Austrália se prepara para novos incêndios


A Austrália se prepara para os maiores riscos de incêndios em anos, com temperaturas elevadas para os próximos dias, enquanto cerca de cem pessoas estão desaparecidas na Tasmânia depois da destruição provocada pelo fogo no fim de semana.

 

A primeira-ministra Julia Gillard pediu vigilância aos australianos. "São condições extremas… Vivemos em um país muito quente, muito seco, e onde os incêndios podem ser devastadores", declarou.

 

O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Barry O´Farrell, por sua vez, alertou para o aumento das temperaturas, já muito elevadas, e dos ventos, que podem facilitar a propagação do fogo. Os serviços de meteorologia acreditam que a temperatura atingirá 43ºC na terça-feira em Sydney.

 

"Amanhã não será um dia comum, será provavelmente o dia com o maior risco em termos de incêndio", disse Barry O´Farrell.

 

Milhares de bombeiros estão prontos para intervir, assim como 70 aviões. Nesta segunda-feira foram registrados 90 incêndios, entre eles 20 ainda não foram controlados, nas regiões ao sul de Sydney.

 

Uma escala de risco, criada em 2009 após os incêndios devastadores que atingiram a região de Melbourne matando 173 pessoas, sugere que os prováveis incêndios de terça-feira serão incontroláveis, imprevisíveis e rápidos, tendo como única opção a evacuação dos habitantes.

 

Entre os 23 milhões de australianos, 13 vivem nos estados de Victoria e Nova Gales do Sul (sul).

 

Uma centena de pessoas continua desaparecida na ilha da Tasmânia, no sul da Austrália, após a destruição de dezenas de casas desde sexta-feira, indicou a polícia, que ainda não encontrou nenhum cadáver.

 

Foi realizada na manhã desta segunda uma inspeção em 245 casas nas regiões mais afetadas, 90 delas parcialmente ou completamente destruídas pelo fogo. "Nenhum corpo foi encontrado nessas primeiras buscas", declarou um oficial.

 

A polícia tenta determinar se os habitantes se refugiaram nas casas de parentes e amigos. Cerca de 2.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas moradias.

 

Os incêndios começaram na sexta-feira, num momento em que o país sofre com uma onda de calor com temperaturas de mais de 40 graus centígrados na Tasmânia.

 

A polícia foi de porta em porta nas aldeias de Dunalley e Boomer Bay, 55 km a leste de Hobart (sudeste), para tentar encontrar as pessoas desaparecidas, talvez refugiadas com parentes ou vizinhos.

 

Mais de 3.000 pessoas deixaram suas casas devido ao fogo.

 

Os moradores que fugiram do fogo descreveram cenas de Apocalipse. "Quando o fogo se aproximou, o céu, que estava vermelho vivo, se tornou preto", contou Del Delagarno à rádio ABC. "Era como se fosse a noite mais escura que já tinha visto. Absolutamente horrível", acrescentou esta moradora, cuja casa é uma das seis únicas que ainda está intacta no pequeno vilarejo costeiro de Boomer Bay.

 

No dia 7 de fevereiro de 2009, a zona de Melbourne foi atingida por incêndios particularmente devastadores e letais que deixaram 173 mortos, mais de 400 feridos e que destruíram cerca de 2.000 casas.

Fonte: AFP