As mudanças climáticas têm diversas consequências no meio ambiente e nos ecossistemas, e uma das mais conhecidas é a retração de gelo na região Ártica, que, resumidamente, ocorre devido ao aumento das temperaturas globais. Contudo, ao contrário do Ártico, a Antártida apresenta um aumento do nível de gelo em determinadas regiões, que intriga os cientistas desde que foi descoberto.
Mas agora, pesquisadores sugeriram que esse efeito pode ser mais lento do que o estimado, e que as atuais taxas de aumento podem ter sido obtidas devido a um erro de processamento nos dados dos satélites que registram as alterações na cobertura de gelo da região.
Até agora, o que as observações de satélite sugeriam é que a cobertura de gelo na Antártida estava expandindo, tendo alcançado recorde de alta recentemente. Mas uma equipe de cientistas do Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade da Califórnia, publicou um novo estudo indicando que a medição da expansão da cobertura de gelo antártico pode não aumentar de forma tão rápida.
“Isso implica que as tendências de gelo marinho antártico reportadas no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) nos AR4 e AR5 [relatórios de avaliação de 2007 e 2013] não podem estar ambas corretas: nossas descobertas mostram que os dados usados em um dos relatórios contêm um erro significativo. Mas ainda não fomos capazes de identificar qual deles contém o erro”, observou Ian Eisenman, principal autor da pesquisa.
O relatório AR4, de 2007, afirma que a cobertura de gelo marinho antártico ficou mais ou menos constante entre 1979 e 2005. Já o AR5, de 2013, pelo contrário, indica que entre 1979 e 2012 a extensão de gelo marinho no Hemisfério Sul aumentou a uma taxa de cerca de 16,5 mil quilômetros quadrados por ano. “Quando observamos como os números reportados para as tendências tinham mudado, e observamos a extensão do gelo marinho antártico, aquilo não parecia correto”, comentou Eisenman.
Se o erro estiver nas informações publicadas no relatório de 2013, os resultados da nova análise podem contribuir para se dar um passo adiante na resolução do enigma sobre o aumento na extensão da cobertura de gelo marinho na Antártida, declarou o grupo de pesquisadores.
Mas o cientista Paul Holland, da British Antarctic Survey (BAS), disse à revista Nature que o erro é relativamente modesto, e que o que os pesquisadores não conseguem explicar adequadamente é a razão de a Antártida apresentar ao mesmo tempo perdas e ganhos de gelo em diferentes regiões, um padrão que não seria afetado pelo estudo.
Fonte: Instituto Carbono Brasil