Sociedade deve mudar padrão de consumo


A vice-presidente do Grupo de Mitigação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Suzana Kahn, disse nessa terça-feira (29) que apenas o emprego da tecnologia não vai resolver os problemas decorrentes das mudanças climáticas. Para ela, se a humanidade quiser limitar o aumento de temperatura a 2 graus Celsius até 2100, é preciso mudar o padrão de consumo e de comportamento.

"A tecnologia pura e simples não vai resolver o problema. Além de ter que cortar profundamente as emissões (de gases de efeito estufa), é preciso que se mude radicalmente comportamentos e padrões de consumo insustentáveis", disse ela, em audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, no Senado, sobre o mais recente relatório do IPCC.

Uma das principais mensagens da terceira e última parte do quinto Relatório de Avaliação do IPCC, divulgada em Berlim, na Alemanha, no dia 13 de abril, é a necessidade de uma profunda "descarbonização" da geração de energia para estabilizar a concentração de dióxido de carbono até o final do século.

"O crescimento das emissões de gases de efeito estufa foi o maior da história em 2010 e 80% do aumento das emissões se devem à queima de combustíveis fósseis, o que torna a questão do aquecimento global um problema de uso de energia. O vilão é o modelo de desenvolvimento (econômico) com um consumo excessivo de energia e dos combustíveis fósseis", disse Suzana, uma das autoras do documento.

A vice-presidente acrescentou que as cidades são a maior fonte de emissão de gases de efeito estufa e serão as mais afetadas pelos os impactos das mudanças climáticas. "As cidades consomem mais da metade da energia mundial e as áreas urbanas devem triplicar entre 2000 e 2030."

Pela importância das cidades para o aquecimento global, os próximos relatórios do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas vão focar em análises e diagnósticos das cidades brasileiras entre 2014 e 2016, informou Suzana, que também é presidente do Comitê Científico do painel brasileiro.

Fonte: Agência Brasil