Chapada Diamantina é atingida por incêndio de grandes proporções


Uma equipe de 30 homens da corporação atua no combate às chamas na região (Divulgação Corpo de Bombeiros da Bahia)

Um incêndio de grandes proporções atinge um trecho de vegetação na Chapada da Diamantina, na Bahia. O fogo abrange parte do território das cidades de Livramento de Nossa Senhora e Rio de Contas, além de uma região limítrofe entre os municípios de Lençóis, Palmeiras e Iraquara.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o fogo começou no sábado (19). Uma equipe de 30 homens da corporação atua no combate às chamas na região. Em Livramento, o incêndio acontece próximo à Cachoeira do Véu de Noiva, ponto turístico do local. Junto com Rio de Contas, os municípios formam, ao sul da Chapada o chamado Circuito do Ouro, em referência à descoberta de jazidas do mineral, no fim do século 17.

O Corpo de Bombeiros informou que aeronaves têm sido usadas na operação para debelar o fogo, pois o acesso aos focos de incêndio é difícil por causa da densidade da vegetação. Carros para transporte dos bombeiros, além de instrumentos como enxadas foices e facões são usados por quem faz o trabalho em terra.

Ainda não é possível saber o tamanho da área consumida pelo incêndio e se regiões de proteção ambiental foram afetadas. As causas do fogo não foram divulgadas, mas a Chapada vive um período chamado de temporada do fogo, que começa em agosto e vai até o fim do ano. A época é marcada pelo clima quente e seco, além das queimadas feitas por produtores rurais locais como forma de “limpar” os terrenos para cultivo. Aliados, os fatores potencializam a ocorrência de incêndios.

Agência Estado

Óleo afeta mercado de pescado e estudo da UFBA alerta sobre contaminação


Na colônia do Rio Vermelho, em Salvador, 5 mil trabalhadores se viram obrigados a jogar no lixo toda a produção de um dia de trabalho: 250 quilos de peixe. (Martine Perret/ONU)

As manchas de óleo que atingem o Nordeste já prejudicam o mercado de pescado. Os poluentes dificultam a ação dos pescadores e pesquisas já orientam que se evite comer produtos das regiões afetadas. O Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) realizou uma pesquisa com 50 animais marinhos e detectou metais pesados em todos eles. No organismo humano, essas substâncias podem causar náuseas, vômito, enjoo, problemas respiratórios e arritmia cardíaca, entre outras consequências nocivas.

O professor Francisco Kelmo, da UFBA, explica que, assim que o óleo chega à costa, o material se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo entra no sistema respiratório. Em alguns casos, morrem por asfixia; em outros, o metal pesado se deposita no tecido. “Pela cadeia alimentar, esses metais pesados são transferidos para nós, o que é algo extremamente perigoso.” Como metais pesados não são excretados pelo ser humano, esses resíduos ficariam dentro do corpo pelo restante da vida.

Para ele, o cenário de contaminação de animais e da costa pode levar ao menos dez anos para ser revertido, “isso se todas as manchas forem retiradas”, até as que ficam por baixo da superfície. Um estudo detalhado será lançado nesta sexta-feira.

Já para Magno Botelho, biólogo e especialista em meio ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, haverá “contaminação a longo prazo”. “Mas saber a quantidade de óleo vazado é fundamental para que possa ser feito um prognóstico mais apurado.”

Mercado

As manchas de óleo que atingem as praias têm afetado a produção e a venda de pescadores e marisqueiros da Bahia há duas semanas. Consumidores estão receosos em comprar frutos do mar. É o caso da estudante de Engenharia Estefane Caetano, de 25 anos. Mãe de um bebê de 5 meses, conta que está com medo de ingerir camarões. “Eu sempre comia peixe, porque moro perto da praia, mas vou passar um bom tempo sem comprar, especialmente porque tenho um bebê e tenho medo de que alguma coisa passe para o meu leite.”

O estudante de Direito Gabriel Martins, de 18 anos, também afirma que vai passar um tempo sem comer peixe. Ele tomou a decisão depois de ir à Praia de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas (BA). “A água foi afetada e tenho certeza de que vai passar para os peixes.”

Enquanto isso, os pescadores estocam ou jogam fora peixes, mariscos e camarões. Alguns viram a renda média mensal, de R$ 1 mil, cair mais de 80%. Na cidade do Conde, no interior da Bahia, por exemplo, cerca de 2 toneladas de peixes estão em freezers.

“A gente até tem peixe, mas ninguém quer comprar”, diz o presidente de um grupo de pescadores, Givaldo Batista Santos. Frutos do mar são uma das maiores fontes de renda da cidade: cerca de 2 mil pessoas vivem exclusivamente disso.

De acordo com a Bahia Pesca, estatal do governo baiano responsável por fiscalizar e fomentar o trabalho de pescadores, 16 mil trabalhadores foram afetados. Na colônia de Itapuã, em Salvador, são 400 quilos guardados em freezers. “Todo mundo está reclamando nas peixarias”, diz o presidente do grupo, Arisvaldo Filho. “A gente não consegue vender porque a população está com medo de comer o peixe com petróleo.”

Na maior colônia de pesca do estado, que fica no Rio Vermelho, em Salvador, os 5 mil trabalhadores se viram obrigados a jogar no lixo toda a produção de um dia de trabalho: 250 quilos de peixe. O pescador e presidente da colônia, Marcos Antonio Chaves Souza, diz que o movimento caiu porque o governo baiano os orientou a não comercializar os pescados. A Bahia Pesca não confirmou a informação; a orientação seria para “não pescar nas áreas atingidas”.

Em Pernambuco, pescadores também temem o impacto do óleo. “Hoje é um sacrifício de horas para pegar peixe, que não está conseguindo entrar na barra por causa do óleo”, lamenta Valter Dionisio Santana Júnior, de 39 anos, de Jaboatão dos Guararapes. “Ainda se pega uma quantidade, mas está diminuindo cada vez mais.” As manchas já atingiram 233 localidades em todos os Estados do Nordeste, segundo o Ibama. Mais de mil toneladas do poluente foram recolhidas. Com colaboração de Gilberto Amendola.

Agência Estado

Resíduos de produtos de higiene podem contaminar meio ambiente e prejudicar a saúde


O agente triclosan, bem comum em sabonetes e xampus, pode "fortalecer" bactérias

                                   

 

Em hotéis e pousadas, é comum que haja grandes quantidades de produtos de higiene pessoal que sejam usados de forma incompleta por clientes. E, para que não ocorram possíveis contaminações, esses itens são descartados pelos responsáveis pela hospedagem. Porém, isso causa uma enorme quantia de resíduos que, se descartados incorretamente (assim como suas embalagens), poluem o meio ambiente.

 

Atualmente, a indústria de produtos de higiene pessoal investe bastante em componentes químicos para combater bactérias resistentes, que entram em contato conosco pelo contato com os produtos que as contêm ou até mesmo por vias aéreas, sempre em locais públicos. Mas, o que parece proteção pode ser, na verdade, um grande problema ambiental e até para a própria saúde.

 

A maior parte dos sabonetes possui triclosan ou tricocarban em suas fórmulas, componentes químicos que são altamente prejudiciais ao meio ambiente e também aos seres humanos. Eles combatem bactérias resistentes, mas esse processo acaba fortalecendo as que resistem – e elas se reproduzem, ficando ainda mais fortes. Já há empresas que estão substituindo o triclosan por novos agentes

 

A iniciativa da ONG Clean the World desenvolveu, junto com hotéis de várias regiões do Estados Unidos, uma forma de combater esse problema. A primeira solução seria a substituição dos produtos higiênicos sólidos e líquidos (sabonetes e xampus) por uma única embalagem (dispenser), onde seria possível armazenar produtos de higiene líquidos, evitando as embalagens e incentivando apenas o uso do refil.

                                

 

A segunda solução, também necessária, foi a de os hotéis se responsabilizarem pelo descarte correto (agrupamento, separação e destinação) para que posteriormente fosse feita a esterilização, limpeza, reaproveitamento e a distribuição dos sabonetes e xampus para ONGs em quarenta em cinco países onde a população não possui acesso a higiene pessoal.

 

Desde sua fundação, a Clean the World impediu que mais de 500 toneladas de produtos higiênicos fossem parar em aterros sanitários e distribuiu mais de 9 milhões de barras de sabonetes (2 milhões somente para o Haiti, no ano de 2010, após a catástrofe do terremoto que destruiu o país). Outros países que apresentam extremo nível de pobreza também são beneficiados por essa "reciclagem" de produtos higiênicos.

 

E então, iniciativas têm sido tomadas no mundo todo para mudar esse cenário. No Brasil, embora seja em pequena quantidade, alguns hoteleiros adotaram a ideia de substituir as embalagens por dispenser, pois além de ambientalmente correto, traz economia financeira, uma vez que não é preciso gastar dinheiro comprando embalagens.

 

Não sabe como reciclar tal resíduo? Acesse aqui para maiores informações. E conheça o local mais próximo a você para descartar esse tipo de resíduo, clicando aqui.

 

Fonte: ECycle

Fotos: Reprodução

Caminhada Ecológica EcoDom mobiliza 10 mil pessoas na região Centro-Sul de BH


Nesta sexta-feira, dia 22 de novembro, a partir das 8h30, para marcar o encerramento de mais um ano de muitas atividades, o Movimento EcoDom realiza a tradicional Caminhada Ecológica, com a participação de 200 escolas, sendo as 139 escolas que participaram do Projeto Socioambiental ao longo do ano e mais 61 escolas que participaram, exclusivamente, do Campeonato Estadual de Matemática (CEM). Gratuito e aberto ao público, a expectativa dos organizadores é que a caminhada receba aproximadamente 10 mil pessoas. O cortejo sairá da praça Raul Soares, no centro da capital, e seguirá pela avenida Olegário Maciel até a praça da Assembleia Legislativa no Santo Agostinho.

O evento contará com a premiação do projeto Pegada Ambiental, que avalia as escolas participantes em dez indicadores: consumo de água, consumo de energia, consumo de papel, geração de resíduos, coleta de recicláveis, áreas verdes, alimentação saudável, trânsito sustentável, infraestrutura e trabalho de temas transversais nas disciplinas. O projeto, que contou com a participação de 78 escolas, constatou uma redução de 35% no consumo de água em 2019, quando comparado com 2018. Esse ano esse índice chegou a 6,5L per capta por dia. Em 2018 essa média foi de 10L. Outro indicador levantado foi o consumo de energia, que em 2019 alcançou a média de 0,6 Kwh/mês por pessoa. As medições ocorreram entre outubro de 2018 e setembro de 2019, totalizando 12 meses.

Segundo Francisco Haas, coordenador-geral do Movimento EcoDom, a caminhada é um dos momentos mais emocionantes do projeto, uma vez que reúne todos os participantes, com cartazes, faixas, alegorias dos trabalhos, transformando o dia em uma grande festa. “As caminhadas são animadas por fanfarras, coreografias e apresentações artísticas de livre iniciativa de cada participante e a alegria e o entusiasmo dos alunos refletem o espírito de participação de cada escola”, garante.

Haas conta que outro fator emocionante é que a motivação de todos é direcionada para o mesmo objetivo, que é a preservação dos recursos naturais. “A Caminhada EcoDom, além de mostrar para a sociedade as atividades desenvolvidas pelas escolas participantes ao longo do ano em prol do meio ambiente, constitui-se como um grande momento de confraternização e mobilização estudantil.”

Premiações e Dia Mundial da Limpeza

Ao final da Caminhada, em um palco montado no anfiteatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, localizado na praça Carlos Chagas, serão realizadas as finais do Concurso de Dança EcoDom e do Concurso de Fotografia Garota e Garoto EcoDom. Participam da final do Concurso de Dança a E. E. Caio Nelson de Sena, E. E. Carmo Giffoni, E. E. General Carneiro, E. E. Guimarães Rosa e E. E. Padre João Botelho. O ritmo escolhido para a competição deste ano foi o forró. Já na final do Concurso de Fotografia foram classificadas o Colégio Tiradentes PMMG – Unidade Argentino Madeira, o Colégio Tiradentes PMMG – Unidade Contagem, a E. E. Caio Nelson de Sena, a E. E. Doutor Lucas Monteiro Machado e E. E. Professor Clóvis Salgado.

Além das duas competições, o evento conta também com a premiação dos ganhadores do Projeto Socioambiental, onde as escolas escolhem três índices do Pegada Ambiental para desenvolverem projetos de sustentabilidade.

Outra novidade deste ano será a realização de uma ação especial do Dia Mundial da Limpeza. Celebrada no dia 21 de setembro, a ação busca mobilizar voluntários para a limpeza de ruas, praças e demais espaços públicos, chamando a atenção da sociedade para a questão do descarte de resíduos em vias urbanas. Durante a Caminhada Ecológica, uma equipe formada por alunos, professores e demais voluntários seguirá todo o percurso recolhendo o lixo que possa ser gerado no dia.

Os coordenadores do Movimento EcoDom convidam a todos para participarem desta grande festa de encerramento do projeto. Além disso, os alunos da Dom Helder que comparecerem à caminhada irão receber 6h de atividades complementares a área de extensão.

Equipe EcoDom

Subsídio a painéis solares chegará a R$ 1 bilhão em 2 anos


Os dois benefícios estão embutidos na conta de luz de todos os brasileiros (AFP)

O custo dos subsídios concedidos a usuários de painéis solares chegará a R$ 1 bilhão em 2021, mesmo valor destinado hoje ao programa para bancar tarifas mais baixas no Nordeste. Os cálculos são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que quer reduzir os subsídios para quem produz sua própria energia.

Os dois benefícios estão embutidos na conta de luz de todos os brasileiros. No ano que vem, os consumidores poderão ter que pagar o valor recorde de R$ 20,6 bilhões para bancar ações e subsídios relacionados ao setor elétrico.

O programa Tarifa Social concede descontos de até 65%, mas os consumidores precisam comprovar ter baixa renda para recebê-los. No Nordeste, 5 milhões de famílias são beneficiadas. Por ano, cada família recebe, em média, R$ 200 de subsídio.

Já para instalar painéis solares, é o contrário: é preciso ter dinheiro. Um sistema residencial tem custo inicial de cerca de R$ 15 mil. Hoje, há 180 mil unidades de consumo beneficiadas, e cada uma recebe, em média, R$ 2.222 de subsídio ao ano.

Atualmente, o subsídio dado a essa energia é de R$ 400 milhões, e esse custo é bancado justamente pelos consumidores que não têm painéis solares em suas casas. Com um crescimento exponencial nos últimos anos, a previsão da Aneel é que esse número chegue a R$ 4 bilhões em 2027.

Revisão

Enquanto a agência se prepara para revisar as regras de incentivo a essa energia, parlamentares trabalham para que eles se tornem definitivos. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) já indicou que acompanha o debate de perto.

Foi a própria Aneel que introduziu, em 2012, os benefícios ao setor. O intuito foi o de incentivar a instalação dos painéis solares – na época, muito caros. Com o ganho de escala, o custo do sistema caiu. Hoje, esses usuários conseguem obter uma redução de 80% a 90% em suas nas contas de luz.

“O modelo não é sustentável. Ele transfere custo para aqueles consumidores que não possuem a geração distribuída em suas residências”, disse o diretor Rodrigo Limp, relator do processo na Aneel. A proposta da agência está em consulta pública, e a intenção é que o novo modelo entre em vigor em 2020.

Para o setor, a revisão da forma como proposta pode inviabilizar sua produção. O receio em comum uniu várias empresas e associações num único movimento, cunhado de “Sou Mais Solar”, que tem a participação da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Entre os parlamentares, o slogan da campanha pegou: eles acusam a Aneel de querer “taxar o sol”. Em um mês, a agência já foi chamada a dar explicações no Congresso em pelo menos três ocasiões.

O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) é um dos defensores do setor. “O Brasil é o país do sol. Temos de incentivar o uso dessa energia”, disse. Já o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) apresentou um projeto de lei que institui descontos expressivos na tarifa dos micro e minigeradores de energia.

Bolsonaro

Até mesmo o presidente Jair Bolsonaro entrou na discussão. Em viagem a Pequim, ouviu reclamações sobre a proposta da Aneel do empresário Adalberto Maluf, diretor de marketing da BYD, empresa de tecnologia chinesa com fábrica no Brasil. Segundo Maluf, ele integrou a missão à convite da Apex, agência de promoção a exportações.

No Twitter, em três postagens publicadas em novembro, Bolsonaro disse que o governo está trabalhando com a Aneel para “estimular a geração de energia solar, sem taxar o usuário”. Bolsonaro frisou que a revisão das regras estava prevista pela agência desde 2015, “governo Dilma”. Para Maluf, o recado foi claro. “O que eu li: o presidente está dizendo que quer uma política pública para fomentar a energia solar”, disse.

Regra

Desde que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a geração própria de energia, o modelo vem crescendo no Brasil. Para o setor solar, esse movimento pode ser estrangulado, se a agência aprovar as novas regras. Especialistas, no entanto, argumentam que o subsídio dado onera os mais pobres e aumenta os custos das distribuidoras.

Para incentivar a geração própria, a agência criou em 2012 um sistema de compensação: quando a energia gerada for superior à consumida, o usuário fica com uma espécie de crédito a ser utilizado para diminuir a fatura em meses seguintes. Para que esse sistema funcione, eles precisam estar conectados à rede de distribuição.

O valor pago por esses consumidores às distribuidoras é a diferença entre o que foi gerado e o que foi consumido. Os que geram mais do que consomem apenas pagam uma taxa mensal de cerca de R$ 50.

Para a Aneel, esses produtores precisam começar a pagar pelo custo de uso da rede, assim como pelos encargos setoriais, como todos os outros consumidores no país.

O setor, no entanto, não concorda com a agência reguladora. Presidente da Faro Energy, Pedro Mateus diz que a empresa já investiu R$ 250 milhões no Brasil em energia solar e projetava injetar mais R$ 300 milhões em dois anos. Agora, o investimento entrou em compasso de espera, já que a proposta da Aneel, na avaliação dele, torna o modelo “inviável”.

Boletim publicado pela Consultoria Legislativa do Senado ressalta as distorções do modelo atual e afirma que ele se sustenta em um subsídio que onera a população mais pobre.

“O conceito moderno de sustentabilidade incorpora o aspecto social”, diz o documento, assinado pelo consultor Rutelly Marques da Silva. “A preservação ambiental não deve ser um mecanismo de transferência de renda dos mais pobres para aqueles de maior renda.”

O presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, avalia que os custos das distribuidoras devem ser cobrados dos donos dos painéis – já que eles dependem dos serviços dessas empresas. “Se esses usuários colocassem baterias e quisessem de desconectar da rede, eles não utilizariam a rede e, portanto, não haveria esta discussão”, disse.

Hoje, no entanto, o custo das baterias não compensa esse investimento.

Agência Estado

Devastação na Amazônia pode ficar entre 9 mil e 11 mil km2


“Se ficar entre 9 e 11 mil, é a curva da subida que vem acontecendo desde 2012”, disse o ministro do Meio Ambiente (Reuters)

Brasília – Os dados de sistema de satélites que faz o monitoramento anual do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal, o Prodes, a serem divulgados nesta segunda-feira (18), devem apontar que a região perdeu, entre agosto de 2018 e julho deste ano, entre 9 mil e 11 mil quilômetros quadrados de mata nativa, no maior número registrado desde 2008.

“Deve ficar entre 9 mil e 11 mil quilômetros quadrados. Essa é a projeção que se faz com base nos dados que o Deter revelou para esse mesmo período”, disse o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, responsável por monitorar o desmatamento, Gilberto Câmara.

O índice também é apontado por outras fontes ouvidas com conhecimento dos dados. O mesmo número é estimado também em um estudo publicado no periódico Global Challenge Biology, que analisou as causas e os números da crise das queimadas na Amazônia este ano.

Usando a comparação entre os dados do Deter – sistema mensal de monitoramento de desmatamento usado pelo Inpe, mais impreciso, mas que gera alertas de onde há suspeita de ação de desmatadores – e a relação tradicional com os números anuais do Prodes, o estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (MG) e da universidade britânica de Lancaster, apontou para um desmatamento de 10 mil quilômetros quadrados.

Se os dados apresentados nesta segunda-feira pelo Inpe confirmarem essas estimativas, o número do desmatamento será o maior desde o período 2007-2008, quando fechou em 12.911 quilômetros quadrados de área desmatada.

De acordo com os dados disponíveis nas páginas do Inpe, o Deter levantou, no mesmo período usado pelo Prodes – 1º de agosto de 2018 a 31 de julho de 2019 – um desmatamento raso de 6.840 quilômetros quadrados. A estimativa leva em conta que os números do Prodes costumam ser, em média, 1,54 vezes o levantado pelo Deter.

No período 2017-2018, o Deter havia levantado um desmatamento de 4.571 quilômetros quadrados, mas o número do Prodes finalizado chegou a 7.536 quilômetros quadrados, 64,8% maior. Nos dois períodos anteriores, a variação foi de 49,7% e 46,8%, sempre com o Prodes finalizando maior que os dados do Deter.

A estimativa dos técnicos representaria um crescimento em torno de 30%, um índice menor do que o apontado recentemente nas comparações de crescimento do desmatamento em julho, agosto e setembro deste ano com 2018, mas ainda assim um salto maior do que os registrados nos últimos anos.

Além disso, o Prodes ainda deixa de fora justamente os meses de agosto e setembro deste ano, pegando apenas julho dentre os meses em que o desmatamento realmente cresceu.

Em julho, os dados do Deter apontaram para 2.254 quilômetros quadrados de área desmatada, um valor 278% maior do que em 2018. Em agosto, mais 1.701 quilômetros quadrados desmatados, 70% mais que no mesmo mês de 2018, e, em setembro, mesmo com a ação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para controle das queimadas, um crescimento de 96%.

Até junho deste ano, quando o Deter detectou um início do crescimento da área desmatada, os números ainda estavam levemente abaixo de 2018. Neste mês, o crescimento foi de 25%.

Questionado sobre essas estimativas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que ainda não teve acesso aos dados fechados do Inpe e por isso não queria comentá-los, mas minimizou o crescimento projetado.

“Se ficar entre 9 e 11 mil, é a curva da subida que vem acontecendo desde 2012”, disse. “Se chegasse naqueles números que a imprensa vinha falando, tinha que ficar em 14 mil.”

Segundo Salles, o governo irá anunciar algumas medidas nesta segunda-feira junto com a apresentação dos números, mas na semana que vem, depois de chamar uma reunião com os governadores da região amazônica, novas ações devem ser programadas. O anúncio dos números, normalmente feito em Brasília, foi deslocado para São José dos Campos, onde fica a sede do Inpe.

Críticas

A divulgação mensal dos dados do Deter, que apontaram um crescimento exponencial a partir de julho, abriram uma crise no governo que levou à demissão do então presidente do Inpe, Ricardo Galvão.

Em entrevista a correspondentes estrangeiros, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que Galvão estava “a serviço de ONGs estrangeiras” e que os números estariam errados.

O ministro do Meio Ambiente chegou a chamar uma entrevista no Palácio do Planalto para apontar falhas no trabalho do Inpe e disse que os números “não refletiam a realidade”, mas acabou por admitir que havia aumento.

Logo depois da revelação do aumento do desmatamento, em agosto deste ano, o número de queimadas na Amazônia atingiu o ápice, em um crescimento de mais de 80% em relação ao período comparativo do ano passado. As informações e imagens sobre a devastação da floresta amazônica correram o mundo e provocaram críticas à política ambiental do governo.

O estudo apresentado no Global Biology Challenge relaciona o aumento das queimadas – em um ano sem uma seca pronunciada – ao desmatamento, especialmente na relação entre áreas de desmatamento apontadas pelo Deter e os locais de aumento das queimadas.

Lisandra Paraguassu/Reuters

‘Amazônia está à beira de um colapso’, diz cientista brasileiro no Sínodo


‘Estamos vendo o aumento do desmatamento e das queimadas em 2019. Um aumento muito significativo’, alerta cientista. (Victor Moriyama/AFP)

Por Mirticeli Medeiros* 
Especial para o DomTotal

Cidade do Vaticano  – No Sínodo da Amazônia que acontece em Roma até o dia 27 de outubro, ele já discursou diante do papa Francisco. Na qualidade de especialista convocado pelo pontífice para tratar de questões cruciais, o cientista brasileiro, Nobel da Paz em 2007, explicou aos bispos quais os riscos do aquecimento global, tema que lhe rendeu reconhecimento internacional. Propôs à assembleia sinodal a instauração de uma bioeconomia e disse que a Amazônia está fadada à extinção, caso algumas medidas não sejam tomadas o quanto antes.

Em entrevista ao Dom Total, o pesquisador fala sobre a região à qual dedica a sua vida desde a década de 70. Suas teses sobre a “savanização” da floresta tropical em decorrência do desmatamento e uma nova perspectiva de desenvolvimento sustentável para a amazônia fizeram dele um dos maiores especialistas na floresta. Nesses dias, em Roma, ele se uniu ao papa Francisco na promoção de uma ecologia integral, após uma vida inteira dedicada às questões amazônicas.

Dom Total – Dr. Carlos Nobre, primeiramente, quais impressões o senhor colhe desse sínodo? Como o senhor avalia essa mobilização da igreja pela floresta?

Carlos Nobre –Eu sinto que o sínodo traz uma união muito maior e principalmente a elevação da preocupação a nível mundial, no momento em que o papa manifesta essa preocupação, no momento em que o papa entende e amplia o conceito de casa comum da Laudato Si, a casa comum planeta, e o risco que estamos correndo com as mudanças climáticas. Ele escolhe uma região crítica que é a Amazônia, que é o pilar dessa casa comum, um pilar importante, o qual eu costumo chamar o coração biológico da terra. Esta questão adquire uma visibilidade global, mundial. Ela deixa de ser uma preocupação da ciência ou dos movimentos ambientalistas e passa a ser uma preocupação de todos, até pelo poder de penetração que a mensagem – que as mensagens que se originam da Igreja têm. Não só entre os católicos, mas uma mensagem que atinge os países amazônicos.

*Sugestão de legenda para a foto: O cientista Carlos Nobre nomeado perito do Sínodo da Amazônia por Papa Francisco.
Cientista Carlos Nobre, nomeado perito do Sínodo da Amazônia pelo papa Francisco (Reuters).

Se faz um conceito muito profundo de ecologia integral que pode servir para alterarmos o rumo que nossos países amazônicos adotaram. Sabemos que a situação pode levar a um colapso da floresta amazônica e isso seria um prejuízo para o mundo como um todo, para toda forma de vida e também provocaria o desaparecimento de culturas amazônicas. Esse risco é presente e é muito importante que nós tomemos uma outra atitude em relação à Amazônia e o sínodo certamente tem ajudar a  a dar ênfase a essa questão, uma questão de âmbito global.

Dom Total – O senhor disse que estamos em um ponto de não retorno, se referindo à Amazônia. Explique isso pra gente.

Carlos Nobre – A ciência mostra com clareza que o que nós já observamos na Amazônia, principalmente na porção sudoeste, sul e sudeste da Amazônia boliviana, passando por Rondônia, norte do Mato Grosso, Pará e o leste do Pará e uma parte do Tocantins são os sinais de que a Amazônia está próxima de um colapso. Nós estamos vendo a estação seca nessa enorme região de 3 milhões de quilômetros quadrados já ficando mais longa. As temperaturas da estação seca estão bem mais altas. Além do fenômeno do aquecimento global, que afeta o globo todo e afeta a Amazônia, as temperaturas estão mais altas e nós começamos a ver também um impacto nas próprias espécies de árvores. Algumas espécies de árvores já estão apresentando uma taxa de mortalidade maior do que a ciência conhecia. Então essas mudanças, aparentemente, já têm um impacto. E os estudos científicos identificam que essa é a porção mais vulnerável desse ponto de não retorno. Se não pararmos o desmatamento, se não pararmos o aquecimento global, nós temos o risco de perder 60 e até 70% da floresta amazônica.

Dom Total –  2019 tem sido o pior ano para a Amazônia?

Carlos Nobre – É um ano pior por causa de dois sinais extremamente preocupantes. Existia um otimismo moderado em 2016 e 2017, quando vimos que a emissão dos gases que provocam o aquecimento global pareciam que iam se estabilizar. Então isso gerou um certo otimismo de que nós conseguiríamos estabilizar as emissões e que começaríamos a decliná-las globalmente. O acordo de Paris estabelece esse objetivo em 2030. Porém é muito distante, muito perigoso esperar até 2030. Mas infelizmente, em 2018, as emissões voltaram a crescer e, em 2019, elas crescem mais ainda. E para o nosso lado pan-amazônico, os desmatamentos começaram a crescer nos últimos anos, e tudo leva a crer que aconteceu um grande salto em 2019, principalmente na Amazônia brasileira, mas não só na Amazônia brasileira, também na Amazônia boliviana e na colombiana.

Felizmente, no Norte da Amazônia continua protegido. Mas nessa parte mais vulnerável é onde os desmatamentos cresceram e também os incêndios florestais. E os incêndios, em geral, cresceram muito. A gente também está lutando com essa questão de temperaturas mais altas. E com o período seco ficando mais longo, a floresta está mais vulnerável aos incêndios. A floresta amazônica é naturalmente impenetrável ao fogo. O fogo causado por uma descarga elétrica se propaga por algumas dezenas de metros e depois não há mais matéria combustível, porque tudo é muito úmido. Mas, agora, com a estação seca ficando mais longa, temperaturas mais altas e todos esses ramais de estradas para retirada de madeira, essa proximidade com as áreas de pecuária e a agricultura estão tornando a floresta mais vulnerável aos incêndios. Por isso estamos vendo acontecer muito em 2019.

Daí esses dois sinais alarmantes: o sinal global do aumento da emissão de gases do efeito estufa e o crescimento das taxas de desmatamentos e queimadas. Em 2014, nós tínhamos reduzido muito. Reduzimos 70% na Amazônia brasileira e também na amazônia peruana, boliviana, equatoriana. Então nós estávamos vivendo um momento muito bom. Parou em 2014 e agora estamos vendo o aumento do desmatamento e das queimadas em 2019. Um aumento muito significativo.

Dom Total –  No relatório que o senhor deu a nós, jornalistas, diz que 70% do produto interno bruto da América Latina deriva da zona de afluência de chuvas produzidas pela Amazônia. Há uma ignorância coletiva em relação a esses dados. Como diz Papa Francisco, falta essa consciência de que tudo está interligado?

Carlos Nobre –  O conceito da Laudato Si de ecologia integral é muito poderoso. A ciência já vinha tratando o entendimento de que todas essas dimensões estão interligadas há muito tempo, há muitas décadas. Na verdade, desde que o conceito de ecologia surgiu há cerca de 100 anos. Primeiro, surgiu o conceito de como os seres vivos evoluem biologicamente e depois se falou do papel do homo sapiens que interage com todos os outros elementos. Depois, se agregou o aspecto cultural, econômico… Antes eram coisas muito isoladas. É interessante trazer isso para o mesmo guarda-chuva – digamos assim – para gerar essa consciência de que tudo está interligado. E um elemento afeta o outro. E trazer isso para um conceito que seja facilmente assimilável por toda a população é muito importante. É algo muito ligado ao conceito de sustentabilidade, mas é um pouco mais didático, mais pedagógico, que relaciona as questões culturais, ambientais, sociais e econômicas em um mesmo conceito. E é, de certo modo, um pouco do objetivo quando se fala do desenvolvimento sustentável a longo prazo, pois queremos chegar ao mesmo denominador comum.

O conceito de ecologia integral é muito bom e é bom que ele seja ampliado para toda a sociedade. Que não seja um conceito só estudado pela ciência. É muito positivo que nós percebamos isso e percebamos a ligação entre todos esses elementos. Quanto atacamos a questão ambiental, afetamos a questão econômica, prejudicamos a questão social e vamos também destruir os valores culturais. Então tudo isso tem que caminhar junto. Temos que preservar as culturas, salvaguardar socialmente os mais pobres, criar modelos de economia sustentáveis, que nós chamamos de economias de floresta em pé, uma bioeconomia que valorize muito mais a floresta em pé do que a que substitui a floresta.

A floresta, quando derrubada, ataca o valor cultural, que é o respeito pelos direitos das populações tradicionais da amazônia que podem ser até numericamente menores do que as populações que chegaram à amazônia nos últimos 50 anos, mas nós temos uma obrigação e uma responsabilidade de manter essa diversidade cultural.

Cobertura especial:

*Mirticeli Dias de Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre primordialmente o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália, sendo uma das poucas jornalistas brasileiras credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé.

Menos consumo e adeus ao fast luxury: a moda direcionada para a sustentabilidade


Empresas devem apostar cada vez mais na moda sustentável (Divulgação)

64% da população mundial é constituída pela Geração Z (2,6 bilhões de pessoas nascidas desde 1997) e pelos Millennials (2,14 bilhões de indivíduos nascidos entre 1981 e 1996): segundo estimativas do Deutsche Bank, até 2020, eles representarão cerca de 40% da demanda de bens do segmento de luxo mundial. Um problema não apenas para o setor, porque os consumidores de amanhã (mas, agora, também do presente) são aqueles que acima de tudo valorizam a sustentabilidade.

Certamente, de acordo com David Pambianco, CEO da empresa com o mesmo nome que organizou a 24ª edição do Fashion Summit, para as empresas Made in Italy, trata-se de um grande desafio, mas a produção local já é altamente sustentável: produções artesanais, rastreabilidade da cadeia de suprimentos, vínculo com o território e proteção dos trabalhadores são aspectos que caracterizam a indústria italiana. Mas em nível global, a situação é muito mais delicada. De acordo com Erika Andreetta, parceira da PwC, especialmente os mais jovens são “ativistas da saúde pessoal e do planeta”, a ponto de 90% dos participantes estarem dispostos a pagar um preço premium por produtos da moda éticos e sustentáveis.

Como consequência, Francesca Di Pasquantonio, do Deutsche Bank, observa que, se a notoriedade e o prestígio de uma marca ainda permanecem os critérios fundamentais das escolhas de compra, as considerações sobre o impacto da mesma sobre o meio ambiente e a saúde, o tratamento dos trabalhadores, a orientação social e ética estão assumindo um papel cada vez mais importante. Traduzido: a sustentabilidade está se tornando um pilar do valor da marca. E as marcas de luxo devem levar isso em consideração.

No entanto, o caminho ainda é difícil: das 317 empresas em todo o mundo incluídas no DJ World Sustainability Index, apenas quatro pertencem ao segmento de luxo: Kering, Hugo Boss, Burberry e Moncler. E, juntas, representam menos de 1% da capitalização total das empresas do índice, que – segundo o relatório do banco comercial alemão – vale 10,13 bilhões de bilhões. Juntas, as quatro empresas representam 16% da capitalização do mercado do índice global do setor do luxo: o mesmo que dizer que existem 84% do mercado para os quais a sustentabilidade ainda é uma miragem.

“A maioria das empresas e grupos do segmento do luxo – explica a especialista da Db – está inserida nos balanços de sustentabilidade, e algumas delas são particularmente ativas e se comunicam bastante sobre esses temas. Os consumidores, especialmente as novas gerações, não se contentam com certificações quando se trata de sustentabilidade. As mudanças no setor de luxo se tornaram cada vez mais numerosas e estão afetando tanto a cadeia de suprimentos (envolvendo decisões sobre materiais, processos, uso de recursos, quantidade) quanto o desenvolvimento e a criação de novos produtos e meios de comunicação. Para acompanhar os novos consumidores, várias empresas estão experimentando soluções inovadoras que combinam moda e materiais sustentáveis. Por exemplo, a Adidas fez uma parceria com a Parley para produzir calçados esportivos de plástico oceânico reciclado. A Prada colaborou com a National Geographic para filmar curtas-metragens sobre a iniciativa de re-nylon”.

Os especialistas observam que, no momento, as empresas se concentraram na reutilização de resíduos, no banimento de produtos químicos e na particular ênfase ao fornecimento ecológico e sociológico compatíveis, mas é claro que a sustentabilidade levará ao fim – ou pelo menos a um questionamento – do fast luxury para chegar a uma redução dos consumos. “Tudo isso – conclui Di Pasquantonio – terá um custo e provavelmente levará a um novo desafio: como reabsorver o excesso de capacidade e redistribuir ganhos, custos e ineficiências entre as várias partes interessadas. Desse ponto de vista, a sustentabilidade também poderá representar uma oportunidade para estimular a inovação e a criação de valor”.

Giuliano Balestreri / Business Insider

Aproveite o Carnaval sem abrir mão da sustentabilidade


Carnaval deve ser sinônimo de festa e alegria e não de destruição e irresponsabilidade. Confira 10 dicas supersimples para curtir esse feriado, sem deixar rastros de insustentabilidade por onde passar

            

 

Os brasileiros já estão em clima de Carnaval. Viagens, desfiles de escolas de samba, blocos de rua, trios elétricos, festas à fantasia… o feriado pode ser aproveitado de várias maneiras, mas no fundo todos querem a mesma coisa: divertir-se! 



Curtir o Carnaval, no entanto, não precisa ser sinônimo de irresponsabilidade e destruiçãoe, muito menos, de ecochatice. Dá para aproveitar os quatro dias de festa com muita alegria e sem contribuir para a depredação do meio ambiente e da cidade onde você está. Quer ver? 



Reunimos 10 dicas supersimples para os foliões que estão dispostos a aproveitar o Carnaval sem deixar de lado a consciência socioambiental



1- SEJA UMA BOA VISITA
Não importa se você vai viajar nesse feriado ou ficará na sua cidade: quando estiver curtindo o Carnaval, na rua, respeite o espaço público! Fazer xixi no asfalto, destruir placas de sinalização, subir em cima de árvores e depredar monumentos não tem nada a ver com diversão, mas sim com falta de cidadania. Aproveite o feriado sem destruir os lugares por onde passar – até porque, muitos deles, como Ouro Preto, em Minas Gerais, e Salvador, na Bahia, são cidades históricas, que abrigam construções centenárias que não merecem ser destruídas em quatro dias de festa



2- FAÇA DO DITADO UMA MARCHINHA: LUGAR DE LIXO É NO LIXO
A sujeira que o Carnaval deixa nas cidades é um dos maiores problemas do pós-feriado: latas de alumínio, garrafas de vidro, copos plásticos e panfletos de divulgação são facilmente encontrados nas ruas, entupindo bueiros e aumentando o risco de enchentes. Até mesmo os mares são feitos de lixeira pelos foliões, o que polui a água e prejudica a biodiversidade marinha. Em 2010, a ONG internacional Global Garbagepostou fotos chocantes do fundo do mar de Salvador, 10 dias depois do Carnaval: mais de 1.500 latinhas e garrafas, além de pedaços de abadás e outros objetos plásticos, foram encontrados por mergulhadores. Jogar o lixo no lixo, durante a folia, daria muito menos dor de cabeça na ressaca do pós-Carnaval! 



3- GASTE ENERGIA, APENAS, NAS COMEMORAÇÕES
Se você for viajar, não esqueça de tirar da tomada todos os aparelhos eletroeletrônicos – como televisão, computador e microondas. Segundo o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, tirar esses equipamentos da tomada, quando eles estão fora de uso, pode reduzir a conta de luz em até 25%. Com o dinheiro que você economizar, dá até para trazer umas lembrancinhas de artesanato para os amigos e, de quebra, incentivar a economia local da cidade que você visitar. 



4- NÃO TOLERE A EXPLORAÇÃO
O problema acontece o ano inteiro, mas no Carnaval – por conta do aumento da circulação de pessoas nas cidades e, também, do clima de “pode tudo” – a incidência decrimes sexuais contra crianças e adolescentes aumenta. Para tentar mudar essa realidade, o governo preparou para 2014 a campanha Proteja Brasil. Divulgada por todo o país, a ação incentiva a população a denunciar qualquer tipo de violência contra menores no Disque 100, que funciona 24h por dia. Portanto, já sabe: se você presenciar alguma cena de exploração neste feriado, não exite em colocar a boca no trombone. Apesar do número de denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes ter caído 15,6% em 2013, a situação ainda é grave: a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) registrou mais de 26 mil casos no ano passado, principalmente no período carnavalesco.

 

5- ABUSE DA CRIATIVIDADE PARA SE FANTASIAR
Viagens e abadás já custam tanto dinheiro que economizar na hora de se fantasiar é uma ótima ideia. Que tal liberar a criatividade e utilizar materiais usados para confeccionar sua roupa de Carnaval? Além de poupar o bolso, você dá uma trégua para o meio ambiente e, depois da folia, dá para reciclar a fantasia ou, então, trocá-la com amigos. Aproveite e já combine com eles o roteiro do próximo Carnaval! 



6 – PROGRAME O FERIADO DOS SEUS ANIMAIS
Acredite: tem gente que planeja a viagem de Carnaval com tanto entusiasmo e fica tão ansioso para os dias de folia que acaba esquecendo dos cuidados que deve tomar com os animais de estimação enquanto estiver fora. Ou, pior, os abandona na rua. Se seu bicho não o acompanhar na viagem, lembre de deixá-lo aos cuidados de um vizinho ou parente. O ideal é que alguém passe na sua casa todos os dias, para brincar com ele, passear e limpar a sujeira. Também há a opção de hotéis para animais domésticos, que dispensam a preocupação do viajante. 



7 – ECONOMIZE COM O TRANSPORTE
Se optar por viajar de carro, lembre de oferecer carona para amigos e parentes que vão ao mesmo destino ou, então, que passem pelo seu caminho. Com mais gente no carro, todos economizam dinheiro e também poupam o meio ambiente, que deixa de receber os gases do efeito estufa liberados pela queima d combustível. A carona ainda alivia o trânsito, que pode ser infernal em feriados prolongados. Quão desagradável não é uma viagem que dura o dobro – ou mais – do que o necessário por causa do excesso de veículos? 



8 – PREPARE O SEU CARRO
Para pegar a estrada e dirigir de forma confortável, lembre-se de fazer uma vistoria geral no seu veículo. A atitude garante mais segurança para você e, também, para os outros motoristas. Pneus calibrados, água no depósito do limpador pára-brisa, nível certo do óleo e parte elétrica em dia são, apenas, alguns dos itens necessários. Não se esqueça também do kit macaco, triângulo e chave de roda, para o caso do pneu furar. 



9 – CAMISINHA NA CABEÇA E SAMBA NO PÉ
Faça as contas: nove meses depois do Carnaval, o número de bebês chegando ao mundo cresce bastante. Além de evitar a gravidez indesejada, a camisinha previne dacontaminação de doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, como faz todos os anos, o Ministério da Saúde já lançou sua campanha para 2014: a Se tem festa, festaço ou festinha, tem que ter camisinha, que lembra os foliões a respeito da importância de usar preservativo nas relações sexuais. Não dá nem para usar a desculpa de que esqueceu de levar a camisinha para a festa: o governo anunciou que distribuirá, gratuitamente, até março 104 milhões de unidades de preservativos por todo o Brasil.   



10 – MANEIRE NO ÁLCOOL
Lembre-se que condutores de veículos são proibidos de consumir bebidas alcoólicas. A lei que mudou o Código de Trânsito Brasileiro não é à toa: o álcool altera a capacidade de reação e prolonga a resposta do motorista. Trata-se de um poderoso catalisador de acidentes. De acordo com especialistas, não existe uma quantidade segura para se beber e dirigir. Então, para se divertir sem preocupação, combine com a turma quem será o motorista da vez e não beberá – ou pegue um taxi. Também é importante ter em mente que o álcool desidrata o organismo: para evitar a ressaca, beba água, isotônicos e sucos naturais.  


 

Fonte: Planeta Sustentável

Derretimento do permafrost aumenta risco de contaminação por mercúrio


Mercúrio que ficou preso no solo congelado agora está sendo liberado de várias formas nas vias fluviais (Flickr)

À medida que as temperaturas globais continuam subindo, o degelo do permafrost nas áreas do Ártico está acelerando e o mercúrio que ficou preso no solo congelado agora está sendo liberado de várias formas nas vias fluviais, no solo e no ar.

De acordo com pesquisadores da Universidade de New Hampshire, esse processo pode resultar na grande transformação do mercúrio em formas mais móveis e potencialmente tóxicas que podem levar a consequências ambientais e problemas de saúde para a vida selvagem, a indústria pesqueira e as pessoas no Ártico e além.

Em sua pesquisa , publicada recentemente na Geochemical Perspectives Letters, os cientistas examinaram a realocação de mercúrio – o movimento de solos previamente congelados para os ambientes circundantes – ao norte do Círculo Polar Ártico, em Abisko, na Suécia. Eles descobriram que, conforme a paisagem muda devido ao aquecimento das temperaturas, eles observam um aumento significativo nos níveis de metilmercúrio, uma neurotoxina, que pode ter uma cascata de efeitos.

“Nossa pesquisa sugere que a vida selvagem do Ártico, como pássaros e peixes, pode estar em risco aumentado de exposição a níveis mais altos de metilmercúrio que podem afetar sua reprodução e população”, disse Florencia Fahnestock, candidata a doutorado em ciências da Terra e principal autora do estudo. “Ele também tem o potencial de impactar os povos indígenas se eles estiverem comendo animais selvagens contaminados com metilmercúrio e, possivelmente, a indústria pesqueira, se o mercúrio for liberado da bacia para o oceano”.

O estudo analisou detalhadamente como as mudanças climáticas estão causando a transformação das paisagens e, portanto, favorecem a produção de metilmercúrio. Eles analisaram o “mercúrio total” – todas as formas diferentes de mercúrio, incluindo sólido, gás, metil – e a maneira como ele muda, juntamente com as paisagens de degelo, para o metilmercúrio mais nocivo. A forma mais tóxica de mercúrio, é mais facilmente absorvida pelos animais.

Três paisagens diferentes foram examinadas para a evolução das comunidades de mercúrio e microbiana ao longo dessas paisagens para determinar como essas mudanças ocorreram. Eles avaliaram a palsa, ou permafrost congelado, a área semi-descongelada, freqüentemente conhecida como pântano, e o fen, uma paisagem saturada cheia de água corrente e turfa totalmente descongelada.

Ar, água e solo foram analisados quanto ao metilmercúrio e os pesquisadores descobriram que os pântanos tinham concentrações muito maiores de metilmercúrio do que as outras paisagens. Fahnestock explica que, embora o permafrost contenha mercúrio, ele não é metilado. Somente quando atinge os pântanos aquosos é que a falta de oxigênio nos sedimentos fornece o ambiente perfeito para a conversão em metilmercúrio.

“Não temos uma boa noção de como o mercúrio entra nas redes alimentares terrestres; pode depender de onde os animais terrestres pastam ”, disse Julie Bryce, professora de geoquímica. “As plantas que crescem em alguns desses ambientes de degelo podem ser carregadas de mercúrio.”

O mercúrio é naturalmente emitido na atmosfera por vulcões, incêndios florestais e pelo desgaste das rochas, mas os combustíveis fósseis e a mineração de ouro também são os principais contribuintes. Enquanto o estudo analisou as mudanças da paisagem no Ártico, os pesquisadores dizem que essa mesma migração de mercúrio e produção de metilmercúrio podem ocorrer em outras áreas.

O mercúrio, liberado durante o degelo, pode ser transportado pela água e pelo vento – geralmente muito longe de sua fonte original. Se for convertido em metilmercúrio após a liberação ou durante o transporte, ele tem mais potencial para entrar na cadeia alimentar – através de peixes, pássaros e animais selvagens – e a potência aumenta à medida que sobe na cadeia alimentar, tornando-se uma possível preocupação de saúde pública.

EccoDebate