Comer peixe é mesmo saudável?


Dizem-nos que comer peixe é melhor. Que nos dá ácido gordo ômega 3, vitaminas B, cálcio, iodo… Mas, comer peixe é assim tão saudável? É mesmo benéfico para nós e para o meio ambiente? Que efeitos tem no fundo do mar e nas espécies marinhas? E nas comunidades locais? Quem sai ganhando com a sua crescente procura? Movem-se águas turvas nos anúncios da indústria pesqueira.

O consumo de peixe é excessivo. A sua produção mundial bateu um novo recorde em 2013 atingindo 160 milhões de toneladas, com a pesca de captura e a de aquacultura, face aos 157 milhões do ano anterior, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Uma tendência que se sustenta numa sólida procura nos mercados internacionais e aumento da mesma na Ásia Oriental e no sudeste asiático, especialmente na China. Na Europa, o Estado espanhol é um dos maiores consumidores, com uma média de 26,8 quilos de peixe por pessoa e por ano, segundo dados de Mercasa de 2011, apesar da queda que o seu consumo sofreu nos últimos tempos devido à crise.

 

Uma procura crescente que foi satisfeita pela expansão da aquacultura intensiva. Decalque e cópia do modelo de gana industrial, aplicado agora à pesca. Atualmente, um em cada dois peixes que comemos procede dessa produção. Trata-se de um modelo em crescimento que, se calcula, que em 2030 fornecerá quase dois terços de todo o peixe consumido no mundo, segundo o relatório A pesca até 2030: Perspectivas da pesca e da aquacultura do Banco Mundial e da FAO. No entanto, o negativo impacto, social e no meio ambiente, deste modelo, desde a sua instalação à “cultura” e processamento do pescado, é a outra face da moeda.

 

Peixe come peixe

A lógica do capital impacta de pleno na sua produção. Criam-se as espécies de alto valor econômico, as mais procuradas para o consumo. Na Noruega, o salmão; no Estado espanhol, a dourada, o robalo, a truta, o atum. A maioria, peixes carnívoros: peixe que por sua vez precisa de outro peixe para a engorda.

 

O jornalista Paul Greenberg, na sua obra ‘Quatro peixes. O futuro dos últimos alimentos selvagens’, deixa isso claro: para produzir 1 quilo de salmão são precisos 3 quilos de outras espécies de peixe e para 1 quilo de atum, nada mais e nada menos, que 20 quilos. O que gera uma maior sobre-exploração dos recursos pesqueiros. Algumas mercadorias são, com frequência, subtraídas da costa de países do Sul, diminuindo assim os bens imprescindíveis para a sua alimentação. O resultado é um produto de luxo à mercê dos bolsos daqueles que o podem costear e consumir.

 

Os tratamentos que se aplicam nos estabelecimentos aquícolas para combater as doenças infecciosas dos peixes são outro fator de risco para a saúde do meio ambiente e do consumo humano. Um exemplo são os banhos de formol, com uma função anti-parasitária, e a administração preventiva de antibióticos, que se acumulam nos órgãos internos do animal, e o seu uso sistemático facilita o aparecimento de patogênicos resistentes. As condições em que se encontram os peixes não ajuda. Piscinas e jaulas superlotadas estão na ordem do dia e permitem facilmente a propagação de doenças por atrito, stress ou canibalismo.

 

O impacto no território e nas comunidades é, também, importante. As mesmas instalações, grandes superfícies de piscinas, competem com o uso desse terreno por parte da população local, seja para o cultivo, seja para pastoreio. As águas destas localizações, com elevadas doses de produtos químicos e substâncias tóxicas, contaminam os solos e o meio aquático, e a introdução de espécies exóticas e a fuga de exemplares afeta às espécies nativas.

 

Da costa a mar adentro

A pesca de captura em grande escala, por sua vez, desde a costa até as águas mais profundas, tem também consequências muito negativas tanto para os próprios recursos pesqueiros como para o meio ambiente. No Mediterrâneo, 92% das espécies de peixes estão sobre-exploradas, 63% no Atlântico, segundo dados de Ecologistas em Ação. Várias espécies marinhas veem-se ameaçadas e em perigo de extinção. A sobrepesca tem sido a prática dominante e a sua consequência: a diminuição de peixes no mar.

 

Além disso, a poluição da água afeta esses animais. A presença de mercúrio nos peixes é a mais conhecida e ameaça o ecossistema e a nossa saúde, pois é uma substância tóxica que afeta o cérebro e o sistema nervoso. Segundo Ecologistas em Ação, o peixe contém cada vez mais mercúrio. Em 2013, na União Europeia foram notificados 96 casos de peixe contaminado, face a 68 no ano anterior.

 

A organização ecologista denuncia que os limites de mercúrio permitidos pela União Europeia não são suficientes, porque não têm em conta nem o consumo médio nem as características corporais do consumidor. Os máximos permitidos pela FAO e pela Organização Mundial da Saúde, pelo contrário, são mais restritivos. É a nossa saúde em jogo.

 

O meio ambiente também é prejudicado, especialmente por técnicas como a pesca de arrasto, que através do uso de redes que varrem o fundo do mar, destrói os fundos marinhos, acaba com habitats naturais como recifes de coral e captura, para além dos peixes que se pretende pescar, exemplares imaturos e peixes não desejados acabam por ser deitados de novo à água, mortos ou quase mortos.

 

Na pesca de arrasto do lagostim no Mar do Norte, por exemplo, calcula-se, segundo dados de Ecologistas em Ação, que as capturas não desejadas e deitadas fora atingem 98% do total. Uma prática que igualmente se dá noutros modelos de pesca em teoria mais seletivos como a do palangre, com milhares de anzóis com iscas que se penduram em linhas que podem medir metros ou quilômetros. No Mar Adriático, os peixes deitados fora do dito modelo de pesca podem chegar até 50% da captura. A pesca industrial com grandes embarcações aumenta o risco de poluição por causa de derrames de petróleo e combustível. A água, parece, que engole tudo. No entanto, a vida no mar esgota-se.

 

Outro impacto da pesca industrial dá-se em terra firme, nas comunidades. O tão magnífico como duro filme de Hubert Sauper ‘O pesadelo de Darwin‘ mostra-o em toda a crueza. A vida de 25 milhões de pessoas ao redor do Lago Vitória, mais de metade em situação de desnutrição, recolhem as migalhas da próspera indústria de processamento e comercialização da perca do Nilo destinada ao mercado estrangeiro.

 

Trata-se do lado oculto, e mais dramático, do que aqui na peixaria ou no supermercado nos dizem que é “filete de garoupa”, e que compramos a um módico preço. A cada dia, segundo a campanha Não comas o mundo, dois milhões de pessoas no Ocidente consomem peixe do Nilo. O que equivaleria a satisfazer as necessidades de proteína de 1/3 da população desnutrida que vive em redor do Lago Vitória.

 

Em poucas mãos

Algumas poucas empresas repartem o suculento bolo da pesca industrial. Trata-se de grandes companhias que compram outras pequenas com o objetivo de exercer um maior controle da indústria integrando criação, processamento e comercialização. Atualmente, por exemplo, quatro empresas controlam mais de 80% da produção mundial de salmão: a norueguesa-holandesa Nutreco é a número um, seguida das também norueguesas Cermaq, Fjord Seafood e Domstein que, depois de se terem fundido em 2002, ocupam a segunda posição.

 

Outras grandes empresas como a Pescanova, de origem galega, optam pela compra de quotas investindo em produção de salmão no Chile, tilápia no Brasil, pregado em Portugal, camarão na Nicarágua, etc. No entanto, do sucesso à bancarrota: hoje a Pescanova encontra-se na corda bamba, assolada pelas dívidas e à mercê da banca. Um modelo industrial que acaba com a pesca artesanal e em pequena escala, que não pode sobreviver num sistema pensado por e para a pesca intensiva e em grande escala.

 

Chegados a este ponto, voltamos a perguntar: Comer peixe é assim tão saudável para nós e para o meio ambiente? Tirem conclusões.

*Artigo publicado em publico.es em 1 de março de 2014. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net.

Esther Vivas
Publicado Originalmente no blog Esther Vivas

Fonte: Canal Ibase

 

No dia 29 de março, apague durante uma hora as luzes de casa ou do trabalho


Prepare-se mais uma vez para a Hora do Planeta e exponha sua preocupação com o meio ambiente. Este ano o ato simbólico, em que todos apagam suas luzes durante sessenta minutos, acontecerá no sábado, dia 29 de março, das 20h30 às 21h30.

Divulgação

Divulgação

“Use seu poder para salvar o planeta”

Promovida no mundo todo pela Rede WWF, a iniciativa pretende mobilizar governos, empresas e a população em prol da preservação do meio ambiente.

“Use seu poder para salvar o planeta”

Com o slogan “Use seu poder para salvar o planeta”, a Hora do Planeta 2014 irá apresentar até o dia 29 de março embaixadores que estimulem a participação das pessoas no movimento.

O primeiro deles vem direto das histórias em quadrinhos e do cinema. O Homem-Aranha, vivido nas telas pelo ator Andrew Garfield, que estrela o filme Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro, com lançamento previsto para 1o de maio no Brasil.

Além do protagonista, o diretor da produção Marc Webb também irá apoiar e participar efetivamente da Hora do Planeta 2014 – ao lado dos atores Emma Stone, que interpreta Gwen Stacy (par romântico do herói) e Jamie Foxx, no papel do vilão Electro.

A participação do Homem-Aranha foi possível graças a uma parceria entre a Rede WWF e a Sony Pictures Entertainement.

 

Fonte: Catraca Livre

Guiana Francesa enfrenta desafios para aplicar leis


Diante de sua rica biodiversidade amazônica, a França tem criado mecanismos legislativos de proteção da fauna e flora (AFP)

Andre de Paiva Toledo*

O Rio Orenoco, o canal natural de Gaciquiari, o Rio Negro, o Rio Amazonas e o Oceano Atlântico são os limites da região localizada no extremo Nordeste da América do Sul, conhecida como Guiana. Não se discute assim que a Guiana Francesa seja um espaço amazônico. Porém, a Guiana Francesa não é um Estado soberano. Ao contrário, ela compõe organicamente o território da França.

A França tem sido excluída do processo de integração amazônica, por razões geopolíticas. Por exemplo, quando da assinatura, em Brasília, do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em 1978, a França, além de não ter participado das negociações, não pode aderir a ele posteriormente, em virtude do artigo 27.

Por conta da distância entre a Guiana Francesa e a França Metropolitana, há dificuldades práticas para inserir a Amazônia na dinâmica interna do país europeu. Isso não impede, entretanto, que a Guina Francesa se destaque regionalmente por conta da existência de mecanismos de amparo do Estado de bem-estar social. Isso faz com que a Guiana Francesa seja o destino de muitos migrantes brasileiros, haitianos, surinameses e guianenses.

Apesar da distância, a França é soberana sobre uma pequena porção da Amazônia, o que faz com que o Direito francês seja ali aplicado. Analisando as normas internas relativas à Amazônia, destaca-se a Carta Ambiental, que, em consonância com todo o bloco constitucional, obriga a França a agir para proteger o meio ambiente amazônico, impedindo a prática de atos potencialmente destrutivos.

No que concerne aos cursos d’água, que são abundantes na Amazônia, o Estado deve garantir que as intervenções artificiais (por exemplo, construção de hidrelétricas) não comprometam o bom funcionamento dos ecossistemas aquáticos à jusante. A mesma abordagem de prevenção deve ser adotada quando da exploração dos recursos minerais, que são de propriedade pública. Para tanto, o Estado deve expedir previamente um título de mineração.

Na Guiana Francesa, destaca-se a mineração de ouro. Apesar do controle do Estado francês sobre a mineração, o aumento significativo da procura pelo ouro – o que também incentiva os movimentos migratórios regionais – tem causado importantes impactos socioambientais na floresta, que cobre 95% do território ultramarino e é um dos últimos massivos equatoriais quase intactos. O garimpo ilegal de ouro em terras indígenas também é um desafio enfrentado pelo Estado na Guiana Francesa.

Diante de sua rica biodiversidade amazônica, a França tem criado mecanismos legislativos de proteção da fauna e flora. Neste sentido, adotam-se atos administrativos para listar as espécies protegidas, cujo comércio é proibido. Além disso, o Estado tem criado reservas naturais nacionais e regionais como espaços de conservação ambiental. Na Guiana Francesa, destaca-se o Parque Amazônico da Guiana, que possui uma área de 3 milhões de hectares.

Segundo a lei francesa, é possível que recursos biológicos encontrados no Parque Amazônico da Guiana sejam explorados e aproveitados, desde que seja garantida a partilha de benefícios. Trata-se de um regime específico de consentimento, fundado na repartição de competências entre a região e o departamento, em vista de utilização sustentável dos recursos amazônicos franceses.

Na Guiana Francesa, assim como em outros departamentos ultramarinos, reservas biológicas integrais têm sido instituídas com o propósito de constituir redes representativas da diversidade dos ecossistemas florestais e proteger as florestas primárias, o que implica uma atuação harmônica com os modos de vida das populações tradicionais.

No que concerne a essas populações, já nos anos de 1960, a França constatava a precariedade das condições de vida dos indígenas da Guiana Francesa. Vivem no departamento ultramarino mais de 10 mil indígenas, divididos em seis grupos, que compõem cerca de 5% da população daquele departamento ultramarino. São eles os Arawak, Kali’na, Palikur, Teko, Wayana e Wayapi. As populações indígenas da Guiana Francesa são majoritariamente transfronteiriços, podendo ser encontrados no território dos Estados vizinhos. Na comuna de Awala-Yalimapo, por exemplo, há uma coordenação inédita entre o Direito francês e o costume indígena, consolidada em uma Comissão Mista, criada pelo Conselho Municipal com base no Código Geral das Coletividades Territoriais.

Ao longo do tempo, tem-se discutido um estatuto para as terras tradicionalmente ocupadas por esses grupos. Chegou-se ao impasse de que a noção de “terras coletivas e de usufruto” reivindicadas por essas populações confrontava-se diretamente com o instituto da propriedade privada. Em 1987, instituiu-se enfim o regime das zonas de direitos e usos coletivos, que beneficiou diretamente os povos indígenas da Guiana Francesa, ao lhes conceder títulos reais de uso dos recursos florestais para subsistência. Além disso, a Lei de Orientação para o Além-Mar também dispõe sobre o regime jurídico das atividades produtivas autóctones em suas terras tradicionais. Contudo, apesar do avanço normativo, a efetividade desse regime tem sido constantemente questionada.

Apesar de ser um país desenvolvido, a França enfrenta os mesmos desafios socioambientais enfrentados pelos outros oito Estados subdesenvolvidos, no que concerne à proteção da Amazônia. Em vista desse objetivo comum, é importante considerar a França, não apenas em termos geográficos, mas em termos político-jurídicos, como Estado amazônico, de modo a facilitar a construção de instrumentos de cooperação internacional.

** Este texto é o sexto da série de nove artigos sobre jurisdição ambiental dos países que compõem a Pan-Amazônia. A versão integral do livro Pan-Amazônia: O ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da proteção ambiental está disponível gratuitamente no site da Editora Dom Helder. Leia amanhã texto de Márcio Luís de Oliveira e José Adércio Leite Sampaio sobre o Peru.

Leia também:

* Doutor em Direito pela Université Panthéon-Assas Paris II. Professor da Dom Helder Escola de Direito. Membro do Grupo de Pesquisa da Pan-Amazônia.

34% dos brasileiros sabem o que é consumo sustentável


O meio ambiente está em sexto lugar na lista de preocupações do brasileiro, de acordo com os resultados da pesquisa “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, que esta na quinta edição e foi divulgada pela secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), representada por Samyra Crespo que coordenou os trabalhos. A pesquisa teve a primeira publicação em 1992, e de acordo com Crespo, na ocasião o brasileiro não discutia o consumo sustentável.

Ainda segunda ela, os estudos à época se concentravam em São Paulo.Os trabalhos deste ano foram realizados por meio de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o jornal o Estado de São Paulo (Estadão), além de contar com a cooperação técnica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).Um total de 2,2 mil pessoas das áreas urbana (87%) e rural (13%) das cinco regiões do País participaram da pesquisa.

As abordagens foram voltadas para pessoas acima dos 16 anos. A média dos entrevistados foi de 38, 4 anos de idade. O publico feminino respondeu a 51% das perguntas formuladas, enquanto o masculino 49%. Em relação à escolaridade, 44% dos entrevistados disse ter cursado o ensino fundamental, seguido de ensino médio (39%); Superior (9%) e Não frenquentou a escola (7%).”Cada pesquisa procura explorar um tema em particular. Em 1992 foi sobre o que o brasileiro pensava da Ecologia. Esta é a quinta edição e apresenta o que o brasileiro pensa da Sustentabilidade”, disse Samyra chamando a atenção para o fato de que enquanto na primeira edição, os estudos foram feitos na época da Eco 92, o material deste ano ocorreu durante a Rio+20.Ainda conforme ela, o material gerou informações sobre consciência ambiental, hábitos de consumo e temas associados.

 

Fonte: Instituto Ideiais

Mais de 20 mil estudantes caminham em defesa do meio ambiente


Caminhada EcoDom 2019 para Belo Horizonte e levou mensagem de preservação ambiental Foto (Thiago Ventura/DomTotal)

Belo Horizonte teve grande mobilização em defesa do meio ambiente na manhã desta sexta-feira (22). Mais de 20 mil estudantes, acompanhados pelos seus professores, participaram da VIII Caminhada Ecológica, promovida pelo Movimento EcoDom, celebrando o empenho e as conquistas de projetos de sustentabilidade desse ano. O Movimento EcoDom, da Escola de Direito Dom Helder e Escola de Engenharia EMGE, conta com a participação de escolas da rede pública de educação de Minas Gerais, em convênio com a Secretaria de Estado da Educação (SEE-MG). O evento contou também com as 61 escolas que disputaram, exclusivamente, o Campeonato Estadual de Matemática (CEM) promovido pela EMGE.

Confira também:

Munidos com balões, faixas, tambores e bandeiras, os estudantes deixaram a Praça Raul Soares, às 8h30, e seguiram pela Avenida Olegário Maciel até a Praça da Assembleia Legislativa, no Santo Agostinho. A manifestação foi puxada pela fanfarra do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) e parou o Centro de Belo Horizonte. “É muito bonito ver esses jovens com tamanha empolgação e alegria! Temos que nos manifestar mesmo. O meio ambiente agradece”, afirmou a aposentada Maria Helena Costa, que mudou o percurso de suas atividades físicas para acompanhar a caminhada.

Cientistas afirmam que oceanos poderiam oferecer mais alimentos do que já oferecem


O cultivo de alimentos oceânicos geralmente tem um impacto menor no clima do que a agricultura terrestre (Pixabay)

Os oceanos poderiam oferecer mais de seis vezes a quantidade de alimentos que disponibilizam hoje com melhor gerenciamento de recursos e mais inovações tecnológicas, disseram cientistas nesta terça-feira, acrescentando que incentivar o cultivo de mariscos e ostras poderia ser especialmente benéfico.

Os pesquisadores estimam que os oceanos poderiam gerar mais de dois terços da proteína animal que os especialistas em alimentação da ONU preveem que será necessária para alimentar o mundo no futuro. Os peixes atualmente representam cerca de um quinto da proteína animal consumida pelos seres humanos.

O cultivo de alimentos oceânicos geralmente tem um impacto menor no clima do que a agricultura terrestre, e não é limitado pelas mesmas restrições de terra e água, disseram os cientistas.

Os alimentos produzidos no mar também são altamente nutritivos, contendo vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais, afirmaram os pesquisadores no estudo que será publicado em um simpósio de pesca sediado pela Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) em Roma, na terça-feira.

“Os oceanos tem um excelente e inexplorado potencial para ajudar a alimentar o mundo nas próximas décadas, e esses recursos podem ser aproveitados com um impacto ambiental menor do que outras fontes de alimentos”, disse o principal autor do relatório, Christopher Costello.

“Se fizermos mudanças amplas e rápidas na maneira em que administramos as indústrias baseadas nos oceanos enquanto nutrimos a saúde de seus ecossistemas, podemos incentivar nossa segurança alimentar a longo prazo, garantindo a subsistência de milhões de pessoas”.

Emma Batha / Reuters

Bolsonaro se nega a comentar aumento de desmatamento na Amazônia


O desmatamento na Amazônia teve aumento de 29,5%, maior taxa desde 2008 (Reuters)

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se negou a comentar, nesta terça-feira (19), o aumento de 29,5% do desmatamento na Amazônia, maior taxa desde 2008. Bolsonaro disse que perguntas sobre estes dados não devem ser feitas a ele, mas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Bolsonaro afirmou que tratou sobre o desmatamento com Salles, porém não poderia apresentar ações planejadas pelo governo, pois o assunto seria reservado. “É lógico que eu converso com ele (Salles). Não vou falar para você. Foi reservada a conversa. Eu não posso conversar reservadamente com o ministro e abrir para vocês aqui. Seria antiético da minha parte”, disse o presidente.

Questionado se é um tema “reservado” o combate ao desmatamento, Bolsonaro respondeu: “Nós não queremos publicidade de nada que fazemos, queremos solução”.

Em esforço para se descolar das repercussões sobre os dados da Amazônia, Bolsonaro afirmou que o “recorde” de desmate foi registrado durante a gestão de Marina Silva no Meio Ambiente (2003-2008), no governo do ex-presidente Lula (PT). “Vocês viram o desmatamento quando a Dilma foi ministra? A Dilma não, a Marina Silva, quando foi ministra, vocês viram? Foi recorde o desmatamento, então, não pergunte para mim, não”.

Agência Estado

Como a gastronomia sustentável pode ajudar o planeta?


O princípio de uma gastronomia sustentável se deve também aos benefícios, do ponto de vista nutricional e econômico (Pixabay)

Patrícia Almada

Com consumidores cada vez mais exigentes, pensando em um planeta sustentável, a gastronomia teve que se adequar oferecendo diferenciais e experiências que vão além do sensorial. A chamada gastronomia sustentável é um movimento que convida a modificar a conduta de negócios e repensar a forma de produzir e descartar os alimentos.

A mudança, com objetivo de se adotar uma prática sustentável, vai desde modificações na gestão operacional, logística, ciclo produtivo, energia, na origem dos produtos e safras, sazonalidade, regionalização, desperdício, destino dos resíduos, e até na composição dos cardápios que os restaurantes oferecem.

Para o chef de cozinha Eduardo Roberto Batista, a gastronomia sustentável surge da própria necessidade dos restaurantes e cozinhas de evitar o desperdício. “Quem trabalha em uma cozinha conceito, seja bistrô ou renomada, até por virtude de cortes e apresentação de um formato, há perdas de muitos alimentos. Trabalhei em cozinhas de restaurantes renomados e pude perceber que se jogava muita coisa fora. O descarte impacta no preço e na própria sustentabilidade. Vem de uma necessidade global, a questão do desperdício, que realmente precisa de ser evitado”, disse.

O chef ressalta que o princípio de uma gastronomia sustentável se deve também aos benefícios, do ponto de vista nutricional e econômico. “Da parte da nutrição, acaba-se jogando uma parte fora do alimento que pode ser rica em nutrientes, como talos de couve, entre outros. E do lado econômico, sem desperdício e com o aproveitamento de forma integral, o preço acaba sendo mais justo. ”, conta.

Desafios

Para Eduardo, o maior desafio desse tipo de gastronomia é fazer com que as mudanças de hábito do consumidor sejam realmente efetivadas, para assim, mostrar a gastronomia sustentável de uma forma mais chamativa, mais gourmet.

“Quando pensamos em Belo Horizonte, por exemplo, a população é muito conservadora do ponto de vista alimentar. Geralmente vamos nos mesmos restaurantes, de preferência sentamos nos mesmos lugares e pedimos os mesmos pratos. Já para experimentar um prato diferente que envolva sobras de alimentos, como uma casca de abóbora, a pessoa logo já pensa: ‘Eu não quero sair de casa para comer esse tipo de comida’”, explica.

Mercado

De acordo com o relatório “Tendências em alimentação saudável”, elaborado pela empresa inglesa de pesquisa Mintel em 2019, os consumidores estão mais preocupados com saúde e sustentabilidade na hora de comer: 52% dos entrevistados têm dado preferência a alimentos e bebidas ricos em proteínas, fibras e com menos açúcar. Para a indústria, esse novo comportamento traz oportunidades de criar produtos, desenvolver diferentes nichos de mercado e aumentar o faturamento, aponta o estudo.

Além de dar preferência a alimentos naturais e nutritivos, os consumidores estão desenvolvendo um olhar abrangente, preocupando-se com o impacto dos seus hábitos alimentares no meio ambiente.

Eduardo classifica o movimento como positivo e vê o mercado com grandes potencialidades de crescimento. “As consciências ecológicas e ambientais têm mudado. Se conseguirem fazer algo chamativo pode ser uma grande tendência. A fome é uma questão global. Então, até no âmbito mundial, a partir da hora em que não há exagero no consumo e que se consegue reaproveitar, não comprando de uma maneira desenfreada, você está praticando uma gastronomia sustentável. Uma nova consciência sobre a alimentação nos faz consumir menos de forma equilibrada, mais saudável e consciente.

Aplicabilidade

Os benefícios da gastronomia sustentável são muitos. Vão desde a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, economia de energia, proteção das espécies, tanto animal como vegetal em extinção, como a valorização da produção local, reaproveitamento, dentre outros. Mas, de acordo com o chef, apesar das inúmeras qualidades, a gastronomia sustentável, propriamente dita, está longe de ser implementada em sua totalidade.

“Ainda estamos muito distantes de uma realidade onde se aplica a integralidade de uma gastronomia sustentável. As próprias faculdades de gastronomia ainda não pensam em compostagem, por exemplo. Existe um restaurante em São Paulo onde se servem pratos com talos, raízes com brotos, alimentos que até então não se pensava em utilizar. Concluindo, existem alguns restaurantes que trabalham sim com gastronomia sustentável, porém o número é irrisório. Muito mais uma tentativa do que uma realidade, pois ainda assim se perde muita coisa. Mas, de todo jeito, é válido”.

Eduardo ainda complementa que para que todas as mudanças sejam aplicadas de fato dentro da gastronomia sustentável é essencial uma ampliação da compreensão do termo. “Mudar de comportamento, pensar em uma questão ambiental mais abrangente demanda tempo, conscientização e não é algo que acontece da noite para o dia”, finaliza.

Dom Total

MPF tenta obrigar Ibama e PM do PA a fazerem fiscalizações


Área desmatada no Pará, onde Ibama não tem apoio da PM (Mayke Toscano/Gcom)

Mesmo após uma recomendação e tentativas de solução negociada, a Secretaria de Segurança Pública (Segup) e a Polícia Militar (PM) do Pará se recusaram a colaborar com operações de combate ao desmatamento realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). Essa é a conclusão das investigações iniciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) em agosto passado, e que na última quinta-feira (10), foi apresentada em ação na Justiça Federal. No processo, o MPF pede que o Ibama e as autoridades paraenses sejam obrigadas a trabalhar em conjunto e promovam fiscalizações periódicas para combater a degradação ambiental no estado.

Na apuração, o MPF confirmou que, em pelo menos em sete ocasiões, o Ibama solicitou apoio da PM do Pará e recebeu respostas negativas, com a justificativa de que não havia “amparo legal” para a participação de policiais na fiscalização ambiental. A situação se repetia em todo o estado mesmo em áreas críticas de devastação ambiental, como as regiões de Altamira e Novo Progresso. O MPF promoveu reunião com a Segup e a PM e enviou uma recomendação para que fossem concedidas as autorizações de apoio, mas as autoridades estaduais permaneceram inflexíveis.

“Segup e PM se recusaram a acatar a recomendação ministerial de disponibilização de força policial nas incursões do Ibama, ao argumento da necessidade de termo de cooperação para subsidiar envio de força policial militar. Dessa maneira, na prática, a Secretaria de Segurança condicionou o apoio policial à assinatura de termo de cooperação”, relata a ação do MPF, explicando por que a postura representa uma subversão do ordenamento jurídico ambiental.

“Nesse impasse criado, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o dever de promoção de defesa da fauna e da flora amazônica estão reféns da ausência de vontade política dos agentes públicos envolvidos, em evidente subversão da regra constitucional que estabelece a competência comum para, na forma do artigo 23 da Constituição Federal, VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; e VII – preservar as florestas, a fauna e a flora”.

O MPF pediu à Justiça que ordene ao Ibama e ao estado do Pará a adoção de medidas para fazer fiscalizações periódicas com a presença de policiamento ostensivo da Polícia Militar. Na recomendação, o MPF havia esclarecido que existe previsão legal e que não são necessários convênios para que o apoio seja assegurado. O texto lembrou que a proteção do meio ambiente é uma competência constitucional comum de todos os entes federativos, União, estados e municípios, e que existe uma lei complementar fixando normas para a cooperação em ações administrativas para a proteção de paisagens naturais notáveis, proteção ambiental, combate à poluição em qualquer de suas formas e preservação das florestas, da fauna e da flora (Lei Complementar 140/2011).

A investigação do MPF começou após denúncias na imprensa de que a presença de policiais militares não estava sendo autorizada em operações de fiscalização do Ibama contra crimes ambientais. Questionado, o Ibama confirmou que não havia mais suporte da PM do Pará e que o motivo era o entendimento de falta de amparo legal. O órgão recebeu ofícios da PM em que o apoio era expressamente recusado por falta de amparo legal e pela necessidade de um convênio de cooperação. A conclusão do MPF é a de que não existe o apoio desde maio deste ano. Para o MPF, eventos como o “dia do fogo” poderiam ter sido minorados ou até mesmo evitados, bem como ter evitado que as taxas de desmatamento subissem tanto quanto subiram.

Processo 1006175-98.2019.4.01.3900 – 9ª Vara da Justiça Federal em Belém (PA)

MPF

Colhendo os frutos da sustentabilidade nas escolas


Por Thiago Loures

O mês de outubro foi marcado por dois principais eventos: o envio da quinta tarefa das escolas, no Movimento EcoDom, e o vestibular para a distribuição de bolsas de estudos decorrentes deste maravilhoso projeto de extensão.

Com o envio da quinta tarefa, notam-se resultados incríveis nas escolas que acompanho. Presenciei resultados como: troca de torneiras normais por torneiras inteligentes, pensando na redução do consumo de água; surgimento de hortas, fruto do cuidado e do trabalho dos próprios alunos; sistemas de irrigação automatizados para garantir longevidade para as plantações; hortas verticais em escolas que não dispunham de espaço para hortas tradicionais; sistema de captação de água da chuva; reciclagem de papeis para diminuir o consumo da escola; pintura de muros das escolas com grafites desenvolvidos pelos próprios alunos ou com mensagens inspiradoras e motivacionais; troca de lâmpadas normais por lâmpadas que consomem menos; instalação de placas para geração de energia solar; pintura de quadras, dentre outras.

E tudo isso sem contar o principal, que é o crescente sentimento de pertencimento do aluno na escola pública onde estuda, tendo a noção de que deve cuidar do meio ambiente em que está inserido, não apenas por si, mas por toda a comunidade escolar.

No vestibular da Dom Helder Escola de Direito, para os cursos de Direito e Direito Integral, e da Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE), para os cursos de Engenharia Civil e Ciências da Computação, vemos a transformação de sonhos em realidade com a distribuição das bolsas de estudo do projeto. Os alunos das escolas parceiras do EcoDom puderam participar do processo seletivo, que distribuiu centenas de bolsas de estudo. As escolas puderam optar se aplicariam as provas da EMGE nas escolas ou na sede da instituição, já as da Dom Helder só puderam ser feitas na própria faculdade.

Para se ter uma ideia da relevância dessas bolsas de estudo, elas levam os alunos da rede pública para faculdades de excelência no mercado. A Dom Helder, por exemplo, é uma faculdade de excelência em Direito, com nota máxima na avaliação institucional do MEC na avaliação do curso e ainda com nota máxima no ENADE, exame que mede o desempenho dos seus alunos. Além disso, tem um dos melhores índices do país, entre as instituições privadas, de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

Toda essa engrenagem de transformação social não seria possível sem um elemento essencial: os bolsistas do projeto EcoDom. Em um passado não muito distante, eles eram alunos da rede pública, participando do EcoDom, e atualmente, estão cursando o nível superior e têm que acompanhar uma escola ao longo do curso, tornando o projeto cada vez mais sustentável. Nossos bolsistas foram às escolas divulgar o vestibular (veja as foto abaixo) e ainda realizaram a aplicação das provas nas escolas, sendo a ponte para um futuro profissional com ensino superior que tenha extrema noção de consciência socioambiental.

Em novembro, os ecos do movimento EcoDom continuam movimentando todo o estado de Minas Gerais com a Caminhada Ecológica 2019, no dia 22. No mesmo dia também acontece a grande final do EcoDom com apresentações e premiações dos Concursos de Dança com as cinco equipes finalistas; desfile dos finalistas do Concurso de Fotografia Garota e Garoto EcoDom; resultado e premiação do Projeto Socioambiental e da Pegada Ambiental, e o Mutirão de Limpeza EcoDom para limpeza da praça. E tudo isso ao som da banda cover Jovem Legião Urbana. E como não poderia ser diferente, uma coisa é certa: juntos, podemos!

Edição – Equipe EcoDom