Carta aberta pede maior transparência na gestão da água em São Paulo


Documento assinado por 64 organizações foi enviado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e à diretora-presidente da Sabesp, Dilma Pena.

                                             

A Rede Nossa São Paulo encaminhou ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e à diretora-presidente da Sabesp, Dilma Pena, a Carta Aberta “Por Maior Transparência nas Questões das Águas”.

O documento, que é assinado por 64 organizações, propõe, entre outras medidas, que a sociedade seja informada sobre a real condição dos reservatórios e das ações que serão necessárias para vencer a crise da água neste e no próximo ano.

Entregue nesta terça-feira (15/7), a carta aberta apresenta as seguintes perguntas ao governo estadual:

  • Qual o impacto do uso do volume morto na qualidade da água e na saúde pública?
  • A solução de usar a capacidade de outros sistemas pode dar conta das necessidades de todos aqueles que dependem das bacias que serão interligadas? E por quanto tempo?
  • Caso o regime de chuvas do próximo verão seja semelhante ao do verão passado, existe algum plano de emergência para a cidade? Esse plano, se existir, não deveria começar a ser adotado desde agora?.

Lançado pelo Instituto Ethos, Instituto Socioambiental e Rede Nossa São Paulo durante o debate “Crise da Água: Desafios e Soluções”, o documento recebeu a adesão de outras 61 organizações pela internet.

Confira a seguir a íntegra da Carta Aberta “Por Maior Transparência nas Questões das Águas” e a relação de organizações signatárias.

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

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Carta Aberta: Por Maior Transparência nas Questões das Águas

O Brasil detém 12% das reservas de água potável do mundo. Esse fato consolidou uma ideia de abundância que não condiz com o momento atual. A visão de que esse recurso é infinito vem promovendo uma cultura de gestão da água que não prevê estratégias para momentos de aumento de escassez como este pelo qual está passando boa parte das regiões Sul e Sudeste do país, onde vivem 60% da população.

Exemplo dessa visão é o cenário a que chegamos agora: a capital paulista e a região metropolitana estão com os reservatórios que as abastecem virtualmente secos e a população de um dos maiores centros urbanos do mundo não sabe quase nada a respeito da real situação.

De acordo com dados divulgados pelos meios de comunicação em 30 de maio, o Sistema Cantareira estava com 25% de sua capacidade, já contando o “volume morto”, baixando o volume em 0,1 a 0,2% diariamente. A continuar nesse ritmo, os reservatórios estarão secos entre 125 e 250 dias. Para prevenir maior escassez, alguns bairros de São Paulo já começaram a ser abastecidos por água transferida de outros sistemas, como a própria Sabesp confirmou.

Ainda conforme informações da imprensa, a escassez de água já era uma realidade para pelo menos 1,6 milhão de pessoas da região metropolitana da capital desde 2012.  E pesquisa do Datafolha feita em 31 de maio último revelou que 35% dos paulistanos afirmam que sofreram com falta de água durante o mês de maio deste ano.

As respostas do governo estadual e da Sabesp não têm sido suficientes para esclarecer a população paulistana e demonstrar que as autoridades estão conscientes da gravidade da situação e adotando as medidas que o momento exige, por mais impopulares que possam ser.

Em outras palavras, a água potável que abastece São Paulo está acabando, a cidade pode ter de enfrentar em breve um profundo racionamento e a reação do governo estadual tem sido desproporcional à gravidade do problema.

Portanto, diante das sérias consequências sociais, políticas e econômicas que a escassez de água pode acarretar ao Estado de São Paulo, nós, as entidades aqui subscritas, dirigimo-nos ao exmo. sr. governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, apelando ao seu civismo e espírito democrático, para reivindicar mudanças profundas na abordagem da questão da água, independente do calendário eleitoral.

Propomos:

– Transparência total nos dados. É importante manter a sociedade informada sobre a real condição dos reservatórios e das ações que será necessário adotar, mesmo em caso de chuvas, respondendo as seguintes perguntas: Qual o impacto do uso do volume morto na qualidade da água e na saúde pública? A solução de usar a capacidade de outros sistemas pode dar conta das necessidades de todos aqueles que dependem das bacias que serão interligadas? E por quanto tempo? Caso o regime de chuvas do próximo verão seja semelhante ao do verão passado, existe algum plano de emergência para a cidade? Esse plano, se existir, não deveria começar a ser adotado desde agora?

– Criar uma comissão formada por representantes da academia, das empresas, da sociedade civil e de secretarias de governo para discutir as ações de curto, médio e longo prazos, bem como planos estratégicos que previnam situações semelhantes no futuro.

Movidos pelo mais alto espírito público é que nos manifestamos e encaminhamos este documento a vossa excelência.

Assinam esta carta aberta as seguintes organizações:

Rede Nossa São Paulo
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
Instituto Socioambiental (ISA)

Abong Regional São Paulo
ACTI – Ação Comunitária Todos Irmãos
Agente Consultoria Empresarial
Associação Bem Comum
Associação Bragança Mais
Associação das Corujas
Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico
Brazucah Produções
Campinas Que Queremos
Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds)
Clear Corp Solutions
Comunidade Cidadã
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo
D Giacomo
Eccaplan Consultoria em Sustentabilidade
Ecocar Limpo Ltda.
Ecolinkbrasil
Ecosurf
Edem – Espaço de Desenvolvimento Multidimensional
ER Ambiental
Escola de Governo
Espaço de Formação Assessoria e Documentação
Etage Ind. e Com. Ltda.
Fluxus Design Ecológico
Fórum Pró-Cidadania
Fundación Avina
Gestao4 Assessoria Empresarial
Grupo de Trabalho de Meio Ambiente da Rede Nossa São Paulo
Ibeac – Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário
Impermeabiliza
Instituto Akatu
Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais (Ipesa)
Instituto Democracia e Sustentabilidade
Instituto EcoFaxina – Limpeza, Monitoramento e Educação Ambiental
Instituto Paulo Freire
Joselia FLM
Kadosh Ambiental
Marcha Mundial do Clima / Brasil
Marli Ines Copini Jahn ME
Metanóia Planeta Sustentável
Movimento Orgânico
Movimento Voto Consciente
Muda de Ideia & Imagem Ltda.-ME
MZ Editoração e Serviços Ltda.
Neporandu Cultural
Novaterra Ambiental
Oficina de Materiais Recicláveis de Itapevi
Oscip Ecolmeia
Pacelli Engenharia Civil Ltda.
Pirapama 512 Assessoria e Treinamento LTDA ME
Quimicryl S.A.
Recicologia’s Consultoria Ambiental
Rede de ONGs da Mata Atlântica
RL Sistemas de Higiene
Saap – Associação dos Amigos de Alto de Pinheiros
Simtetaxi-SP
SOS Clima Terra
Tabet Advogados Assessoria Ambiental
Viração Educomunicação
Vitaluz Eventos Culturais Ltda.-ME
Viva! Sustentabilidade em Eventos

Fonte: ETHOS