Carros elétricos são um desafio para supermercados e postos de gasolina


Um veículo elétrico conectado para uma carga nas estações de carregamento em um estacionamento do Walmart em Duarte, Califórnia, em 14 de setembro de 2018 (AFP)

A ascensão dos carros elétricos está se mostrando um desafio não apenas para as montadoras, mas também para os postos de gasolina, supermercados e shoppings obrigados a se adaptar à medida que cada vez mais veículos desse tipo entram em circulação, dizem os especialistas.

“Trabalho com o negócio de varejo de combustível há 20 anos, e há três anos não havia nenhum interesse em carregar veículos elétricos”, disse John Eichberger, diretor executivo do Fuels Institute, um ‘think tank’ orientado para a pesquisa.

“Eles pensavam que isso era a maior ameaça ao seu modelo de negócios. Mas agora eles perceberam que são seus clientes”, acrescentou Eichberger durante um painel de discussão esta semana no Los Angeles Auto Show.

Um grande problema para os postos de gasolina tradicionais é o mínimo de 20 a 30 minutos necessários para carregar um veículo elétrico, em oposição à média de três minutos e meio que os clientes normalmente gastam enchendo o tanque de seus carros com gasolina. Esse tempo inclui as compras que com frequência são feitas na loja de conveniência, observou Eichberger.

Ele disse que embora a maioria das pessoas hoje carregue seus veículos elétricos em casa ou no trabalho, os postos de gasolina tradicionais – cerca de 145 mil nos EUA – poderiam instalar carregadores elétricos rápidos para atender ao crescente número de proprietários de veículos elétricos.

“Junto com as ofertas de serviços de alimentação e o Wi-Fi gratuito, isso poderia dar a oportunidade de desenvolver um modelo de negócios em torno dessa base de clientes que pode ser adicionado ao modo de negócios existente”, disse. “Estamos vendo muitos deles começarem a fazer isso e descobrir o que faz sentido para seus clientes”.

O mesmo desafio aparece nos supermercados que estão oferecendo cada vez mais estações de carregamento.

“Os dados que vejo sugerem que, em 20 anos, mais de 30% dos veículos em circulação serão algum tipo de carro elétrico que requer alguma forma de carregamento”, disse Ed Hudson, diretor sênior de pesquisa corporativa da Kroger, uma das maiores redes de supermercados dos EUA.

Mudança nos estacionamentos

“Isso vai mudar os estacionamentos”, disse Hudson. “Onde colocaremos todos esses carregadores de veículos elétricos? Quantas empresas diferentes tentam criar seu próprio sistema proprietário, como a Tesla? Isso vai tornar tudo muito complicado”, acrescentou, apontando o alto custo da instalação de estações de carregamento em estacionamentos.

Um desafio, dizem os especialistas, é o fato de que a maioria das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos – o segundo maior mercado depois da China – está concentrada na costa oeste e na costa leste, onde as redes de supermercados estão em pequenos terrenos e onde os imóveis são muito caros.

O mesmo se aplica aos shopping centers, que muitas vezes precisam obedecer a regulamentos estritos.

“Existem inúmeras restrições nos contratos de aluguel que restringem nossa capacidade de trabalhar em determinados locais”, disse Daniel Segal, vice-presidente de desenvolvimento de negócios do Simon Property Group, líder global na propriedade de shopping centers.

“Não somos limitados apenas pelo que fazemos com o carregamento de veículos elétricos”, disse Segal. “Ainda temos essa coisa chamada compras e construção de lojas de varejo (…) pressionando ainda mais nossas próprias estruturas de estacionamento”.

De acordo com o Edison Electric Institute, havia quase 1,2 milhão de veículos elétricos nas estradas dos EUA no final de março, e as vendas aumentaram 81% em 2018 em relação ao ano anterior.

Esse número de veículos elétricos nos EUA deve atingir 18,7 milhões em 2030.

AFP

Walmart assume política de desmatamento zero para a carne vendida na rede


iStock.com / sergeyryzhov

A rede multinacional Walmart veio a público anunciar seu compromisso com a política de desmatamento zero, que prevê o impedimento na entrada de produtos oriundos ilegalmente da Amazônia. A empresa estadunidense apresentou em conjunto seu plano de comunicações, visando informar e conscientizar os clientes a respeito da origem dos seus produtos.

O Walmart confirmou a criação de um sistema de monitoramento e gestão de riscos de carne bovina, desenvolvido com o objetivo de garantir o cumprimento da nova política também para os seus fornecedores (como é o caso das fazendas de gado da Amazônia, por exemplo).

“A ferramenta integra dados de georreferenciamento que mapeiam desmatamento, terras indígenas e unidades de conservação com informações de listas públicas sobre áreas embargadas e trabalho escravo”, diz a empresa em nota oficial divulgada em seu site.

Importante destacar que o posicionamento da loja foi anunciado após pressão do Greenpeace e de seus consumidores, que tomou grandes proporções com a campanha “Carne ao Molho Madeira”, lançada no fim do último ano. A expectativa da rede é entregar ao consumidor a garantia de origem de toda carne até 2017.

A nova política do Walmart exigirá também que fornecedores não localizados na região da Amazônia deverão também se adequar aos novos padrões, que atendem aos formatos estabelecidos pelo Desmatamento Zero e o demais critérios do Compromisso Público da Pecuária.

Com a notícia, o setor pecuário é o que tem mais a se beneficiar, já que continua sendo a atividade que mais desmata a floresta e ocupa cerca de 60% das áreas abertas na Amazônia, de acordo com o governo federal. A expectativa é para que as outras redes do setor, que ainda não estão aptas aos novos moldes, sigam os passos do Walmart.

Fonte: Pensamento Verde