Você sabia que tomar um café colombiano em um restaurante na Alemanha, afeta a conservação de macacos nas florestas da Colômbia? Pois bem! Pesquisadores cruzaram dados ecológicos de espécies ameaçadas com dados logísticos de comércio internacional e descobriram que o segundo é responsável por 30% das ameaças a biodiversidade global.
O estudo que mapeou o consumo de produtos em um país e como ele afeta a sobrevivência de espécies em outro, foi publicado na revista Nature e incluiu desde commodities primárias, como soja, carne, leite, madeira e minérios, até produtos finais industrializados, como iogurtes, chocolates, chapas de aço, móveis e materiais de construção.
Segundo o Estadão, no total, foram analisadas mais de 5 bilhões de relações comerciais, envolvendo 15 mil produtos de 187 países e relacionadas a 25 mil registros de espécies ameaçadas. Os resultados classificaram os países em:
– Importadores líquidos de biodiversidade: o consumo de produtos importados nesses países coloca mais espécies em risco fora do país do que a exportação o faz dentro do próprio país. Os maiores importadores de biodiversidade são os Estados Unidos, Japão e Alemanha.
– Exportadores líquidos de biodiversidade: depende do número de espécies que são ameaçadas pelas suas exportações. Indonésia, Madagascar e Papua Nova Guiné são os maiores exportadores.
O objetivo do estudo, segundo os autores, é lembrar que as ameaças à biodiversidade devem ser avaliadas em escala global, e não apenas local. Os resultados, segundo eles, dão embasamento para medidas de rastreamento, certificação e até penalização de produtos nocivos à biodiversidade.
O Brasil
Na lista o Brasil aparece como um importador líquido de biodiversidade, ou seja, o país coloca mais espécies em risco com o que compra do que com o que vende.
Segundo o estudo, os produtos importados pelo país impactam negativamente 76 espécies, versus 35 espécies que são afetadas domesticamente por suas exportações – principalmente de commodities como carne e grãos.
"Eu diria que o Brasil se saiu muito bem, considerando o tamanho do país e a pressão que ele recebe internacionalmente", afirmou ao Estado o pesquisador Barney Foran, da Universidade de Sydney (Austrália), um dos autores do estudo. "Porém, não há espaço para complacência."
Fonte: Eco Desenvolvimento