Sensibilidade ecológica e sustentabilidade ambiental


A sociedade, em todas as partes do globo, tem se preocupado cada vez mais com os diversos aspectos do equilíbrio ecológico. Muitas pesquisas de opinião pública têm sido elaboradas para comprovar essa maior conscientização e inúmeros são os exemplos que evidenciam o aumento da sensibilidade ecológica na sociedade atual, com ênfase nos países de maior desenvolvimento econômico e social. Podemos estudar em detalhes os canais de distribuição reversos sob uma perspectiva ecológica e de sustentabilidade; entretanto, a importância crescente desses aspectos como geradores de pressões sociais de diversas naturezas, que se transformam em um fator de influência modificador, em alguns casos de cadeias reversas, sugere que se antecipem comentários sobre seus reflexos na organização e na estruturação dos canais de distribuição reversos.

O aumento da velocidade de descarte dos produtos de utilidade após seu primeiro uso, motivado pelo nítido aumento da descartabilidade dos produtos em geral, ao não encontrar canais de distribuição reversos de pós-consumo devidamente estruturados e organizados, provoca desequilíbrio entre as quantidades descartadas e as reaproveitadas, gerando um enorme crescimento de produtos de pós-consumo. Um dos mais graves problemas ambientais urbanos da atualidade é a dificuldade de disposição do lixo urbano. A quantidade de produtos que se transformam rapidamente em “lixo” (nomenclatura usada de maneira imprópria) é crescente na atualidade. Embalagens descartáveis e produtos de informática geram preocupação em vista das quantidades e dos custos envolvidos em sua logística reversa.

Essas quantidades excedentes tornam-se visíveis para a sociedade em aterros sanitários, lixões, locais abandonados, rios ou córregos que circundam as cidades etc.; ficam pouco visíveis quando são depositados em mares e rios e não sobrenadam ou quando são simplesmente enterradas para uma solução posterior. Essa nova vertente de preocupação – a sensibilidade ecológica e a sustentabilidade ambiental – tem se convertido em mais um importante fator de incentivo à estruturação e à organização dos canais de distribuição reversos pós-consumo.

Esse crescimento da sensibilidade ecológica tem sido acompanhado por ações de empresas e governos, de maneira reativa ou proativa e com visão estratégicas variada, visando amenizar os efeitos mais visíveis dos diversos tipos de impacto ao meio ambiente, protegendo a sociedade e seus próprios interesses.

Acredita-se atualmente que as preocupações relativas à mudança de direção de prioridade dos eixos da sustentabilidade – onde a sustentabilidade econômica aparece em primeiro lugar, seguida da vertente ambiental e social – tenham mudado suas realidades no sentido de que as preocupações relativas à responsabilidade empresarial ética, ambiental e social sejam o alicerce necessário para a garantia da sustentabilidade econômica.

Além das possíveis oportunidades econômicas oriundas desses ‘reaproveitamentos’, ‘reutilizações’, ‘reprocessamento’, ‘reciclagem’ etc., a questão da sustentabilidade empresarial dirigirá esforços das empresas para a defesa de sua imagem corporativa e de seus negócios, enquanto as sociedades se defenderão por meio de legislações e regulamentações específicas.

Astuciosamente, empresas e governantes também se utilizam dessas preocupações como forma de diferenciação estratégica para seus produtos e interesses políticos, respectivamente, posicionando-se no mercado, verdadeira ou enganosamente, com vantagens competitivas ligadas ao apelo ecológico.

Ainda existe um longo caminho a ser percorrido na implantação da logística reversa no Brasil, com acesso a todos e presente em todos os estados. De forma eficaz e projeção de longo prazo, o hábito da reciclagem no pós-consumo nos levará ao patamar de lixo-zero, economia fortalecida, assim despencando as agressões ambientais que tais produtos causam na natureza.

Fonte: Livro “Logística Reversa – Meio ambiente e competitividade” de Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB) – Editora Pearson

Foto: Techenet

Laísa Mangelli