Por Jeff Coelho
Plantas e arbustos ocuparam parte da tundra ártica nas últimas décadas, crescendo e se tornando árvores pequenas, apontou um estudo científico, acrescentando que a mudança pode levar a um aumento nas pressões para aquecimento global se replicada numa escala maior.
Cientistas da Finlândia e da Universidade de Oxford investigaram uma área de 100 mil quilômetros quadrados, aproximadamente o tamanho da Islândia, no noroeste da tundra da Eurásia, uma área indo do oeste da Sibéria à Finlândia.
Utilizando informações de imagens de satélite, trabalho de campo e obsevações trazidas por pastores de renas, eles encontraram que em 8 a 15 por cento da área, plantas como salgueiro e do gênero alnus cresceram até atingir mais de dois metros de altura nos últimos 30 a 40 anos.
Um relatório da pesquisa foi publicado na edição de domingo da Nature Climate Change.
"É uma grande surpresa que estas plantas estejam reagindo desta maneira", afirmou Marc Macias-Fauria, da Universidade de Oxford e principal autor do relatório.
Cientistas haviam pensado que a ocupação do Ártico com o aquecimento levaria séculos, afirmou.
"Mas o que encontramos é que os arbustos que já estão lá estão se transformando em árvores em apenas algumas poucas décadas".
Estudos anteriores sugeriram que o avanço da floresta sobre a tundra do Ártico poderia aumentar o aquecimento do Ártico em 1 a 2 graus Celsius adicionais até o fim do século 21.
O aquecimento no Ártico está acontecendo cerca de duas vezes mais rápido do que no resto do mundo.
Com a neve que reflete o calor e o gelo retrocedendo, cresce a superfície coberta com terra ou água, que têm cor mais escura e portanto absorvem mais do calor do sol.
O mesmo ocorre quando árvores são tão altas que encobrem a neve, apresentando uma superfície mais escura, que absorve a luz.
Um maior aquecimento no Ártico deve estimular a exploração de petróleo e gás, assim como atrair rebanhos de renas à procura de arbustos de salgueiro.
Mas um planeta em aquecimento também está ligado a aumentos em secas severas e enchentes pelo mundo, colocando pessoas, assim como a produção agrícola e pecuária, sob maior risco.
A temperatura média global no ano passado foi a nona maior já registrada na meteorologia moderna, dando prosseguimento a uma tendência ligada a gases de efeito estufa que viu nove dos dez anos mais quentes ocorrendo desde o ano 2000, cientistas da NASA disseram em janeiro.
Macias-Fauria afirmou que a área pesquisada é uma pequena parte da vasta tundra ártica, uma área que já é mais quente que o resto do Ártico, provavelmente devido à influência de ar quente vindo da corrente do Golfo.
"Contudo, esta área parece antecipar o resto da região, ela pode nos mostrar o que provavelmente vai acontecer com o resto do Ártico num futuro próximo se estas tendências de aquecimento continuarem."
Fonte: Reuters