Novo Código Florestal é morto e enterrado por estudantes


Luto. O novo Código Florestal, que já nasceu morto, foi enterrado na tarde desta sexta-feira (14), por estudantes de escolas da rede pública de Belo Horizonte e Região Metropolitana. O sepultamento simbólico teve direito a cortejo fúnebre, viúvas, índios, padre e, é claro, um caixão. A cerimônia começou na praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia, e seguiu até a Escola Superior Dom Helder Câmara, onde está sendo realizado o Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.

 

“O governo tem pensado mais no lucro do que no prejuízo que causa ao meio ambiente. Um exemplo disso é devastação da floresta Amazônica para construir hidrelétricas. O novo código florestal favorece este tipo de situação e a gente tem que lutar contra isso”, disse a aluna Joyce Mendes, de 16 anos, que estuda na Escola Professor Rousset. Joyce foi uma das viúvas.

Além do enterro simbólico, os estudantes apresentaram peças de teatro, musicais e dança. Todas as atividades tiveram como tema central o descaso do governo com as questões ambientais. “Se deixar tudo acontecer como o governo quer vamos ficar muito prejudicados”, ressaltou a ‘viúva’ Joyce.

Os estudantes que sepultaram o novo Código Florestal fazem parte do Movimento Ecos, projeto que tem como objetivo promover atitudes e ações de cuidado corresponsável com o meio ambiente, a valorização dos recursos naturais, a preservação do patrimônio cultural e o respeito aos direitos fundamentais.

Thiago Miranda, de 15 anos, da Escola Estadual General Carneiro, estava vestido de morte, mas, na verdade, a luta dele é pela vida. “Se for para reformar o código, que seja para melhor. Essa mudança deveria visar mais a preservação dos animais e das florestas. Infelizmente, isso não está acontecendo”, lamentou.

Thiago destacou a importância do jovem na luta pelo meio ambiente, mas lembrou que é preciso um esforço conjunto para mudar o cenário obscuro que se desenha. “O jovem tem uma grande força, mas sozinho não vai conseguir mudar nada”, ressaltou.

Os argumentos dos estudantes vão de encontro com algumas observações feitas pelo teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff, sobre o novo Código Florestal, durante a abertura do Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, na última quarta-feira (12). “Os legisladores são dominados por esses capitalistas do agronegócio e têm a visão curta de ganhar logo dinheiro, ganhar logo pela exportação e não dão conta daquilo que pode vir para os nossos filhos e os nossos netos”, alertou.

Código Florestal

Apesar de alguns vetos feitos pela presidente Dilma Roussef, o texto do novo Código Florestal é considerado insuficiente por ambientalistas. O documento, que ainda vai passar pelos plenários da Câmara e do Senado até o dia 8 de outubro, mantém, por exemplo, a anistia e a redução de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL).

Para alguns ambientalistas, ao ceder à pressão ruralista, o governo brasileiro perdeu a oportunidade de trilhar o caminho para o desenvolvimento sustentável e social.

Para Luiz Chaves, coordenador do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da Escola Superior Dom Helder Câmara e integrante do Movimento Ecos, o ponto mais falho do texto é permitir o desmatamento em locais antes proibidos, como margens de rios e córregos. “É inadmissível, as matas ciliares protegem as nascentes. A aprovação do novo código mostrou, mais uma vez, que o Congresso não tem sintonia com a população. Os vetos da presidente Dilma são insuficientes, pois não reparam os danos ao meio ambiente”, disse ao DomTotal.

Escolas participantes

Alunos de seis escolas participaram do enterro do Código Florestal. São elas: Escola Estadual Professor Rousset, Colégio Tiradentes, Escola Estadual Henrique Diniz, Escola Municipal Professora Luiza Maria de Souza, Escola Estadual Zilda Arns Newman e Escola Estadual General Carneiro.

 

Além de professores e estudantes, estavam presentes os pesquisadores e ambientalistas do Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, que acontece na Escola Superior Dom Helder Câmara. A manifestação contou ainda com a participação dos integrantes do Ecos, da Associação de Alunos e Ex-alunos da Escola Superior Dom Helder Câmara, da Atlética Dom Helder Câmara e Ongs.

 

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Fonte: Da Redação

Publicado em: ECOS