Com o intestino em "U" e o ânus perto da boca, rodeado de pequenos tentáculos, o animal marinho pré-histórico "Cotyledion tylodes" pode estar em condições de mudar um aspecto da árvore evolutiva das espécies marinhas.
O "Cotyledion tylodes" foi descrito pela primeira vez em 1999, após ter sido descoberto nas jazidas de Chengjiang (sul da China), um local rico em fósseis do período cambriano (de 540 a 485 milhões de anos atrás), quando diferentes formas de vida se diversificavam de forma súbita na Terra.
A princípio, o animal marinho foi estudado a partir de apenas dois espécimes incompletos e os cientistas não poderiam vinculá-lo a nada conhecido.
Recentemente, outras descobertas de "Cotyledion", melhor preservados, tornaram possível identificar um círculo de tentáculos ao redor de seu "cálice".
Faltou pouco para que o pequeno animal fosse catalogado como um ancestral distante dos cnidários, filo de animais aquáticos do qual fazem parte os corais, as anêmonas e as águas-vivas.
Uma equipe internacional de cientistas, chefiada por Zhifei Zhang, paleontólogo da Universidade Chinesa de Xi´an, pesquisou ainda mais a estranha anatomia do "Cotyledion", analisando 400 novos espécimes. E sua interpretação, publicada na edição de quinta-feira da revista britânica Nature Scientific Reports, é muito diferente.
Os pesquisadores descobriram a presença de um "tubo digestivo em forma de ´U´ que descarta sem qualquer dúvida qualquer relação do ´Cotyledion´ com os cnidários e opta por relacioná-lo melhor com os lofotrocozoos", grupo de animais que engloba várias espécies, como os moluscos e as lombrigas, acrescentaram os cientistas.
Se o ´Cotyledion´ for seu ancestral, isto significa que milhares de lofotrocozoos modernos começaram a evoluir desde a explosão do cambriano, há 520 milhões de anos, destacou o estudo.
Inclusive se o lugar exato do ´Cotyledion´ na árvore das espécies continuar incerto, o animal pertenceria com maior precisão ao ramo dos "endoproctos", pequenos organismos que se nutrem capturando partículas suspensas na água, muitas espécies das quais ainda vivem nos oceanos.
Fonte: AFP