EcoDom semeando esperança!


Por Livia Maria Cruz Gonçalves de Souza

O EcoDom está próximo de encerrar as atividades de 2019 com a Caminhada Ecológica no dia 22 de novembro. Fazendo uma retrospectiva do início até agora, percebe-se que cada equipe EcoDom trabalhou, dentro de suas possibilidades, para que o projeto se desenvolvesse da melhor maneira possível.

Não há dúvida! Todos, de uma forma geral, alunos, professores orientadores, diretores, vice-diretores, funcionários, colaboradores, professores nucleadores, bolsistas e coordenadores abraçaram o projeto e ajudaram a espalhar as sementes do EcoDom. Não é por acaso que nosso lema é “juntos podemos”!

Realmente, quando todos se unem em prol de um objetivo, resultados positivos são colhidos e frustrações, ultrapassadas. Juntos podemos pensar uma nova forma de viver o ambiente escolar, juntos podemos transformar vidas, juntos podemos modificar hábitos, juntos podemos achar solução para um problema que individualmente era impossível ser resolvido, juntos podemos levar esperança para aqueles que estão desestimulados, juntos podemos tornar a vida mais leve, juntos podemos disseminar alegria, juntos podemos fazer do mundo um lugar melhor.

O Movimento EcoDom propõe desde o início um olhar reflexivo e ao mesmo tempo crítico sobre a escola, sobre a educação ambiental, sobre o meio ambiente e os impactos da ação humana na natureza. É com esse pensamento que se disseminam as sementes da renovação, da transformação e da sustentabilidade, sem perder de vista que as ações que todos praticam em conjunto hoje frutificarão nas próximas equipes EcoDom.

Que venha a caminhada e que a plantação continue!

Mascarados

Cora Coralina

Saiu o Semeador a semear

Semeou o dia todo

e a noite o apanhou ainda

com as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilo

sem pensar na colheita

porque muito tinha colhido

do que outros semearam.

Jovem, seja você esse semeador

Semeia com otimismo

Semeia com idealismo

as sementes vivas

da Paz e da Justiça.

Edição – Equipe EcoDom

Líderes da UE buscarão neutralidade climática até 2050, mostra documento


A nova comissão, liderada pela alemã Ursula von der Leyen, espera um aumento da meta para pelo menos 50% (Ueslei Marcelino/Reuters)

BRUXELAS – Líderes da União Europeia irão se reunir em Bruxelas na semana que vem e irão pressionar para o estabelecimento de um acordo que reduza ao “zero líquido” as emissões de gases do efeito estufa do bloco até 2050, mostrou um esboço do comunicado conjunto do grupo nesta segunda-feira, anunciando uma luta amarga no horizonte da próxima semana.

A cúpula que será realizada nos dias 12 e 13 de dezembro com os líderes nacionais do bloco terá como meta apoiar “o objetivo de atingir a neutralidade climática até 2050”, de acordo com o documento visto pela Reuters.

Tentativas anteriores, no entanto, foram bloqueadas pela Polônia, Hungria e República Tcheca, cujas economias dependem de carvão poluente. Em outras oportunidades, esses países já votaram contra a neutralidade do clima até 2050 por medo de que os cortes nas emissões possam prejudicar suas economias.

Buscando convencer o campo relutante, as linhas gerais do documento fazem referência a uma “transição justa e socialmente equilibrada”, anunciam a liberação de 1 trilhão de euros para investimentos verdes por parte do Banco Europeu de Investimentos até 2030, e ressaltam a necessidade de garantir segurança energética e competitividade diante de potências estrangeiras que não estejam buscando tais objetivos climáticos.

O documento, preparado de antemão para as discussões entre os líderes pode mudar. Mas irá eventualmente precisar do apoio de todos os líderes nacionais da UE para que saia um acordo na conferência.

A nova Comissão Europeia do bloco também visa incentivar a neutralidade climática até o meio do século e quer tornar as metas climáticas da UE para 2030 ainda mais ambiciosas.

As metas atuais preveem a redução de gases do efeito estufa em 40% até 2030, a partir dos níveis de 1990. A nova comissão, liderada pela alemã Ursula von der Leyen, espera um aumento da meta para pelo menos 50%.

Gabriela Baczynska / Reuters

Transformar vidas e realizar sonhos: isso é o Movimento EcoDom


Por Ciangeli Clark

Como professora nucleadora do Movimento EcoDom, avalio constantemente a participação dos alunos e a importante contribuição destes para a realização do projeto socioambiental. Em reunião com os estudantes, fizemos uma analise de nosso trabalho e me chamou a atenção o número de vezes que a palavra “sonho” foi mencionada pelos bolsistas, sempre ligada ao projeto.

Assim, gostaria de relatar como o EcoDom modificou vidas! Não só a do aluno que hoje faz parte das faculdades EMGE e Dom Helder, mas também de suas famílias e dos alunos das escolas parceiras do movimento que são impactados com uma palavra de esperança.

O Movimento EcoDom desencadeia um efeito cascata: quando um ganha, vários ganham. Um aluno que passa a estudar na EMGE ou na Dom Helder, destaca o nome de sua escola de origem e, ao retornar a essa instituição, relata suas conquistas e os estudantes passam a acreditar que o “sonho” de estudar nestas instituições é possível. As famílias também são atingidas e renovam as esperanças de um futuro melhor. Todos são modificados pelo Movimento EcoDom.

Na carta encíclica Laudato si’ do santo padre Franciscosobre o cuidado da casa comum – nos alerta: “Se não temos vista curta, podemos descobrir que pode ser muito rentável a diversificação de uma produção mais inovadora e com menor impacto ambiental. Trata-se de abrir caminho a oportunidades diferentes, que não implicam frenar a criatividade humana nem o seu sonho de progresso, mas orientar esta energia por novos canais”.  (Papa Francisco, LS, 2015.) (grifo nosso).

O EcoDom abre horizontes, busca orientar essa diversidade, para alcançar objetivos comuns envolvendo todos os atores, impactando vidas e protegendo nosso planeta Terra mediante ações simples, que levam à reflexão e à mudança de comportamento. Podemos perceber isso nos depoimentos ou relatórios mensais realizados nas escolas pelos bolsistas.

Assim partilho esses relatos, transcritos abaixo para exemplificar essa realidade, de como o Ecodom transforma vidas e realiza sonhos.

Cassio Antônio Ferreira Hilário, do 2º período em Ciências da Computação, relata: “O projeto me transformou em vários aspectos, principalmente no pensar ecologicamente correto. Proporcionou uma noção de que meio ambiente não é só a floresta amazônica, mas também a sala de aula, o bairro, e que todos somos agentes de poluição e preservação desse meio. Outro aspecto que mudou em minha vida foi a oportunidade de fazer o curso dos meus sonhos, que não conseguiria fazer se não fosse a bolsa de estudos que conquistei através do projeto”.

Já para Bruno Santos, também aluno do 2º período da Ciência da Computação, “o projeto me incentivou a nunca desistir dos meus sonhos”. Weverton Fernandes Nascimento, do 2º período de Ciências da Computação, afirma que participar do projeto “proporcionou a perspectiva de um futuro real e melhor”.

Estudante do 4º período do curso de Engenharia Civil, Tamires Cristine da Rocha Silva me deixou impactada ao receber sua redação. No texto, ela expõe todos os seus sonhos, sua visão ampla e integrada de projeto. Esse é nosso objetivo. Leia na integra a redação, feita para um projeto de redação na escola em que ela é bolsista e foi aluna no ensino médio.

“Um por todos e todos por um!” Será que Alexandre Dumas, escritor de Os Três Mosqueteiros poderia imaginar que essa tão famosa frase de seu livro se tornaria hoje símbolo de trabalho em equipe e união? Ou que falaria de nós? Revivemos as respostas para isso toda vez que um grupo de pessoas cheias de ideias se reúne para fazer deste um mundo melhor. E esses foram ingredientes mais que bastaram para que nascesse o nosso grêmio estudantil.

Visando dar voz aos interesses dos estudantes de ensino fundamental e médio, o grêmio cria o ambiente ideal nas escolas para que os alunos possam criar, se expressar e pensar fora da caixa, transformando não só a escola, mas toda sua esfera social.
E no que concerne o impacto que desperta no jovem o interesse de transformar sua realidade, iniciativas como o EcoDom se apresentam como o meio de se atingir esse fim. Abordando mais de 130 escolas de Belo Horizonte e região metropolitana, o projeto surge da urgência de fazer a juventude repensar a maneira como enxergam o meio ambiente. E para isso, projetos de cunho socioambiental são desenvolvidos na escola, na qual as ações são voltadas para a sustentabilidade e melhoria do ambiente escolar.

Então por que não unir essas duas iniciativas — Grêmio que dá voz aos estudantes e o EcoDom que os estimula a cuidar do ambiente em que vivem e perseguir a carreira acadêmica? E, tão logo quanto se indaga isso, nota-se que não há justificativa para não fundi-los. O potencial de transformação que a junção dos dois movimentos apresenta traz perspectivas inéditas para dentro do ambiente escolar, e torna os alunos protagonistas.

Realizando com exímio sucesso, o Grêmio Elite Ecodom faz com que professores, alunos e demais integrantes do corpo escolar se motivem a pensar em iniciativas para transformar a escola. Embora a cirurgia de unificar os dois projetos fosse delicada e exigisse cautela, o resultado já está mais do que operante, rendeu frutos e inspira outras escolas.

O destaque vai além da utilização de ferramentas como o 5W2H, está na causa que motiva cada estudante dali. O coração do grêmio é fazer com que cada aluno tenha participação ativa nas ações, apoiado pelo sonho de cursar uma graduação de nível superior. Grêmio Elite por Ecodom e Ecodom pelo Grêmio Elite.

O valor que se tira disso não é retorno financeiro, mas sim o quanto se envolver com iniciativas assim faz por nós enquanto pessoas e como desenvolve habilidades que, de outra forma, não teriam porque serem trabalhadas, exigindo de todos os colaboradores que se superem a cada novo desafio.

E a missão é esta: explicitar, com mudanças concretas, que nosso contexto pode ser transformado e o que separa o presente da perspectiva é a ação. É preciso despertar, tão cedo quanto possível, a consciência para esse papel que temos na sociedade, enquanto membros de um mundo real globalizado, que se transforma cada vez mais rápido, que exige pessoas mais e mais preparadas para desafios interdisciplinares e complexos, e que nos desafia a sermos melhores para sanar os problemas do dia a dia, sempre em mutação.

Fazer parte da mudança que o Grêmio fez pelo EcoDom é de se orgulhar.
Inspirador é ver a forma com que cada um de vocês pode ajudar nossa equipe de um jeito diferente. De fato, funcionando como uma máquina, dinâmica como um organismo, todos trabalhando pelo mesmo progresso e cada parte cobrindo a lacuna que a outra deixa.

O trabalho até hoje tem sido fenomenal e já deixamos nossa marca na escola – que não para por aí; pelo contrário, a região metropolitana e as outras escolas do EcoDom já ouvem falar de nós, pelo que conquistamos juntando forças com o grêmio. E isso é inédito para a nossa realidade. E mais que isso, é precedente para que cheguemos mais longe.

Podemos não ser os Três Mosqueteiros, mas somos a Equipe EcoDom, nunca me pareceu mais certo dizer: juntos, podemos mais!

Edição – Equipe EcoDom

Negociadores do Brasil em cúpula do clima estão no escuro


Antes repleta de ativistas, a delegação do Brasil, lar da maior parte da vasta floresta amazônica, agora só tem autoridades do governo (Bruno Kelly/Reuters)

Madri – Os negociadores do Brasil já enfrentarão um trabalho duro nas conversas climáticas da ONU, dada a irritação com a postura do presidente Jair Bolsonaro a respeito da Amazônia, mas essa tarefa se torna duplamente difícil porque estão no escuro no que diz respeito aos objetivos do governo.

Bolsonaro se tornou alvo de ativistas ambientais desde que a destruição da floresta amazônica atingiu seu nível mais alto em 11 anos e incêndios terríveis assolaram a região em agosto, com políticas do presidente incentivando os desmatadores e intimidando agentes ambientalistas.

Como se isso não bastasse, os negociadores técnicos do Brasil presentes para as negociações da Organização das Nações Unidas na Espanha estão desconectados dos líderes políticos e desinformados sobre seus objetivos, disseram duas pessoas a par do assunto. Isso significa que os negociadores poderiam firmar um acordo que seria renegado por autoridades do governo. “Na verdade, o que o Brasil fará na conferência é uma incógnita”, disse uma das fontes.

Para aumentar a confusão, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente alinhado a Bolsonaro, apareceu em Madri uma semana mais cedo para participar de toda a conferência de duas semanas, ao invés de somente a segunda etapa com colegas ministros de outros países. “Só ele sabe o que está fazendo lá”, disse outra fonte.

Sendo o lar da maior parte da vasta floresta amazônica, que serve como uma proteção ao aquecimento global, o Brasil é um dos principais componentes das conversas climáticas, e atuou como mediador entre países desenvolvidos e em desenvolvimento muitas vezes.

Mas seu recuo amplamente noticiado nas proteções ambientais domésticas mudou isso, e a delegação oficial em Madri não conta mais com grupos de ambientalistas cujas credenciais o país normalmente endossa. Antes repleta de ativistas, a delegação brasileira agora só tem autoridades do governo, de acordo com dois ex-participantes brasileiros que acompanham o evento deste ano, mas com credenciais diferentes.

No nível técnico, a postura de negociação do Brasil não mudou, segundo três pessoas com conhecimento do assunto. O país continuará pressionando em especial por uma contabilidade mais precisa do comércio de carbono e quer que os créditos de emissões de um acordo climático anterior sejam honrados pelo pacto de Paris.

Existe incerteza no nível político, mas Salles indicou que pressionará para ver quanto o Brasil receberá dos U$ 100 bilhões (R$ 419.915.800.000) planejados para um financiamento ambiental anual que os países desenvolvidos prometeram fornecer aos países em desenvolvimento até 2020.

Jake Spring/Reuters

Secretário-geral da ONU cobra ações contra aquecimento na COP25


“A água já cobre grande parte de nosso território em algum momento do ano. Nos recusamos a morrer”, afirmou em um vídeo a presidente das Ilhas Marshall Foto (AFP)

Os pedidos de ação urgente e resoluta para salvar a humanidade dos problemas provocados pela mudança climática se multiplicaram nessa segunda-feira (2) na abertura da COP25 em Madri, ante temores de que a reunião possa ficar abaixo das expectativas. Desde o ano passado, os países signatários do Acordo de Paris são alvo de uma pressão sem precedentes, resumida na hashtag escolhida para as duas semanas de reunião: #TimeforAction. Os apelos por ação urgente foram repetidos no dia de abertura da 25ª Conferência do Clima da ONU (COP25).

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“Realmente queremos entrar para a história como a geração que agiu como o avestruz, que brincava enquanto o mundo queimava?”, questionou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Diante dos representantes de quase 200 signatários do Acordo de Paris, entre eles 40 chefes de Estado ou de governo, Guterres pediu uma escolha entre a “esperança” de um mundo melhor e a tomada de ações, ou a “capitulação”.

Na cerimônia de inauguração do evento, que acontece em Madri depois que o Chile desistiu de abrigar a reunião em consequência da revolta social no país, Guterres destacou sua “frustração” com a lentidão das mudanças, insistindo na necessidade de atuar de forma urgente. “O ponto de não retorno não está longe no horizonte, conseguimos ver e se aproxima a toda velocidade”, declarou Guterres no domingo (1).

Cada grau conta

Há alguns dias, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou um relatório muito duro a respeito da esperança de cumprir o objetivo ideal do Acordo de Paris: limitar o aquecimento a +1,5 grau na comparação com a era pré-industrial. Para alcançar a meta seria necessário reduzir as emissões de CO2 em 7,6% por ano até 2030. Mas não há sinal de queda.

As temperaturas já subiram quase 1 grau, multiplicando as catástrofes climáticas. E cada grau adicional deve aumentar os efeitos. No ritmo atual, a temperatura poderia aumentar 4 ou 5 graus até o fim do século. Mesmo que os Estados cumpram os compromissos atuais, a alta no termômetro pode superar 3 graus.

“Continua faltando vontade política”, lamentou Guterres, antes de afirmar que os maiores emissores de CO2 “não cumprem sua parte”. “Alguns países como China e Japão dão sinais de sua relutância a aumentar sua ambição”, disse Laurence Tubiana, idealizadora do Acordo de Paris.

O governo dos Estados Unidos acaba de confirmar sua retirada do acordo no próximo ano, embora seus cidadãos continuem comprometidos com a luta contra a mudança climática, afirmou a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, que, em um gesto político, lidera a delegação do Congresso americano em Madri.

Atenção voltada para a UE

Neste contexto, a atenção está voltada para a União Europeia (UE), que tem ampla representação na conferência. “Em uma época marcada pelo silêncio de alguns, a Europa tem muito o que dizer nesta batalha”, afirmou o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez.

“Porque assim exigem nossas sociedades. Mas também por uma questão de justiça histórica elementar: se a Europa liderou a revolução industrial e o capitalismo fóssil, a Europa tem que liderar a descarbonização”, completou.

Os defensores do planeta esperam que uma reunião europeia em 12 e 13 de dezembro alcance um acordo sobre a neutralidade de carbono até 2050. Mas será necessário esperar até 2020 para que a UE apresente uma revisão de suas ambições a curto prazo.

“Seremos os campeões da transição verde”, garantiu o novo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. “Tivemos a revolução industrial, a revolução tecnológica, está na hora da revolução verde”, completou.

No momento, apenas 68 países se comprometeram a revisar e intensificar os compromissos de redução de emissões de CO2 em 2020, antes da COP26 em Glasglow, mas estas nações representam apenas 8% das emissões mundiais, de acordo com especialista.

Os países do hemisfério sul desejam ser ouvidos e exigem que as nações do norte assumam suas responsabilidades, com ajuda para enfrentar os desastres previstos. “A água já cobre grande parte de nosso território em algum momento do ano. Nos recusamos a morrer”, afirmou em um vídeo a presidente das Ilhas Marshall, Hilda Heine.

AFP

‘Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde’


Entrevista com Hermano Castro, Ensp/Fiocruz

                                  Imagem de pulmão de paciente com asbestose, uma das doenças causadas pelo amianto. Foto. Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
Imagem de pulmão de paciente com asbestose, uma das doenças causadas pelo amianto. Foto. Agência Fiocruz de Notícias (AFN)

 

“Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde. Segundo o critério 203 da OMS a exposição ao amianto crisotila aumenta o risco de câncer de pulmão, mesotelioma e asbestose e não há limite seguro para exposição”. A afirmação é do diretor da Escola Nacional de Saúde Pùblica (Ensp/Fiocruz) e especialista no tema, Hermano Castro. Em entrevista para o site do Centro Colaborador em Vigilância Sanitária (Cecovisa) da Ensp, Castro comenta os esforços brasileiros pelo banimento deste mineral, aborda as principais doenças relacionadas ao amianto, além de destacar os principais riscos ao meio ambiente.

 

O amianto foi proibido (uso, extração e comercialização) por 66 países, entre eles a Argentina, o Chile e o Uruguai. No Brasil, os esforços das instituições de saúde e ambientais pelo banimento do amianto se propagam em legislações estaduais e municipais. Quais as reais mudanças nos últimos anos e obstáculos encontrados para a sua proibição?

Hermano Castro: Infelizmente não temos uma Lei de banimento do amianto em nível nacional. Movimentos sociais locais têm conseguido discutir e aprovar lei municipal e Estadual que reduzem o uso do amianto, mas não tem sido suficiente para sensibilizar o Congresso Nacional. Atualmente encontra-se na pauta do STF ações sobre o amianto que podem, se aprovadas, garantir o seu banimento em todo território nacional. Hoje o principal obstáculo é o poder econômico que envolve toda a cadeia produtiva. O Brasil é o terceiro produtor de amianto com uma única mineração, situada em Goiás, que garante a produção, principalmente de telhas de amianto.

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima haver 125 milhões de trabalhadores em todo o mundo expostos aos efeitos do amianto e a ocorrência de cem mil as mortes anuais causadas pelo amianto. Quais as principais doenças relacionadas ao amianto e qual a expectativa para os anos futuro?

Castro: As principais doenças relacionadas ao amianto são a asbestose, um tipo de fibrose pulmonar, irreversível e sem tratamento específico; os acometimentos pleurais: placas, calcificações, espessamento e derrame pleural; câncer de pulmão, mesotelioma e alterações funcionais respiratórias. Como o período de latência entre a exposição e o surgimento da doença pode ser de décadas: 3 a 4 décadas para o mesotelioma, por exemplo, mesmo com o banimento do amianto, ainda teríamos o surgimento de casos nos próximos 40 anos, refletindo a exposição ao mineral.

 

Além dos funcionários da empresa que utilizam o amianto como matéria-prima e que ficam expostos diretamente ao mineral, quais os riscos para as pessoas próximas – família, por exemplo, deste trabalhador?

Castro: Atualmente as empresas que utilizam o amianto realizam a própria lavagem das roupas, porém, durante muitos anos os familiares foram expostos ao mineral, com o aparecimento de muitos casos de doenças entre familiares, gerados pelo contato com o amianto trazido nas roupas dos trabalhadores.

 

E quais os reais riscos do amianto para o meio ambiente?

Castro: A degradação ambiental causada pela extração do mineral é uma realidade nas regiões de mineração. Além disso, o descarte inapropriado de materiais a base de amianto (telhas, caixas d água, passivo industrial) pode contaminar o solo e colocar em risco a saúde da população que entra em contato inadvertidamente com o material. Atualmente existe um resolução Conama 348 que considera o amianto resíduo perigoso e deve ter procedimento especial para o descarte. Alguns estudiosos consideram o mesotelioma (câncer de pleura relacionada ao amianto) um marcador de exposição ambiental, uma vez que um elevado percentual de mesoteliomas, alguns estudos chegam até 50% de casos, não tem relação com exposição ocupacional. O mesotelioma não tem relação de dose-resposta, ou seja, o câncer pode aparecer independente da dose de exposição, o que pode ser atribuída a exposição ambiental.

 

Existem movimentos sociais pelo banimento do amianto, inclusive de ex-trabalhadores, vítimas do amianto. Há um debate em torno dos danos e das pesquisas realizadas. O senhor sofreu interpelação judicial pelo Instituto Brasileiro de Crisotila e a pesquisadora Fernanda Giannasi também recebeu moção de apoio de associações das vítimas do amianto do Brasil e de outros países. Há ainda alguma discussão acerca dos danos do amianto à saúde e ao ambiente?

Castro: Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde. Segundo o critério 203 da OMS a exposição ao amianto crisotila aumenta o risco de câncer de pulmão, mesotelioma e asbestose e não há limite seguro para exposição. Sem limite seguro não é possível haver controle da exposição, o que coloca em risco trabalhadores e população. Principalmente no consumo, onde o controle dentro da fábrica não é reproduzido para a população. Desta forma, a população se torna vulnerável e sob risco do adoecimento.

 

O Ministério Público da 9a Vara do Trabalho, em São Paulo, ajuizou uma ação que pode custar R$ 1 bilhão à Eternit, a título de indenização por doenças pelo uso de amianto. Até que ponto essas indenizações por parte justiça do trabalho podem ajudar na luta pela proibição do amianto?

Castro: Essas condenações, como a que ocorreu contra a Eternit na Itália em 2012, são um grande incentivo para a luta pelo banimento. Quanto mais for divulgado para a sociedade sobre os malefícios do amianto, mais difícil se torna a manipulação da opinião pública pelas grandes empresas que alegam que a utilização racional do amianto é segura.

 

Há algumas décadas, as empresas trabalhavam livremente com o amianto. Nos últimos anos, porém, o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, tem discutido os riscos do amianto na extração, industrialização e comercialização do amianto. Quais os avanços deste então? 

Castro: O processo ainda se encontra no STF para julgamento, mas a redução no consumo brasileiro se deu muito mais pela informação sobre os males do amianto. Este é um ponto fundamental, o esclarecimento sobre os danos contribuem enormemente para que o consumidor escolha materiais no mercado sem amianto.

 

Em Minaçu, Goiás, encontra-se a única mina de amianto do Brasil, Cana Brava, controlada pela SAMA Mineração de Amianto, do grupo Eternit. Grande parte dos trabalhadores da cidade faz parte do quadro de empregados da mina. No caso do banimento, qual o debate em torno da solução para a dependência econômica da cidade a essa mineradora?

Castro: Com certeza o município sofreria um grande impacto econômico. O que não justifica o risco à saúde da população da cidade e ao país, além dos trabalhadores diretos da mina, todos expostos aos perigos do amianto. Há que se planejar em conjunto, com municípios, Governo Federal, de Goiás e os ministérios, alternativas para realocação dos trabalhadores diretos em novas atividades econômicas e incentivos a práticas sustentáveis e sem riscos à saúde.

 

A Organização Mundial da Saúde e a Organização do Trabalho chamaram atenção para o que seria uma ‘catástrofe sanitária’ se o uso e comercialização do amianto continuarem em vários países. O senhor concorda com esta avaliação?

Castro: Concordo, como já dito anteriormente, o período de latência para as doenças relacionadas ao amianto pode ser de décadas. Quanto mais utilizarmos o mineral, seja pela mineração, comercialização, exportação, maior será a incidência de doenças relacionadas ao amianto no futuro. Alguns estudos mostram que em países que aumentaram o uso do mineral, houve um aumento no número de casos de mesotelioma três décadas depois.

Informe Ensp/AFN, publicado pelo EcoDebate, 22/04/2014

‘Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde’


Entrevista com Hermano Castro, Ensp/Fiocruz

                                  Imagem de pulmão de paciente com asbestose, uma das doenças causadas pelo amianto. Foto. Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
Imagem de pulmão de paciente com asbestose, uma das doenças causadas pelo amianto. Foto. Agência Fiocruz de Notícias (AFN)

 

“Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde. Segundo o critério 203 da OMS a exposição ao amianto crisotila aumenta o risco de câncer de pulmão, mesotelioma e asbestose e não há limite seguro para exposição”. A afirmação é do diretor da Escola Nacional de Saúde Pùblica (Ensp/Fiocruz) e especialista no tema, Hermano Castro. Em entrevista para o site do Centro Colaborador em Vigilância Sanitária (Cecovisa) da Ensp, Castro comenta os esforços brasileiros pelo banimento deste mineral, aborda as principais doenças relacionadas ao amianto, além de destacar os principais riscos ao meio ambiente.

 

O amianto foi proibido (uso, extração e comercialização) por 66 países, entre eles a Argentina, o Chile e o Uruguai. No Brasil, os esforços das instituições de saúde e ambientais pelo banimento do amianto se propagam em legislações estaduais e municipais. Quais as reais mudanças nos últimos anos e obstáculos encontrados para a sua proibição?

Hermano Castro: Infelizmente não temos uma Lei de banimento do amianto em nível nacional. Movimentos sociais locais têm conseguido discutir e aprovar lei municipal e Estadual que reduzem o uso do amianto, mas não tem sido suficiente para sensibilizar o Congresso Nacional. Atualmente encontra-se na pauta do STF ações sobre o amianto que podem, se aprovadas, garantir o seu banimento em todo território nacional. Hoje o principal obstáculo é o poder econômico que envolve toda a cadeia produtiva. O Brasil é o terceiro produtor de amianto com uma única mineração, situada em Goiás, que garante a produção, principalmente de telhas de amianto.

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima haver 125 milhões de trabalhadores em todo o mundo expostos aos efeitos do amianto e a ocorrência de cem mil as mortes anuais causadas pelo amianto. Quais as principais doenças relacionadas ao amianto e qual a expectativa para os anos futuro?

Castro: As principais doenças relacionadas ao amianto são a asbestose, um tipo de fibrose pulmonar, irreversível e sem tratamento específico; os acometimentos pleurais: placas, calcificações, espessamento e derrame pleural; câncer de pulmão, mesotelioma e alterações funcionais respiratórias. Como o período de latência entre a exposição e o surgimento da doença pode ser de décadas: 3 a 4 décadas para o mesotelioma, por exemplo, mesmo com o banimento do amianto, ainda teríamos o surgimento de casos nos próximos 40 anos, refletindo a exposição ao mineral.

 

Além dos funcionários da empresa que utilizam o amianto como matéria-prima e que ficam expostos diretamente ao mineral, quais os riscos para as pessoas próximas – família, por exemplo, deste trabalhador?

Castro: Atualmente as empresas que utilizam o amianto realizam a própria lavagem das roupas, porém, durante muitos anos os familiares foram expostos ao mineral, com o aparecimento de muitos casos de doenças entre familiares, gerados pelo contato com o amianto trazido nas roupas dos trabalhadores.

 

E quais os reais riscos do amianto para o meio ambiente?

Castro: A degradação ambiental causada pela extração do mineral é uma realidade nas regiões de mineração. Além disso, o descarte inapropriado de materiais a base de amianto (telhas, caixas d água, passivo industrial) pode contaminar o solo e colocar em risco a saúde da população que entra em contato inadvertidamente com o material. Atualmente existe um resolução Conama 348 que considera o amianto resíduo perigoso e deve ter procedimento especial para o descarte. Alguns estudiosos consideram o mesotelioma (câncer de pleura relacionada ao amianto) um marcador de exposição ambiental, uma vez que um elevado percentual de mesoteliomas, alguns estudos chegam até 50% de casos, não tem relação com exposição ocupacional. O mesotelioma não tem relação de dose-resposta, ou seja, o câncer pode aparecer independente da dose de exposição, o que pode ser atribuída a exposição ambiental.

 

Existem movimentos sociais pelo banimento do amianto, inclusive de ex-trabalhadores, vítimas do amianto. Há um debate em torno dos danos e das pesquisas realizadas. O senhor sofreu interpelação judicial pelo Instituto Brasileiro de Crisotila e a pesquisadora Fernanda Giannasi também recebeu moção de apoio de associações das vítimas do amianto do Brasil e de outros países. Há ainda alguma discussão acerca dos danos do amianto à saúde e ao ambiente?

Castro: Não existe nenhuma dúvida de que o amianto é um mineral lesivo à saúde. Segundo o critério 203 da OMS a exposição ao amianto crisotila aumenta o risco de câncer de pulmão, mesotelioma e asbestose e não há limite seguro para exposição. Sem limite seguro não é possível haver controle da exposição, o que coloca em risco trabalhadores e população. Principalmente no consumo, onde o controle dentro da fábrica não é reproduzido para a população. Desta forma, a população se torna vulnerável e sob risco do adoecimento.

 

O Ministério Público da 9a Vara do Trabalho, em São Paulo, ajuizou uma ação que pode custar R$ 1 bilhão à Eternit, a título de indenização por doenças pelo uso de amianto. Até que ponto essas indenizações por parte justiça do trabalho podem ajudar na luta pela proibição do amianto?

Castro: Essas condenações, como a que ocorreu contra a Eternit na Itália em 2012, são um grande incentivo para a luta pelo banimento. Quanto mais for divulgado para a sociedade sobre os malefícios do amianto, mais difícil se torna a manipulação da opinião pública pelas grandes empresas que alegam que a utilização racional do amianto é segura.

 

Há algumas décadas, as empresas trabalhavam livremente com o amianto. Nos últimos anos, porém, o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, tem discutido os riscos do amianto na extração, industrialização e comercialização do amianto. Quais os avanços deste então? 

Castro: O processo ainda se encontra no STF para julgamento, mas a redução no consumo brasileiro se deu muito mais pela informação sobre os males do amianto. Este é um ponto fundamental, o esclarecimento sobre os danos contribuem enormemente para que o consumidor escolha materiais no mercado sem amianto.

 

Em Minaçu, Goiás, encontra-se a única mina de amianto do Brasil, Cana Brava, controlada pela SAMA Mineração de Amianto, do grupo Eternit. Grande parte dos trabalhadores da cidade faz parte do quadro de empregados da mina. No caso do banimento, qual o debate em torno da solução para a dependência econômica da cidade a essa mineradora?

Castro: Com certeza o município sofreria um grande impacto econômico. O que não justifica o risco à saúde da população da cidade e ao país, além dos trabalhadores diretos da mina, todos expostos aos perigos do amianto. Há que se planejar em conjunto, com municípios, Governo Federal, de Goiás e os ministérios, alternativas para realocação dos trabalhadores diretos em novas atividades econômicas e incentivos a práticas sustentáveis e sem riscos à saúde.

 

A Organização Mundial da Saúde e a Organização do Trabalho chamaram atenção para o que seria uma ‘catástrofe sanitária’ se o uso e comercialização do amianto continuarem em vários países. O senhor concorda com esta avaliação?

Castro: Concordo, como já dito anteriormente, o período de latência para as doenças relacionadas ao amianto pode ser de décadas. Quanto mais utilizarmos o mineral, seja pela mineração, comercialização, exportação, maior será a incidência de doenças relacionadas ao amianto no futuro. Alguns estudos mostram que em países que aumentaram o uso do mineral, houve um aumento no número de casos de mesotelioma três décadas depois.

Informe Ensp/AFN, publicado pelo EcoDebate, 22/04/2014

Javier Bardem, um homem de causa e ação pelo meio ambiente


Javier Bardem, o homenageado do festival de Cinema Espanhol de Nantes (AFP)

Javier Bardem era um mero doador do Greenpeace quando foi convidado, por meio de seu irmão Carlos, a fazer uma viagem à Antártida no navio da organização para ajudar a aumentar a conscientização e a pressão pela criação de um santuário oceânico na região. Dali, surgiu a ideia de fazer o documentário Sanctuary (santuário, na tradução), que estreou no último Festival de Toronto.

O ator espanhol ficou tão espantado com o que descobriu sobre a velocidade da mudança climática e de como isso afeta os oceanos e a Antártida que participou de reuniões com políticos e na ONU. Durante o Festival de Zurique, onde também apresentou o documentário, Bardem falou à reportagem.

O que o levou a fazer o documentário?

Foi o interesse natural de um cidadão que é pai de uma criança de oito anos de idade e outra de seis. Que está sentindo na pele a mudança climática, porque onde ele mora, Madri, não existem mais estações do ano. Ou está muito quente ou muito frio. Eu tenho 50 anos. Quando eu tinha 10, morava perto de um parque e amava as estações do ano. Por isso eu me juntei à campanha no navio do Greenpeace. E disse que, como não entendia nada do assunto, então ia ser os olhos e os ouvidos do público.

Ficou surpreso com o que descobriu?

Fiquei alarmado. Porque fui lá e vi. Estava cercado por pessoas que são especialistas e estão fazendo isso há 20 ou 30 anos. O capitão do navio está nessa função há 30 anos. Foi preso na Rússia porque atacou refinarias. Ele esteve em todas as partes e está alarmado com a velocidade da mudança. E na Antártida, ele disse que era algo “imparável”. Minha resposta então foi: o que posso fazer para ajudar? A única coisa que sei fazer são filmes. Então sugeri fazer o documentário.

Está mais otimista?

Não. Agora tenho as informações – e há muitos dados. Mas esse também é um problema, a fadiga. Fora isso, há nossa incapacidade de imaginar um futuro de extinção. Nosso cérebro não é preparado para isso. Então, como podemos estar preparados para a morte do mundo como o conhecemos hoje? A questão é justamente essa, o que dizer e mostrar para alguém que não ouve? A analogia é como um trem indo em alta velocidade em direção a um muro. A questão não é afastar o muro, mas parar o trem. E a verdade é que podemos só diminuir a velocidade, de forma que o impacto seja mais leve. Essa é a imagem que mantenho na cabeça porque pensar em montanhas caindo ou ondas de 50 metros é algo impensável. Mesmo num filme não parece realista.

Quem decidiu o que mostrar?

Não houve exatamente uma decisão. Não sabíamos o que íamos filmar. A única coisa que pedi foi que não se transformasse num projeto de vaidade. Concordei que a câmera tinha de seguir alguém, e que esse alguém tinha de ser eu. Porque eu sou o espectador. E sou um ator, um homem de ação, então queria mostrar. Queríamos mostrar a beleza porque dá para perceber a fragilidade. E isso dá medo. Ouvíamos constantemente o barulho de icebergs se desprendendo. A bordo, às vezes nevava, às vezes estava de casaco, e outras, de camiseta. Era verão na Antártida, mas é a Antártida. Não era para ser assim.

Mudou hábitos depois dessa viagem?

Sim, e estou tentando fazer mais. Mas não quero entrar em detalhes porque não sou exemplo de nada. Este é um dos joguinhos que gostam de jogar, colocando a culpa na gente. E não é nossa culpa. Somos consumidores. Sim, há quem não dê a mínima, mas a maioria de nós não vai jogar lixo na praia. Tudo conta, reciclagem é importante e tal. Mas nada vai mudar realmente a não ser que sejam implementadas políticas. Por isso, o movimento da Greta Thunberg é tão importante, porque esses jovens não estão brincando e sabem para quem direcionar seus questionamentos. Eles sabem que vão sofrer na pele e não acham isso justo. E estão dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que as coisas mudem, porque a forma como está não funciona. E eles dizem: nós somos seus futuros consumidores e eleitores e estamos de olho.

Você esteve numa mesma reunião que a Greta, e a sala estava vazia. Muita gente a desqualifica por ser uma menina…

Estamos falando de cabeças vazias como Bolsonaro, Trump, Salvini. E alguns da extrema direita do meu país. Mas essas pessoas vão passar. E nós ficaremos. Essa é a boa notícia. Essas pessoas que estão negando o que é evidente e estão apoiando uma política criminosa, como a de Bolsonaro, com a crise na Amazônia são também criminosas. E são essas mesmas pessoas que estão rindo de uma menina de 16 anos e insultando-a. Eles deveriam ter vergonha. Mas eles passarão, nós ficaremos. Greta ficará.

Mas podem causar muita destruição.

Claro. E estão causando. Veja a Amazônia, veja as outras políticas que não têm a ver com o clima, mas com a imigração.

As gerações mais novas precisam ser educadas, não?

Sim, mas eles têm muito mais consciência do que eu tinha aos 16. Tenho orgulho disso. E é neles que reside o meu otimismo, nos milhões que fazem greve todas as sextas. Temos de dizer aos governos: parem de me enrolar. Mudem as políticas. Não venham com palavras e promessas vazias. Mudem.

Tem esperança de que os políticos vão mudar?

Encontrei pessoas que pareciam proativas. Mas vejo os candidatos na Espanha, e ninguém está falando disso.

Engajamento

Javier Bardem não é o único ator a se preocupar com a destruição do meio ambiente. Leonardo DiCaprio, por exemplo, fez documentários sobre o assunto e tem uma fundação com seu nome para causas ambientais.

Edward Norton é embaixador das Nações Unidas para a biodiversidade. Jane Fonda tem protestado todas as sextas-feiras em Washington – o dia escolhido por Greta Thunberg e outros jovens para exigir medidas contra a destruição do planeta.

A atriz de 81 anos foi presa quatro vezes nos protestos, levando amigos como Ted Danson, Rosanna Arquette e Catherine Keener. O ator e cineasta Robert Redford tem militado desde os anos 1970 por causas ambientais. O cineasta James Cameron e sua mulher, Suzy Amis Cameron, também lutam por questões como essa há anos.

Avatar, claramente, é um filme de defesa do meio ambiente. O ator Matt Damon age em defesa da água limpa em países em desenvolvimento. A atriz Julia Louis-Dreyfus também briga por água limpa, pela criação de parques e pela pressão por legislação para financiar ações de conservação.

Don Cheadle e Mark Ruffalo, companheiros de Vingadores, apoiam soluções para energia limpa e antifraturamento hidráulico (método controverso de extração de petróleo e gás natural).

Arnold Schwarzenegger implementou medidas de defesa contra a mudança climática quando foi governador da Califórnia e continua sua defesa por causas ambientais. No Brasil, Rita Lee está escrevendo livros infantis sobre o meio ambiente, e a atriz Christiane Torloni dirigiu um documentário sobre a Amazônia.

Agência Estado

Preservação ambiental ou humana?


Sempre que escrevo sobre atitudes para praticar a favor do meio ambiente, fico pensando: estamos ajudando o meio ambiente ou estamos nos ajudando? Pela lei natural dos fatos, somos dependentes do meio e apenas interferimos a favor ou contra a natureza, mas ela não depende de nós, pois somos parte dela.

                                         

 

 Muito antes de estarmos no planeta Terra, a natureza já estava presente (e diga-se de passagem, muito bem sem a presença humana). Outras espécies dominantes passaram por aqui (exemplo: dinossauros, que já não existem mais), e o verde continuou com seu esplendor.

Comprovadamente, a natureza sempre procura manter certo equilíbrio entre todas as espécies, tal como exemplo as cadeias tróficas, onde um determinado tipo de animal depende de outro para seu desenvolvimento e preservação da espécie, começando pelos de menor porte até os maiores, permitindo um controle populacional e consequentemente um controle do consumo de recursos naturais e tempo para absorção e reposição dos mesmos.

 

Na verdade, tudo começa e termina em um grande ciclo fechado e harmônico, onde os seres produtores de alimentos (autótrofos – dotados de clorofila) conseguem sintetizar sua “comida”, posteriormente sendo ingeridos por animais (seres heterótrofos – que não produzem seu próprio alimento) em diferentes níveis tróficos, e estes quando morrem, são decompostos por micro-organismos, fazendo com que elementos usados pelos autótrofos estejam disponíveis novamente para eles, formando um ciclo de nutrientes.

 

Quando pensamos em seres humanos, onde nos encontramos neste ciclo? Nós ingerimos tanto seres autótrofos (exemplo: alface e tomate) como seres heterótrofos (exemplo: peixe e vaca), mas, e nossos predadores naturais? Quem controla nosso número populacional? E o consumo de recursos naturais, como fica?
 
Em alguns estudos de ecologia, a espécie humana é vista como uma praga, pois vai devorando tudo o que encontra (deixando um rastro de destruição para trás, como famintos gafanhotos, partindo para novas áreas em busca de recursos quando uma região já está esgotada), porém sem um predador natural para seu controle (no caso dos gafanhotos, existem diversos predadores naturais, tais como as aranhas, corujas e morcegos, dentre outros)
 
Olhando por esse lado, voltamos à questão: Quem ajuda quem? Ajudamos o meio ambiente por acharmos sermos superiores, por uma questão meramente ética, por sermos "inteligentes", mas sem comprometimento com nossas vidas… ou ajudamos a nós mesmos, pois com a falta de recursos naturais teremos sérios problemas, faltará alimento, não teremos água potável, o clima afetará nossas vidas de forma nociva, doenças surgirão em níveis alarmantes e outras consequências negativas? Quem está se ajudando? Pense e opine, deixe seu comentário e vamos todos refletir sobre esse pensamento.
 
Fonte: Aprendendo Ecologia
 
Laísa Mangelli
 
 

Espuma tóxica provoca perigo de contaminação em famosa praia indiana


Jovem brinca na espuma contaminante em praia de Chennai (AFP)

Uma ameaçadora espuma branca cobria nesta segunda-feira uma das praias mais famosas da Índia, em Chennai, sudeste do país, pelo quarto dia consecutivo, provocando um novo risco de contaminação.

As crianças brincavam e faziam selfies nas bolhas brancas de Marina Beach, apesar do que aroma azedo e das advertências para que os pescadores não entrem no mar nesta região.

Os médicos advertiram que a espuma, que se forma a cada temporada de monções e que este ano é particularmente prejudicial, pode provocar problemas na pele.

Mas as palavras não abalaram as centenas de famílias que vivem nas imediações da maior praia urbana da Índia e que permitiram a seus filhos brincar na espuma tóxica.

O Conselho de Luta contra a Poluição de Tamil Nadu informou que está analisando mostras da espuma, que ocupa vários quilômetros ao longo da costa.

“Definitivamente não é bom que as pessoas entrem, mas não entendem os riscos”, afirmou Pravakar Mishra, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Costeiras de Chennai, que registrou o aumento da espuma nos últimos anos.

As autoridades estavam em alerta após o incidente de 2017, quando milhares de peixes morreram em consequência da contaminação que afetou as praias no mesmo período do ano.

Um pescador que se identificou apenas como Jeyaseelan, de 30 anos, afirmou que os fregueses não querem comprar nem a pouca quantidade de pescado que conseguiu capturar nos últimos dias. “Todos pensam que está contaminado. Meu salário caiu a nada”, disse.

Marina Beach é uma local fundamental para a vida de Chennai durante mais de um século. Durante os fins de semana, milhares de pessoas visitam o que já foram praias de água cristalina, onde hoje a poluição representa mais um indício da luta da Índia para seguir o ritmo de uma economia em expansão.

Os especialistas culpam as chuvas torrenciais dos últimos dias, que teriam levado resíduos sem tratamento e fosfatos ao mar. Mishra afirmou que grande parte da espuma procede de resíduos de detergentes que se misturam a outros dejetos.

Apenas 40% das águas residuais de Chennai e de outras grandes cidades são tratadas de maneira apropriada, informou o cientista. “O restante é vertido no mar e isto é o que acontece”, disse.

“Atualmente a contaminação representa uma ameaça maior para as praias indianas que o aumento do nível do mar”, completou Mishra, que ressaltou as águas residuais, microplásticos que acabam com a vida de peixes e as bolsas e resíduos que cobrem a areia da praia.

AFP