Empresa viabiliza energia solar à famílias indianas de baixa renda


Entre os mais de um bilhão e duzentos milhões de pessoas que habitam a Índia, segundo país mais populoso do mundo (atrás da China), cerca de 300 milhões carecem de eletricidade, o que equivale a toda população brasileira e mais 110 milhões de habitantes sem energia elétrica. Mas é justamente nesse cenário caótico do gigante asiático que a energia solar ganha cada vez mais espaço.
 


Em meio à densa floresta nos arredores de Sullia, uma pequena cidade no Sul da Índia, há uma eletricidade para as pessoas de baixa renda e outra para os ricos. Aos mais vulneráveis em nível social, a iluminação chegava através do querosene, cuja reposição demandava horas de caminhada, além de causar danos aos pulmões.

Já a fonte energética para os mais abastados é a convencional, proveniente dos cabos elétricos que abastecem as residências dos operadores de seringais. "Graças a eletricidade seus dias duram mais", observou a indiana Renuka ao Le Monde. Ela vive com o marido e a sogra em uma casa pequena na colina.

Há alguns meses os engenheiros da Companhia Luz Solar Electric (Selco), uma empresa de energia situada em Bangalore, apareceu com painéis solares, que foram apresentados aos moradores. "Eles explicaram que a eletricidade poderia vir diretamente do sol, sem ser através do governo", lembrou Renuka.

Energia social

A família pagou cerca de US$ 125,00 por um painel solar que alimenta duas lâmpadas e uma tomada. "Não é tão bom como a eletricidade dos ricos, mas pelo menos meu marido já não tem de viajar quilômetros para recarregar seu celular e eu serei capaz de fazer mais cigarros durante a noite", destacou Renuka.

Atualmente, 135.000 casas no estado indiano de Karnataka contam com eletricidade graças à energia solar da Selco. O governo alega ter prestado o serviço para 98% das residências, mas na prática as linhas de energia só contornam alguns desses lares, enquanto em outros os habitantes não têm os US$ 300,00 necessários para pagar pelos cabos, fora os registros de subornos associados.
 


A Selco, que se define como uma empresa com fins lucrativos, mas social, deve seu sucesso aos bancos, bem como a luz solar abundante. A companhia tem parceria com instituições bancárias que viabilizam empréstimos com taxas baixas, a fim de que as camadas de baixa renda da população possam instalar os painéis solares. "Nosso alvo são as pessoas que ganham de US$ 2,00 a US$ 3,00 por dia. Cerca de 95% dos nossos clientes tomam empréstimo", afirmou Kannan Revathi, diretor financeiro da Selco.

A empresa também busca os clientes mais abastados. Sucursais regionais da Selco trabalham para viabilizar aquecedores de água movidos a energia solar e cercas elétricas para proteger as culturas de elefantes selvagens – linhas de produtos com margens mais elevadas. A energia solar também pode ser usada como uma alternativa para casas já conectadas à rede, mas que muitas vezes sofrem com as interrupções.

Fonte: Eco Desenvolvimento