Crise na Grécia estimula criação de comunidades sustentáveis


A preocupação dos gregos em relação à crise econômica incentivou a população a descobrir formas alternativas de viver. O grupo conhecido como Free and Real é um dos exemplos de comunidades sustentáveis que estão crescendo no país. Fundada há três anos na ilha de Evia, a Free and Real é uma sociedade alternativa baseada em princípios de sustentabilidade. Ela é formada por dez moradores em tempo integral e mais de cem que residem no local parte do ano. 

Free and Real a sigla para o ideal: “Liberdade de recursos para todos, respeito, igualdade e aprendizado”. Foi baseado nestes valores que quatro jovens de Atenas criaram a comunidade. Para o web designer Apostolos Sianos, um dos fundadores, a ideia inicial parecia difícil de colocar em prática, mas hoje ele não tem vontade nenhuma de voltar ao que era antes. "Quando tomei a decisão de abandonar a cidade e morar neste pedaço de terra, fiquei um pouco nervoso. Mas agora não consigo me imaginar naquele estilo de vida outra vez", disse à BBC.

          

Além do conforto, Sianos teve de abdicar de seu emprego. Para sobreviverem, os moradores se alimentam da comida produzida por eles mesmos. Na comunidade não há energia elétrica e eles moram em cabanas comunitárias também construídas pelos próprios moradores. Todo o excedente da produção é trocado em um o vilarejo por produtos de que necessitem. É como se voltassem ao tempo em que a economia era baseada no escambo.

A ideia de criar a Free and Real surgiu em 2008 em um fórum da internet. Para os jovens fundadores, a Grécia já estava em crise na área da educação, no sistema de saúde e meio ambiente. Com o agravamento do problema econômico, que ganhou destaque em 2010, o estilo de vida alternativo tem sido mais procurado. Muitos interessados buscam a Free and Real para aprender técnicas de vida sustentáveis e saber mais sobre agricultura orgânica.

"A crise financeira grega está dando uma enorme oportunidade às pessoas para verem que o sistema em que vivem não está funcionando, então podem começar a procurar alternativas", acredita Sianos.

           

Técnicas semelhantes já são aplicadas e difundidas aqui no nosso país, de acordo com o Movimento Brasileiro de Ecovilas (MBE), os números de ecovilas reconhecidas só crescem com o passar dos anos. O MBE realiza encontros mensais para divulgar idéias e experimentos, e realizar debates, juntamente com ecovilas de outros países da América Latina e Europa.   

Seguindo a definição teórica, ecovilas são comunidades organizadas, preferencialmente rurais, compostas por pessoas que se identificam em ideais ou princípios, que procuram viverem harmonia com as leis naturais, através de um estilo de vida ambiental, econômica e socialmente sustentável. No escopo das ecovilas estão itens como a produção orgânica dos alimentos, a geração de energia limpa, o destino adequado dos resíduos sólidos e líquidos, a reciclagem e o reuso, a economia solidária e de troca, a recuperação de áreas degradadas e a conservação das florestas e mananciais de água.
 

Hoje existe um movimento mundial de integração das ecovilas, que surgiu com o objetivo consciente de se caminhar em direção a uma sociedade de comunidades sustentáveis. Ele se consubstancia nos mesmos princípios e bases das mais recentes conferências das Nações Unidas, desde a Eco 92, no Rio de Janeiro. Em 1995, num encontro histórico realizado na Fundação Findhorn, o conceito de ecovilas foi discutido amplamente, definido e lançado globalmente. Nessa ocasião, foi estabelecida a Global Ecovillage Network – GEN (Rede Global de Ecovilas), com um secretariado internacional na Dinamarca e três regionais: nos EUA, cobrindo as Américas, na Austrália, cobrindo a Oceania e a Ásia e na Alemanha, cobrindo o continente Europeu. Milhares de pessoas aderiram à ideia e formaram ou procuraram ecovilas para viver, centenas de iniciativas e eventos uniram-se à Rede desde sua criação, criando um conceito que tem sido chamado globalmente de “revolução do habitat”.
 

Segundo a Global Ecovillage Network “Ecovilas são comunidades rurais ou urbanas de pessoas que buscam integrar um ambiente social assegurador de um estilo de vida de baixo impacto ecológico. Para atingir este objetivo, as ecovilas integram vários aspectos do projeto ecológico, permacultura, construções de baixo impacto, produção verde, energia alternativa, práticas de fortalecimento de comunidade e muito mais”.

Fonte: http://mbecovilas.wordpress.com/ ; http://ciclovivo.com.br/noticia/

Laísa Mangelli  

Crise na Grécia estimula criação de comunidades sustentáveis


A preocupação dos gregos em relação à crise econômica incentivou a população a descobrir formas alternativas de viver. O grupo conhecido como Free and Real é um dos exemplos de comunidades sustentáveis que estão crescendo no país. Fundada há três anos na ilha de Evia, a Free and Real é uma sociedade alternativa baseada em princípios de sustentabilidade. Ela é formada por dez moradores em tempo integral e mais de cem que residem no local parte do ano. 

Free and Real a sigla para o ideal: “Liberdade de recursos para todos, respeito, igualdade e aprendizado”. Foi baseado nestes valores que quatro jovens de Atenas criaram a comunidade. Para o web designer Apostolos Sianos, um dos fundadores, a ideia inicial parecia difícil de colocar em prática, mas hoje ele não tem vontade nenhuma de voltar ao que era antes. "Quando tomei a decisão de abandonar a cidade e morar neste pedaço de terra, fiquei um pouco nervoso. Mas agora não consigo me imaginar naquele estilo de vida outra vez", disse à BBC.

          

Além do conforto, Sianos teve de abdicar de seu emprego. Para sobreviverem, os moradores se alimentam da comida produzida por eles mesmos. Na comunidade não há energia elétrica e eles moram em cabanas comunitárias também construídas pelos próprios moradores. Todo o excedente da produção é trocado em um o vilarejo por produtos de que necessitem. É como se voltassem ao tempo em que a economia era baseada no escambo.

A ideia de criar a Free and Real surgiu em 2008 em um fórum da internet. Para os jovens fundadores, a Grécia já estava em crise na área da educação, no sistema de saúde e meio ambiente. Com o agravamento do problema econômico, que ganhou destaque em 2010, o estilo de vida alternativo tem sido mais procurado. Muitos interessados buscam a Free and Real para aprender técnicas de vida sustentáveis e saber mais sobre agricultura orgânica.

"A crise financeira grega está dando uma enorme oportunidade às pessoas para verem que o sistema em que vivem não está funcionando, então podem começar a procurar alternativas", acredita Sianos.

           

Técnicas semelhantes já são aplicadas e difundidas aqui no nosso país, de acordo com o Movimento Brasileiro de Ecovilas (MBE), os números de ecovilas reconhecidas só crescem com o passar dos anos. O MBE realiza encontros mensais para divulgar idéias e experimentos, e realizar debates, juntamente com ecovilas de outros países da América Latina e Europa.   

Seguindo a definição teórica, ecovilas são comunidades organizadas, preferencialmente rurais, compostas por pessoas que se identificam em ideais ou princípios, que procuram viverem harmonia com as leis naturais, através de um estilo de vida ambiental, econômica e socialmente sustentável. No escopo das ecovilas estão itens como a produção orgânica dos alimentos, a geração de energia limpa, o destino adequado dos resíduos sólidos e líquidos, a reciclagem e o reuso, a economia solidária e de troca, a recuperação de áreas degradadas e a conservação das florestas e mananciais de água.
 

Hoje existe um movimento mundial de integração das ecovilas, que surgiu com o objetivo consciente de se caminhar em direção a uma sociedade de comunidades sustentáveis. Ele se consubstancia nos mesmos princípios e bases das mais recentes conferências das Nações Unidas, desde a Eco 92, no Rio de Janeiro. Em 1995, num encontro histórico realizado na Fundação Findhorn, o conceito de ecovilas foi discutido amplamente, definido e lançado globalmente. Nessa ocasião, foi estabelecida a Global Ecovillage Network – GEN (Rede Global de Ecovilas), com um secretariado internacional na Dinamarca e três regionais: nos EUA, cobrindo as Américas, na Austrália, cobrindo a Oceania e a Ásia e na Alemanha, cobrindo o continente Europeu. Milhares de pessoas aderiram à ideia e formaram ou procuraram ecovilas para viver, centenas de iniciativas e eventos uniram-se à Rede desde sua criação, criando um conceito que tem sido chamado globalmente de “revolução do habitat”.
 

Segundo a Global Ecovillage Network “Ecovilas são comunidades rurais ou urbanas de pessoas que buscam integrar um ambiente social assegurador de um estilo de vida de baixo impacto ecológico. Para atingir este objetivo, as ecovilas integram vários aspectos do projeto ecológico, permacultura, construções de baixo impacto, produção verde, energia alternativa, práticas de fortalecimento de comunidade e muito mais”.

Fonte: http://mbecovilas.wordpress.com/ ; http://ciclovivo.com.br/noticia/

Laísa Mangelli  

“Ou mudamos ou morremos”, alerta Leonardo Boff


"Hoje vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal, nacional e mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que quase nada funciona a contento". A opinião é do teólogo e professor Leonardo Boff, que escreveu artigo recente.

Segundo Boff, a Terra está doente. "E como somos, enquanto humanos também Terra (homem vem de húmus = terra fértil) nos sentimos todos, de certa forma, doentes. A percepção que temos é de que não podemos continuar nesse caminho, pois nos levará a um abismo. Fomos tão insensatos nas últimas gerações que construímos o princípio de auto-destruição. Não é fantasia holywoodiana", observou.

De acordo com ele, a humanidade tem condições de destruir várias vezes a biosfera e impossibilitar o projeto planetário humano. "Desta vez não haverá uma arca de Noé que salve a alguns e deixa perecer os demais. Os destinos da Terra e da humanidade coincidem: ou nos salvamos juntos ou sucumbimos juntos", ressaltou Boff.

"Em primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas sociedades hoje mundializadas, principal responsável por esse curso perigoso. É o tipo de economia que inventamos. A economia é fundamental, pois, ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O tipo de economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Tudo na sociedade e na economia se concentra na troca. A troca aqui é qualificada, é competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios subalternos ou desaparecem. O resultado desta lógica da competição de todos com todos é duplo: de um lado uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos e de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações."

Para Boff, atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social. "Por todas as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes erradicadas, depredação dos recursos limitados da natureza e um ambiente geral de violência, de opressão e de guerra."

Individualismo x Cooperação

Um dos pontos mencionados pelo teólogo no artigo é que a grande maioria dos países e das pessoas não cabem mais sob seu teto. "Agora esse tipo de economia da troca competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer que ela penetre e se imponha. Ela nos pode levar ao destino dos dinossauros", comparou Boff.

Ao defender a ideia de que "ou mudamos, ou morremos", Boff sugere como alternativa uma nova racionalidade, por meio do princípio da cooperação (ele cita o livro de Maurício Abdalla sobre o tema). "Se não fizermos essa conversão, preparemo-nos para o pior. Urge começar com as revoluções moleculares. Comecemos por nós mesmos, sendo seres cooperativos, solidários, com-passivos, simplesmente humanos. Com isso definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a Terra", conclui Boff.

Foto: Planeta Azul

Fonte: Leonardo Boff – Site e EcoDesenvolvimento

Laísa Mangelli