Pesquisadores afirmam ter identificado as zonas da crosta terrestre mais expostas aos megaterremotos, como os que devastaram a Indonésia e o Japão nos últimos anos.
"Descobrimos que 87% dos 15 terremotos mais fortes registrados no último século (de magnitude 8,6 ou maior) são associados às regiões situadas na interseção entre uma zona de fratura oceânica e uma zona de subducção", afirma Dietmar Müller, pesquisador da Universidade de Sydney, Austrália.
Essa correlação com as fraturas oceânicas, espécie de "cicatrizes" situada no fundo dos oceanos, e as zonas de subducção, onde uma placa da crosta terreste encosta na outra, é presente em 50% dos casos se considerados os 50 terremotos mais potentes do século XX (magnitude superior ou igual a 8,4).
No estudo, publicado nesta quarta-feira na revista europeia Solid Earth, os pesquisadores levaram em conta 1.500 terremotos no total, cruzando dados cartográficos com a ajuda de um algoritmo projetado originalmente para analisar as preferências de usuários na internet.
"Se a associação que encontramos for um mero acaso, apenas cerca de 25% dos grandes terremotos de subducção coincidem com ambientes tectônicos específicos", disse Dietmar Müller.
Os terremotos são provocados por mecanismos incrivelmente complexos, e os especialistas não são capazes de explicar exatamente porque teriam alguma preferência.
Uma das explicações seriam as propriedades físicas particulares desses ambientes tectônicos, capazes de acumular fortes tensões em um longo período antes de liberá-las, provocando um tremor de terra mais potente que a duração do ciclo.
A descoberta pode permitir uma maior confiabilidade dos mapas das zonas de risco sísmico.
Concebidos principalmente a partir de dados coletados depois de 1900, esses mapas negligenciam na verdade, frequentemente, as regiões onde nenhum abalo importante foi recentemente registrado, razão pela qual a zona onde ocorreu o tremor de terra de Tohoku-Oki (magnitude 9), que devastou o Japão em março de 2011, não aparece assinalada como região de alto risco.
"Mesmo se nós não entendemos completamente a física dos ciclos sísmicos longos, qualquer melhoria ao analisar os dados estatíscos deve ser levada em conta, porque pode contribuir para a redução dos danos e das perdas humanas", disse M. Müller.
Fonte: AFP