Escassez de água, já vínhamos sendo advertidos sobre isso há muito tempo. Porém, ao invés de agir preventivamente, quando o alerta foi dado, teremos que agir emergencialmente, já que a água no reservatório da Cantareira está abaixo do calcanhar.
No final do século passado e início deste, se cogitava que a conclamada escassez de água era na verdade uma jogada de marketing. Uma forma de incentivar o consumo de água engarrafada. Claro que muitas empresas tiram proveito de tudo, contudo o derradeiro momento chegou.
Improvável que o pessoal do marketing tenha esvaziado as represas e afetado as nascentes. Também não creio que a situação atual seja fruto de lobby. Estamos diante de uma realidade biológica/ geológica.
Seria mais uma transformação rotineira da natureza, não fosse o fato de que fazemos parte deste sistema. Criamos hábitos e nos acostumamos às facilidades. Além de que, a água é não só desejada, mas necessária em vários setores da vida e também em nosso organismo.
A escassez de água gerará uma série de problemas nas casas, na indústria, no comércio e na saúde da população. Todos, sem exceção, serão afetados.
Há a resiliência dos sistemas naturais. Os movimentos naturais se sucedem, e, via de regra, restabelecem a sua condição original. Quanto tempo isso pode levar? Talvez os biólogos e geólogos possam prever. Contudo, em se tratando da nossa curta duração de vida, é provável que tenhamos um bom período de escassez.
E a nossa resiliência, aquela capacidade de absorver o impacto e regenerar-se ou adaptar-se em meio à adversidade, a quantas anda?
Se você não possui um poço artesiano e nem coleta e purifica a água da chuva, quantos baldes você possui pra armazenar água para os dias de racionamento? Quantos baldes de água você precisa para tomar um banho e lavar os cabelos?
Em 2001, visitei a Índia. Passei um mês em um alojamento, tomando banho de caneca. Havia duas torneiras (uma quente, outra fria), um balde de 5 litros e uma caneca. Ao final de um mês eu já conseguia tomar banho com meio balde de água. Para lavar o cabelo usava 1 balde e mais um pouquinho.
Outro dia fiz uma visita a Monte Alegre do Sul, região do Circuito das Águas paulista, onde conheci uma pessoa que cultiva orquídeas. Ela me informou que, apesar de amar aquelas plantas, se viu obrigada a colocar a sua maioria em troncos de árvores. A escassez de água fez com que ela não pudesse mais regá-las. Então, diariamente, ela celebrava as plantas que estavam conseguindo sobreviver se alimentando do que suas raízes sugavam dos troncos.
Como mencionei antes, a natureza tem uma capacidade bem maior de resiliência que a nossa, talvez, por seguir o ritmo e sempre buscar o equilíbrio…
Já o ser humano… impôs seu ritmo, alterou o equilíbrio e ainda reclama das consequências. Lembra bastante uma criança mimada, um reizinho. E o que acontece com um adulto mimado? Sofre. Sente-se injustiçado. Reclama. Culpa outros.
E como age aquele que é resiliente – alguém que está em condições de manter-se firme em meio à adversidade? Que valores esses seres humanos adaptados à realidade de escassez preconizam? Que tipo de decisões e resoluções podemos tomar a fim de mantermos o equilíbrio e a condição de vida sustentável neste cenário?
Pense rápido, pois é chegada a hora de agir!
Fonte: Autossustentável
Texto por Janaína Helena Steffen