Porto Digital realiza a quarta edição do Siree, nesta quinta e sexta-feira. Único do gênero no Brasil, evento conta com especialistas de vários países.
O Porto Digital promove, nesta quinta e na sexta (18 e 19), a quarta edição do Seminário Internacional sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (Siree). O evento vai reunir especialistas internacionais para discutir boas práticas de gestão e formas de descarte apropriadas desse tipo de resíduo, o "e-lixo".
Este ano, o tema é a logística reversa de eletrônicos. "É a discussão de como esses resíduos serão retirados do mercado, das casas e empresas, para serem levados de volta às fábricas e reinseridos no ciclo de vida de produção, quando serão reciclados", explica a coordenadora geral do Siree, Joana Sampaio.
De acordo com ela, o grande legado das edições anteriores do evento foi o levantamento da discussão em torno do tema, o incentivo para que a academia produza conhecimento, pois é o único evento no Brasil que discute o assunto. "As empresas e gestões públicas ainda não conseguem implantar políticas porque não há uma definição da política nacional, de como essa logística reversa vai funcionar na prática, de quem é a responsabilidade por cada passo do descarte", pondera. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi criada por lei pelo Governo Federal em 2010, mas a destinação adequada de resíduos eletroeletrônicos ainda não foi regulamentada. A lei definiu, por exemplo, que é obrigatória a existência de um sistema de logística reversa. "Mas o acordo setorial ainda não foi assinado", lembra a coordenadora.
O Brasil produz 680 mil toneladas de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos por ano. Não existe um levantamento oficial de quanto disso é destinado corretamente. "Talvez arriscar 1% seja muito", lamenta Joana.
Este ano, a organização do evento pretende resgatar um documento elaborado na primeira edição, em 2011. "Após o evento, fizemos um fórum com 40 representantes dos governos e da iniciativa privada, onde redigimos um documento com sugestões para encaminhamentos que estavam sendo discutidos. Esse documento foi enviado para o Ministério do Meio Ambiente e agora queremos saber o que foi colocado em prática", adianta Joana.
Dentro da programação de palestras desta quarta edição do Siree, haverá discussões com líderes da iniciativa privada, autoridades governamentais e especialistas do Brasil, China, Inglaterra, Chile e Peru. As discussões girarão em torno de incentivos econômicos para quem faz logística reversa; iniciativas internacionais na América Latina e nos Estados Unidos; eco-design e experiências locais, descritas em artigos de pesquisadores brasileiros.
Entre os especialistas confirmados estão Washington Novaes, jornalista especializado em meio ambiente; o inglês Duncan McCann, do projeto StEP (Solving the e-waste problem); Silvio Meira, um dos fundadores do Porto Digital e professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro; e Luciana Freitas, da Bolsa Verde do Rio de Janeiro.
A inscrição para o evento pode ser feita no local e custa R$ 275 (profissional) e R$ 176 (estudante). O seminário acontece das 9h às 18h desta quinta e da sexta, no auditório do Banco do Brasil do Bairro do Recife (Avenida Rio Branco, 240, 10º andar). A programação completa pode ser conferida no site do encontro.
Pontos de coleta
No Porto Digital, cada empresa é responsável pela destinação de seus equipamentos. O material do Núcleo de Gestão é encaminhado para um centro de recondicionamento de resíduos. "Eles tentam reaproveitar de alguma maneira. O que é lixo mesmo eles dão a destinação", afirma Joana Sampaio. De acordo com ela, cada componente vai para um lugar diferente. Há empresas no exterior que recebem e-lixo e fazem o tratamento para a recuperação de metais e a retirada de componentes tóxicos, por exemplo.
No Recife, a Prefeitura não mantém ponto de coleta específico de e-lixo. No Porto Digital, a empresa Softex disponibiliza, na última semana de cada mês, um coletor. Outro ponto de coleta de resíduos é o Centro de Recondicionamento de Computadores, em Apipucos (Rua Jorge Tasso Neto, 318).
Porto Digital
O Porto Digital é um parque tecnológico urbano que ocupa 150 mil metros quadrados em dois bairros históricos do Recife. Considerado o maior ambiente de inovação do Brasil para empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC), conta com 250 organizações embarcadas, entre empresas privadas, entidades governamentais e associações empresariais, com faturamento de mais de R$ 1 bilhão.
Laísa Mangelli