Tomando a decisão sustentável


                   

 

Cada vez mais as empresas discutem a sustentabilidade, mas exatamente o quê elas querem dizer? Embora muitas pessoas definam práticas sustentáveis como aquelas que beneficiam a sociedade, a sustentabilidade corporativa é reduzida, frequentemente, à minimização de danos ao meio ambiente. Assim, as empresas têm adotado medidas como a redução de materiais e do consumo de energia, e o uso de artigos reciclados.

 

As empresas não têm enfrentado muitas dificuldades para mudar suas práticas para se tornarem socialmente mais responsáveis. A redução da quantidade de energia e materiais utilizados na fabricação de um produto gera significativas economias de custo. Como resultado, a grande maioria das empresas tem alterado sua cadeia de suprimentos e operações para tirar proveito desta “fruta de fácil colheita”.

 

A iniciativa “ecomaginação” da General Electric é um bom exemplo de como uma empresa pode tornar a si mesma, e a seus consumidores, mais sustentável ao impulsionar o crescimento econômico. Estas inovações incluem motores a gás natural, baterias de sódio e sistemas de captação de carbono, que minimizam os impactos no meio ambiente enquanto aumentam a eficiência.

 

Outro exemplo é a garrafa plástica de água “Eco-Fina”, da Aquafina, produzida com 50% menos plástico e que, consequentemente, tem metade do peso. A Aquafina teve economias não só nos custos dos materiais, mas também nas despesas com transporte, restringindo, portanto, as emissões de CO2.

 

A sustentabilidade além da rentabilidade

Há empresas que não dão a importância devida às práticas sustentáveis, considerando a sustentabilidade como sinônimo de rentabilidade. Mas o que acontece quando elas precisam ir um pouco além? Quando chegar o momento, elas estarão dispostas a tomar decisões mais difíceis e dispendiosas que beneficiarão a sociedade? Se tomarmos como base a escolha recente da J.P. Morgan Chase & Co., de não mais participar do mercado de empréstimo estudantil nos EUA, os sinais não são promissores.

 

No início de 2013, um relatório da FICO destacou crescentes quantidades de empréstimos e taxas de inadimplência no mercado norte-americano de empréstimos estudantis. De acordo com Andrew Jennings, diretor de análise e laboratórios da FICO, “esta situação é simplesmente insustentável”. Embora a afirmação não seja surpreendente a princípio, ela representa uma tendência crescente no discurso corporativo de equiparar sustentabilidade e rentabilidade. Se algo que é essencial para beneficiar a sociedade, como o financiamento da educação, deixa de ser rentável, isto significa que o setor privado simplesmente deve abandoná-lo?

 

Thasunda Duckett, diretora executiva de empréstimos estudantis da J.P. Morgan Chase, afirmou que o maior banco norte-americano está se retirando do setor de empréstimos estudantis dos EUA porque “simplesmente não vemos este como um mercado no qual podemos crescer de modo significativo”. Segundo recentes relatórios da FICO, o próprio mercado está em expansão, porém, sua rentabilidade está em queda. De forma semelhante, o US Bancorp parou de aceitar pedidos de empréstimo estudantil em março do ano passado, assim como bancos norte-americanos menores também estão debandando do mercado.

 

O aumento dos pedidos de empréstimos estudantis pode ser atribuído à situação econômica dos EUA e aos custos de ensino cada vez maiores. Mas com os empréstimos federais Stafford limitados a US$ 31 mil e os custos da educação em crescimento devido ao aumento da demanda, onde os estudantes poderão obter empréstimos adicionais para cobrir suas necessidades se não for junto aos bancos privados? À medida que famílias de baixa renda enfrentam maior dificuldade para financiar suas casas e, agora, para educar seus filhos, a decisão por parte dos bancos de abandonar o mercado seria a mais “sustentável” ou simplesmente a mais rentável? E com base em qual perspectiva de tempo a rentabilidade está sendo avaliada?

 

Pensando no futuro

Algumas empresas e indústrias como um todo são obrigadas a expandir suas perspectivas de tempo visando à rentabilidade. O setor farmacêutico é um bom exemplo. Seus produtos exigem um custo inicial significativo e enfrentam riscos elevados de fracasso, mas resultam em soluções que beneficiam, em muito, a sociedade. Embora a indústria de medicamentos seja alvo de muitas críticas, ela oferece pistas sobre como os ganhos em curto prazo podem ser sacrificados visando à rentabilidade no longo prazo para promover a sustentabilidade.

 

A noção de “capital paciente” é proeminente na área do desenvolvimento internacional, no qual os investimentos são feitos com um panorama de 10, 20 ou até 50 anos, assim como na emergente área de operações bancárias sustentáveis. Estes bancos, que surgiram dos movimentos de investimento socialmente responsáveis e de microfinanciamentos, estão voltados para o investimento em empresas e organizações que visam beneficiar a sociedade. O Triodos Bank, sediado na Holanda, investe apenas em iniciativas sustentáveis, avaliando como beneficiarão a sociedade antes de determinar sua viabilidade financeira. O banco também aboliu os bônus para assegurar que os funcionários (ou “colegas de trabalho”, como são chamados no Triodos) não sejam financeiramente incentivados a tomar decisões não sustentáveis.

 

Foco na sociedade, não mais no lucro

A mudança de uma perspectiva com foco no lucro para uma com foco na sociedade exige noções de tempo mais longos, assim como produtos e modelos de negócios inovadores. As empresas geralmente inovam rapidamente se for para aumentar sua rentabilidade no curto prazo, como pudemos ver no desenvolvimento de títulos hipotecários e derivativos que levaram à crise financeira global. No entanto, as empresas precisam agora começar a focar inovações que realmente beneficiem a sociedade. Ao ampliar o período para se obter retornos de investimento e priorizar a sustentabilidade em detrimento da rentabilidade, as empresas passam a promover um futuro promissor para si mesmas e para as sociedades ao seu redor.

 

 

 

Por Francisco Szekely, professor de Leadership and Sustainability da Sandoz Family Foundation e diretor do Global Center for Sustainability Leadership (CSL) no IMD.

 

 

 

 

Fonte: Ideia Sustentável

Prêmio Hugo Werneck Divulga Finalistas


Dezoito projetos dentre 80 selecionados de todo o Brasil disputam o Oscar da Ecologia de 2013

 

A Comissão Avaliadora do IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza acaba de divulgar a lista de finalistas deste ano. Foram escolhidos 18 projetos, dentre um total de 80 selecionados, que ficaram entre os três melhores nas categorias Educação Ambiental, Mobilização Social, Melhor em TI, Melhor em Água, Melhor em Fauna e Melhor em Flora. Os vencedores serão homenageados no dia 9 de dezembro, às 20h, durante cerimônia presidida pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pelo governador Antônio Anastasia, no Cine Theatro Brasil – Vallourec.

 

Este ano o Prêmio Hugo Werneck, que assim como a Revista Ecológico está passando por um processo de nacionalização, recebeu diversas inscrições de outros estados brasileiros. Projetos do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná, Paraíba, Amazonas e Mato Grosso do Sul concorrem com os mineiros, enriquecendo ainda mais a troca de experiências proporcionada pela iniciativa.

 

“O objetivo do prêmio, além de homenagear pessoas e incentivar as boas práticas sustentáveis, é movimentar a indústria verde, também chamada de ‘indústria da esperança’, e o mercado sobre sustentabilidade crescente em nosso meio. Se hoje existem campanhas de publicidade, departamentos e empregos na área ambiental, isso se deve as primeiras ONGs ativistas e ambientalistas, como o Dr. Hugo Werneck”, explica Hiram Firmino, jornalista e ambientalista, coordenador do prêmio.

Confira a lista completa de finalistas

MELHOR EM TI

Projeto ENIAC/Instituto Brasileiro de Turismólogos

Projeto Oráculus/TR Soluções

Projeto TI /Verde/AngloGold Ashanti

 

MELHOR EM ÁGUA

AGB Peixe Vivo

Apolo Heringer, Projeto Manuelzão

Votorantim Metais

 

MELHOR EM FLORA

Arcelor Mittal/Projetos Matas Ciliares

Projeto Inventário Florestal da UFLA/IEF – Reitor Roberto Scolforo

Projeto Oásis/Grupo Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

 

MELHOR EM FAUNA

Instituto Felinos do Aguaí

Projeto Malha/Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas/UFLA

Projeto Pato Mergulhão/Terra Brasilis

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Eu no Meio/E.E. Raul Teixeira da Costa Sobrinho

ForEA –Forum Regional de Educação Ambiental

Guerreiros da Amazônia

 

MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Barqueata Rio Verde

Expedição Rio Paracatu, Movimento Verde/Tonhão

Projeto Manuelzão, “Deixe o Onça beber Água Limpa”

 

Os vencedores nas demais Categorias/indicações (MELHORES DESTAQUES MUNICIPAL, ESTADUAL E NACIONAL/ PARCEIRO SUSTENTÁVEL/EMPRESA/EMPRESÁRIO/POLÍTICO E PERSONALIDADE DO ANO) serão anunciados e conhecidos durante a cerimônia.

 

Mais Informações: www.premiohugowerneck.com.br

10 momentos marcantes da sustentabilidade em 2013


A boa notícia foi divulgada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em junho deste ano. Segundo a agência da ONU, desde 1990, o Brasil reduziu em 53% a proporção de pessoas que passam fome em seu território.

Com isso, o país atinge – 2,6 anos antes do prazo -, o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número um da ONU, que prevê que, até 2015, as nações diminuam pela metade o número de cidadãos famintos.

Apesar da conquista, o Brasil não pode relaxar: dados do governo revelam que cerca de 7% da população brasileira ainda passa fome, o que representa 13 milhões de cidadãos.

2. MANIFESTAÇÕES POPULARES
“Quem estava no Brasil em meados de junho presenciou um momento histórico, um ataque de raiva, um basta de quem segurou por muito tempo o que tinha para dizer ”.

A população surpreendeu a si mesma, foi em massa para as ruas e deixou sua mensagem: não acha normal as notícias de corrupção que pipocam na mídia e deseja mudanças urgentes. Mas, talvez, o mais importante recado deixado pelo povo – até mesmo de forma não intencional – foi quanto à ineficiência dos atos de violência. “Mostramos para nós mesmos que uma democracia se constrói também por passeatas e palavras de ordem, quase sempre pacíficas. E que assim é possível mudar as coisas. (…) Não é preciso disparos para causar uma revolução”, escreveu Vieira da Cunha.

3. PODEMOS ATINGIR META DE REDUÇÃO DO DESMATAMENTO ANTES DO PRAZO
Em agosto, Carlos Klink, secretário nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, garantiu que, antes do prazo, o Brasil vai atingir meta para reduzir em 84% o desmatamento, que ainda é a principal fonte das emissões de gases do efeito estufa do país.

Klink não informou o ano exato em que a conquista acontecerá, mas disse que, antes de 2020, o país chegará a um patamar inferior a 4 mil quilômetros desmatados por ano –conforme prometeu na Conferência do Clima de Copenhague, em 2009 – e que o governo está ciente de que é importante adotar medidas para manter esse resultado.

Com a redução do desmatamento, o Brasil diminuirá em 60% suas emissões de gases poluentes e vai ajudar a cobrir em 50% o déficit de emissões que haverá no mundo em 2020, segundo estudos. Ao oferecer tal contribuição global, o país fica com “mais moral” para cobrar esforços mais efetivos dos outros países.

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4. A POLÊMICA DOS COSMÉTICOS TESTADOS EM ANIMAIS
Os beagles do Instituto Royal ficaram famosos em 2013 depois de uma ação coletiva de protetores dos animais. Em uma madrugada de outubro, eles se uniram para invadir a empresa, sediada em São Roque, e resgatar centenas de cachorros que, suspeitava-se, eram submetidos a testes cruéis para a produção de cosméticos.

A ação fomentou no país as discussões sobre a real necessidade de usar animais em testes de produtos de beleza. À frente da causa, a Humane Society International (HSI) garante que já existem outras técnicas capazes de substituir, sem prejuízos, a prática.

Dando o exemplo, em fevereiro, a União Europeia proibiu o comércio de cosméticos testados em animais. Índia e Israel também já haviam banido a prática em seus territórios.

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5. NEGÓCIOS DO BEM
Também em outubro, o movimento internacional Empresas B chegou ao Brasil. A iniciativa, que já soma mais de 850 empresas espalhadas por 28 países, atua para conscientizar e certificar companhias que, além de lucrar, usam seus negócios para ajudar a resolver problemas sociais e ambientais.

Sete empresas nacionais já fazem, oficialmente, parte da iniciativa. Jay Coen, cofundador do Empresas B, aproveitou o evento de lançamento no Brasil para declarar seu desejo de ter cada vez mais ‘companhias verde e amarelas’ engajadas no movimento. É o nosso desejo também, Jay!

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6. PUNIÇÃO PARA QUEM JOGA LIXO NA RUA
Quando foi anunciada, a multa para quem fosse flagrado jogando lixo nas ruas da capital fluminense deu o que falar. Mas, com polêmica e algum atraso, a medida foi implantada – e deu certo. Já na primeira semana, a quantidade de resíduos sólidos jogados na rua diminuiu 34%.

Segundo a assessoria da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), a capital fluminense foi a primeira do Brasil a, de fato, aplicar a multa para aqueles que emporcalham as ruas e está inspirando outras cidades, país afora, a adotar a medida.

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7. AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL
clima foi um dos assuntos que mais bombou em 2013. As maiores novidades aconteceram no segundo semestre do ano. Em setembro, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas apresentou o primeiro relatório sobre alterações do clima no Brasil.

Os resultados são um pouco chocantes. Segundo o documento, considerando os atuais níveis de concentração de poluentes na atmosfera, a temperatura no Brasil subirá entre 2ºC e 3ºC, em 50 anos. Mas a boa notícia é que, com os dados brasileiros, será muito mais fácil para o país investir em medidas eficazes de adaptação e mitigação. Mais do que isso: a iniciativa de criar um painel nacional para tratar de mudanças climáticas está inspirando outros países, como a Argentina.  

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8. AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO MUNDO
Depois do relatório brasileiro, foi a vez do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) roubar a cena com o lançamento da primeira parte do 5º Relatório de Avaliação sobre o estado das alterações do clima no planeta.

Entre as principais conclusões do documento, está a certeza de que:
– o aquecimento global é real e atingiu níveis sem precedentes,
– o homem tem participação importante nesse fenômeno e
– a única maneira de estancar o problema é reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, caso contrário, podemos chegar ao final do século com aumento médio da temperatura do planeta de até 5,8ºC.

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9. O SISTEMA PIONEIRO PARA ESTIMAR EMISSÕES
O Brasil voltou à cena em novembro, com o lançamento do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (o SEEG). Desenvolvida pelo Observatório do Clima, a ferramenta é inédita: não existe nenhuma outra no mundo, desenvolvida pela sociedade civil, para calcular as emissões brasileiras de poluentes.     

A intenção é que o SEEG leve conhecimento técnico aos diferentes públicos, incentivando-os a dar sua contribuição para a redução das emissões brasileiras. Cá entre nós, estamos mesmo precisando de ajuda. A ferramenta revelou que, entre 2009 e 2012, as emissões do país aumentaram em todos os setores. A única que ‘se safou’ foi a área de Mudanças do Uso da Terra, por conta das medidas de combate ao desmatamento.

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10. A CONFERÊNCIA (MORNA) DO CLIMA
Com tantas informações novas a respeito das mudanças climáticas, a COP19 do Clima, que aconteceu no fim de novembro, na Polônia, poderia ter dado um desfecho excelente para o ano de 2013, mas não foi o que aconteceu. A Conferência da ONU foi “morna”: não deu ao assunto a urgência que ele merece, “mas, pelo menos, não andou para trás e fechou três acordos significativos para não irmos para casa com a sensação de tempo, dinheiro e oportunidade desperdiçados”, resumiu a jornalista Liana John.

Entre as decisões tomadas, uma das mais importantes para o Brasil é a validação do mecanismo de REDD+, que trata da Redução de Emissões por Desmatamentos e Degradação Florestal e valoriza o papel da conservação e do manejo florestal sustentável. Até agora o REDD+ estava à margem dos instrumentos oficiais de combate às mudanças climáticas, mas o novo acordo permite aumentar a escala desse mecanismo – o que é ótimo para o Brasil, que possui a segunda maior área florestal do mundo.

Fonte: Planeta Sutentável

Curso: Sustentabilidade e Economia Criativa


                      

O curso propõe a repensar a sustentabilidade e observar sua relação com a economia criativa. Durante os três dias os participantes serão levados a prototipar produtos ou serviços que envolvam a economia criativa e sustentabilidade.

As significações da palavra sustentabilidade são as mais diversas possíveis. A complexidade da palavra e suas possíveis relações com a sociedade contemporânea mostram-se um limitador de ações e entendimentos a respeito da ‘sustentabilidade’.

A partir disso podemos adicionar outros eixos ao tripé da sustentabilidade (ambiente, economia e sociedade), com o intuito de perceber outras relações. Essa palavra pode ser aplicada nos mais diversos saberes e atuações observando problemas globais e especificidades locais. Os eixos cultural, espiritual, territorial, político e educacional agregam às significações da sustentabilidade ao permitir um novo pensar e agir que envolve a economia criativa.

Objetivo: questione e co-crie o entendimento sobre o que seria essa tal de sustentabilidade, sua interação com a economia criativa, possibilidades e inovações.

Curso ministrado por Rafael Art: empreendedor, sócio-fundador da Agenda Sustentabilidade, idealizador do portal de conteúdo Agora Sustentabilidade, consultor, colunista de alguns sites como Conexão Cultural, Projeto Contém, Corpore e o espanhol La Ruta Natural e palestrante.

Datas: 2 a 6 de dezembro (2ª, 4ª e 6ª) | das 10h às 13h

Local: Escola São Paulo – Rua Augusta, 2239 – São Paulo – SP

Inscrições: 3x R$ 180,00

Ministra e governador destacam a importância da educação ambiental


Prefeito Marcio Lacerda, ministra Izabella Teixeira, governador Antonio Anastasia e o organizador do evento, Hiram Firmino

Por Patrícia Almada
Repórter DomTotal

A educação ambiental é uma ferramenta essencial para mudar o comportamento das pessoas. A avaliação é da ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira que, na segunda-feira (9), esteve em Belo Horizonte para participar da entrega do IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza.

A ministra entende que a educação é a principal arma de conscientização para se criar uma sociedade mais compromissada com a sustentabilidade.  “Só se faz um meio ambiente mais sustentável, mais respeitável, um meio ambiente como escolha para a questão da sustentabilidade e uma vida melhor, se você tiver educação,” ressaltou, em entrevista ao DomTotal.

Para Izabella Teixeira, o próprio Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade reforça a importância da educação no processo de reconhecimento do meio ambiente como parte e pré-condição da qualidade de vida das pessoas. Ela destacou iniciativas que envolvem crianças nesse processo e disse que o governo federal trabalha neste sentido.

“Acho que é uma mudança também do instrumento, um aprimoramento e a política nacional da educação ambiental foi colocada em prática com uma envergadura enorme”, avaliou.

A ministra citou o sucesso de participação dos jovens na Conferência da Juventude e Meio Ambiente, ocorrida recentemente. “Foi a maior conferência já feita de meio ambiente no país, mais de 70% dos municípios brasileiros, ou seja, quatro mil municípios diretamente envolvidos trouxeram a questão da educação ambiental como o eixo central da mudança de comportamento, onde a gente não fala só dos nossos direitos, mas dos nossos deveres”, destacou.

O governador Antonio Anastasia, que participou da premiação, também destacou a função primordial da educação como mecanismo de conscientização coletiva de defesa do meio ambiente. “O papel de defesa do meio ambiente, de defesa da sustentabilidade, não pode ser monopólio do poder público, ao contrário, fundamentalmente deve estar radicado de fato na sociedade como todo, não só nas organizações não-governamentais, mas também nas empresas, no empresariado, nas academias, nas universidades, em todas as forças vivas da nação”, explicou.

O prefeito Marcio Lacerda também prestigiou o evento.

Faculdade sustentável

Um bom exemplo de investimentos em iniciativas de conscientização ambiental e na formação de profissionais ligados ao conceito de sustentabilidade na capital mineira é a Escola Superior Dom Helder Câmara. Além de cursos de mestrado e doutorado voltados para a área do direito ambiental, a instituição possui projetos voltados para a conscientização do meio ambiente e sustentabilidade, denominados Movimento EcosInstituto Socioambiental Dom Helder.

Os alunos participam também de grupos de estudos que debatem e buscam soluções para problemas ambientais da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Atualmente, o grupo “Direito à Cidade e Desenvolvimento Sustentável” acompanha a situação de um trecho de 30 quilômetros do Rio das Velhas que passa por Santa Luzia, cidade da Grande BH.

Sobre o prêmio

Criado em 2010, o Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza é uma iniciativa de ambientalistas históricos ligados à memória de Hugo que significa para Minas e o país, o mesmo que Chico Mendes representa para a Amazônia e o mundo.

Hugo Werneck formou-se dentista de profissão, porém foi um grande defensor das causas ambientais. Foi fundador, há três décadas, do Centro para a Conservação da Natureza, uma das primeiras ONGs na América Latina a empunhar a bandeira do que hoje chamamos de sustentabilidade.

Confira os vencedores em 14 categorias do IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza:

1 – Melhor em TI

Projeto TI /Verde/AngloGold Ashanti – recebido por Pedro Augusto Mendonça de Oliveira, gerente de tecnologia de informação.

2 – Melhor em água

Votorantim Metais – recebido por Alexandre Gomes, diretor de tecnologia.

3 – Melhor em flora

Projeto Oásis – Grupo Fundação O Boticário de Proteção à Natureza – recebido por Silvia Sprenger, assessora de relações institucionais.

4 – Melhor em fauna

Projeto Pato Mergulhão/Terra Brasilis – recebido por Sônia Rigueira, presidente do Terra Brasilis, e a ornitóloga e bióloga, Livia Vanucci Likns, coordenadora do Projeto.

5 – Educação ambiental

Guerreiros da Amazônia – recebido por Ronaldo Barcelos, Ronaldo Santana e Paulo Coutinho, da RJR Produtora e Editora.

6 – Mobilização social

Expedição Rio Paracatu, Movimento Verde/Tonhão – recebido por Antônio Eustáquio Vieira (Tonhão), presidente da ONG e vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, Minas Gerais.

7 – Destaque municipal

Guilherme Paculdino, criador e gestor da Célula sustentabilidade/Águas de Santa Bárbara – MG.

8 – Destaque estadual

Berenice Menegale, pianista internacionalmente reconhecida pianista, professora e musicista.

9 – Dstaque nacional

Projeto Sesc Pantanal, recebido por Maron Emile, diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc , Waldir Wolfgang, supervisor da Estância Ecológica Sesc Pantanal, e Marcus Willian, – Gerente do Hotel Sesc Porto Cercado.

10 – Destaque especial

Roberto Scólforo, reitor da UFLA, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais.

11 – Melhor empresa

CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem.

12 – Melhor empresário

Pedro Luiz Passos, co-presidente da Natura.

13 – Melhor empresa parceira

Gerdau – recebida por Manoel Vitor de Mendonça Filho, vice-presidente executivo.

14 – Personalidade ambiental 2013

Apolo Heringer Lisboa, médico e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, fundador e principal ativista do Projeto Manuelzão.

Fonte: Dom Total

Agricultores garantem fertilidade do solo


Experiências de manejo agroecológico promovidas por famílias paraibanas das regiões da Borborema, do Cariri e do Curimataú foram apresentadas nesta terça-feira, 29/10, aos cerca de 300 participantes do 3º Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido.

           

O manejo consiste no plantio consorciado de árvores frutíferas, grãos, tubérculos, plantas medicinais, espécies forrageiras usadas para a alimentação de animais e árvores nativas do Semiárido, como angico, sabiá e camunzé, entre outras.

O sistema regenera a fertilidade natural do solo e aumenta a contenção e acumulação de água, elemento fundamental em uma região com períodos de seca prolongados.

Com a prática, os agricultores do Semiárido estão conseguindo aliar sustentabilidade ambiental e geração de renda, possibilitando uma renda adicional às famílias e reduzindo os riscos de entressafras e anos ruins.

Uma das experiências relatadas no encontro é desenvolvida por José Domingos de Barros, 59 anos, o seu Loro. Nascido no município de Massaranduba, no agreste paraibano, ele tem há 30 anos uma propriedade com três hectares. No local, durante muito tempo, ele desenvolvia um cultivo tradicional, sem preocupação em manter a biodiversidade e a mata nativa.

Nessa época, ele ocupava seu terreno com plantações de mandioca, milho, fava, batata-doce e feijão, até que uma seca severa fez com que ele tivesse que rever a forma de plantio.

"Desmatei muito, meu pai desmatava, a gente desmatava e não replantava. Com o passar do tempo, foi acabando tudo e eu me perguntava como minha família ia sobreviver”, relatou.

A prática do plantio agroecológico começou há dez anos, após seu Loro participar de uma visita de intercâmbio promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba, com agricultores da região que utilizavam este tipo de plantio. "Eu até dizia que a terra estava com anemia braba. Com o passar do tempo, fiquei pensando o que fazer com a terra, porque ela estava precisando de mim".

A recuperação do terreno começou com a plantação de espécies adaptadas, como nim e gliricídia, em consórcio com o cultivo de laranja e mandioca.

Depois vieram os pés de bananma e mamão, alé de plantas típicas do Semiárido, como palma e angico. Algumas delas, como a gliricídia e a palma, são usadas para complementar a alimentação dos animais durante a seca. Já o nim é utilizado como um pesticida natural.

Hoje, Loro cultiva espécies frutíferas para produção de caju, manga, tangerina, graviola, além de três espécies de laranja: poncã, bahia e mimo do céu, além dos limões taiti e galego, que são carros-chefes da produção.

Como lavoura temporária (culturas de curta duração), ele plantou feijão-bravo, fava e melancia, em consórcio com joão-mole e eucalipto.

O capim cortado, diferentemente de outras plantações, não é retirado, mas deixado no solo, junto com as folhas da vegetação, para proteger da erosão e da perda de nutrientes. Também não há o uso de agrotóxicos. Pragas, como a mosca negra dos citros, considerada a maior ameaça a esse tipo de plantação, é controlada com o uso de técnicas da agricultura tradicional.

Para desenvolver a agroecologia, os pequenos produtores precisam fazer a recomposição ambiental. Para atender a essa finalidade, seu Loro resolveu, com o apoio do sindicato de Massaranduba, criar um viveiro com espécies locais e adaptadas para a região, para oferecer mudas de árvores como maçaranduba, angico, jatobá, pau d'arco, nim e pau-brasil. As espécies são distribuídas gratuitamente.

Atualmente, a rede de viveiros de mudas já abrange cinco município da região: Massaranduba, Solânia, Remigio, Alagoa Nova e Esperança.

"Depois que eu comecei a trabalhar dessa forma, vi o quanto obtive de retorno. Antes, os vizinhos achavam que eu era bobo por manter a mata. Hoje, eles já estão entendendo o benefício que isso traz. Cada muda que saí daqui é uma planta a mais para o sertão. Eu sinto que cada pé de árvore que sai daqui é como se fosse uma criança nova no mundo", filosofa Loro.

Vindo da Chapada Diamantina, região de serras no centro da Bahia, o agricultor Reginaldo de Lima disse que estava contente em poder compartilhar da experiência. "Na minha roça, eu também estou fazendo o mesmo. Se cada um fizesse a sua parte, a gente não teria tanto problema com a água", alertou.

Outro participante, Francisco de Sousa, prestava assessoria técnica para os produtores familiares do Semiárido, mas resolveu experimentar o "outro lado" e hoje desenvolve, junto com 35 famílias de Viçosa, no Ceará, um trabalho de agroecologia na Serra da Ibiapaba, na divisa com o Piauí.

"Nós trabalhamos com respeito a natureza. Hoje, conseguimos recuperar boa parte da mata nativa. Não cortamos mais as árvores para fazer lenha, plantamos algumas espécies, como o sabiá, para essa finalidade, disse o produtor, também especializado na produção de cítricos.

 

Fonte: Planeta Sustentável

A Revolução da Alimentação


Em um mundo fragmentado e dominado pelo medo, algumas iniciativas brotam para disseminar a cultura da boa produção e alimentação. De forma saudável e diversa, no coração das transformações política, social e econômica a Schumacher College nos ensina como a escolha dos alimentos é importante para o futuro do nosso planeta.
 
  
 
Apesar das diferenças e diversidades, estamos todos conectados. Conectados através da terra e do alimento, a verdadeira rede da vida. Conectados através da nossa humanidade comum.
 
O diferencial e revolucionário ato de optar por comunidades de produtores locais menos suscetíveis a processos industriais – diferenciados pela sua autenticidade e qualidade dos seus produtos – busca colocar pequenos produtores como plano central no sistema alimentar. A globalização subestima a economia local, o conhecimento indígena e a diversidade de espécies e culturas.
  
 
Durante as últimas décadas, a produção, o processo e distribuição de alimentos tem excluído inúmeras mulheres, pequenos produtores, assim como a agricultura familiar, passando a ser monopolizados por grandes corporações globais como Monsanto, Cargill, Phillip Morris e Nestlé. Pequenos produtores ao redor do mundo estão sendo excluídos e destruídos pela injusta competição dos gigantes do agronegócio. O movimento antiglobalização tem focado na injusta competição do mercado global que está levando os pequenos produtores à falência, dívidas e até mesmo suicídio.
 
No entanto, a despeito dessa guerra injusta, os pequenos produtores e as comunidades locais não só se recusam a desaparecer como estão moldando um futuro além da globalização. A resiliência dos produtores que continuam a salvar e compartilhar suas diversas sementes, vivendo suas diversas culturas e celebrando seus diferentes modos de alimentação mantêm a força e energia necessária para a continuação desta batalha. É preciso manter acesa a chama que promove o pequeno mercado descentralizado e a produção biodiversa.
 
Este não é o mundo da Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization – WTO) onde somente o agronegócio existe, onde agricultura significa basicamente soja, milho, arroz e trigo, onde uma única empresa (Monsanto) controla 94% dos organismos geneticamente modificadas (GMOs – geneticaly modified organism) e onde a maioria da produção não serve de alimento para os seres humanos, mas para bilhões de animais de cativeiro em fazendas industriais. Este é um mundo onde pequenos produtores agrícolas geram mais do que fazendas industriais usando menos recursos.
 
A biodiversidade protege a saúde da terra e a saúde das pessoas. A qualidade, o gosto e a nutrição deveriam ser os elementos essenciais e requisitos para a produção e para o processo alimentar, sem elementos tóxicos e sem gerar um lucro exorbitante para o agronegócio. A diversidade nos oferece a oportunidade de transformar nosso sistema de alimentação. A diversidade do cultivo, de alimentos e de culturas produz a resistência à monocultura e estimula alternativas criativas. Nossa força vem de nossa variedade e singularidade, uma força que pode ser erradicada somente quando desistimos de nós mesmos.
 
Campanha “Comida é Patrimônio" do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN)
 
É importante oferecer oportunidades e canais para articularmos um novo paradigma para alimentação. É importante defender nossos direitos a uma alimentação sadia e estimular o conhecimento e criatividade dos pequenos produtores. Precisamos abandonar a lacuna entre produtor e consumidor. De acordo com o fundador do movimento Slow Food, Carlos Petrini: "precisamos ser coprodutores. Consumir significa destruir. No ato de nos alimentarmos já estamos participando da produção. Ao nos alimentarmos de orgânicos estamos falando "não" aos agrotóxicos e estamos apoiando os produtores de orgânicos. Ao rejeitar sementes geneticamente modificadas estamos votando pelo direito à agricultura familiar, pelos pequenos produtores, e também pelos direitos da populaçãà informação e à saúde. Ao nos alimentarmos da produção advinda das comunidades de produtores locais, estamos enfraquecendo e diminuindo os lucros das empresas do agronegócio e fortalecendo nossa comunidade local de produtores. Os que comem são então os coprodutores, pela sua relação com os pequenos agricultores que criam um caminho possível para a sustentabilidade, justiça e um sistema alimentar saudável. 
 
Cartaz retirado da revista Nova Escola. (Clique na imagem para ampliar)
 
Ao fazer escolhas sobre o que comemos, fazemos escolhas sobre quem somos. A industrialização e globalização do nosso sistema de alimentação está nos dividindo: Norte-Sul, produtores e consumidores, ricos e pobres. A parte mais significativa da fonte desta separação é o mito da alimentação “barata, o mito de que sistemas de alimentação industrializados produzem mais alimentos e consequentemente são necessários para acabar com a pobreza. No entanto, pequenos, biodiversos cultivos orgânicos têm maior potência do que a produção de monocultura em larga escala. Os alimentos produzidos de maneira industrial não são baratos. O custo é muito alto para o planeta, para os produtores e para a nossa saúde. O planeta não pode mais carregar as consequências da exploração de águas subterrâneas, poluição devido aos agrotóxicos, a perda de espécies e a desestabilização do clima. Produtores não podem mais carregar o peso das dívidas inevitáveis causadas em decorrência da valorização excessiva da agricultura industrial. Cento e cinquenta mil produtores cometeram suicídios na Índia como um sintoma da profunda crise devido ao dominante modelo de produção e exploração do agronegócio.
 
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelou que o mundo produz alimento para 12 bilhões de pessoas, enquanto existem "apenas” 6.3 bilhões de pessoas vivendo no planeta. Destes, 800 milhões estão com fome e 1.7 bilhão sofrem de obesidade. A batalha que estamos lutando faz parte de uma guerra pela civilização e é contra um sistema que é incapaz de produzir alimento de maneira segura, culturalmente apropriada, saborosa e com qualidade. E é incapaz de produzir alimento suficiente para todos porque atua sem se preocupar com o desperdício de terras, água e energia. A agricultura industrial consome dez vezes mais energia do que produz e dez vezes mais água do que agricultura ecológica. E é, portanto, dez vezes menos eficiente. A eficiência do trabalho é também um mito. Todos os pesquisadores, bioengenheiros, produtores de agrotóxicos, motoristas de caminhões e soldados engajados em guerras pelo óleo fazem parte do processo industrial do sistema do agronegócio. Quando a agricultura se torna uma guerra e armas de destruição em massa são substituídas por agrotóxicos e GMOs, o alimento se torna o não alimento. O mercado baseado em preços irreais e injustos não é mais mercado, se torna exploração. A agricultura industrial é barata não porque é eficiente – seja em termos de recursos ou de eficiência de energia – mas sim porque é apoiada por subsídios e representa todos os custos – as guerras, as doenças, a destruição ambiental, a decadência cultural e a desintegração social.
 
 
Fonte: Porto Alegre RESISTE!
 
A Schumacher College é um espaço no qual é possível celebrar a agricultura honesta e onde os preços não mentem. Não há exploração do planeta nem dos guardiões da terra. Schumacher é uma celebração de uma economia viva na qual coproduzimos com as formigas, lagartas e com os fungos. Estamos todos conectados na teia da vida e é o alimento que gira esta teia.
 
 
Estou testemunhando uma nova democracia da agricultura através da liberdade dos produtores e fazendeiros. Fazendas orgânicas, livres de agrotóxicos, toxinas e corporações – sementes geneticamente modificadas e patenteadas – estão criando uma nova democracia para contestar o atual sistema ditatorial da agricultura. E você? Está comendo o que?
 

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Como a gastronomia sustentável pode ajudar o planeta?


O princípio de uma gastronomia sustentável se deve também aos benefícios, do ponto de vista nutricional e econômico (Pixabay)

Patrícia Almada

Com consumidores cada vez mais exigentes, pensando em um planeta sustentável, a gastronomia teve que se adequar oferecendo diferenciais e experiências que vão além do sensorial. A chamada gastronomia sustentável é um movimento que convida a modificar a conduta de negócios e repensar a forma de produzir e descartar os alimentos.

A mudança, com objetivo de se adotar uma prática sustentável, vai desde modificações na gestão operacional, logística, ciclo produtivo, energia, na origem dos produtos e safras, sazonalidade, regionalização, desperdício, destino dos resíduos, e até na composição dos cardápios que os restaurantes oferecem.

Para o chef de cozinha Eduardo Roberto Batista, a gastronomia sustentável surge da própria necessidade dos restaurantes e cozinhas de evitar o desperdício. “Quem trabalha em uma cozinha conceito, seja bistrô ou renomada, até por virtude de cortes e apresentação de um formato, há perdas de muitos alimentos. Trabalhei em cozinhas de restaurantes renomados e pude perceber que se jogava muita coisa fora. O descarte impacta no preço e na própria sustentabilidade. Vem de uma necessidade global, a questão do desperdício, que realmente precisa de ser evitado”, disse.

O chef ressalta que o princípio de uma gastronomia sustentável se deve também aos benefícios, do ponto de vista nutricional e econômico. “Da parte da nutrição, acaba-se jogando uma parte fora do alimento que pode ser rica em nutrientes, como talos de couve, entre outros. E do lado econômico, sem desperdício e com o aproveitamento de forma integral, o preço acaba sendo mais justo. ”, conta.

Desafios

Para Eduardo, o maior desafio desse tipo de gastronomia é fazer com que as mudanças de hábito do consumidor sejam realmente efetivadas, para assim, mostrar a gastronomia sustentável de uma forma mais chamativa, mais gourmet.

“Quando pensamos em Belo Horizonte, por exemplo, a população é muito conservadora do ponto de vista alimentar. Geralmente vamos nos mesmos restaurantes, de preferência sentamos nos mesmos lugares e pedimos os mesmos pratos. Já para experimentar um prato diferente que envolva sobras de alimentos, como uma casca de abóbora, a pessoa logo já pensa: ‘Eu não quero sair de casa para comer esse tipo de comida’”, explica.

Mercado

De acordo com o relatório “Tendências em alimentação saudável”, elaborado pela empresa inglesa de pesquisa Mintel em 2019, os consumidores estão mais preocupados com saúde e sustentabilidade na hora de comer: 52% dos entrevistados têm dado preferência a alimentos e bebidas ricos em proteínas, fibras e com menos açúcar. Para a indústria, esse novo comportamento traz oportunidades de criar produtos, desenvolver diferentes nichos de mercado e aumentar o faturamento, aponta o estudo.

Além de dar preferência a alimentos naturais e nutritivos, os consumidores estão desenvolvendo um olhar abrangente, preocupando-se com o impacto dos seus hábitos alimentares no meio ambiente.

Eduardo classifica o movimento como positivo e vê o mercado com grandes potencialidades de crescimento. “As consciências ecológicas e ambientais têm mudado. Se conseguirem fazer algo chamativo pode ser uma grande tendência. A fome é uma questão global. Então, até no âmbito mundial, a partir da hora em que não há exagero no consumo e que se consegue reaproveitar, não comprando de uma maneira desenfreada, você está praticando uma gastronomia sustentável. Uma nova consciência sobre a alimentação nos faz consumir menos de forma equilibrada, mais saudável e consciente.

Aplicabilidade

Os benefícios da gastronomia sustentável são muitos. Vão desde a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, economia de energia, proteção das espécies, tanto animal como vegetal em extinção, como a valorização da produção local, reaproveitamento, dentre outros. Mas, de acordo com o chef, apesar das inúmeras qualidades, a gastronomia sustentável, propriamente dita, está longe de ser implementada em sua totalidade.

“Ainda estamos muito distantes de uma realidade onde se aplica a integralidade de uma gastronomia sustentável. As próprias faculdades de gastronomia ainda não pensam em compostagem, por exemplo. Existe um restaurante em São Paulo onde se servem pratos com talos, raízes com brotos, alimentos que até então não se pensava em utilizar. Concluindo, existem alguns restaurantes que trabalham sim com gastronomia sustentável, porém o número é irrisório. Muito mais uma tentativa do que uma realidade, pois ainda assim se perde muita coisa. Mas, de todo jeito, é válido”.

Eduardo ainda complementa que para que todas as mudanças sejam aplicadas de fato dentro da gastronomia sustentável é essencial uma ampliação da compreensão do termo. “Mudar de comportamento, pensar em uma questão ambiental mais abrangente demanda tempo, conscientização e não é algo que acontece da noite para o dia”, finaliza.

Dom Total

I Congresso de Contratações Públicas Sustentáveis


                                        

Aproximadamente 10% do PIB é gasto todos os anos em contratações públicas, valor  que pode e deve ser utilizado para fomentar e influenciar o mercado pela inserção de requisitos de sustentabilidade nos processos licitatórios.

A primeira edição Congresso IDEHA de Contratações Públicas objetiva, por intermédio de palestras proferidas por renomados juristas e profissionais que atuam na área de contratações públicas, inclusive na perspectiva dos Tribunais de Contas, abordar os aspectos mais polêmicos sobre o tema.

Trata-se de uma oportunidade ímpar de obter o instrumental jurídico e técnico fundamental para que os agentes públicos possam dar cumprimento ao dever previsto na lei geral de licitações de utilizar a contratação pública como um meio para alcançar o desenvolvimento nacional sustentável.

Local: Setor Hoteleiro Norte Quadra 5, Brasilia – DF

Data: 19 a 21 de novembro

Mais informações: http://institutoideha.com.br/congresso_contratacoes_sustentaveis/oevento.html

Fonte: Agenda Sustentabilidade

 

No seu dia, mulheres discutem o que é ser sustentável


 

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Sustentabilidade conversou com a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e outras lideranças femininas para saber como é ser mulher e lutar por caminhos que levam a um desenvolvimento mais sustentável.

 

"Sustentabilidade não é maneira de fazer, é de ser. Se for apenas de fazer, fica algo mecânico, vira uma carga. Quando é algo que integra a trajetória de vida é mais efetivo e possível de concretizar", afirma Marina. Ela defende a necessidade de aproximar meio ambiente e sociedade pelo campo da educação e da consciência. "Claro que entre sensibilidade, consciência e ação tem um tempo."

 

Marina diz que esse é um desafio deste século não só para as mulheres, mas para o mundo todo. Ela ressalta, entretanto, o fato, no seu entender, de a mulher ter mais cultura de proximidade o que se reflete no meio ambiente. "Se eu me sinto próxima do rio, eu cuido dele", explica. Para ela, valores caracteristicamente femininos, como de acolhimento, convencimento em vez de disputa, e de coautoria são muito importantes nesse caminho. "A mulher faz mais com as pessoas do que para as pessoas."

 

Segundo Marina, uma das grandes mudanças sociais dos últimos tempos é que os homens aprenderam a cuidar da casa, dos filhos e do relacionamento. Enquanto isso, a mulher deixou de ficar enclausurada. "Saímos de uma cultura patriarcal. Deixamos de caminhar sob uma perna para caminhar sobre duas."

 

A ex-ministra diz que esse movimento traz maior integração entre o olhar feminino e o masculino e, consequentemente ajuda a mudar a mentalidade das pessoas frente a diversas questões, como as ambientais, e a repensar padrões.

 

Para a diretora de Sustentabilidade da BM&FBovespa e presidente do conselho do Índice de Sustentabilidade Empresarial, Sônia Favaretto, a mulher exerce múltiplas tarefas e a sutentabilidade é uma delas. "Nós temos competência para unir estudo, trabalho, casa filhos e sustentabilidade", afirma. Manter tudo isso, sem deixar de lado características femininas, como cuidado e delicadeza, é um desafio", diz Sônia.

 

Para Sônia, a sustentabilidade está integrada ao mundo dos negócios e leva as pessoas a pensar no que vão deixar para as gerações futuras, principalmente as mulheres. "A nova geração de mães, por exemplo, já tem essa mentalidade. Elas se preocupam com que mundo seus filhos vão ter e com a responsabilidade que têm sobre isso."

 

A presidente do conselho do Greenpeace Internacional, Ana Toni, destaca a importância da mulher no mundo corporativo. Ela afirma que a mulher tem papel importante para mudar a mentalidade de grandes organizações, pois pensa sempre no individual e também no coletivo. "Essa preocupação vem junto com a ambiental, não dá para dividir. Penso na minha família e, consequentemente, no meio ambiente."

 

O pensamento de Ana Toni é compartilhado pela presidente da Standard & Poor's, Regina Nunes. Regina afirma que ser sustentável é atingir os objetivos sem segregar o lado profissional do pessoal, priorizando o equilíbrio da sociedade. "Acredito em um mundo mais sustentável e trabalho para isso. Não por bondade, mas porque estou dentro da sociedade. Ser uma mulher sustentável é se preocupar com sua educação, a dos filhos, das pessoas no nosso entorno e ainda ser líder de uma empresa, visando sempre o melhor para mim e para todos."

 

A superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, Denise Hills, entende que a mulher avançou em várias frentes da sociedade e ainda consegue manter seu papel fundamental no âmbito familiar. "Justamente por conseguir êxito em todas essas frentes, evoluindo constantemente, é que alcança o conceito de mulher sustentável, no desafio de todos os dias, buscando o desenvolvimento com um olhar humano, mais amplo e integrador, de longo prazo."

 

A diretora de Sustentabilidade do Walmart, Camila Valverde, acredita que ser sustentável e manter o equilíbrio são apenas algumas das inúmeras tarefas que as mulheres realizam no dia-a-dia. "O segredo é não se desesperar com a quantidade de responsabilidades e entender que, apesar do grande desafio, é preciso executar cada um desses papéis com bom senso."

 

Camila é líder de um projeto da Walmart que visa melhorar a imagem da mulher na sociedade, o Mulher 360. "É importante melhorar a imagem da mulher, promovendo maior participação dela em cargos de liderança em empresas e sua participação mais efetiva na sociedade."

 

No caso de Matilde Ramos, presidente da Cooperativa Recicla Ourinhos, no interior de São Paulo, o contato com o conceito de sustentabilidade ocorreu pela necessidade imediata. Catadora desde os cinco anos, trabalhava para ajudar a família e hoje é presidente da cooperativa e representante do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável. "Não sabia que era importante para o meio ambiente, só fui descobrir com o tempo", conta.

 

Com seu trabalho, Matilde sustenta os dois filhos e ajuda a minimizar os problemas de resíduos da sua cidade. A atividade de Matilde é motivo de orgulho dentro e fora de casa. No começo os filhos contaram na escola que a mãe era catadora de material reciclável e sofreram com as piadas dos colegas. A escola então chamou a catadora para dar uma palestra na sala dos filhos. "Agora todos querem uma mãe assim, que ajude a cuidar do meio ambiente."

Publicado em 08 de março de 2012

Fonte: Sustentabilidade – Terra