Rússia descobre cinco novas ilhas no Ártico após derretimento de geleiras


Soldados russos na base militar da ilha de Kotelny, no Círculo Polar Ártico (AFP/Arquivos)

A Marinha russa anunciou, nesta terça-feira (22), a descoberta de cinco novas ilhas que emergiram em meio ao derretimento de geleiras no Ártico.

As ilhas foram cartografadas em uma expedição realizada em agosto e setembro. Estavam escondidas sob geleiras, disse o chefe da frota, o vice-almirante Alexander Moiseyev, acrescentando que ainda não foram “batizadas”.

“Isso se deve, principalmente, é claro, às mudanças na situação do gelo”, declarou Moiseyev, que liderou a expedição, em uma entrevista coletiva em Moscou.

“Antes, eram geleiras. Achávamos que faziam parte da mesma geleira”, acrescentou, explicando que “o derretimento, o colapso e as mudanças de temperatura fizeram estas ilhas ficarem expostas”.

A perda de glaciares no Ártico entre 2015 e 2019 foi maior do que em qualquer outro período de cinco anos anterior já registrado, informou a ONU em um relatório sobre o aquecimento global do mês passado.

A Rússia instalou uma série de bases militares e científicas no Ártico nos últimos anos. O interesse é crescente, à medida que o aumento das temperaturas vai abrindo novas vias para a navegação e torna possível que sejam explorados recursos minerais até então inacessíveis.

Cerca de 60 pessoas participaram de uma expedição neste verão aos arquipélagos Terra de Francisco José e Nova Zembla, incluindo civis da Sociedade Geográfica russa. Foi a primeira em que se usou um rebocador de resgate, no lugar de um quebra-gelo.

Durante a expedição, o Ministério da Defesa anunciou que encontrou cinco novas ilhas na baía de Vize, frente a Nova Zembla, um grande arquipélago montanhoso com duas ilhas principais.

Estas ilhas já haviam sido detectadas por satélite, mas a expedição foi a primeira a avistá-las.

Além disso, a instituição confirmou a existência de uma ilha que previamente havia sido cartografada como uma península de Hall Island, parte do arquipélago da Terra de Francisco José, ao oeste de Nova Zembla.

AFP

Aquecimento global deve extinguir 30% das espécies do planeta até 2050


Segundo economista, se a temperatura da Terra subir os dois graus previstos, a fauna e a flora das áreas naturais de todo o mundo estarão ameaçadas

 

aquecimento

 

A economia mundial deverá definir, de forma urgente, uma estratégia para proteger os ambientes naturais de forma a garantir a sobrevivência da população e da biodiversidade do planeta. O alerta foi feito pelo economista e ecólogo, Sérgio Bessermann Vianna, durante o VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), evento internacional realizado em setembro, em Curitiba.

“A natureza não se recompõe na mesma velocidade da utilização dos recursos naturais necessários para viabilizar o aumento da produção de alimentos e de bens de consumo que a demanda exige. O meio ambiente está no limite para a entrega de serviços que garantem o bem-estar e a sobrevivência da humanidade”, afirmou o economista. Segundo ele, o planeta já ultrapassou três dos nove limites apresentados no estudo ‘Um espaço operacional seguro para a humanidade’, coordenado pelo pesquisador Johan Rockstrom, da Universidade de Estocolmo.

De acordo com o estudo, ‘limites planetários’ são processos que influenciam a habilidade do planeta de manter seus ecossistemas e processos naturais em equilíbrio, o que é indispensável para garantir a sobrevivência e a qualidade de vida das populações. O estudo mapeou nove elementos que são fundamentais para a sustentabilidade da Terra: controle das mudanças climáticas; (alteração na) acidificação dos oceanos; interferência nos ciclos globais de nitrogênio e de fósforo; uso de água potável; alterações no uso do solo; carga de aerossóis atmosféricos (partículas sólidas ou líquidas que ficam suspensas no ar como poeira, fuligem e fumaça); poluição química; e a taxa de perda da biodiversidade, tanto terrestre como marinha. Dos nove, as atividades humanas já ultrapassaram os limites adequados para três: mudanças climáticas, biodiversidade e concentração de nitrogênio na atmosfera.

Vianna afirmou que o uso de fosfatos nitrogenados, base da agricultura moderna, cresceu de forma assustadora nos últimos seis anos. As consequências disso, segundo ele, impactam nos oceanos, onde é percebido o aumento das zonas mortas, áreas onde os níveis de oxigênio sofrem perdas e as espécies marinhas não podem sobreviver. “Isso é inaceitável”, ressalta.

Uma solução, segundo o economista, é que a agricultura adote a combinação de produção e rotação, associada a novas técnicas agrícolas como a agroecologia, que estabelece relações harmônicas entre a agricultura e o meio ambiente, buscando a integração equilibrada da atividade agrícola com ações de preservação.

Para Malu Nunes, diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, a Adaptação com Base em Ecossistemas (AbE) pode contribuir para um aproveitamento mais adequado e inteligente dos recursos naturais. Apesar de estabelecer parâmetros para as comunidades se adaptarem às mudanças climáticas, as estratégias de AbE são bons exemplos que podem ser aplicados para outros fins. “Mexer na microbiota das raízes das plantas cultivadas para que elas absorvam mais nitrogênio ao invés de despejarmos toneladas dele para adubar os solos é um bom exemplo de aproveitamento inteligente dos recursos naturais” disse.

A Fundação Grupo Boticário lançou em janeiro deste ano o estudo ‘Adaptação Baseada em Ecossistemas: oportunidades para políticas públicas em mudanças climáticas’. O modelo prevê o aproveitamento dos serviços ambientais providos pelos ecossistemas conservados, bem como da sua biodiversidade, como parte de uma estratégia de adaptação mais ampla para auxiliar as pessoas e as comunidades a se adaptarem aos efeitos negativos das mudanças climáticas (como secas e enchentes) em níveis local, nacional, regional e global.

Unidades de conservação podem se tornar ineficazes

No que diz respeito à biodiversidade, Vianna enfatizou que 20% a 30% das espécies vivas conhecidas podem ser extintas até 2050. Parte dessa perda será provocada pelas mudanças climáticas. Vianna afirmou que, se confirmados, os dois graus previstos para o aumento da temperatura da Terra colocarão em risco a fauna e flora das áreas naturais de todo o mundo. “O risco de perda de espécies até mesmo em ambientes protegidos é alto diante do cenário climático previsto para os próximos anos”, disse.

Segundo ele, é necessário que o debate sobre o aquecimento global se amplie e resulte em ações efetivas de prevenção à biodiversidade. “Dois graus Celsius mudam tudo e significam que a fauna e flora não estarão mais protegidas mesmo nos parques nacionais. Com relação às mudanças climáticas, a única questão previsível é que já entramos no território do imprevisível”.

Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.439 projetos de 482 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br

 

in EcoDebate, 14/10/2015

Água do mar sobe


Nível do mar subiu em média 8 centímetros desde 1992

Dados da Nasa mostram que aumento do nível do mar deve manter-se nos próximos anos

 

O nível do mar subiu, em média, quase 8 centímetros em todo o mundo desde 1992 devido ao aquecimento global, informou nessa quarta-feira (26) a agência especial norte-americana (Nasa, a sigla em inglês), alertando que a tendência deverá manter-se nos próximos anos.

Um grupo de cientistas da agência apresentou os mais recentes dados sobre o aumento do nível da água do mar em todo o mundo – que foi, em média, 7,62 centímetros superior ao de 1992 –, apesar de o panorama variar em diferentes regiões. Em alguns casos, o nível chegou a superar os 22 centímetros.

A Nasa também publicou um vídeo, com os dados obtidos pelos seus satélites, em que se verifica, por uma gradação de cores, a evolução em cada parte do mundo nos últimos 23 anos.

As costas da Ásia e Oceania, no Pacífico, juntamente com o Mediterrâneo Oriental e a costa da América, foram as mais prejudicadas pela subida do nível do mar.

O aquecimento global, provocado principalmente pela atividade humana, é o principal culpado pelo aumento do nível dos oceanos e dos mares, na medida em que é responsável pelo degelo da Antártida e pela subida da temperatura da água.

“É muito provável que a situação piore no futuro”, alertou Steve Nerem, geofísico da Universidade do Colorado, durante a apresentação dos dados.

Os cientistas alertaram que mesmo que sejam tomadas medidas para tentar reverter a situação, seriam necessários séculos para voltar aos níveis anteriores às alterações climáticas.

A subida do nível da água do mar põe em risco o futuro de inúmeras cidades e povoações costeiras, ameaçando fazer desaparecer uma série de ilhas e, no caso do Pacífico em especial, países inteiros.

Da Agência Lusa / ABr, in EcoDebate, 28/08/2015

Água do mar sobe


Nível do mar subiu em média 8 centímetros desde 1992

Dados da Nasa mostram que aumento do nível do mar deve manter-se nos próximos anos

 

O nível do mar subiu, em média, quase 8 centímetros em todo o mundo desde 1992 devido ao aquecimento global, informou nessa quarta-feira (26) a agência especial norte-americana (Nasa, a sigla em inglês), alertando que a tendência deverá manter-se nos próximos anos.

Um grupo de cientistas da agência apresentou os mais recentes dados sobre o aumento do nível da água do mar em todo o mundo – que foi, em média, 7,62 centímetros superior ao de 1992 –, apesar de o panorama variar em diferentes regiões. Em alguns casos, o nível chegou a superar os 22 centímetros.

A Nasa também publicou um vídeo, com os dados obtidos pelos seus satélites, em que se verifica, por uma gradação de cores, a evolução em cada parte do mundo nos últimos 23 anos.

As costas da Ásia e Oceania, no Pacífico, juntamente com o Mediterrâneo Oriental e a costa da América, foram as mais prejudicadas pela subida do nível do mar.

O aquecimento global, provocado principalmente pela atividade humana, é o principal culpado pelo aumento do nível dos oceanos e dos mares, na medida em que é responsável pelo degelo da Antártida e pela subida da temperatura da água.

“É muito provável que a situação piore no futuro”, alertou Steve Nerem, geofísico da Universidade do Colorado, durante a apresentação dos dados.

Os cientistas alertaram que mesmo que sejam tomadas medidas para tentar reverter a situação, seriam necessários séculos para voltar aos níveis anteriores às alterações climáticas.

A subida do nível da água do mar põe em risco o futuro de inúmeras cidades e povoações costeiras, ameaçando fazer desaparecer uma série de ilhas e, no caso do Pacífico em especial, países inteiros.

Da Agência Lusa / ABr, in EcoDebate, 28/08/2015

Erosão marinha na costa brasileira


Erosão marinha na costa brasileira: depois da falta de prioridade, busca-se às pressas fazer qualquer tipo de intervenção na falésia do Cabo Branco. Entrevista especial com Williams Guimarães

 

“O nível do mar não deixou de variar durante o período geocronológico do nosso Planeta e isso ocasiona mudanças na linha de costa, tornando esse processo inevitável”, diz o geógrafo.

 

Foto: J.C Alvarez / http://bit.ly/291RP0R
 

No último século, o nível do mar subiu entre 10 e 20 cm, o que caracteriza cerca de 1 a 2 mm por ano. Embora se trate de um “ciclo natural”, a elevação dos últimos anos também está relacionada à “expansão térmica dos oceanos, ocasionada peloaquecimento global”, e os impactos dessa elevação “variam muito em função da configuração do tipo de cada costa”, diz Williams Guimarães em entrevista por e-mail à IHU On-Line.

 

Segundo o geógrafo, a subida do nível do mar “é uma das várias causas que acelera o processo erosivo costeiro e pode permitir à costa retornar para um cenário semelhante ao fim da última glaciação, que ocorreu há aproximadamente 11.000 anos”. Partindo desse pressuposto, explica, “entende-se que o nível do mar está subindo e a grande diferença agora é a presença dos seres humanos, que se concentram cada vez mais na zona costeira, sem saber ao certo quando ou como a areia começará a se deslocar”.

No Brasil, exemplifica, alguns efeitos já podem ser observados na falésia do Cabo Branco, em João Pessoa, na Paraíba, onde a prefeitura decretou estado de emergência na semana passada. “A orla do município de João Pessoa, em razão de processos naturais e antrópicos, enfrenta a erosão marinha. Estes fenômenos naturais, amplificados por ações antrópicas, atingem, principalmente, a Praia do Seixas, Ponta do Cabo Branco e o trecho da Praia do Cabo Branco defronte à Praça de Iemanjá”, informa o geógrafo. De acordo com ele, na costa brasileira “ocorre mais erosão costeira continente adentro, associado a vários fatores naturais e antrópicos do que mais precisamente mudanças significativas no nível do mar”.

Na avaliação do geógrafo, “efetivamente tem-se feito muito pouco” no sentido de promover ações de mitigação para solucionar os problemas na região, apesar de a área já ter sido “estudada por décadas”. O último estudo, diz, foi realizado entre 2007 e 2009 e apresentou um “levantamento detalhado da área com dados primários apontando as fragilidades do ecossistema local, por meio de diagnósticos do meio físico e biótico, apontando os tipos de soluções de intervenção mais adequadas sugeridas para esta área”.

O estudo, informa, foi discutido em audiência pública com técnicos, membros da sociedade civil organizada e órgãos governamentais do meio ambiente do município e do estado, mas foi interrompido pela burocracia. “Fui um dos que apresentaram estes estudos a vários setores da sociedade paraibana, desde 2010 até 2012, objetivando mitigar o problema da erosão acentuada deste ambiente que tem uma variação significativa entre 0,46 e 1,92 metros por ano — dados obtidos por esses estudos. Devido às condições burocráticas e à falta de prioridade em fazer algum tipo de intervenção na área, a mesma encontra-se em estado de calamidade ao longo destes anos. Contudo, após pressão de quase toda a sociedade paraibana, busca-se às pressas fazer qualquer tipo de intervenção neste ambiente que, diga-se de passagem, é muito preocupante”, lamenta.

Williams da Silva Guimarães de Lima é graduado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, mestre em Geodinâmica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Atualmente é professor da Escola das Engenharias, Arquitetura e Tecnologias da Faculdade Internacional da Paraíba.

Confira a entrevista.

 

Imagem aérea do Farol do Cabo Branco
Foto: Reprodução/Clilson Jr

 

IHU On-Line – Já é possível identificar quais são as razões de por que o nível do mar está avançando sobre a costa?

Williams Guimarães – No tocante a este questionamento, considera-se que o nível do mar não deixou de variar durante o período geocronológico do nosso Planeta e isso ocasiona mudanças na linha de costa, tornando esse processo inevitável. Alguns estudos apontam que, durante a última década, o nível médio do mar subiu em média 2,5 mm por ano, sugerindo, assim, que durante o século XX, por exemplo, o nível do mar subiu cerca de 10 a 20 cm, ou seja, de 1 a 2 mm por ano. Contudo, essa elevação não foi uniforme sobre a superfície total dos oceanos. Além disso, essa alta estava correlacionada com a expansão térmica dos oceanos, ocasionada pelo aquecimento global. Os impactos decorrentes de tal elevação, em regra geral, não são constantes e variam muito em função da configuração do tipo de cada costa.

 

Como se trata de um ciclo natural, decorrente em nosso Planeta, sugere-se que as praias sofrerão modificações bem mais importantes que no passado recente. A subida do nível do mar é uma das várias causas que acelera o processo erosivo costeiro e pode permitir à costa retornar para um cenário semelhante ao do fim da última glaciação, que ocorreu há aproximadamente 11.000 anos, quando a elevação do nível do mar foi rápida (em termos geológicos). Partindo desse pressuposto, entende-se que o nível do mar está subindo e a grande diferença agora é a presença dos seres humanos, que se concentram cada vez mais na zona costeira, sem saber ao certo quando ou como a areia começará a se deslocar.

IHU On-0Line – Quais são as informações mais recentes acerca do avanço do nível do mar sobre a costa brasileira? É possível saber quanto o nível do mar aumentou nos últimos anos no Brasil?

Williams Guimarães – No que diz respeito ao avanço do nível do mar na costa brasileira, temos que levar em consideração que o litoral brasileiro é muito extenso, que possui comportamento distinto, além de sua dinâmica em decorrência dos mais variados fatores, tais como declividade da plataforma continental, disponibilidade de suporte sedimentar, variação de alturas das ondas, ventos, predisposição das praias às ondas de tempestades, dentre tantos outros aspectos. Por conta disso, as situações com relação ao nível do mar variam bastante; por exemplo, existem praias erosivas, que nos dão uma falsa impressão de que o nível do mar está aumentando.

Outro fenômeno que se deve levar em consideração são os lugares em que a amplitude da maré (preamar e baixa-mar) varia muito, podendo confundir num estudo de aumento do nível do mar. Vamos fazer uma analogia levando em consideração as regiões Norte e Nordeste brasileiras. Existem regiões em Macapá-AP, Norte do Brasil, em que a diferença entre a maré alta e baixa chega a quase 16 metros. Em João Pessoa-PB, Nordeste brasileiro, essa diferença não chega a mais que 2,8 metros. Vale ressaltar que esta diferença acarreta um recuo em cerca de metros a quilômetros na praia. A resposta à pergunta se a Linha de Costa sofre com a Elevação do Nível do Mar vai depender de suas características geológicas/geomorfológicas.

Sendo assim, pode-se considerar uma variação de efeitos que poderão oscilar entre nenhum (costão rochoso), erosão (praias arenosas, falésias sedimentares) e inundação (áreas baixas frequentemente ocupadas por manguezais ou pântanos), sendo esse considerado um cenário bem mais pessimista, segundo estudos realizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), entre 1990 e 2001. No Brasil, ocorre mais erosão costeira continente adentro associada a vários fatores naturais e antrópicos do que mais precisamente mudanças significativas no nível do mar. O nível do mar está subindo? Fica difícil garantir, pois os efeitos de um possível aumento do nível do mar agem de formas diferenciadas, de região para região, de uma maneira imperceptível aos nossos olhos.

"A gravidade dos impactos dependerá de quanto esta elevação se dará, mas sabe-se que os efeitos serão de grandes proporções em escala global"

 

IHU On-0Line – Hoje, a elevação do nível do mar já afeta, direta ou indiretamente, as atividades costeiras? Como?

Williams Guimarães – A gravidade dos impactos dependerá de quanto esta elevação se dará, mas sabe-se que os efeitos serão de grandes proporções em escala global. Por exemplo, as inundações costeiras já são maiores e mais frequentes do que eram no início do século XX. Outros efeitos em decorrência do aquecimento global ampliarão os impactos, devido ao aumento de tempestades e tufões provocando nas costas enormes estragos, incluindo perdas de muitas vidas. Outro fenômeno são as intensificações do regime de chuvas que caem no litoral, aumentando os estragos. Também se deve levar em consideração a altura média das ondas, que tendem a aumentar, tanto pelo efeito de tempestades mais repetidas quanto por mudanças no padrão dos ventos e das correntes marinhas, ocasionadas por interferência do aquecimento global.

IHU On-0Line – Segundo as últimas notícias, a barreira do Cabo Branco, em João Pessoa, ameaça desabar por causa do impacto das ondas do mar. Quais são os riscos? Algo já está sendo feito para evitar tais riscos?

Williams Guimarães – A orla do município de João Pessoa, em razão de processos naturais e antrópicos, enfrenta aerosão marinha. Estes fenômenos naturais, amplificados por ações antrópicas, atingem, principalmente, a Praia do SeixasPonta do Cabo Branco e o trecho da Praia do Cabo Branco defronte à Praça de Iemanjá. Os processos nas áreas em situação crítica de erosão podem ser resumidos em:

• falta do fornecimento de sedimentos;
• desaparecimento da praia de proteção;
• ataque das ondas ao pé da falésia;
• formação do entalhe de erosão;
• grandes desmoronamentos;
• falésias atuais com forte talude;
• ocupação do solo associada ao desmatamento;
• alterações da permeabilidade do solo e drenagem.

Como se pode observar, os efeitos da erosão na Falésia do Cabo Branco são inúmeros e não somente pela ação do batimento das ondas no sopé da falésia, fenômeno esse considerado coadjuvante. Os riscos são vários, desde acarretar a perda do patrimônio público até colocar em risco a integridade física dos usuários. Vale ressaltar que oFarol do Cabo Branco, um dos vários pontos turísticos do Estado da Paraíba, em termos de visitação representa 71% de turistas. A estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Arte (Estação Ciência) tem quase 56% de visitação por turistas, e não podemos desassociar isto ao colocar em risco a integridade física destes usuários.

No que diz respeito às ações de mitigações destes problemas ocorridos na área, efetivamente tem-se feito muito pouco. Vale ressaltar que a área já foi estudada por décadas. Nos últimos estudos gerenciados pela Fundação Apolônio Sales da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que envolveu pesquisadores também daUniversidade Federal de PernambucoUniversidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Ceará, ocorrida entre 2007 e 2009, fez-se um levantamento detalhado da área com dados primários apontando as fragilidades do ecossistema local, por meio de diagnósticos do meio físico e biótico, apontando os tipos de soluções de intervenção mais adequadas sugeridas para esta área.

Estes estudos passaram por audiência pública, foram amplamente discutidos com técnicos competentes, além da sociedade civil organizada e órgãos governamentais do meio ambiente, tanto do município quanto do estado. Fui um dos que apresentaram estes estudos a vários setores da sociedade paraibana, desde 2010 até 2012, objetivando mitigar o problema da erosão acentuada deste ambiente que tem uma variação significativa entre 0,46 e 1,92 metros por ano — dados obtidos por esses estudos. Devido às condições burocráticas e à falta de prioridade em fazer algum tipo de intervenção na área, a mesma encontra-se em estado de calamidade ao longo destes anos. Contudo, após pressão de quase toda a sociedade paraibana, busca-se às pressas fazer qualquer tipo de intervenção neste ambiente que, diga-se de passagem, é muito preocupante. As intervenções que se propõem na atual conjuntura vão de encontro aos estudos realizados pelas instituições acima mencionadas.

Imagem da Falésia do Cabo Branco
Foto: Walla Santos / MP/PB

IHU On-0Line – Como é feito o monitoramento do aumento do nível do mar no Brasil?

Williams Guimarães – Normalmente, este monitoramento é feito em parceria com instituições de ensino superior, tanto nacionais, como Universidade Federal de PernambucoUniversidade Federal do Ceará e Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, quanto instituições internacionais, como o próprio IPCC, que trabalham com tratos desta natureza.

IHU On-0Line – O Brasil já tem algum tipo de política para prevenir a destruição de regiões localizadas próximo à costa, caso o nível do mar continue aumentando? Que políticas ou ações poderiam ser realizadas para conter os possíveis impactos causados pelo avanço do nível do mar nas comunidades costeiras?

Williams Guimarães – O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima – Projeto Orla surge como uma ação no âmbito do Governo Federal, conduzida pelo Ministério do Meio Ambiente, em consonância com a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos e a Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para buscar implementar uma política nacional que harmonize e articule aspráticas patrimoniais e ambientais com o planejamento de uso e ocupação desse espaço que constitui a sustentação natural e econômica da Zona Costeira.

O desafio deste projeto é lidar com a diversidade de situações representadas por uma extensa faixa, que atinge 8.500 km de litoral, com aproximadamente 300 municípios litorâneos e, de acordo com o último censo, tem uma população aproximada de 32 milhões de habitantes. Então, como se pode observar, o desafio é grande em se tratando de Brasil, pois a diversidade de cultura, ambiente e decisões políticas são fatores fundamentais para dar celeridade a estes aspectos.

Por Patricia Fachin

Fonte: IHU 

Fundo brasileiro contra mudança do clima tem verbas paradas


 Três anos após ser criado, o Fundo Clima, mecanismo de financiamento criado pelo governo federal para combate ao aquecimento global, ainda possui a maior parte de seus recursos presa no BNDES e tem aplicado verbas em projetos criticados por estarem fora do escopo da mudança climática.

Apenas uma pequena parcela do fundo –incorporada ao orçamento do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para empregar em projetos a fundo perdido– foi usada.

O dinheiro repassado ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem como finalidade financiar projetos como a melhoria da eficiência energética de transportes e indústrias ou a criação de infraestrutura para geração de energia renovável, mas está quase todo travado.

Apesar de o banco ter recebido R$ 920 milhões em repasses nos primeiros três anos de operação do fundo, há apenas duas operações com empréstimos contratados, somando R$ 76 milhões.

Segundo Carlos Klink, secretário de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, a implementação do fundo sofreu dificuldades porque, com a crise econômica, o governo baixou as taxas de juros bancários, mas o Fundo Clima não pôde ser alterado a tempo de ter seus valores reajustados.

"Algumas linhas de financiamento tiveram certa dificuldade porque tinham de competir no mercado." Klink diz que o comitê gestor do fundo não podia alterar as taxas sozinho. Era preciso passar a decisão pelo Ministério da Fazenda e pelo Conselho Monetário Nacional. 

 Com isso, alguns projetos desistiram do Fundo Clima e foram procurar empréstimos em outros fundos do BNDES.

O banco diz agora que está revendo as condições de financiamento e deve anunciar mudanças em breve. O BNDES afirma que as taxas do Fundo Clima são "as mais baixas do banco", mas não abre mão de cobrar spread (uma taxa de risco de crédito), que varia de acordo com o perfil do cliente.

Além de cobrança para aplicar o dinheiro, o Ministério do Meio Ambiente tem recebido críticas de ambientalistas por aplicar a parcela não reembolsável do Fundo Clima em projetos não diretamente ligados à mitigação da mudança climática.

Uma pesquisa orçamentária feita para um relatório do Greenpeace sobre a Política Nacional de Mudanças Climáticas, a ser publicado amanhã, mostra que R$ 1,7 milhão foi empregado em uma campanha publicitária de educação ambiental.

O projeto, encomendado pela Secretaria de Comunicação Social do Planalto, somava R$ 5 milhões ao total. Seu objetivo era ressaltar benefícios da reciclagem de lixo.

O gerente do Fundo Clima no MMA, Marcos Del Prette, afirma que a campanha sobre reciclagem é importante para o clima, porque o problema do lixo está relacionado indiretamente às emissões de gases-estufa.

Outro projeto, de R$ 1,86 milhão, foi destinado a recuperar a mata numa área degradada de mineração em volta do museu do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Pela lei, a recomposição do terreno é de obrigação das mineradoras que o ocuparam, não do governo.

Essa área explorada, porém, é um passivo histórico, afirma o ministério.

"O empreendedor não existe mais". Desta maneira, não há quem possa ser forçado por lei a bancar a recuperação, diz Klink. 

Fonte: Folha de S. Paulo

por RAFAEL GARCIA

Estudo do Banco Mundial analisa impactos do aquecimento global na seca no Nordeste brasileiro


 

Um estudo do Banco Mundial aponta que a variabilidade das chuvas e a intensidade das secas no Nordeste continuarão aumentando até 2050, com graves efeitos para a população, caso os governos locais não invistam em infraestrutura e gestão hídrica.

Pela análise de duas regiões – a bacia de Piranhas-Açu, no Rio Grande do Norte, e o rio Jaguaribe, no Ceará – o relatório “Impactos da Mudança Climática na Gestão de Recursos Hídricos: Desafios e Oportunidades no Nordeste do Brasil” analisa os efeitos do aquecimento global combinados com fatores como o crescimento populacional e o aumento da demanda por água.

Em parceria com a Agência Nacional de Águas, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos e a Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, os pesquisadores avaliam que a bacia de Piranhas-Açu, por exemplo, deve sofrer uma maior perda de água no solo e nas plantas, um fenômeno que os especialistas chamam “evapotranspiração”. No entanto, se forem realizados constantes investimentos na modernização da irrigação, a demanda pela água na agricultura pode diminuir 40%, o que atenuaria o problema de gerenciamento da água da região.

O relatório mostra que, embora futuras compensações sobre o uso da água vão existir e deverão ser negociadas e discutidas entre os usuários, estratégias de alocação mais flexíveis poderiam tornar o setor de água no Nordeste brasileiro menos vulnerável aos impactos da demanda e das mudanças climáticas.

Agência da ONU auxilia na implementação de mudanças

Um programa financiado pelo Banco Mundial já começa a implementar mudanças na região. Uma iniciativa que atenderá 23 pequenos agricultores – com lotes de cerca de cinco hectares cada – apoia os trabalhadores rurais na compra de equipamentos que economizam água, dá assistência técnica na gestão hídrica e auxilia a expansão da rede elétrica na área do projeto, reduzindo a necessidade de água para o cultivo.

O agricultor Jean Azevedo acredita que o novo projeto ajudará os produtores que continuam procurando oportunidades no campo. Ele vive em Cruzeta (RN), uma região onde caem, em média, menos de 800 mm de chuva por ano – um volume de precipitação similar ao de países da África Subsaariana – e onde praticamente não chove entre julho e dezembro.

Preservar esse recurso natural tão valioso é um dos principais objetivos de Vitoriano Alves dos Santos, colega do Azevedo na Associação de Produtores de Cruzeta. “Ainda tenho acesso a uma fonte de água, mas me aflige ver a quantidade gasta todos os dias com a irrigação.”

Fonte: ONU Brasil

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Derretimento do permafrost aumenta risco de contaminação por mercúrio


Mercúrio que ficou preso no solo congelado agora está sendo liberado de várias formas nas vias fluviais (Flickr)

À medida que as temperaturas globais continuam subindo, o degelo do permafrost nas áreas do Ártico está acelerando e o mercúrio que ficou preso no solo congelado agora está sendo liberado de várias formas nas vias fluviais, no solo e no ar.

De acordo com pesquisadores da Universidade de New Hampshire, esse processo pode resultar na grande transformação do mercúrio em formas mais móveis e potencialmente tóxicas que podem levar a consequências ambientais e problemas de saúde para a vida selvagem, a indústria pesqueira e as pessoas no Ártico e além.

Em sua pesquisa , publicada recentemente na Geochemical Perspectives Letters, os cientistas examinaram a realocação de mercúrio – o movimento de solos previamente congelados para os ambientes circundantes – ao norte do Círculo Polar Ártico, em Abisko, na Suécia. Eles descobriram que, conforme a paisagem muda devido ao aquecimento das temperaturas, eles observam um aumento significativo nos níveis de metilmercúrio, uma neurotoxina, que pode ter uma cascata de efeitos.

“Nossa pesquisa sugere que a vida selvagem do Ártico, como pássaros e peixes, pode estar em risco aumentado de exposição a níveis mais altos de metilmercúrio que podem afetar sua reprodução e população”, disse Florencia Fahnestock, candidata a doutorado em ciências da Terra e principal autora do estudo. “Ele também tem o potencial de impactar os povos indígenas se eles estiverem comendo animais selvagens contaminados com metilmercúrio e, possivelmente, a indústria pesqueira, se o mercúrio for liberado da bacia para o oceano”.

O estudo analisou detalhadamente como as mudanças climáticas estão causando a transformação das paisagens e, portanto, favorecem a produção de metilmercúrio. Eles analisaram o “mercúrio total” – todas as formas diferentes de mercúrio, incluindo sólido, gás, metil – e a maneira como ele muda, juntamente com as paisagens de degelo, para o metilmercúrio mais nocivo. A forma mais tóxica de mercúrio, é mais facilmente absorvida pelos animais.

Três paisagens diferentes foram examinadas para a evolução das comunidades de mercúrio e microbiana ao longo dessas paisagens para determinar como essas mudanças ocorreram. Eles avaliaram a palsa, ou permafrost congelado, a área semi-descongelada, freqüentemente conhecida como pântano, e o fen, uma paisagem saturada cheia de água corrente e turfa totalmente descongelada.

Ar, água e solo foram analisados quanto ao metilmercúrio e os pesquisadores descobriram que os pântanos tinham concentrações muito maiores de metilmercúrio do que as outras paisagens. Fahnestock explica que, embora o permafrost contenha mercúrio, ele não é metilado. Somente quando atinge os pântanos aquosos é que a falta de oxigênio nos sedimentos fornece o ambiente perfeito para a conversão em metilmercúrio.

“Não temos uma boa noção de como o mercúrio entra nas redes alimentares terrestres; pode depender de onde os animais terrestres pastam ”, disse Julie Bryce, professora de geoquímica. “As plantas que crescem em alguns desses ambientes de degelo podem ser carregadas de mercúrio.”

O mercúrio é naturalmente emitido na atmosfera por vulcões, incêndios florestais e pelo desgaste das rochas, mas os combustíveis fósseis e a mineração de ouro também são os principais contribuintes. Enquanto o estudo analisou as mudanças da paisagem no Ártico, os pesquisadores dizem que essa mesma migração de mercúrio e produção de metilmercúrio podem ocorrer em outras áreas.

O mercúrio, liberado durante o degelo, pode ser transportado pela água e pelo vento – geralmente muito longe de sua fonte original. Se for convertido em metilmercúrio após a liberação ou durante o transporte, ele tem mais potencial para entrar na cadeia alimentar – através de peixes, pássaros e animais selvagens – e a potência aumenta à medida que sobe na cadeia alimentar, tornando-se uma possível preocupação de saúde pública.

EccoDebate

Soluções para o Aquecimento Global – O que podemos fazer?


 

As evidências de que nós, humanos, somos os causadores do aquecimento global, são grandes, mas a questão do que fazer sobre ele permanece em controvérsia. Economia, sociedade, e a política são importantes fatores no planejamento para o futuro.

Mesmo que nós parássemos hoje de emitir gases de efeito estufa, a Terra continuaria quente a um grau Fahrenheit ou menos. Pensando num futuro próximo, o que nós fazemos hoje fará uma grande diferença, dependendo das nossas escolhas. Cientistas prevêem que a Terra pode eventualmente esquentar a 2.5 graus ou bem mais de 10 graus.

A meta geralmente citada é estabilizar as emissões de gases do efeito estufa aproximadamente 450-550 partes por milhão (ppm), o que significa a metade dos níveis industriais gerados atualmente. Este é o ponto em que muitos acreditam que os impactos mais danosos da mudança climática podem ser evitados. Hoje as concentrações atuais de emissões de gases estão em 380 ppm, o que significa que não há mais tempo a perder. De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), nós teríamos que reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 50% a 80%, para assim estar no caminho certo no próximo século a um nível aceitável.

Isso é possível?

Muitas pessoas e governantes já trabalham muito na diminuição das emissões dos gases do efeito estufa, e todos podem ajudar.

Os pesquisadores Stephen Pacala e Robert Socolown da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, têm sugerido uma abordagem que eles chamam de ‘suporte de estabilização’. O que significa reduzir as emissões de gazes a partir de uma variedade de fontes, com as tecnologias disponíveis nas próximas décadas ao invés de depender de uma enorme mudança em uma única área. Eles sugerem suportes que cada um poderá fazer para reduzir as emissões, e, todos juntos, poderiam mantê-las em níveis aproximadamente atuais para os próximos cinqüenta anos. O que nos coloca no caminho favorável para estabilizar em torno de 500 ppm.

Há muitas maneiras possíveis, incluindo melhorias na eficiência energética; economia de combustível fóssil em veículos; aumentos da energia eólica e solar; hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis; biocombustíveis (produzidos de matéria orgânica); gás natural e potência nuclear.

Há também a possibilidade de capturar o dióxido de carbono emitido pelos combustíveis fósseis e armazená-lo no subsolo, um processo chamado de "seqüestro de carbono", além de reduzir os gases que emitem para a atmosfera, também aumenta a quantidade de gases que retira da atmosfera. Plantas e árvores absorvem CO2 à medida que crescem, "seqüestrando" o carbono naturalmente. O crescente aumento da agricultura e as mudanças que podem ser feitas na forma de plantar pode intensificar a quantidade de carbono armazenado.

Algumas dessas tecnologias têm desvantagens, e diferentes comunidades irão tomar diferentes decisões sobre como guiar as suas vidas, mas a boa notícia é que há uma variedade de opções para nos colocar em um caminho em direção a um clima estável.

Tradução por Laísa Mangelli

Fonte: National Geographic

Estudo alerta para insuficiência de promessas contra aquecimento global


Cientistas alertam que medidas urgentes devem ser tomadas contra crise climática Foto (Sam Panthaky/AFP/CP)

Independentemente da retirada anunciada dos Estados Unidos, os compromissos adotados pelos países signatários do Acordo de Paris ainda estão longe de conter o aquecimento global, segundo um estudo publicado na última terça-feira (5).

“As promessas são insuficientes para alcançar os objetivos e algumas sequer serão cumpridas”, afirmou à reportagem Robert Watson, ex-diretor do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) e autor principal do estudo.

Este conclui que três quartos dos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris de 2015 são insuficientes ou provavelmente inalcançáveis.

As emissões mundiais passaram de 44,7 Gt (1 gigatonelada = um bilhão de toneladas) em 2010 para 53,5 Gt em 2017. E mesmo que as promessas sejam cumpridas, alcançarão 54 Gt em 2030.

“Sem mudanças radicais (…) poderíamos viver em um mundo 1,5 grau mais quente em uma década”. Para permanecer abaixo desse limite, seria necessário reduzir 50% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2030, ressaltam os autores do estudo “A verdade por trás dos compromissos do clima”, publicado pela ONG americana Fundação Ecológica Universal (FEU-US).

O Acordo de Paris pretende limitar o aquecimento a um aumento inferior a 2 graus e se possível a 1,5 grau em relação à era pré-industrial, por meio das contribuições nacionais (NDC) de redução de emissões, revisáveis a cada cinco anos.

A um ano da primeira revisão, os autores analisaram os compromissos e concluíram que das 184 NDC, 128 são insuficientes, oito “parcialmente insuficientes”, 12 “parcialmente suficientes” e 36 suficientes.

Os quatro maiores emissores, China, Estados Unidos, União Europeia (UE) e Índia, respondem por 56% das emissões mundiais. Apenas a UE (9% do total) está caminhando para cumprir seu objetivo e inclusive ultrapassá-lo, com uma trajetória em direção a 58% de reduções em 2030, com um compromisso de “ao menos 40%”.

A China, o primeiro emissor mundial com 26,8% dos GEE, e a Índia, o quarto com 7%, basearam seus compromissos em uma redução de sua “intensidade carbono”. Mas os autores consideram “insuficiente” esta categoria, que vincula as emissões com o PIB global de um país.

Os Estados Unidos, segundo emissor com 13,1%, se comprometeram a reduzir de 26% a 28% suas emissões em 2025 em relação a 2005. Mas Donald Trump confirmou nesta sua intenção de retirar seu país do Acordo de Paris, uma decisão que poderia ser efetiva em 2020.

O quinto emissor mundial, a Rússia, sequer apresentou compromissos.

Dos 152 compromissos nacionais restantes, 126 são condicionais, sobretudo entre os países mais pobres que dependem do financiamento e do apoio técnico internacional, enquanto até agora “muito pouca ajuda internacional foi concretizada”, segundo o estudo.

“Em consequência, ao menos 130 nações (…) estão muito longe de contribuir para que se alcance a redução necessária de 50% das emissões mundiais até 2030 para limitar o aquecimento a +1,5 grau”, segundo os autores.

Paralelamente, 11 mil cientistas advertiram na terça-feira que a humanidade ficará exposta a “sofrimentos indizíveis” se a “crise climática” não for abordada rapidamente e com seriedade, em um chamado publicado na revista BioScience.

“É necessário aumentar imensamente os esforços para preservar nossa biosfera com o objetivo de evitar sofrimentos indizíveis”, escrevem os signatários, citando sobretudo a necessidade de diminuir o uso de energias fósseis, preservar a biodiversidade, reorientar as prioridades econômicas do crescimento para o “bem-estar” e controlar a pressão demográfica mundial.

AFP