“Ou mudamos ou morremos”, alerta Leonardo Boff


"Hoje vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal, nacional e mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que quase nada funciona a contento". A opinião é do teólogo e professor Leonardo Boff, que escreveu artigo recente.

Segundo Boff, a Terra está doente. "E como somos, enquanto humanos também Terra (homem vem de húmus = terra fértil) nos sentimos todos, de certa forma, doentes. A percepção que temos é de que não podemos continuar nesse caminho, pois nos levará a um abismo. Fomos tão insensatos nas últimas gerações que construímos o princípio de auto-destruição. Não é fantasia holywoodiana", observou.

De acordo com ele, a humanidade tem condições de destruir várias vezes a biosfera e impossibilitar o projeto planetário humano. "Desta vez não haverá uma arca de Noé que salve a alguns e deixa perecer os demais. Os destinos da Terra e da humanidade coincidem: ou nos salvamos juntos ou sucumbimos juntos", ressaltou Boff.

"Em primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas sociedades hoje mundializadas, principal responsável por esse curso perigoso. É o tipo de economia que inventamos. A economia é fundamental, pois, ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O tipo de economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Tudo na sociedade e na economia se concentra na troca. A troca aqui é qualificada, é competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios subalternos ou desaparecem. O resultado desta lógica da competição de todos com todos é duplo: de um lado uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos e de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações."

Para Boff, atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social. "Por todas as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes erradicadas, depredação dos recursos limitados da natureza e um ambiente geral de violência, de opressão e de guerra."

Individualismo x Cooperação

Um dos pontos mencionados pelo teólogo no artigo é que a grande maioria dos países e das pessoas não cabem mais sob seu teto. "Agora esse tipo de economia da troca competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer que ela penetre e se imponha. Ela nos pode levar ao destino dos dinossauros", comparou Boff.

Ao defender a ideia de que "ou mudamos, ou morremos", Boff sugere como alternativa uma nova racionalidade, por meio do princípio da cooperação (ele cita o livro de Maurício Abdalla sobre o tema). "Se não fizermos essa conversão, preparemo-nos para o pior. Urge começar com as revoluções moleculares. Comecemos por nós mesmos, sendo seres cooperativos, solidários, com-passivos, simplesmente humanos. Com isso definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a Terra", conclui Boff.

Foto: Planeta Azul

Fonte: Leonardo Boff – Site e EcoDesenvolvimento

Laísa Mangelli

10º Encontro Ibero-americano sobre Desenvolvimento Sustentável – EIMA 2013


Energia, meio ambiente e território e seus temas interrelacionados formam alguns dos temas amplamente discutidos na RIO+20, visto as dimensões dos problemas, seus efeitos e a urgência em mitigar impactos das mudanças climáticas e acerca da demanda crescente de energia, recursos naturais e reorganização espacial. Assim, a humanidade se vê diante do dilema de promover mudanças significativas no atual modelo de desenvolvimento, e sua maneira de pensar, produzir e consumir alimentos, bens e energia.

A décima edição do Encontro Ibero-americano sobre Desenvolvimento Sustentável abordará a relação entre água, energia e terra, três das questões fundamentais para o desenvolvimento, com implicações globais, cenários regional, nacional e local extrapolados para muitos outros países latino-americanos.

Data: 19 e 20 de novembro de 2013

Local: Foz do Iguaçu 

Mais informações: http://www.eima2013.conama.org/web/es/eima-2013-brasil/presentacion.html

Fonte: Agenda Sustentabilidade

 

Novembro de 2019, o segundo mais quente em 140 anos


Avião no céu de Sydney, Austrália, em 4 de dezembro de 2019 (AFP)

Novembro de 2019 foi o segundo mais quente já registrado na Terra desde 1880, depois de novembro de 2015, anunciou nesta segunda-feira a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), confirmando outro ano de recordes de calor.

O serviço europeu Copérnico repassou uma estimativa um pouco diferente, mas confirmando a mesma tendência, e considerou que neste mês esteve entre os três meses de novembro mais quentes, junto com o de 2015 e o de 2016. Segundo o NOAA, a temperatura média do mundo em novembro de 2019 foi 0,92 grau mais alta do que a média do século 20 de 12,9 graus.

Mês após mês, e especialmente em julho, o ano de 2019 acumulou vários registros históricos e nessa etapa o segundo ano mais quente desde 1880, segundo os americanos. Assim, se constatou que 2016 continua sendo o mais quente em média (+ 1,01 grau em comparação com a média do século 20).

A organização meteorológica mundial informou no começo de dezembro que 2019 estaria entre os três anos mais quentes registrados desde 1850 e que encerra uma década de “calor excepcional”.

AFP

Ser um amigo da Terra é pra quem tem coragem


                            

Sim, ser um militante que luta contra a degradação ambiental e a exploração da terra como um bem te faz uma persona non grata no mundo, especialmente no Brasil. Um relatório publicado no mês de Abril pela Global Witness analisa as mortes ocasionadas por conflitos ambientais e agrários e revela que quase mil pessoas foram assassinadas por estes motivos em todo o mundo nos últimos doze anos.

Num cenário de profunda desigualdade social, vivenciando a lógica da escassez, a defesa do meio ambiente e do uso salutar da terra, nunca foi tão necessária. Contudo, com a lógica do capital imperando, nunca foi tão perigosa, fazendo de militantes ambientalistas e agrários um dos grupos mais vulneráveis dos defensores dos direitos humanos.

Entre 2002 e 2013 foi possível confirmar que 908 ativistas foram assassinados em conflitos ambientais e agrários, destes, só foram julgados, condenados e punidos 10 agressores, cerca de 1%! Destaca-se que estão de fora destes números homicídios não esclarecidos, desaparecimentos, além de ameaças e violência em decorrência destes conflitos. E, segundo o relatório, os casos estão aumentando: a média nos últimos quatro anos passou de 1 para 2 homicídios de ativistas por semana.

E não é coincidência que quem luta pela biodiversidade, pela terra indígena e pela produção saudável (para não usar o termo já esvaziado “sustentável”) de alimentos, corra um risco muito maior de ser silenciado. Nos últimos 12 anos, o Brasil deteve metade das mortes em todo o mundo por esses conflitos: foram 448 casos ao total, seguido por Honduras (109) e Filipinas (67).

A violência por conflitos ambientais e agrários no Brasil não é de hoje, só para citar um exemplo, há 25 anos morria Chico Mendes, o maior ambientalista do país e certamente um dos mais importantes que já houve no mundo. Chico Mendes era seringueiro, cujo meio de subsistência dependia da preservação da floresta Amazônica e foi assassinado por fazendeiros latifundiários, produtores de gado. Até hoje na Amazônia, o ciclo é o mesmo: desmatamento de floresta virgem para extração ilegal da madeira, seguido de criação de gado e posteriormente o cultivo de soja – que é empurrada pelos canaviais que se estendem pelo sudeste.

Nesta regra, a taxa de desmatamento no Brasil aumentou 28% em 2013 (ano da alteração do Código Florestal). Sendo que 61% ocorreram em dois dos estados mais afetados por atos de violência contra ativistas: Pará (41%) e Mato Grosso do Sul (20%). Neste último, grande parte das mortes foi de índios das tribos Guarani e Kaiowa. Contraditoriamente, em terra de latifúndio e recordes de exportação de gado e soja, quem alimenta o país é a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros².

Alguns podem estar se perguntando por quê? A resposta é tão cruel quanto às mortes: nunca foi tão intensa a disputa por recursos naturais como nos dias de hoje, nunca o capitalismo foi tão degradante. Vivemos um uso de insumos contraditoriamente insustentável, com aval do Estado, reforçando uma “cultura endêmica de impunidade” – como diz o relatório. Às vezes me acho chata repetindo o mesmo discurso, o problema é que a maioria dos problemas ambientais e agrários são repetidamente de corresponsabilidade e/ou consentimento do Estado.

É tão triste quanto alarmante essa situação que vivemos, mas diante deste quadro hediondo é necessário continuarmos exigindo que o Estado garanta a proteção do ambiente e de quem luta por ele e que, acima de tudo, não nos calemos, na certeza de que “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”³.

Texto de Denise Vazquez Manfio

FONTES:

1. Global Witness. Deadly Environment report. Disponível em: http://www.globalwitness.org/deadlyenvironment/#report

 2. Portal Brasil. Agricultura familiar produz 70% de alimentos do País mas ainda sofre na comercialização. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/07/agricultura-familiar-precisa-aumentar-vendas-e-se-organizar-melhor-diz-secretario

 3. João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas (1956).

 

Laísa Mangelli

Ser um amigo da Terra é pra quem tem coragem


                            

Sim, ser um militante que luta contra a degradação ambiental e a exploração da terra como um bem te faz uma persona non grata no mundo, especialmente no Brasil. Um relatório publicado no mês de Abril pela Global Witness analisa as mortes ocasionadas por conflitos ambientais e agrários e revela que quase mil pessoas foram assassinadas por estes motivos em todo o mundo nos últimos doze anos.

Num cenário de profunda desigualdade social, vivenciando a lógica da escassez, a defesa do meio ambiente e do uso salutar da terra, nunca foi tão necessária. Contudo, com a lógica do capital imperando, nunca foi tão perigosa, fazendo de militantes ambientalistas e agrários um dos grupos mais vulneráveis dos defensores dos direitos humanos.

Entre 2002 e 2013 foi possível confirmar que 908 ativistas foram assassinados em conflitos ambientais e agrários, destes, só foram julgados, condenados e punidos 10 agressores, cerca de 1%! Destaca-se que estão de fora destes números homicídios não esclarecidos, desaparecimentos, além de ameaças e violência em decorrência destes conflitos. E, segundo o relatório, os casos estão aumentando: a média nos últimos quatro anos passou de 1 para 2 homicídios de ativistas por semana.

E não é coincidência que quem luta pela biodiversidade, pela terra indígena e pela produção saudável (para não usar o termo já esvaziado “sustentável”) de alimentos, corra um risco muito maior de ser silenciado. Nos últimos 12 anos, o Brasil deteve metade das mortes em todo o mundo por esses conflitos: foram 448 casos ao total, seguido por Honduras (109) e Filipinas (67).

A violência por conflitos ambientais e agrários no Brasil não é de hoje, só para citar um exemplo, há 25 anos morria Chico Mendes, o maior ambientalista do país e certamente um dos mais importantes que já houve no mundo. Chico Mendes era seringueiro, cujo meio de subsistência dependia da preservação da floresta Amazônica e foi assassinado por fazendeiros latifundiários, produtores de gado. Até hoje na Amazônia, o ciclo é o mesmo: desmatamento de floresta virgem para extração ilegal da madeira, seguido de criação de gado e posteriormente o cultivo de soja – que é empurrada pelos canaviais que se estendem pelo sudeste.

Nesta regra, a taxa de desmatamento no Brasil aumentou 28% em 2013 (ano da alteração do Código Florestal). Sendo que 61% ocorreram em dois dos estados mais afetados por atos de violência contra ativistas: Pará (41%) e Mato Grosso do Sul (20%). Neste último, grande parte das mortes foi de índios das tribos Guarani e Kaiowa. Contraditoriamente, em terra de latifúndio e recordes de exportação de gado e soja, quem alimenta o país é a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros².

Alguns podem estar se perguntando por quê? A resposta é tão cruel quanto às mortes: nunca foi tão intensa a disputa por recursos naturais como nos dias de hoje, nunca o capitalismo foi tão degradante. Vivemos um uso de insumos contraditoriamente insustentável, com aval do Estado, reforçando uma “cultura endêmica de impunidade” – como diz o relatório. Às vezes me acho chata repetindo o mesmo discurso, o problema é que a maioria dos problemas ambientais e agrários são repetidamente de corresponsabilidade e/ou consentimento do Estado.

É tão triste quanto alarmante essa situação que vivemos, mas diante deste quadro hediondo é necessário continuarmos exigindo que o Estado garanta a proteção do ambiente e de quem luta por ele e que, acima de tudo, não nos calemos, na certeza de que “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”³.

Texto de Denise Vazquez Manfio

FONTES:

1. Global Witness. Deadly Environment report. Disponível em: http://www.globalwitness.org/deadlyenvironment/#report

 2. Portal Brasil. Agricultura familiar produz 70% de alimentos do País mas ainda sofre na comercialização. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/07/agricultura-familiar-precisa-aumentar-vendas-e-se-organizar-melhor-diz-secretario

 3. João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas (1956).

 

Laísa Mangelli

Os limites da Terra e os desafios financeiros e ambientais


                

Os problemas ambientais do mundo já ultrapassaram os limites da Terra e a possível continuidade da melhora dos indicadores sociais estão ameaçados pela crise financeira. Nos últimos duzentos anos, o ser humano tem retirado recursos ambientais da Terra, transformando as riquezas naturais em artigos de luxo e devolvido tudo em forma de lixo, para a tristeza do Planeta. Há quem diga que os seres humanos são os vândalos do meio ambiente.

A metodologia da Pegada Ecológica mostra que a humanidade já superou em 50% o uso sustentável da biocapacidade. A metodologia das Fronteiras Planetárias mostra que estamos ultrapassando os limites seguros para a vida na Terra. O IPCC mostra que o aquecimento global é provocado pelas atividades antrópicas e atingiu os maiores níveis nos últimos 12 mil anos. Em todos os cenários, o quadro é de insustentabilidade do modelo de crescimento da produção e consumo, em um quadro de uma população e renda per capita em expansão.

Em pouco mais de dois séculos, a humanidade teve um impacto maior sobre a biosfera do que nos 200 mil anos anteriores da história do homo sapiens. Entramos na Era do Antropoceno, isto é, da dominação humana sobre a Terra e sobre as demais espécies animais e florestais. Mas ao mesmo tempo os ganhos de escala da economia estão virando deseconomias de escala e a sinergia virando entropia. As mudanças climáticas têm provocado diversos desastres naturais e têm aumentado o sofrimento dos refugiados do clima.

Levantamento da FAO mostra que 200 quilômetros quadrados de florestas foram dizimadas por dia no mundo, entre 2000 e 2005, com perda de 7,3 milhões de hectares. Somente o Brasil destruiu 3,1 milhões de hectares de florestas nesse período de 5 anos. Entre 2000 e 2010 aproximadamente 13 milhões de hectares de florestas foram convertidos para outros usos ou perdidos. Aliás, o Brasil já destruiu 93% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e a Amazônia está sendo saqueada de suas madeiras de lei e invadida pela pecuária, as plantações de soja e agora o Congresso permite a plantação de cana-de-açúcar na região. Os ecossistemas brasileiros estão sendo depredados e destruídos.

Segundo o relatório Povos resilientes, Planeta resiliente: “a sobrepesca fez com que 85% de todos os estoques de peixes fossem atualmente classificados como sobre-explorados, esgotados, em recuperação ou totalmente explorados, uma situação substancialmente pior do que há duas décadas. Enquanto isto, os escoamentos agrícolas significam que os níveis de nitrogênio e fósforo nos oceanos triplicaram desde a época pré-industrial, levando a aumentos maciços das zonas mortas costeiras. Os oceanos do mundo também estão se tornando mais ácidos em consequência da absorção de 26% do dióxido de carbono emitido na atmosfera, afetando tanto as cadeias alimentares marinhas quanto a resiliência dos recifes de corais. Se a acidificação dos oceanos continuar, é provável que haja alterações nas cadeias alimentares bem como impactos diretos e indiretos sobre diversas espécies, com consequente risco para a segurança alimentar, afetando as dietas baseadas em alimentos marinhos de bilhões de pessoas em todo o mundo” (p. 30).

Diversos rios e lagos do globo estão sendo destruídos, contaminados ou desviados para diversos usos. O rio Colorado nos Estados Unidos não chega mais ao mar. Os rios da China estão sendo represados e poluídos, gerando conflitos hidropolíticos. Nas grandes cidades brasileiras a transformação de rios em canais de esgoto segue a ritmo acelerado, como nos casos do rio Arrudas em Belo Horizonte, do rio Carioca no Rio de Janeiro e do rio Tietê em São Paulo. Por tudo isto, cresce a luta pelo “Direito das águas”.

A dependência do petróleo, de produtos químicos e o uso de métodos não-orgânicos na agricultura tem gerado agressões ao meio ambiente, provando erosão, infertilidade, desertificação, contaminação dos solos, das águas, dos animais e dos seres humanos. A pecuária não tem causado menos danos, além de acelerar o desmatamento e elevar a emissão de gás metano. A acidificação do solo e dos oceanos reduz a fertilidade em geral e ameaça a biodiversidade.

O apetite humano tem provocado o sofrimento e o desaparecimento de outras espécies de seres vivos e animais sencientes. Segundo a FAO, cerca de 60 bilhões de animais são mortos todos os anos para enriquecer a dieta dos 7,1 bilhões de habitantes do mundo. Cerca de 30 mil espécies são extintas a cada ano. A perda de biodiversidade prossegue de maneira assustadora, mostrando a gravidade dos problemas ambientais.

O Parque Nacional do Iguaçu, considerado por biólogos um dos locais com as melhores condições de abrigar uma grande população de onças-pintadas no pouco que resta da Mata Atlântica no Brasil, sofreu uma redução de mais de 80% no número de indivíduos do final dos anos 1990 para cá. De uma média de cem onças estimadas em estudo naquele período, hoje se acredita que só restem 18, de acordo com reportagem do jornal o Estado de São Paulo.

Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera saltaram 2,67 partes por milhão (ppm) chegando ao montante recorde de 395 ppm, em 2012. O registro do ano passado só ficou atrás do aumento de 2,93 ppm ocorrido em 1998. Sem surpresas, em maio de 2013, os níveis de CO2 chegaram ao limite crítico de 400 ppm. Controlar o aquecimento global nos limites dos 2 graus está ficando cada vez mais difícil.

Para agravar tudo isto, os governos continuam emitindo moeda e se endividando para elevar a “demanda agregada” (os níveis de investimento e consumo), com a boa intenção de reduzir o desemprego. Mas gerar crédito fictício pode minorar os problemas do curto prazo, mas não vai resolver os problemas de longo prazo da economia. Os Estados Unidos, por exemplo, estão paralisados pelo debate interminável sobre o teto da dívida pública (a dívida está em US$ 16,7 trilhões atualmente, mas crescendo).

Tanto as economias desenvolvidas quanto as chamadas economia emergentes estão passando por grandes incertezas e redução do crescimento. Enquanto o clima esquenta, a economia esfria. Nunca o mundo se viu diante de tão graves problemas ambientais e financeiros. Não vai ser fácil resolver esta dupla crise.

Referências:

TVERBERG, Gail. Oil Limits and Climate Change. Posted on May 23, 2013

TVERBERG, Gail. Oil Prices Lead to Hard Financial Limits, Posted on August 28, 2013

Kate Raworth. Um espaço seguro e justo para a humanidade: Podemos viver dentro de um “Donut”? Textos para Discussão da Oxfam, 2012

WWF. Relatório Planeta Vivo 2012

ALVES, JED. A destruição dos ecossistemas brasileiros, EcoDebate, Rio de Janeiro, 07/03/2013

ALVES, JED. O Decrescimento Demo-Econômico e a Sustentabilidade Ambiental. XI ENABER – XI Encontro da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, Foz do Iguaçu, 02 a 04/10/2013

 

* José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

** Publicado originalmente no EcoDebate e retirado do site CarbonoBrasil.

Fonte: Envolverde

Meio físico e meio ambiente


                          

O meio físico representa o substrato físico onde a vida se desenvolve. O grande diferencial no estudo do meio físico é o fator tempo. O planeta terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Para medir o tempo geológico são utilizados elementos radioativos contidos em certos minerais.

Estes elementos são os relógios da terra, pois sofrem um tipo especial de transformação que se processa em ritmo uniforme. Por este processo chamado radioatividade, algumas substâncias se desintegram, transformando-se em outras. Medindo as duas substâncias na rocha, podemos saber com precisão a idade.

Pela teoria mais aceita, estima-se que a formação do sistema solar teve início há seis bilhões de anos, com a contração das nuvens gasosas da Via Láctea. A poeira e os gases desta nuvem se aglutinaram pela força da gravidade, e a cerca de 4,5 bilhões de anos formaram-se várias esferas, que giravam em torno de uma esfera maior de gás incandescente que deu origem ao sol.

As esferas menores formaram os planetas, dentre eles a Terra. Devido à força da gravidade, os elementos químicos mais pesados, como o ferro e o níquel concentraram-se no núcleo, enquanto os mais leves como o silício, o alumínio e os gases permanecerem na superfície. Estes gases foram em seguida varridos da superfície do planeta por ventos solares.

Antigamente se dizia que o meio físico não tinha vida, mas após a tectônica de placas fica sem sentido dizer que a terra é inanimada. A terra pode ser comparada com um ovo. Um ovo tem gema, clara e casca, enquanto a terra tem um núcleo central equivalente à gema, uma porção intermediária denominada manto, que equivale à clara do ovo e uma última porção externa, chamada crosta, que equivale à casca do ovo.

Assim, foram sendo separadas as camadas com propriedades químicas e físicas distintas no interior do globo terrestre. Há cerca de 4 bilhões de anos, formou-se o núcleo, constituído por ferro e níquel no estado sólido, com um raio de 3.700 km. Em torno do núcleo formou-se uma camada denominada Manto, que possui aproximadamente 2.900km de espessura, constituída de material em estado pastoso, constituída por silício e magnésio.

Após, cerca de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto se separam, formando uma camada ao redor da Terra, denominada Atmosfera, com características muito semelhantes com as atuais. Na última fase, cerca de 3,7 bilhões de anos atrás, solidifica-se uma fina camada de rochas, denominada Crosta. Este material não é homogêneo. Embaixo dos oceanos tem aproximadamente 7 km de espessura, e é constituída por rochas de composição semelhante ao manto, de composição ferro-magnesiana. Nos continentes, a espessura da crosta aumenta para 30 a 35 km, sendo composto por rochas formadas por silício e alumínio e, portanto mais leves que nos fundos de oceanos.

As transformações da Terra são causadas por movimentos que ocorrem na estrutura da terra, que comparamos a um ovo. No núcleo da terra, em função do decaimento radioativo dos elementos químicos, ocorre grande produção de calor. Esta energia produz correntes de convecção no manto da terra. Estas correntes produzem lavas nas margens de construção de continentes, que movimentam as placas continentais, subaéreas ou subaquáticas.

As correntes de convecção no manto, produzidas pelo aquecimento a partir do Núcleo, movimentam os continentes num processo denominado DERIVA CONTINENTAL.

O estudo do fundo do oceano Atlântico mostrou a existência de uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formadas pela saída de magma do manto. Este material entra em contato com a água resfria torna-se sólido e dá origem a um novo fundo submarino, e à medida que cresce empurra o continente africano para leste e o continente americano para oeste, por exemplo. Este fenômeno é conhecido como expansão do fundo oceânico, e ocorre nas chamadas margens construtivas de placas.

Este mesmo processo ocorre em outras partes do planeta e faz com que os continentes se movimentem como objetos em uma esteira rolante. Para compensar a criação de placas na margem construtiva ocorre a destruição de placas nas chamadas margens destrutivas, onde as placas se chocam e as rochas de suas bordas sofrem enrugamentos e dobras sob condições de altas temperaturas e pressões, originando terremotos, dobramentos e falhamentos.

Com base nestes estudos e considerando as datações radiométricas, imagina-se que os continentes da terra estivessem agrupados há cerca de 200 milhões de anos atrás numa massa continental denominada Pangea. Então, movidas pelo processo de dinâmica interna, as placas teriam se movimentado lentamente, com a razão mínima de 2 cm/ano a 7 cm/ano até atingir a situação atual.

O movimento das placas é causado pelo vulcanismo, que se origina pela saída de rochas fundidas, denominadas Magmas, nas fissuras meso-oceânicas das denominadas margens criativas ou de construção.

No Brasil, também ocorrem terremotos e vulcões. Os terremotos são muito raros e de pequena intensidade, e somente são encontrados restos de vulcões extintos. Isto ocorre devido à localização do Brasil, que se situa distante das margens construtivas ou cadeias meso-oceânicas e longe das margens destrutivas ou zonas de subdução ou colisão.

Texto escrito por Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

 

Fonte: EcoDebate

Especial: 22 de abril – Dia da Terra


 

O dia 22 de abril é oficial e mundialmente conhecido como o Dia da Terra. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2009, mas já era comemorada nos Estados Unidos desde 1970. O senador norte-americano Gaylor Nelson foi o responsável pela ideia após presenciar os danos causados por um grande vazamento de petróleo.

 

Diante das causas que levaram à criação desta data especial, é impossível comemorá-la sem que haja uma reflexão sobre o que nós estamos fazendo com e para a Terra. Sendo assim, o CicloVivo separou algumas sugestões de como é possível honrar o nosso planeta nesta ocasião especial e em todos os outros dias.

 

Calcule a sua pegada ecológica

A pegada ecológica nada mais é do que o impacto que as nossas escolhas e hábitos geram no meio ambiente. O termo pegada é bastante apropriado, pois simboliza as marcas que nós deixamos no planeta.

A organização internacional Footprint Network disponibiliza uma ferramenta virtual que te ajuda a calcular o tamanho desta pegada. Com base nas informações disponibilizadas pelo aplicativo, é possível estabelecer novas metas e mudanças no estilo de vida, de modo a comprometer menos a natureza. Clique aqui para calcular a sua pegada ecológica.

 

Optar pelo consumo consciente

Consumir de maneira consciente é analisar o que realmente é necessário. É pensar antes de se render a qualquer impulso momentâneo, ou de imaginar que as coisas apresentadas nas propagandas são realmente imprescindíveis. Esse autocontrole impede que muito dinheiro seja gasto em itens que ficarão parados no armário ou na gaveta sem utilidade alguma. Para tornar-se um consumidor ainda melhor, analise a procedência antes de comprar, opte por produtos e alimentos produzidos localmente.

 

Deixe melhores filhos para o mundo

Se é necessário se preocupar com um mundo melhor, também é preciso deixar aqui melhores pessoas. Por isso, passe bons valores aos seus filhos. O hábito também vale para ser aplicado com sobrinhos, amigos e qualquer outra pessoa do seu convívio. Influencie quem está ao seu redor. Contagie-os de maneira a fazê-los melhores seres humanos. Esta é uma corrente que se espalha e gera bons frutos por muitas gerações.

 

Plante uma árvore

Este é um ato tão simples e prazeroso que deveria ser praticado constantemente por todos os seres humanos. Além de ajudar a minimizar parte da nossa parcela de culpa em relação aos nossos impactos ambientais, essa também é uma valorização da vida. Plantar uma árvore é a geração de um novo ser. Se possível, não fique na primeira, faça disso um hábito que trará bons frutos para o futuro.

 

Pratique boas atitudes

Compartilhar coisas boas também é uma forma de agradecer e honrar a Terra por toda a hospitalidade e beleza que ela nos oferece. Portanto, faça o mesmo. Respeite o próximo, pratique a gentileza, dê um sorriso. Se possível, vá além. Uma maneira de ultrapassar a zona de conforto é participando de algum trabalho voluntário. Use seus talentos para o bem do outro, a recompensa é imensurável.

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo

Especial: 22 de abril – Dia da Terra


 

O dia 22 de abril é oficial e mundialmente conhecido como o Dia da Terra. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2009, mas já era comemorada nos Estados Unidos desde 1970. O senador norte-americano Gaylor Nelson foi o responsável pela ideia após presenciar os danos causados por um grande vazamento de petróleo.

 

Diante das causas que levaram à criação desta data especial, é impossível comemorá-la sem que haja uma reflexão sobre o que nós estamos fazendo com e para a Terra. Sendo assim, o CicloVivo separou algumas sugestões de como é possível honrar o nosso planeta nesta ocasião especial e em todos os outros dias.

 

Calcule a sua pegada ecológica

A pegada ecológica nada mais é do que o impacto que as nossas escolhas e hábitos geram no meio ambiente. O termo pegada é bastante apropriado, pois simboliza as marcas que nós deixamos no planeta.

A organização internacional Footprint Network disponibiliza uma ferramenta virtual que te ajuda a calcular o tamanho desta pegada. Com base nas informações disponibilizadas pelo aplicativo, é possível estabelecer novas metas e mudanças no estilo de vida, de modo a comprometer menos a natureza. Clique aqui para calcular a sua pegada ecológica.

 

Optar pelo consumo consciente

Consumir de maneira consciente é analisar o que realmente é necessário. É pensar antes de se render a qualquer impulso momentâneo, ou de imaginar que as coisas apresentadas nas propagandas são realmente imprescindíveis. Esse autocontrole impede que muito dinheiro seja gasto em itens que ficarão parados no armário ou na gaveta sem utilidade alguma. Para tornar-se um consumidor ainda melhor, analise a procedência antes de comprar, opte por produtos e alimentos produzidos localmente.

 

Deixe melhores filhos para o mundo

Se é necessário se preocupar com um mundo melhor, também é preciso deixar aqui melhores pessoas. Por isso, passe bons valores aos seus filhos. O hábito também vale para ser aplicado com sobrinhos, amigos e qualquer outra pessoa do seu convívio. Influencie quem está ao seu redor. Contagie-os de maneira a fazê-los melhores seres humanos. Esta é uma corrente que se espalha e gera bons frutos por muitas gerações.

 

Plante uma árvore

Este é um ato tão simples e prazeroso que deveria ser praticado constantemente por todos os seres humanos. Além de ajudar a minimizar parte da nossa parcela de culpa em relação aos nossos impactos ambientais, essa também é uma valorização da vida. Plantar uma árvore é a geração de um novo ser. Se possível, não fique na primeira, faça disso um hábito que trará bons frutos para o futuro.

 

Pratique boas atitudes

Compartilhar coisas boas também é uma forma de agradecer e honrar a Terra por toda a hospitalidade e beleza que ela nos oferece. Portanto, faça o mesmo. Respeite o próximo, pratique a gentileza, dê um sorriso. Se possível, vá além. Uma maneira de ultrapassar a zona de conforto é participando de algum trabalho voluntário. Use seus talentos para o bem do outro, a recompensa é imensurável.

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo

Facebook pode usar avião solar para levar internet aos pontos mais remotos da Terra


      

 

Os planos de Mark Zuckeberg são ambiciosos. O empresário que já é o dono de algumas das principais redes sociais do mundo planeja tornar a internet algo acessível a qualquer pessoa. Para alcançar os pontos mais remotos da Terra o norte-americano deve contar com a ajuda de um avião solar.

 

A aeronave utilizada deve ser a Solara 60, fabricada pela Titan Aerospace. Equipado com três mil painéis solares, o avião não tripulado tem autonomia média para percorrer 4,36 milhões de quilômetros a cada voo, com velocidade média de 100 km/h.

 

De acordo com o site norte-americano Tech Crunch, a negociação entre as duas empresas gira em torno de 60 milhões de dólares e o Facebook deve contar inicialmente com 11 mil aviões solares.

 

O Solara 60 já foi testado em 2013 e, conforme informado pela fabricante, funciona como uma espécie de satélite atmosférico. A aeronave pode ajudar a conduzir diferentes tipos de operações na órbita terrestre com impactos muito menores que os sistemas tradicionais.

 

Conforme divulgado pela mídia internacional, a internet distribuída por Mark Zuckeberg não será exclusiva. Ela fará parte do Internet.org, um sistema criado pelo Facebook em parceria com seis companhias de telefonia para levar a internet, mesmo que básica, a todos.

Fonte: CicloVivo