Incêndios ‘nunca antes registrados’ destroem Pantanal no Mato Grosso do Sul


Animal foge das chamas no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, em 30 de outubro de 2019 (Mato Grosso do Sul State Government/AFP)

Incêndios de “proporções nunca antes registradas” devastam três municípios da região do Pantanal, informou nesta quinta-feira (31) o governo do Mato Grosso do Sul, que classificou a situação de “crítica”.

“O incêndio na região é impressionante, afeta mais de 50 mil hectares e cria dificuldades logísticas”, disse o coordenador do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos, Paulo Barbosa de Souza, sobre a área, citado por um boletim do governo estadual.

Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que entre janeiro e outubro de 2019 havia 8.479 focos de incêndio no Pantanal, o pior balanço anual desde 2007.

O mês de outubro concentrou 2.427 focos de incêndio, muito acima dos 120 registrados no mesmo período de 2018. Este é o pior outubro desde 2002, quando foram contabilizados 2.761 incêndios no bioma, o maior índice registrado até o momento.

Os municípios afetados são os de Corumbá, Miranda e Aquidauana.

O fogo “está se espalhando com o vento e a vegetação seca (…). Chamas intensas e fumaça espessa voltaram a interromper o tráfego nas estradas próximas”, disse à reportagem a assessoria de comunicação do governo do Mato Grosso do Sul, que pediu ajuda ao governo federal.

AFP

Mudança climática é considerada culpada por desastres pelo mundo


Fogo atinge propriedade a cerca de 350km de Sydney, na Austrália (Peter Parks/AFP)

Inundações violentas em Veneza, incêndios na Austrália e até um surto de peste na China foram atribuídos à mudança climática nesta semana. Pesquisadores alertaram que o aquecimento global pode sujeitar as futuras gerações a doenças de longa duração.

Veneza declarou um estado de emergência na quarta-feira depois que inundações “apocalípticas” varreram a cidade, alagando sua basílica histórica, praças e edifícios de centenas de anos. “Este é o resultado da mudança climática”, disse o prefeito Luigi Brugnaro no Twitter.

As vias de circulação da cidade se transformaram em correntezas furiosas, balaústres de pedra foram derrubados, barcos foram lançados nas margens e gôndolas foram esmagadas em seus ancoradouros quando a elevação das águas atingiu o pico de 187 centímetros.

Essa foi a maior inundação desde o recorde de 194 centímetros de 1966, mas o nível da elevação das águas está se tornando uma ameaça frequente para a joia turística. “Veneza está de joelhos”, disse Brugnaro. “Os danos chegarão às centenas de milhões de euros”.

Do outro lado do mundo, partes da Austrália vêm sendo devastadas por incêndios florestais nesta semana. Quatro pessoas morreram, e comunidades inteiras foram forçadas a fugir das chamas.

Desde 2016, setores do norte e do interior de Nova Gales do Sul, assim como o sul de Queensland, estão sujeitos a uma seca que a Agência de Meteorologia disse estar sendo provocada, em parte, pelas temperaturas mais elevadas na superfície do mar, que afetam os padrões de chuva.

As temperaturas atmosféricas também aumentaram ao longo do século passado, intensificando a ferocidade de secas e incêndios. Mas as ligações entre a mudança climática e eventos climáticos extremos criou uma desavença política na Austrália.

O governo, que apoia a indústria carvoeira, aceita a necessidade de cortar emissões, mas argumenta que ações ambientais mais severas prejudicariam sua economia.

Já na China, autoridades de saúde relataram um surto raro de peste pneumônica depois que dois casos foram confirmados nesta semana em Pequim.

As duas vítimas foram infectadas na província da Mongólia Interior, onde as populações de roedores aumentaram dramaticamente depois de secas persistentes agravadas pela mudança climática, disse a mídia estatal.

Reuters

Poluição do ar em Sydney, maior cidade da Austrália, está entre as 20 piores do mundo


A nuvem de fumaça sobre Sydney ao amanhecer é consequência dos incêndios das montanhas Gosper (REUTERS/Stephen Coates)

A poluição do ar em Sydney, a maior cidade da Austrália com mais de 5 milhões de habitantes, está hoje entre as 20 piores do mundo devido fumaça provocada pelos incêndios no leste do país, disseram as autoridades.

Também conhecida como “Big Smoke” (nome dado na Austrália às grandes cidades), Sydney faz jus hoje a esse nome. A fumaça desaparecerá progressivamente ao longo do dia, mas aumentará à noite. Há um alerta de má qualidade do ar”, alertaram os serviços de meteorologia pelo Twitter.

No portal AirVisual, que mede a qualidade do ar em todo o mundo, Sydney ocupa hoje a 17ª posição, duas abaixo da cidade chinesa de Xangai, num ranking liderado por Daca, em Bangladesh.

Dados do governo de Nova Gales do Sul, cuja capital é Sydney, mostram que a qualidade do ar “é pobre”.

A nuvem de fumaça sobre Sydney ao amanhecer é consequência dos incêndios das montanhas Gosper, a cerca de 300 quilômetros (km) a noroeste da cidade e que já queimou cerca de 850 quilômetros quadrados.

O impacto da fumaça, que também afeta as cidades de Wollongongong e Newcastle, deverá ser agravado pelo calor intenso esperado para os próximos dois dias na costa leste da Austrália e que dificulta, há duas semanas, o combate às chamas por mais de 1.300 bombeiros.

Pelo menos seis pessoas morreram devido aos incêndios florestais em Nova Gales do Sul, a região mais atingida pelo fogo e pela seca severa. Desde 1º de julho, foram atingidos 13 mil km² na região.

A temporada de incêndios na Austrália varia de acordo com a área e as condições meteorológicas, embora sejam geralmente registrados entre os meses de dezembro e março.

Os piores incêndios ocorridos no país nas últimas décadas ocorreram no início de fevereiro de 2009, no estado de Victoria (sudeste), e deixaram 173 mortos e 414 feridos. A área afetada foi de 4.500 km².

Agência Brasil