A rede brasileira do Pacto Global – iniciativa da ONU – Organização das Nações Unidas para estimular empresas a adotarem políticas de responsabilidade social corporativa e de sustentabilidade, mundialmente – pretende dobrar de tamanho até 2015 e conquistar o primeiro lugar no ranking mundial do Pacto. A informação foi passada pelo consultor, especialista em sustentabilidade e acadêmico da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Silvio de Barros II, a representantes dos setores de eventos e turismo em encontro recente promovido pela Academia, em São Paulo.
Barros foi um dos representantes brasileiros no UN Global Compact Leaders Summit 2013, que reuniu a cúpula de líderes do Pacto Global em Nova Iorque no mês de setembro. A rede brasileira contou com uma das maiores delegações no evento, com mais de 40 representantes, e foi uma das principais patrocinadoras do encontro por meio das signatárias Petrobras, Brasken, CPFL Energia e Editora Abril. “Desde que foi criada, em 2000, com a ajuda do Instituto Ethos, a rede brasileira do Pacto Global já conquistou cerca de 600 empresas associadas, comprometidas com os objetivos do Pacto, que envolvem princípios voltados para a proteção ambiental, direitos humanos e o combate à corrupção. Já estamos em quarto lugar entre as redes distribuídas em 145 países, mas queremos dobrar de tamanho e ser a maior do mundo até 2015″, afirmou.
De acordo com o especialista, o grande desafio no Brasil é chegar às pequenas e médias empresas. “As maiores do mundo já estão associadas. Precisamos agora disseminar a importância do Pacto para capilarizar a associação”.
O Pacto Global é um instrumento de livre adesão pelas empresas, sindicatos e organizações da sociedade civil. Uma vez aceito, há a responsabilidade de assumir voluntariamente um compromisso de implantar no dia a dia da empresa 10 princípios estabelecidos pela ONU, relacionados a direitos humanos, trabalho, meio ambiente e corrupção, além de prestar contas à sociedade, com publicidade e transparência, dos progressos alcançados mediante Comunicações de Progresso e o envio anual de um relatório preparado pela empresa.
Podem participar empresas representantes de diversos setores da economia, além de associações, sindicatos, instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, organizações não-governamentais e prefeituras. Dos cerca de 600 associados brasileiros, a maioria (54%) é composta por empresas ativas, em segundo lugar (14%) aparecem as ONG’s e demais organizações.
A meta divulgada por Silvio de Barros, que também foi prefeito de Maringá (PR), tendo cadastrado a cidade para compor a rede brasileira do Pacto, faz parte dos objetivos levantados durante o último Leaders Summit, quando mais de mil diretores-executivos, presidentes de empresas e líderes empresariais endossaram a chamada Construção da Arquitetura do Engajamento Empresarial pós-2015, apresentada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A iniciativa foi apresentada para avaliar o progresso sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e planejar a continuidade do processo após a expiração das metas dos ODM em 2015. “Em 2000, a ONU, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu os ’8 Objetivos do Milênio’ que no Brasil são chamados de ’8 Jeitos de Mudar o Mundo’ – que devem ser atingidos por todos os países até 2015. Mas e depois? Então, esse encontro discutiu também os alvos e objetivos do post-2015, entre eles a erradicação da pobreza, o empoderamento das mulheres e o equilíbrio do gênero, educação contínua e de qualidade, segurança alimentar e boa nutrição, energia sustentável para todos, uso sustentável dos recursos naturais e outros, distribuídos em uma pirâmide de prioridades”, explicou.
Barros encerrou o encontro apresentando o Angklung, um instrumento musical da Indonésia que toca apenas uma nota, e falou sobre a importância do engajamento individual na contribuição pela sustentabilidade do planeta. “Assim como uma canção precisa de vários Angklungs, cada um representando uma nota musical, cada um de nós deve fazer sua parte para contribuir com o desenvolvimento sustentável. A decisão é pessoal, é uma questão de princípios e valores. E não adianta dizer que a responsabilidade é do governo. Se queremos um país melhor daqui a 20 anos, o papel das empresas é fundamental, porque os governos mudam, mas são elas que irão perdurar, por isso é delas a responsabilidade de planejar as cidades em longo prazo”, enfatizou o especialista, citando o exemplo de Maringá, onde a Associação Comercial local liderou uma mobilização empresarial para estabelecer um projeto de desenvolvimento de longo prazo que se mantém em andamento mesmo após a mudança da prefeitura. “A sociedade tem esse poder, independente de governos ou partidos políticos, basta haver organização”, finalizou.
Fonte: Instituto Carbono Brasil