Suécia quer reduzir imposto para estimular cultura do reparo


Exame.com

São Paulo – Políticas de incentivos fiscais geralmente entram em cena para estimular o consumo de novos bens e serviços e, por tabela, aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial de um país. Mas, agora, a Suécia pretende lançar mão desse mecanismo de uma forma diferente: o país não faz muita questão de que as pessoas comprem novas roupas, bikes e eletrodomésticos, mas que elas consertem esses produtos.

O plano intrigante do governo sueco busca reduzir a cultura do descarte e incentivar hábitos mais sustentáveis. Para isso, o país pretende baixar o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), que incide sobre a despesa ou consumo e tributa o “valor acrescentado” das transações efetuadas, para serviços de reparo.

A proposta, que será votada pelo parlamento sueco em dezembro, poderá reduzir em até 25% a taxa de imposto IVA aplicado aos consertos de bicicletas, roupas e sapatos, a fim de incentivar os consumidores a reutilizar os seus itens antigos em vez de simplesmente substituí-los.

Ela também permitirá que os consumidores peçam a devolução de até metade do imposto de renda sobre o custo de reparos de aparelhos de grandes dimensões, como fogões, geladeiras e máquinas de lavar.

"Acreditamos que isso poderia reduzir substancialmente o custo e assim tornar mais racional o comportamento econômico para reparação de bens", disse ao The Guardian, Per Bolund, ministro da Suécia para os mercados financeiros e membro do Partido Verde.

Com a medida, as autoridades suecas também esperam reduzir as emissões de carbono do país e sua pegada ecológica, além de proporcionar emprego para imigrantes sem educação formal com oflorescimento da indústria de reparos.

Fonte: Tetra Pak

Alimentação orgânica – Sustentabilidade no prato


                                    

              Já dizia o velho ditado: nós somos o que comemos. Dependendo do ‘combustível’ com que alimentamos o nosso corpo, ele pode responder de forma positiva ou negativa. No tempo moderno em que vivemos, da correria do dia a dia, acabamos optando pela alimentação mais rápida e prática, os industrializados e os legumes e hortaliças cheios de agrotóxicos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. Pois requerem menos tempo de preparo, são baratos e passam a ligeira impressão de que nos alimenta corretamente, ou pelo menos, saciam a fome. Mas, pensando melhor, essa comida enlatada e prática é saudável? Já sabemos que não, pois leva em sua composição alto teor de sódio, aromatizantes, corantes, tóxicos e vários outros componentes químicos que aceleram a produção em níveis elevados para suprir a demanda de sete bilhões de habitantes no planeta.

                Então como aliar saúde e sustentabilidade no mesmo prato? O caminho indicado é o consumo de alimentos orgânicos; além de ser isento de insumos artificiais como os adubos químicos e agrotóxicos – o que resulta na isenção de outra infinidade de subprodutos tóxicos como metais pesados, chumbo, nitratos e etc. – o alimento orgânico também deve ser livre de drogas veterinárias, hormônios, antibióticos e organismo geneticamente modificados. Ou seja, a agricultura orgânica trabalha de forma sustentável, não agride o meio ambiente e respeita a saúde do consumidor, além de ser bem mais saboroso do que os produtos convencionais.

                                   

                O conceito de alimento orgânico não se limita apenas à agricultura, estende-se também à pecuária, em que os animais criados para abate são criados sem hormônios e drogas, respeitando o seu ciclo natural de crescimento e desenvolvimento. Bem como os seus subprodutos, os alimentos orgânicos industrializados também são produzidos sem corantes e aromatizantes artificiais.

                Ao adquirir a prática de consumo de alimentos orgânicos, não só estamos optando por uma alimentação mais saudável como também impulsionando a agricultura familiar e o pequeno agricultor, principais responsáveis pela produção de orgânicos no país. Em contra partida, o fato de alguns alimentos orgânicos serem mais caros não seria neutralizado então pelo maior benefício que eles proporcionam à saúde? Não só à saúde humana, mas também à saúde do meio ambiente. Então esse adicional de preço justo – não 100% a mais, ou um preço especulativo – já implica tratar-se de alimento de melhor qualidade. Todo e qualquer produto melhor custa mais. Então a própria lei do mercado está implícita no alimento também. O produto orgânico é mais caro porque tem melhor qualidade. Mas não pode ser um preço abusivamente mais caro que torne o alimento elitizado. Pensando de outro modo: no caso dos alimentos convencionais, que são mais “baratos” qual o real valor de um alimento barato que promove exclusão social do agricultor familiar, causa doenças e ainda degrada o meio ambiente? Que barato é este? É preciso pensar de forma sustentável a médio e longo prazo. 

Imagens: Coletivo Verde e Akatu

Laísa Mangelli

Mandela e a sustentabilidade


 mandela-ecod.jpg

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar” – Nelson Mandela (18/07/1918 – 05/12/13)

 

Um dos maiores símbolos da luta contra o preconceito em toda a história da humanidade, o líder sul-africano Nelson Mandela, de 95 anos, morreu na quinta-feira, 5 de dezembro, devido a complicações de uma infecção pulmonar. O primeiro presidente negro da história da África do Sul dedicou 67 anos de sua vida por um mundo mais justo, por meio do serviço público, como advogado de direitos humanos, prisioneiro de consciência e pacificador internacional.

HISTÓRIA DE VIDA

Mandela nasceu na aldeia de Mvezo, na Província de Eastern Cape. Filho de um chefe da tribo Tembo, recebeu o nome de Rolihlahla. Passaria a ser chamado de Nelson anos mais tarde, em uma escola de religiosos anglicanos. Se tornou bacharelado em Direito em 1943, em Johanesburgo. No mesmo ano, formou a Liga da Juventude do CNA, com os amigos Oliver Tambo e Walter Sisulu. Eleito secretário-geral no ano seguinte, casou-se com Evelyn Mase, com quem teve quatro filhos – apenas um continua vivo.

Em 1948, Mandela coordenou a chamada 'Campanha de Desafio', contra o Apartheid (regime de segregação racial da África do Sul), durante a qual cerca de 8.500 ativistas foram presos. Em 1956, o líder se divorciou de Evelyn. Em 1958, casou-se novamente, com Winnie Mandela, com quem teve duas filhas. No mesmo ano foi preso junto com outros 156 companheiros, acusado de traição – acabou absolvido em 1961 da acusação de traição e passou a atuar na clandestinidade, contudo, voltou à prisão em agosto de 1962.

Era julho de 1964, quando Mandela foi condenado à prisão perpétua (ficou na prisão de Robben Island). Em 1976, no chamado Levante de Soweto, dez mil estudantes negros realizaram uma passeata pacífica. A polícia reagiu abrindo fogo contra as pessoas. O massacre deixou 566 mortos. Em março de 1982, o líder foi transferido para a prisão de Pollsmoor. Até 1986, diversas revoltas contra o Apartheid tomaram conta da África do Sul – o governo de minoria branca decretou estado de emergência. Mandela rejeitou a liberdade condicional proposta pelo presidente Pieter Botha.

LIBERTAÇÃO DE MANDIBA

Em 1987, a CNA e ativistas brancos antiapartheid assinaram um manifesto pela libertação de Mandela. Todavia, só em 11 de fevereiro de 1990 o governo de Frederik de Klerk apresentou medidas liberalizantes e anunciou a liberdade do líder, que deixou a prisão. O fim do Apartheid acabou decretado em 17 de novembro de 1993 – Mandela divide com De Klerk o prêmio Nobel da Paz. Em abril de 1994, Mandela venceu a primeira eleição multirracial da África do Sul e se tornou o primeiro presidente negro do país. Ficou no poder até 1999.

Já em 1998, Mandela se casa com Graça Machel. No mesmo ano, faz um discurso na Universidade de Harvard, nos EUA, e é muito aplaudido. Em 2004, ele anuncia que se retira da vida pública. Sua última aparição pública se dá em abril de 2013. Após sair do hospital em Pretória, onde ficou internado por conta de uma infecção pulmonar, é filmado ao lado do atual presidente sul-africano, Jacob Zuma.

LEGADO DE SUSTENTABILIDADE

O dia 05 de dezembro é conhecido internacionalmente como o dia do voluntário. Do dicionário, ser voluntário significa fazer algo sem coação e nem imposição de ninguém. É servir ao próximo, é fazer além daquilo que está legalmente instituído, é, enfim, ser a mudança que se espera do mundo. Todos aqueles que atuam em áreas relacionadas à sustentabilidade se sentem um pouco dessa forma: parte de uma mudança pretendida.

Nelson Mandela, um dos símbolos da liberdade, justiça social, direitos humanos e da paz, que naturalmente lutou como voluntário, foi a mudança que desejou ver no mundo. No dia do voluntário, passa para uma nova fase. Deixa as lutas diárias e de ser referência viva na luta pela paz e liberdade, para ser símbolo eterno das mudanças que desejou.

Ícone dos séculos XX e início do XXI, fora homenageado pelas Nações Unidas, quando esta declarou o 18 de julho como o “Dia Internacional de Nelson Mandela” – a data, aliás, corresponde ao seu aniversário. Madiba, como também era chamado, desempenhou diversos papéis: de advogado, de prisioneiro político, de pacificador e de primeiro presidente democraticamente eleito na África do Sul, sempre de maneira voluntária, por vontade própria.

Por esses e outros motivos, deixa o seu legado para a humanidade e para a sustentabilidade, pois lutar por igualdade e direitos fundamentais também é pensar no futuro comum, no bem do próximo e daqueles que ainda virão.

Fonte: EcoDesenvolvimento e Pegada Sustentável

Cidades serão grande desafio do Brasil na área da sustentabilidade, diz secretário


             

          Em 2030, cerca de 60% da população mundial viverá em cidades. Foto: http://www.shutterstock.com/

 

Rio de Janeiro – O maior desafio do Brasil na área da sustentabilidade envolve a adequação das grandes cidades, disse o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, que participou de encontro da Rede Global de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Em outubro, a Rede Global fez a segunda discussão sobre o Rio de Janeiro, que, junto com Nova York, Estocolmo, Bangalore, na Índia, e Acra, em Gana, é objeto de estudo de especialistas de diversas áreas, que buscam soluções de sustentabilidade para cidades com diferentes características.

“A parte mais difícil para o Brasil se tornar uma potência ambiental é a questão da cidade. Corremos o risco de conseguir sustentabilidade na agricultura e em outros setores e ter uma grande dificuldade com a estrutura de cidades como o Rio ou São Paulo”, ressaltou Nobre. Para ele, as cidades serão um desafio também no que diz respeito ao impacto das mudanças climáticas.

O encontro foi na sede da Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável e tratou da capacidade das cidades de resistirem a desastres futuros que possam ser intensificados pelas mudanças no clima, de oportunidades econômicas e da biodiversidade, considerada uma vantagem do Rio.

O professor Paulo Gusmão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a necessidade de investimentos estruturantes, que têm sido feitos na região metropolitana, como os polos industriais de Itaguaí e Itaboraí. Como 10,3% do território da capital, essas áreas têm menos de 10 metros de altitude e podem ser mais sujeitas a inundações, com chuvas mais fortes ou níveis mais altos dos mares. Bairros das zonas oeste e norte, às margens das baías de Guanabara e de Sepetiba, e as lagoas da Barra da Tijuca também poderiam ser afetados ao menos em um cenário crítico, disse ele.

De acordo com Gusmão, as cidades da região metropolitana são díspares quando o assunto é a base de dados, e alguns municípios sofrem com a falta de servidores especializados que permaneçam nos postos para dar continuidade às políticas públicas: “A municipalidade precisa de equipes permanentes, e não de profissionais de passagem”, afirmou.

Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas, Fábio Scarano disse que, quanto à biodiversidade, a região metropolitana está bem posicionada, por já ter 16% do território protegido em reservas ambientais, enquanto a meta global é atingir 17% até 2020. Apesar disso, o principal rio fornecedor de água para a capital, o Guandu, requer 300 toneladas de produtos químicos por dia para ser tratado, devido à poluição e a falta de arborização das margens, alertou.
O Guandu é responsável por 80% do abastecimento do Rio de Janeiro e recebe águas já contaminadas do Paraíba do Sul, problema cuja solução, segundo Sacarano, precisaria de uma articulação com São Paulo. O Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou.

Sobre a economia, o diretor da Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, disse que a cidade precisa aproveitar o momento, não deixar que ele passe, para evitar novas distorções. “O Rio está passando por um novo ciclo de investimentos, como aqueles que a cidade só viveu de 50 em 50 anos. O primeiro foi com a vinda da família real portuguesa [1808] e o último no governo de Carlos Lacerda, na década de 60 [do século passado]“. Para Levy, três setores têm potencial para aprimorar a cidade e contribuir para a sustentabilidade: a indústria criativa, a da hospitalidade e da tecnologia.

Para a pesquisadora norte-americana Cynthia Rosenzweig, do Nasa Goddard Institute for Space Studies, o futuro reserva um papel de liderança às metrópoles. “As cidades devem liderar a busca por sustentabilidade. Elas se conectam em vários fluxos, mas o que pode ser feito para que assumam essa posição? É preciso criar um sistema que ajude as cidades como um todo, com mais financiamento à pesquisa e soluções implementáveis”, afirmou.

Publicado originalmente no site Agência Brasil.

Fonte: Envolverde

Festival em SP reúne atividades gratuitas sobre sustentabilidade e arte


 

 

Trocar, compartilhar, experimentar. Esta é a proposta do Prototype – Festival de Sustentabilidade na Arte, iniciativa do Goethe-Institut e do Ministério da Cultura. O evento é parte da temporada “Alemanha + Brasil 2013-2014”, que acontece no próximo fim de semana em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

 

Com patrocínio da Mercedes-Benz do Brasil, o festival vai utilizar energia provida por pedaladas de bicicleta, além disso, todas as atividades têm como desafio utilizar o mínimo de energia elétrica para sua realização. Piquenique coletivo, ações participativas, instalações, pedalada, música ao vivo, bate-papos, intervenções de artistas nacionais e internacionais fazem parte da programação, sempre priorizando o coletivo e a troca entre público e artistas.

 

Conheça os destaques da programação:

 

– Escultura do artista Jum Nakao: Criada especialmente para o festival. A escultura se inspira na ideia de uma fonte e promete provocar no público a experiência de mergulho em sentimentos antagônicos, além de uma profunda reflexão sobre como estamos afetando o planeta.

 

– Coletivos e movimentos urbanos: Ogangorra, Rios e Ruas, Horta das corujas, Bike Party e “A batata precisa de você” também marcam o evento. Cada coletivo irá propor atividades e intervenções que relacionam sustentabilidade e arte. Oficinas de horta urbana, bike party e outras intervenções acontecerão ao longo do festival, que também propicia o intercâmbio entre esses coletivos e o público, oferecendo-se como plataforma para suas iniciativas.

 

– Piquenique coletivo: No deck da Praça vai ser uma ótima chance de juntar os amigos e as crianças, e valorizar uma vida mais saudável, sustentável e feliz. Para ambientar o piquenique, coletivos que organizam festas de rua vão se apresentar: Metanol na Rua, Saloon das Minas e Barulho, além do DJ ambulante Chico Tchello.

 

– Instalação sonora participativa “Fruta faz música”: Dos artistas berlinenses Jan Brokof e Gregor Knüppel, a instalação funciona com uma bateria composta por frutos cítricos, que precisam ser constantemente trocados pelo público para continuar gerando o seu som.

 

– Músicos de rua de São Paulo: Teko Porã e Slap Acústico, além de trazer performances musicais dos grupos Voodoohop + Keroøàcidu Suäväk e Chippanze para apresentar o seu som na Praça. A experiência desses músicos que atuam sem infraestrutura ou recursos energéticos, adaptando-se continuamente às condições do local, é totalmente alinhada à ideia do festival. Chippanze.org faz som com videogames transformados em controladores musicais eletrônicos. Já o Voodoohop apresentará um projeto de experimentações sonoras e performáticas, unindo música, artes cênicas e visuais.

 

– Obras feitas por alunos do CEU Jaguaré: Uma escultura chamada “Homem de Lixo”, feita de material descartado é a proposta do grupo Urban Trash Art, dos artistas Rodrigo Machado e Pado, de São Paulo. Questionando o consumo e tendo como matéria-prima o lixo, os jovens reutilizam de forma criativa esses materiais, dando forma a um ser humano. Também a dupla 44Flavours dos berlinenses Julio Rölle e Sebastian Bagge vai atrás de objetos antigos e sem utilização que guardam histórias curiosas, assim como os abrigos desses objetos.

 

– Convidados discutem as interfaces entre arte e sustentabilidade: Discussões em diversos formatos com coletivos do Festival e com especialistas como a chef Claudia Mattos, a escritora e jornalista Marcia Tiburi e o coordenador do GVces, Aron Belinky.

 

– Mapa afetivo da cidade de São Paulo: Um mapa será construído junto com público e estará instalado na Praça para todos aqueles que quiserem demonstrar de uma forma criativa o seu afeto por São Paulo.

O evento acontece entre os dias 12 e 13 de abril, sábado e domingo, das 11h às 18h. Gratuito e aberto ao público. A Praça Victor Civita está localizada na Rua Sumidouro, 580, Pinheiros, situada ao lado da Estação Pinheiros do Metrô e do terminal de ônibus Pinheiros. Estacionamento para bikes está disponível na Praça. Veja aqui a programação completa.

(CicloVivo)

Publicado em Mercado Ético

Por que as empresas dão tanto valor aos relatórios de sustentabilidade?


      

Quem acompanha esse blog sabe que não sou lá muito fã de relatórios de sustentabilidade.  É claro que acho que deve haver uma prestação de contas pública a respeito das ações de sustentabilidade. Mas acho que relatório é nada mais do que isso. Prestação de contas. Ponto.

Acontece que para muitas empresas, o relatório ganhou um protagonismo que, para mim, não faz o menor sentido. Em tese, repito, ele é apenas a prestação de contas daquilo que foi feito. DAQUILO QUE FOI FEITO. Relatório não passa da ponta final de todo um processo de gestão de sustentabilidade. Por que tanto cuidado com o final se o meio e o início são, simplesmente, relegados a um segundo plano?
 
Sinceramente acho que pouco deveria importar a metodologia de coleta de dados (sério, isso é simples demais para a montanha de dificuldade que as empresas dizem ter nessa ação) ou em qual versão GRI o relatório é baseado. Mais sinceramente ainda, é um documento que pouca gente lê. Sem contar que a forma como os indicadores são reportados hoje não despertam nenhum interesse do mercado financeiro.
 
Conheço empresas que cobram R$ 200.000,00 (e muitas vezes até mais) para escrever um relatório. ESCREVER. Conheço empresas que mal fazem sustentabilidade e criaram uma gerência de GRI. GERÊNCIA. Com direito a analistas e suporte de consultoria. Conheço universidade que criou linha de pesquisa de mestrado/doutorado para GRI. Imaginem, sofrer que nem um cão num mestrado para no final escrever uma dissertação sobre a importância de relatar o que as empresas fingem que fazem para um mercado que finge que acredita.
 
E aí pergunto: para que tanto investimento, não apenas financeiro, mas principalmente de tempo, de esforço, de estratégia corporativa para um mero relatório de sustentabilidade? Será que ele é mais importante do que colocar em prática a sustentabilidade dentro de uma empresa?
 
Não, não é!
 
O que acontece é que preocupadas basicamente com reputação e de olho no que seus pares fazem, as empresas investem na construção de relatórios que beiram a ficção. Sim, porque o que se tem hoje são relatórios que contam uma história onde acidentes não acontecem, onde conflitos sociais são problemas de fácil solução, onde fauna e flora não são impactadas pelas operações industriais, onde as emissões não contribuem para as mudanças climáticas e, principalmente, onde as externalidades são apenas externalidades.
 
 
E com um monte de livros de ficção (sim, relatórios com mais de 80 páginas em tamanho A4 são livros, convenhamos!) publicados anualmente, as empresas vão fingindo que fazem sustentabilidade. Não, elas não fazem. Muito longe disso. Inclusive empresas com relatórios impecáveis são verdadeiramente insustentáveis.
 
Acho que está na hora de sairmos da fase de enrolação e amadurecermos de fato a sustentabilidade dentro das empresas. O ano de 2013 foi particularmente ruim para quem é da área, seja pelas muitas demissões, seja (para quem trabalha com consultoria) pela falta de projetos estratégicos (sempre aquele basicão de condicionantes ambientais/sociais) e seja, principalmente, pela (falta de) profundidade do discurso de sustentabilidade corporativa. O fato é que, passado o oba-oba da Rio+20, nós regredimos. E regredimos feio.
 
Mas como não costumo desistir no meio do caminho e muito menos me entregar ao que é mais fácil, proponho, aproveitando que 2014 ainda está no início: que tal pararmos de pensar um pouquinho em relatórios, GRIs, G4 e afins e começarmos a praticar sustentabilidade corporativa de gente grande? 

Texto por: Julianna Antunes

Foto: Reprodução
Fonte: http://www.sustentabilidadecorporativa.com/2014/01/por-que-as-empresas-dao-tanto-valor-aos.html#ixzz2sjeaofmy

 

12 dicas para ser mais feliz e sustentável em 2014



A comemoração oficial de boas vindas a 2014 já passou, mas o desejo de que este seja um ano melhor do que os passados deve se prolongar pelos próximos doze meses. Separamos uma lista com 12 dicas para viver melhor e fazer deste um ano mais verde.

1. Pratique mais atividades físicas

O objetivo não precisa ser inalcançável. Apenas 30 minutos diários de atividade física, já são suficientes para tornar sua vida melhor. O exercício? Simples: caminhada, bicicleta ou o que mais lhe trouxer prazer.

2. Comer alimentos orgânicos e/ou produzidos localmente

Além de os alimentos orgânicos fazerem bem à saúde e ao meio ambiente, ao serem produzidos localmente, eles também eliminam as emissões provenientes do transporte entre cidades distantes.

3. Boicote as garrafas plástica para água

As garrafas plásticas descartáveis podem ser facilmente substituídas. Se a água engarrafada é utilizada em casa, é possível trocá-la por um filtro que ofereça água limpa a qualquer momento do dia a custos muito mais baixos. Nos estabelecimentos comerciais também é possível pedir água na jarra, ao invés de optar pela garrafa plástica. Se a opção é feita pela praticidade no transporte, a solução é simples: use um squeeze e encha-o sempre que achar necessário.

4. Reciclar

Os níveis brasileiros de reciclagem ainda são muito baixos. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem níveis de reciclagem abaixo de 2%. Para mudar este cenário é preciso haver participação efetiva de toda a população. Mesmo que o sistema municipal de coleta seletiva não chegue a sua cidade, separe os materiais recicláveis e leve até uma cooperativa. Esse pequeno esforço ajuda a conservação ambiental e também colabora para a geração de renda de catadores.

5. Compostagem

Separe os resíduos orgânicos, que não foram encaminhados à reciclagem, para que passem pelo processo de decomposição. Com uma composteira caseira é possível reaproveitar boa parte deste material, que posteriormente pode ser usado como adubo.

6. Seja sustentável também no trabalho

Ter atitudes sustentáveis em casa é muito legal. Replicá-las no ambiente de trabalho é melhor ainda. Além de expandir a atuação de quem leva uma vida saudável, as ações também servem de exemplo e incentivo para outros funcionários.

7. Reduzir o uso de cloro

 O cloro é um dos compostos mais comuns e prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Por isso, evite o uso de materiais e produtos de limpeza que contenham esta substância.

8. Dormir mais

 Manter o hábito de dormir, ao menos, oito horas por noite ajuda a tornar a vida mais saudável e feliz. O sono é essencial para que o restante do dia seja produtivo e agradável.

9. Aprender coisas novas

Aprendizado nunca é demais. Aproveite este ano para aprofundar o conhecimento em temas de seu interesse ou expandir os horizontes para novos conteúdos. O aprendizado por ser fruto da leitura, estudo ou simplesmente de uma conversa entre amigos.

10. Pare de desperdiçar água

Reduzir o desperdício de água é simples e pode ser colocado em prática por qualquer pessoa. Diminua o tempo gasto no chuveiro, use a vasoura no lugar da mangueira durante a limpeza do quintal, feche a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba. Se possível, reaproveite a água cinza e a água da chuva.

11. Economize energia

Salvar energia é tão simples quanto economizar água. Alguns pequenos cuidados podem surtir muito efeito. Portanto, evite deixar equipamentos ligados em standby, não deixe luzes acesas sem ninguém no ambiente, espere juntar bastante roupa para passar todas de uma só vez, reduza o tempo no banho, evite o uso de secadores de cabelo e chapinhas, entre outras coisas.

12. Passe mais tempo com amigos e família

A receita para que este seja um ano prazeroso consiste basicamente em estar mais perto das pessoas que você ama. Invista tempo em quem realmente importa e aproveite os pequenos detalhes, que são muito mais valiosos que qualquer bem de consumo.

Fonte:  CicloVivo

Expocatadores 2013


Resíduos sólidos, vulgarmente conhecido como lixo, vem ganhando cada vez mais destaque, não apenas no Brasil, mas mundo a fora, e não é por menos. Não sabemos cuidar nem tratar do nosso lixo da forma correta e cada vez mais, produzimos mais sem ter locais adequados para o tratamento e mais pessoas capacitadas, organizadas e com salários juntos.

A Feira de Negócios da Expocatadores é mais do que uma feira, é um ambiente de negócios, onde empresas apresentam máquinas e equipamentos com as últimas tendências e tecnologias ambientais para a gestão eficiente de resíduos sólidos.

Um espaço exclusivo para a demostração de um modelo solidário de trabalho, baseado na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Aqui, governo, empresas e cidadãos se conscientizam da importância da coleta seletiva, da reciclagem e da educação ambiental.

Início: 18/12/2013
Fim: 20/12/2013

Horário: 8:00 às 20:00

Licença social, a permissão que funciona


Texto por Marco Fujihara*

 

Todo mundo concorda que a sustentabilidade é um fator estratégico para os negócios de qualquer empresa que pretenda ser bem sucedida e aceita pela comunidade em que atua. Mas entre o discurso e a prática ainda há um longo caminho a ser percorrido quando se trata de sustentabilidade empresarial. Basta ver com que frequência aparece no noticiário atritos/problemas envolvendo empreendimentos e comunidades por causa do impacto ambiental e social provocado por grandes obras e projetos.

 

Comete um erro que pode custar muito a empresa que acha que a licença ambiental é o documento que livrará o empreendimento de todos os problemas, riscos e dificuldades. A licença ambiental é um documento legal obrigatório para liberar a obra. Sem a licença social para operar (Social License to Operate, SLO, em inglês) – permissão da sociedade para instalação e funcionamento do projeto – aumentam os riscos do negócio, o que pode atrasar e onerar – e muito – o custo total da obra. Isso sem mencionar os danos à imagem da empresa que o noticiário negativo pode trazer.

 

Trata-se de uma ferramenta de gestão informal e dinâmica, sensível às mudanças de percepção em relação à empresa e ao projeto e suscetível a influências externas e, por isso, requer acompanhamento e diálogo constante. Ela se baseia no engajamento das partes envolvidas, permitindo acompanhar o risco sócio-político da empresa, bem como desenvolver melhores práticas. Longe de ser um simples documentou ou papel, a licença social para operar é conquistada a partir da construção da relação da empresa com a comunidade onde está inserida. A ausência de legitimidade leva à rejeição de um projeto. Consequentemente a um custo adicional não previsto.

 

Na sociedade de hoje há a necessidade não apenas de conquistar, mas manter o apoio das pessoas que vivem e trabalham próximo ou na área de influência de um determinado projeto.

 

Sem a licença social para operar uma empresa pode ser pressionada pela comunidade a encerrar suas atividades ou então ter uma exposição negativa tão intensa que pode espantar investimentos privados em futuras ampliações ou mesmo em negócios correlatos.

 

Em determinadas atividades em que os potenciais danos ao meio ambiente são mais “visíveis”, como mineração, petrolíferas, hidrelétricas e estradas, fábricas de celulose – só para ficar nas atividades consideradas de maior risco -, a licença social é determinante para o futuro do negócio. A confiança é a base em que se alicerça até mesmo o acesso a recursos de longo prazo. Transparência e responsabilidade nas ações com a comunidade são essenciais para a empresa ganhar essa confiança.

 

Geralmente a licença social é concedida tacitamente para uma planta específica. Claro que projetos com impactos sociais, econômicos e ambientais mais agressivos terão mais dificuldade em obter a licença social. Por exemplo: o desafio de uma empresa de mineração que pretende mudar uma aldeia indígena de lugar é muito maior do que um pescador independente, membro de uma comunidade indígena.

 

Antes de mais nada, a licença social passa pela conquista da legitimidade da atividade no momento em que a comunidade percebe que determinada atividade irá gerar benefício. A credibilidade da empresa é reconhecida em um segundo momento, através do engajamento, compartilhamento e alinhamento de interesses, que por fim se consolida em uma relação de confiança.

 

A obtenção e manutenção de uma licença social é um desafio para as empresas, mas que pode ser superado se houver interesse em realizar os investimentos sociais necessários. Segundo Ian Thomson, cofundador do instituto On Common Ground e um dos idealizadores da licença social para operar, e o pesquisador e consultor Robert Boutilier, os problemas mais comuns encontrados são:

 

  • A empresa não compreende a comunidade local e as “regras do jogo” locais e, por esse motivo, é incapaz de estabelecer legitimidade social;
  • Demora no engajamento das partes interessadas;
  • Não dedicar tempo suficiente para a construção do relacionamento;
  • Minar a credibilidade ao deixar de fornecer informações confiáveis ​​ou, o que é mais usual, deixar de cumprir as promessas feitas à comunidade;
  • Não respeitar e ouvir a comunidade;
  • Subestimar o tempo e o esforço necessário para obter a licença social;
  • Superestimar a qualidade do relacionamento com a comunidade.

 

A licença social reflete uma compreensão crescente da importância da gestão de riscos eficaz, que impulsionado pela expansão do conhecimento da sociedade sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do desenvolvimento. Esta tendência tem sido impulsionada também pelo crescente reconhecimento e aceitação de conceitos de equidade e justiça social.

 

A empresa não pode enxergar a licença social como uma tarefa penosa, que envolve uma série de operações e obrigações. Mas sim como uma ferramenta capaz de trazer benefícios para as duas partes envolvidas e ajudar no desenvolvimento de oportunidades comerciais associadas ao projeto. No Brasil, contudo, as empresas ainda não perceberam a importância da licença social e há um longo caminho a ser percorrido nesse sentido. Para que possamos de fato compartilhar oportunidades e minimizar as fragilidades

* Marco Antonio Fujihara é diretor da Keyassociados e consultor do Banco Mundial.

Fonte: Mercado Ético

Atuar em sustentabilidade é saber aplicar seus conceitos


Há 20 anos, o jornalista Ricadro Voltolini vem trabalhando com o tema sustentabilidade. No caminho, ele lançou a revista Ideia Sustentável, a Plataforma de Liderança Sustentável e já está no seu segundo livro, Escolas de Líderes Sustentáveis.

 

Hoje, Voltolini pode ser considerado um dos principais conhecedores das práticas de sustentabilidade corporativa no Brasil e um grande conhecedor das mentes dos executivos e empreendedores, pois seu trabalho começou entrevistando líderes empresariais que se destacaram no tema e mudaram de alguma forma a cultura de sua empresa.

 

Baseando-se nesta experiência, e o que está parcialmente contido no livro Escolas de Líderes Sustentáveis, Voltolini acredita que, muito mais importante do que se formar em uma carreira focada em sustentabilidade, é conhecer e saber aplicar conceitos de sustentabilidade no dia a dia profissional e pessoal, o que ele chama de uma postura de intraempreendedor.

 

“Costumo dizer aos jovens já empregados que, em vez de procurarem empregos focados em sustentabilidade, utilizem as competências de sustentabilidade para serem intraempreendedores do tema em suas empresas”, aconselha.

 

Em 2014, o tema da sustentabilidade, como acontece todo ano, deve mudar, segundo Voltolini, para focar na transparência, passando pelas questões da crise urbana, incluindo aí discussões sobre mobilidade urbana, água e energia.

 

Leia abaixo a entrevista que Voltolini concedeu à Agenda Sustentabilidade, mas não deixe de ler até o final pois, contém conselhos provocadores para quem quer se preparar para atuar na área.

 

Agenda Sustentabilidade: Quais as três principais tendências na área de sustentabilidade e economia verde que você percebe este ano?

Ricardo Voltolini: Transparência tende a ser um tema cada vez mais valorizado – Copa e eleições presidenciais vão torná-lo ainda mais relevante em 2014.

 

Mobilidade urbana é outro tema atualíssimo. Com a maioria da população vivendo nos grandes centros urbanos, cada vez mais teremos que pensar em soluções de deslocamento que valorizem os indivíduos e não os carros.

 

A questão energética e da água estará no centro dos debates, em virtude da possibilidade concreta de problemas na oferta e distribuição. Espero que o contexto anime uma discussão mais forte na direção das energias renováveis.

 

AS: Qual o principal desafio para a sociedade brasileira este ano tendo em vista as eleições e um debate acalorado em torno da copa?

RV: Nos dois casos, o principal desafio está no campo da gestão ética e da transparência. Todos os brasileiros estão cobrando, com razão – na medida em que se envolveu muito dinheiro público – qual o legado socioambiental efetivo da Copa do Mundo. E, como a maioria da população, tendo a achar que este legado ficará muito aquém daquele que foi apregoado quando ganhamos o direito de sediar este grande evento esportivo. Impossível desvincular o debate das eleições de um outro ainda mais amplo que é o da transparência. Uma das bandeiras das manifestações de julho de 2013 foi justamente a questão da corrupção da política.

 

AS: Você deu o título de Escola ao seu livro? Por que?

RV: Na verdade, o título trata de “Escolas de Líderes Sustentáveis.” O livro reproduz o segundo tema da Plataforma Liderança Sustentável, reunindo, além de uma parte teórica, as histórias de líderes que estão envolvendo e educando líderes para a sustentabilidade por meio de programas de educação corporativa, iniciativas estruturadas de desenvolvimento de valores e autodesenvolvimento, ações on the job, condicionamento da recompensa ao triplo resultado e criação de instâncias internas. Portanto, mais do que empresas, elas acabam sendo escolas práticas de formação de líderes para a sustentabilidade.

 

AS: No livro, você abordou cases de empresas como AES Brasil, BASF, Braskem, HP, IBM, Masisa, Natura, PepsiCo, Sebrae  e Whirlpool. Por que você escolheu estas empresas para incluir na ‘Escola’?

RV: Há um processo de seleção. Primeiro, são ouvidos entre 70 e 80 especialistas em sustentabilidade (acadêmicos, consultores, formadores de opinião) para elaborar uma lista inicial de indicações. Os líderes e empresas mais indicados são, posteriormente, estudados pela equipe da Ideia Sustentável (mediante análise de relatórios e entrevistas) para verificar se, e o quanto, estão adequados ao tema do ano. Só então, depois desse procedimento, são convidados a participar.

 

Em 2011, o tema foi o estado da arte da liderança sustentável. Em 2012, como as empresas estão educando os seus líderes para a sustentabilidade. Em 2013, como a estão inserindo na estratégia. Em 2014 e 2015, serão, respectivamente, inovação e comunicação. Integram a Plataforma, entre outros líderes, Fábio Barbosa (Grupo Abril), Franklin Feder (Alcoa), Paulo Nigro (Tetra Pak), José Luciano Penido (Fibria) e Héctor Núñez (Ri Happy), que fizeram parte do primeiro livro, Conversas com Líderes Sustentáveis; e ainda: Alessandro Carlucci (Natura), Andrea Alvares (PepsiCo), Britaldo Soares (AES Brasil), Carlos Fadigas (Braskem), João Carlos Brega (Whirlpool), Marise Barroso (Masisa) e Rodrigo Kede (IBM), entre outros, personagens do segundo livro, Escolas de Líderes Sustentáveis  da Editora Elsevier).

 

AS: A maior parte das pessoas estão empregadas em pequenas empresas no Brasil. Como que uma empresa menor, com falta de estrutura para planejar, pode ser mais sustentável?

RV: Criou-se, no Brasil, o mito de que sustentabilidade é tema para grande empresa. Bobagem. O tamanho de nossas responsabilidades é sempre proporcional à extensão dos nossos impactos. Empresas grandes, impactos grandes. Empresas pequenas, impactos pequenos.

 

Uma empresa pequena deve começar, portanto, avaliando quais são os seus impactos socioambientais e trabalhar para minimizá-los ou eliminá-los. Ao fazer isso, será mais sustentável.

 

Do ponto de vista ambiental, pode começar com reciclagem de resíduos e ecoeficiência, dois itens que costumam, inclusive, resultar em redução de custos. Do ponto de vista social, pode começar por regularizar a situação de seus colaboradores e oferecer-lhes um ambiente saudável de trabalho, o que costuma repercutir também em maior retenção de talentos. Para mim. Sustentabilidade é uma questão de liderança.

 

Em 20 anos de experiência, convivi com líderes grandes em empresas pequenas e líderes pequenos em empresas grandes. E posso te assegurar que os primeiros fazem mais diferença.

 

RS: Você fala de desafios para líderes em empresas que querem implementar ações sustentáveis. O que você acha que são os desafios para os colaboradores em geral das empresas?

RV: Há dois desafios básicos. O primeiro consiste em efetivamente fazerem a sua parte na consecução das políticas de sustentabilidade das companhias em que trabalham. Mas, para tanto, funciona melhor quando as empresas inserem a sustentabilidade na visão, na missão, nos valores, nas estratégias e metas. E quando os colaboradores são capacitados, mobilizados e recompensados por cumprirem as metas definidas de sustentabilidade, evitando o que chamo de sinal dúbio: falar e cobrar sustentabilidade, mas não dizer exatamente o que se quer nem valorizar suficientemente quem quer fazer.

 

O segundo desafio consiste no intraempreendedorismo. Em muitas empresas, o sinal pró-sustentabilidade não chega a ser tão claro. Mas também não existe impedimento para quem quer inserir o conceito no dia a dia de suas atividades. Há os que enxergam na sustentabilidade um trabalho a mais a ser feito. E há os que a veem como o único jeito certo de fazer o trabalho. Esses são os imprescindíveis. Intraempreendedor é aquele que identifica oportunidades e torna a sustentabilidade um diferencial de sua função ou área.

 

AS: Na Agenda Sustentabilidade temos identificado uma grande vontade das pessoas de se formarem ou se prepararem de alguma forma para atuar profissionalmente implementando os conceitos da sustentabilidade. Como você explica isso e os quais as suas sugestões para os que querem se preparar melhor?

RV: Essa é uma tendência global. Cada vez mais os jovens profissionais querem fazer o que os norte-americanos chamam de “carreira de impacto”, isto é, desejam mudar o mundo para melhor atuando em empresas socioambientalmente responsáveis. Enxergam-se melhor nelas. Por isso, essas companhias atraem mais talentos. Elas são o lugar preferido de profissionais em busca de propósito para o seu trabalho.

 

Este quadro explica também o aumento da oferta de programas de desenvolvimento em sustentabilidade. Como discuto no meu livro, os melhores cursos são aqueles que conseguem desenvolver, na íntegra, e de modo equilibrado, as competências—conhecimentos, habilidades e atitudes. No entanto, apesar do grande interesse pelo tema, vejo uma certa frustração por parte de jovens que se preparam e não encontram empregos focados em sustentabilidade, na medida em que muitas empresas acabam, nessa área, preferindo valorizar a prata da casa em vez de contratar gente de fora.

 

Costumo dizer aos jovens já empregados que, em vez de procurarem empregos focados em sustentabilidade, utilizem as competências de sustentabilidade para serem intraempreendedores do tema em suas empresas.

 

Se você é um engenheiro ou um arquiteto, pode ser frustrante procurar um emprego do tipo “engenheiro de prédios verdes” ou “arquiteto de obras ecoeficientes”, simplesmente porque não existem funções com esses nomes.

 

Mas qualquer empresa séria e líder que contrate engenheiros e arquitetos, valorizará, nos tempos atuais, profissionais que dominam as técnicas de construção LEED ou conheçam sistemas mais ecoeficientes de gestão de calor, água e energia. Estude, aprofunde-se, domine o conhecimento básico, aperfeiçoe as habilidades e aposte no tema.

 

Fonte: Agenda Sustentabilidade