dos profissionais que vão atuar na reciclagem dentro dos estádios foi feita por 160 cooperativas ligadas ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). O diretor de assuntos governamentais, comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola para a Copa do Mundo, Victor Bicca, explica que a empresa preparou cartilhas, deu treinamentos teóricos e confeccionou uniformes para as equipes, de acordo com as expectativas climáticas para cada região. “Os catadores estão agora sendo treinados dentro das próprias arenas”, completa.

Duplo rendimento

Todo o material recolhido – majoritariamente copos plásticos, latas de alumínio e papelão – será destinado para as cooperativas envolvidas na coleta. “Vamos controlar o que cada grupo catou, as quantidades e encaminhar esse material para que as cooperativas vendam”, explica Bicca. Os catadores vão ganhar com a venda do material, além de um valor fixo pelo dia de trabalho: 80 reais pelo serviço e outros 30 para alimentação e transporte. “Está de bom tamanho”, calcula Eduardo de Paula.

A catadora Guiomar Conceição dos Santos, outra liderança do MNCR, concorda que o valor está dentro da média. “Tem gente que ganha 200 e outros que ganham dois mil”, explica. Mas ela estima que a renda média de um catador seja em torno de um salário mínimo por mês, 724 reais.

O Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, alocado na Secretaria Geral da Presidência da República, trabalha com valores um pouco menores. A coordenadora do comitê, Daniela Metello, estima a renda média em 570 reais mensais. Segundo ela, são cerca de 388 mil brasileiros que se declararam como catadores no Censo de 2010, mas por se tratar de um mercado com grande flutuação, a estimativa é de que 400 mil a 600 mil pessoas trabalhem com a coleta de resíduos recicláveis nas ruas do país. “Se estender para as famílias, teremos 1,42 milhão de pessoas que vivem dessa renda”, aponta.

Os ganhos dos catadores flutuam com o mercado. Também é o mercado que regula que tipo de material é procurado com maior avidez. “Em algumas áreas mais remotas, por exemplo, só vale a pena para os catadores recolher latas de alumínio, já que o transporte custa caro”, explica Metello. Os preços também mudam de região para região.

A tabela de preços da organização Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), formada por grandes empresas nacionais, aponta que uma tonelada de latinhas de alumínio é vendida por 2 mil reais no Recife, mas chega a 3 mil reais em Goiânia, por exemplo. Como cada lata pesa, em média, 14,5 gramas, são necessárias cerca de 68 mil unidades para chegar a uma tonelada.

Material valioso

Nos jogos da Copa do Mundo as latinhas não serão entregues ao torcedor: as bebidas serão despejadas em copos plásticos. Assim, as latas ficarão concentradas nos postos de venda, o que deve facilitar o trabalho de quem vai recolher o material. Além disso, por questões de segurança, a empresa de refrigerante instalará apenas lixeiras transparentes e espera contar com o apoio dos torcedores para separar o material reciclável dos resíduos orgânicos. “Preparamos um vídeo com a mascote da Copa, o Fuleco, explicando como o lixo deve ser descartado”, completa Bicca.

Mas a coleta não será restrita às arenas esportivas. De acordo com Claudio Langone, consultor do Ministério do Esporte que preside a Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014, também foi feito um planejamento estratégico para as áreas de entorno e Fan Fests.

Segundo ele, parcerias com cooperativas de catadores diferentes das que atuarão nos estádios vão incluir mais profissionais, mas o trabalho será similar. Além de recolher copos e latas dentro das áreas de comércio restrito, caberá aos catadores instruir os torcedores para que descartem qualquer vasilhame antes de se dirigirem à fila de entrada, onde estão instalados equipamentos de raio-x. Bicca explica que como o volume de pessoas que vai passar por um espaço pequeno é grande – em torno de 60 mil em duas horas, em alguns casos –, é importante que o descarte de latinhas e garrafas seja feito antes.

Langone conta que a proposta de incluir os catadores no processo deve ser um dos legados deixados pela Copa. Seis das cidades que sediam jogos – Manaus, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Natal e Fortaleza – se habilitaram para receber financiamento para o projeto de inclusão e devem estender a atuação dos catadores no sistema de coleta seletiva para além do Mundial de futebol.

A participação dos catadores na coleta seletiva é uma das cinco metas traçadas pela Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade para minimizar os impactos do Mundial sobre o meio ambiente. As outras incluem construção de arenas certificadas, incentivo ao turismo sustentável, estímulo ao consumo de produtos locais e organicos e cálculo das emissões de CO2.

Daniela Metello, do Comitê Interministerial, completa que o objetivo é que, com a inclusão permanente nos esquemas municipais de coleta, os catadores passem a receber não apenas pelo material que juntam, mas pelo dia de serviço e pelo seu papel como agentes ambientais. Um reflexo disso é fazer com que a imagem dos catadores seja transformada gradualmente.

Grito de gol

 Victor Bicca concorda e garante que os testes feitos durante a Copa das Confederações provaram que os catadores sabem desempenhar seu papel com responsabilidade: conhecem as rotinas e não ficam parados vendo o jogo. Ele confia que, na Copa do Mundo, o desempenho será o mesmo.

No entanto, o catador Eduardo Ferreira de Paula, torcedor do Corinthians, não promete imparcialidade. “Antes de tudo, somos brasileiros, e quando todo mundo gritar gol, o negócio é largar o saco e partir para o abraço”.

Fonte: ambientebrasil.com.br

Laísa Mangelli

Torcedores do Japão limpam estádio após derrota na Copa do Mundo


   

A estreia do Japão na Copa do Mundo não foi das melhores em termos de futebol, mas a torcida japonesa deu uma lição de civilidade ao mundo. Após a partida, parte dos torcedores orientais ajudou a coletar o lixo deixado nas arquibancadas.

Mesmo tendo perdido o jogo para a Costa do Marfim por 2×1 e de virada, a torcida japonesa não se deixou abater pelo resultado desfavorável. Depois do apito final e com as arquibancadas quase vazias, o que se viu foi um exemplo de cultura e cidadania, com torcedores ajudando a manter a limpeza do estádio após a grande festa.

As imagens dos japoneses com sacos de lixo nas mãos e recolhendo as embalagens do chão foram compartilhadas nas redes sociais e a iniciativa ganhou reconhecimento mundial. O fã clube Nora Guardiola, do Barcelona, replicou as fotos em seu perfil no twitter e tocou fãs do time catalão.

Um dos comentários destaca que ações como essas são raras. “Difícil de acreditar que ainda existam pessoas tão maravilhosas como essas neste mundo moderno”, disse um dos fãs. Em geral, as mensagens são de respeito às pessoas e à iniciativa.

O jogo aconteceu em Recife, no último sábado e contou com a presença de mais de 40 mil torcedores. O exemplo japonês serve de incentivo a torcidas em todo o mundo, para que o espetáculo do esporte seja ainda mais completo.

Fonte: Mercado Ético

Quanto a Copa emite de carbono?


Campeonato é o mais verde já realizado

               

Há críticas sobre vários aspectos do torneio, que vão diminuindo com seu sucesso e a qualidade de sua organização. Criticou-se mesmo a escolha do símbolo do torneio, por ser um dos animais do país em risco de extinção, muito embora a repercussão tenha levado à possibilidade de criação de um parque nacional para a proteção do tatu-bola.

Para começar, dois dos estádios usam apenas energia solar, e todos eles são certificados pela Liderança em Design Energético e Ambiental (Leed). Além disso, o comitê de organização da Copa fez uma parceria com o programa ambiental da ONU, Unep, para fornecer informações à torcida sobre como ela podem reduzir seu impacto ambiental.

O mais importante, porém, é que esta é a primeira competição deste tipo que compensa suas emissões de carbono. Em seu término, terá usado energia suficiente para alimentar todos os 260 milhões de carros e caminhões nos Estados Unidos em um dia, o que pode ser considerado pífio em termos de emissões globais- além do que a relação mostra quem contribui mais com o aquecimento global.

De acordo com números da Fifa, 60% das emissões serão criadas pelos vôos internacionais. Os outros serão causados por caminhões para o transporte de equipamentos, o deslocamento de torcedores e a operação de todos os equipamentos eletrônicos necessários.

Os organizadores da Copa informaram que cerca de U$ 1.5 bilhões foram alocados para compensar os efeitos sobre a mudança do clima criados pelo evento. A projeção estima a produção de 1.4 milhão de toneladas de CO2 em toda sua duração.

De acordo com Carlos Klink, secretário de mudança do clima do Ministério do Meio Ambiente, o país preparou nos últimos anos uma agenda sustentável e lidera um mecanismo especial para compensar as emissões de carbono em grandes eventos.

“Não existia uma metodologia para eles até então. Estudamos as melhores práticas na metodologia do Painel Internacional da Mudança do Clima (IPCC) e decidimos criar a nossa própria, com expertise internacional e de forma participativa”,  disse ele aoResponding to Climate Change.

Foto: Divulgação/CBF

Fonte: Planeta Sustentável

Brasil promete Copa ecológica com emissões compensadas e passaporte verde


            

Com a compensação de emissões de gases de efeito estufa, estádios que respeitam normas ambientais e um "passaporte verde" para turistas, o governo brasileiro anunciou um pacote de iniciativas para tornar a Copa do Mundo mais ecológica. "Queremos marcar gols verdes", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em coletiva de imprensa recentemente.

O Mundial, como a maioria de grandes eventos esportivos, produzirá uma grande emissão de gases que provocam o aquecimento do planeta (CO2 e equivalentes).

Transporte, obras, hospedagem e tudo o que tiver a ver com o evento, direta ou indiretamente, deixará uma marca de 1,4 milhão de toneladas de carbono, que equivaleria a pouco menos da metade dos gases gerados pelos Jogos Olímpicos de Londres, informou Teixeira.

O governo assegurou que são consideradas emissões 59.000 toneladas de CO2, já compensadas com um programa lançado pelo governo através do qual empresas doam créditos de carbono em troco de um selo verde que lhes dará a publicidade de ter colaborado a "esverdear" o evento.

Até o momento, o programa alcançou uma adesão equivalente a 115.000 toneladas, disse Teixeira. "A Copa começará 100% mitigada em suas emissões diretas" e o objetivo é alcançar "a maior mitigação possível" até o final do ano, explicou.

Junto ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o governo brasileiro lançou um passaporte verde que pretende fomentar o consumo sustentável dos turistas nas 12 cidades sede, com aplicativos para celular e informações nas redes sociais.

A 'top model' brasileira Gisele Bündchen será a estrela desta campanha para que os turistas optem por um consumo ecológico.

Segundo o governo, "esta é a primeira Copa em que todos os estádios seguirão modelos de construção e gestão sustentável", com certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Deign). Segundo a ministra, dos 12 estádios, 2 já foram certificados, 6 deveriam conseguir o certificado antes a Copa e os outros 4 este ano.

Outras duas iniciativas têm a ver com a inclusão social: o treinamento dos catadores de lixo para promover a reciclagem e dar-lhes trabalho durante o evento, em um país onde esta atividade é muito incipiente, e a instalação de quiosques de venda de alimentos orgânicos e sustentáveis da agricultura familiar nas 12 cidades-sede.

"Esta Copa é uma oportunidade para que o Brasil se projete em sua diversidade ecológica", que vai da floresta ao semi-árido, o cerrado e o Pantanal, disse o ministro do Turismo, Vinicius Lages.

Fonte: http://esportes.r7.com/brasil-promete-copa-ecologica-com-emissoes-compensadas-e-passaporte-verde-27052014

Laísa Mangelli

O televisor da Copa do Mundo é o lixo eletrônico de amanhã


            

“Já comprou a TV para ver a Copa do Mundo?”, perguntam animadamente os vendedores das lojas de eletrodomésticos da capital brasileira. A pouco menos de dois meses dos jogos, aparelhos cada vez maiores e mais modernos ganham destaque nas lojas, o que enche os olhos tanto dos consumidores quanto da indústria.

Em 2014, os fabricantes calculam produzir entre 18 milhões e 20 milhões de TVs – 30% a mais do que no ano passado –, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Do total das vendas, 60% devem ocorrer no primeiro semestre, justamente no embalo do Mundial.

Mas essa febre de consumo pré-Copa pode, em alguns anos, tornar-se prejudicial para o meio ambiente e a população. Atualmente, o Brasil produz 6,5kg/ano de lixo eletrônico por habitante, e acredita-se que esse número passará a 8kg/habitante/ano em 2015 – ou seja, serão 16 milhões de quilos de resíduos eletrônicos. No entanto, o país ainda não toma medidas unificadas para processá-los adequadamente.

A preocupação é agravada pelo fato de 2014 ser o último ano em que o Brasil produzirá televisões de tubo (CRT, no jargão técnico). A partir de 2015, só telas de plasma e de LCD sairão das fábricas.

Embora as TVs durem bem mais do que um smartphone ou um tablet, a questão do descarte inquieta especialistas na área de lixo eletrônico.

“Boa parte do crescimento da venda de TVs de LCD em 2010 é atribuído à Copa na África do Sul. À época, a produção de TVs de tubo caiu 30%; essa preferência certamente vai influenciar o volume de lixo eletrônico à medida que os consumidores substituírem seus aparelhos normais pelos de LCD nos próximos anos”, avalia um estudo do Banco Mundial.

Segundo a autora, Vanda Scartezini, os brasileiros costumam doar suas TVs antigas. “Só que, com o aumento da classe média brasileira e do consumo nos últimos anos, há cada vez menos gente disposta a receber ou manter uma televisão pequena ou mais antiga”, explica.

Com isso, a tendência é, nos próximos anos, esses aparelhos serem descartados de qualquer jeito, em qualquer lugar, o que pode ser prejudicial ao meio ambiente e aos catadores de lixo.

As antigas TVs de tubo contêm chumbo, cádmio, bário e fósforo, entre outros elementos tóxicos, capazes de causar danos neurológicos e outros problemas de saúde. Chumbo e plásticos também estão presentes nos modelos mais novos, embora em menor concentração.

Quando o descarte e a reciclagem são feitos corretamente, dá para extrair não apenas esses elementos químicos (que têm valor comercial mais alto), como também componentes, a exemplo de vidro e metais, que podem ser reutilizados pela indústria. No processo, ainda é possível gerar milhares de empregos sustentáveis, segundo o estudo do Banco Mundial.

O problema é que pouco mudou desde que o Brasil assinou, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A implementação da lei depende de uma decisão – que até hoje não saiu – entre o Estado e a indústria de eletroeletrônicos.

“Em 2013 houve várias conversas, mas ainda há pontos que precisam ser ajustados para o acordo ir adiante”, comenta Scartezini. O acordo diz respeito, entre outros temas, à maneira como os equipamentos devem ser descartados, transportados até as usinas de processamento e reaproveitados.

Também está em jogo quem paga por tudo isso: a indústria ou o cliente. No Japão, por exemplo, cabe ao consumidor empacotar a TV e enviá-la por correio ao centro de reciclagem mais próximo.

Enquanto isso, no Brasil, termina em 2014 o prazo para firmar essa decisão. E, no fim do ano que vem, a meta para que o país feche todos os seus lixões a céu aberto. A Eletros, que está à frente do plano a ser feito para a reciclagem de TVs, não quis comentar o assunto.

Fonte: El País

Laísa Mangelli