Dimenstein abre Congresso de Direito Ambiental


O Brasil passa por uma ‘revolução das pequenas coisas’ que tem relação direta com as questões ambientais. O entendimento é do jornalista Gilberto Dimenstein, que abriu o III Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável na noite desta quarta-feira (10), na Escola Superior Dom Helder Câmara. Como exemplo dessas ‘pequenas coisas’, Dimenstein citou a sacola usada pelos conferencistas. Desenvolvida pelo Projeto Árvores da Vida, de Betim, a sacola é feita de cinto de segurança e material de bancos automotivos velhos.

“Talvez o que simbolize essa revolução das pequenas coisas seja essa sacola. Ela é feita com cinto de segurança, com material que Fiat deu e eles transformaram uma coisa que era velha em algo criativo. Sobretudo, eles mostram a inteligência de transformar as coisas”, destacou o jornalista.

Para ele, cada vez mais a sociedade vai exigir soluções inventivas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

“Quem imaginava que no século XXI o transporte do futuro fosse a bicicleta? Quando eu morava no exterior e dizia que exista compartilhamento de bicicletas, as pessoas daqui afirmavam: isso nunca dará certo no Brasil. Hoje, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro já têm compartilhamento de bicicletas”, exemplificou Dimenstein, que elogiou a história da Dom Helder.

“Vocês não nascem como uma faculdade burocrática. Vocês nascem como um movimento que virou uma faculdade de direito. Talvez vocês sintetizem tudo o que eu tenha para dizer”, resumiu.

Dimenstein também apresentou números inéditos de uma pesquisa feita pelo Ibope que mostra o quanto as pessoas se importam com as questões de promoção da melhoria na qualidade de vida nas cidades.

O levantamento, feito em todo Brasil, mostrou, por exemplo, que 54% dos entrevistados  sentem orgulho e admiração por um marca quando ela promove ações de melhoria para a cidade ou desenvolve ações de sustentabilidade com foco no meio ambiente.  Em outro questionamento, 35% dos entrevistados responderam que trocariam a marca habitual por uma similar que promovesse melhorias na cidade. “As pessoas percebem essas ações com eixo de sustentabilidade”, ressaltou.

‘Urgência inadiável’

Em discurso, o Reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara, Paulo Umberto Stumpf SJ, lembrou que a abertura do Congresso ocorre no mesmo dia que a ONU divulgou dados alarmantes sobre o aumento das emissões de gases do efeito estufa.

"A temática deste congresso se apresenta não só como de extrema atualidade, como também como urgência inadiável”, disse. “Desejo que neste congresso a partilha de vários saberes de renomados conferencistas e de um público intelectualmente tão diferenciado, possa resultar na multiplicação desses saberes, na evolução do conhecimento e na solidariedade entre todos nós”, concluiu.

Reflexão e ação

Coordenador do evento, o professor Franclim Brito destacou que o Congresso deste ano tem como novidade a realização de minicursos divididos em ‘temáticas instigantes’. Ele também ressaltou os parceiros do Congresso, como o Instituto Humanitas Unisinos e do Projeto Árvores da Vida.  “Revista científica de um lado, cooperativa social do outro, reflexão e ação são modos de proceder da Escola Superior Dom Helder: promover a articulação das diversas realidades", disse.

Especialistas

Diversos  especialistas e autoridades ligadas ao meio ambiente prestigiaram a abertura do III Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: Volney Zanardi, presidente do IBAMA; Mauro O’ de Almeida, consultor jurídico do Ministério do Meio Ambiente; Délio Malheiros, vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente de Belo Horizonte; Mário Werneck, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MG; Luís Cláudio Chaves, presidente da OAB/MG; e Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes, diretor do Foro da Justiça Federal de MG.

Uakti

A abertura do Congresso foi encerrada com a apresentação do grupo musical Uakti. A banda se destaca pelo uso de instrumentos musicais não convencionais e construídos pelo próprio grupo. Canos de PVC são alguns dos materiais usados pelo grupo.  A apresentação da banda prendeu a atenção do público, que reconheceu ao apluadir os músicos.

Nesta quinta-feira (11), a partir de 8h45, começa a segunda etapa do congresso com o primeiro painel, “Do Ambiental ao Socioambiental: confluências e divergências”.  Clique aqui e confira a programação completa!

Rômulo Ávila / DomTotal