O planeta Terra possui mais de 30 diferentes zonas climáticas, como a tundra polar ou as florestas equatoriais úmidas, e cada uma delas apresenta fatores que favorecem determinadas espécies; são animais e plantas que estão adaptados a condições específicas de precipitação e temperatura. Apesar de boa parte dos seres vivos ser capaz de se adaptar a mudanças em seu habitat, a velocidade na qual eles fazem isso tem um limite.
Um novo estudo publicado nesta semana na revista Nature pela Universidade do Colorado em parceria com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos alerta justamente para o perigo de que as mudanças nas zonas climáticas estejam ficando cada vez mais velozes.
“Quanto mais quente fica o clima, mais rápido as zonas estão se alterando. Isso pode fazer com que fique difícil para plantas e animais se adaptarem”, afirmou Irina Mahlstein, líder do estudo e membro do Laboratório de Pesquisas de Sistemas Terrestres da NOAA.
Esse é um dos primeiros trabalhos a detalhar como a taxa de mudanças nas zonas climáticas está se acelerando. “Avaliar esse tipo de alteração é provavelmente uma melhor medida da ‘realidade’ dos impactos das mudanças climáticas para os seres vivos do que calcular o aumento nas temperaturas em graus ou da precipitação em centímetros”, explicou Mahlstein.
Os pesquisadores usaram modelos climáticos para analisar as alterações nas zonas em um período de 200 anos, entre 1900 a 2098.
O que eles descobriram é que para um aumento inicial de aproximadamente 1,66oC nas temperaturas (3,6oF), cerca de 5% da área terrestre muda de zona climática. Essa porcentagem sobe para 10% para os próximos 1,6ºC de aquecimento.
Assim, os autores afirmam que até o ano de 2098 cerca de 20% da superfície do planeta terá alterado de zona climática se for confirmado o cenário de aquecimento global mais pessimista (RCP8,5) segundo o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) (veja o vídeo).
O estudo aponta que certas regiões do globo, como as altas latitudes, se transformarão mais drasticamente do que outras áreas. Na região tropical, a altitude tem um papel importante, com montanhas sofrendo alterações mais rapidamente do que as planícies.
No século por vir, a pesquisa sugere que as áreas ocupadas por zonas mais frias diminuirão consideravelmente. Além disso, no geral, regiões secas devem aumentar e uma grande parte da superfície terrestre passará a ter verões mais quentes.
Já há algum tempo estudos têm alertado para o risco de extinções causadas pelas mudanças climáticas.
Em 2011, um trabalho publicado no Proceeding of the National Academy of Science revelou que em torno do ano de 2100 mais de 11% das espécies do mundo estariam ameaças devido ao aquecimento global.
Outra pesquisa, divulgada em janeiro de 2012, alertava que as atuais modelagens não levam em conta aspectos essenciais para a compreensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre os animais, como interações entre espécies e variações interespecíficas na sua dispersão. Assim, na realidade, uma extinção em massa é muito mais provável do que se pensa.
Fonte: Instituto Carbono Brasil