A curiosidade levou a educadora Sylvia Guimarães a criar a Vaga Lume, uma rede de bibliotecas em comunidades amazônicas
Divulgação/Vaga Lume
Como começou a Vaga Lume e por que escolheram a leitura como foco?
A Vaga Lume surgiu mais por um desejo de conhecer a riqueza do Brasil do que por enxergar uma falta, uma carência. Em 1999, fiz uma viagem com uma amiga pelo Pará e visitamos algumas comunidades e escolas por curiosidade. Ali começou uma ideia: viajar o país para conhecê-lo melhor. Quando voltamos, passamos dois anos nos reunindo para pensar em um projeto e nossa grande equação era: o que podemos fazer de útil e relevante para essas pessoas em tão pouco tempo? Queríamos um projeto que pudesse sobreviver à nossa passagem. Chegamos às bibliotecas e focamos na formação de mediadores. Até esse momento, esse projeto ia durar um ano e acabar.
Mas vocês continuaram?
Ficamos um ano viajando pela Amazônia Legal, em 2002. Passávamos uma semana dando o curso e criando as bibliotecas. Foram 21 bibliotecas em 21 municípios. Só que quando falávamos com os professores, eles perguntavam se voltaríamos e como poderíamos manter contato. Nos comprometemos a dar uma assistência a distância. E, para a nossa surpresa, quando voltamos a São Paulo tinha uma pilha de cartas. Acho que a Vaga Lume só continuou por causa das demandas locais criadas a partir dessa primeira experiência.
Até hoje vocês trabalham com todas as cidades da primeira expedição?
Sim e ao longo dos anos fomos ampliando para cidades vizinhas. Hoje são 163 e todas foram crescendo em torno das primeiras. Os primeiros mediadores se tornaram multiplicadores.
Da onde veio a ideia da Rede, projeto de intercâmbio entre alunos de São Paulo e da Amazônia?
Já na primeira expedição, levamos cartas de alunos daqui que pedi para amigas professoras. Lá perguntava se os professores queriam entregá-las para os alunos responderem. Todos queriam. De volta, as professoras contaram que os alunos adoraram as respostas. Com o tempo, o programa cresceu e bolamos um método que colocasse os meninos para trocar conhecimento.
Fonte: Planeta Sustentável