As diretrizes apontadas pelo PNE vão afetar diretamente a região, que possui cidades no topo do ranking de consumo de energia elétrica do Estado de São Paulo, a exemplo de São José dos Campos.
Planejamento. Diante das crescentes dificuldades de aproveitamento da matriz hidrelétrica por conta da estiagem, a análise de cenários também tem importância estratégica para garantir a viabilidade econômica do país.
Neste horizonte de incertezas, o sol mostra ser uma das principais apostas para a captação de energia, tanto para o aquecimento da água quanto para a geração de energia elétrica por meio de células voltaicas.
Demanda. A projeção é que com a instalação de placas para captar a luz solar nos domicílios, 13% da carga do segmento residencial será atendida por essa energia. São aproximadamente 15 milhões de domicílios com a tecnologia, ou 18% do total potencial. O PNE também avalia que, em 2050, 24% do aquecimento de água dos domicílios seja feito usando o calor do sol, contra os atuais 5%. Com isso, o uso de eletricidade para esse fim cairá de 88%, em 2013, para 38% em 2050, liberando essa energia para outros usos. Os estudos são conduzidos pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
EDP beneficia 1.598 moradias na RMVale
A captação de energia solar para aquecimento de água e o uso de equipamentos ecoeficientes beneficiou até o momento 1.598 famílias da RMVale por meio do Programa de Eficiência Energética desenvolvido pela EDP Bandeirante.
No Estado de São Paulo, o programa é realizado em conjuntos populares construídos pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
Nas moradias beneficiadas, os chuveiros elétricos são substituídos pelo sistema solar, composto por placas coletoras, reservatórios e chuveiros inteligentes. A EDP também proporciona a infraestrutura para a instalação.
Lâmpadas fluorescentes compactas, mais eficientes do que as incandescentes, completam o pacote de benefícios, que podem contribuir para uma redução do valor da conta de luz de até 30%.
Balanço. Em nível nacional, até o final de 2014 foram investidos mais de R$ 50 milhões no projeto. A iniciativa já beneficiou cerca de 11.200 famílias com a instalação de reservatório e coletor solar em cada uma das residências atendidas e com a doação de mais de 65 mil lâmpadas fluorescentes compactas.
Radiação. A incidência de radiação solar no território brasileiro é um dos fatores que justificam o sucesso do projeto.
Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, desenvolvido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil tem uma irradiação solar diária que varia de 4,25 kWh/m² a 6,5 kWh/m². Este índice é superior ao da maioria dos países da União Europeia, como Alemanha (0,9 – 1,25 kWh/m²), França (0,9 – 1,65 kWh/m²) e Espanha (1,20 – 1,85 kWh/m²), onde projetos para aproveitamento de recursos solares são disseminados.
Entrevista com Roberto Devienne, engenheiro elétrico e professor da Unitau
Como o senhor avalia os estudos que mostram o cenário de uso cada vez maior dos sistemas de aquecimento solar?
O aquecimento de água com energias solar tem essa dinâmica, reflete na economia, principalmente no horário de ponta, de maior consumo, quando as pessoas chegam em casa para o seu banho.
O Brasil apresenta evolução tecnológica nessa área? O Brasil tem sido pioneiro nessa área. Empresas como a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) estão bastante avançadas quanto a isso. O próprio governo federal, por meio do programa Minha Cassa, Minha visa, tem atuado bastante neste setor.
Quais são os efeitos imediatos com a implantação desse sistema nas residências?
Você auxilia o Sistema Interligado Nacional nos horários mais críticos e consegue dar um conforto maior às famílias com a redução no valor das contas.
Quais outros benefícios o senhor poderia citar?
Com a redução no valor das contas, você também consegue diminuir a inadimplência e também reduz o que chamamos de perdas técnicas. Um dos exemplos está nos casos de roubo e furto de energia. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem um índice de 30% de perda comercial.
Moradores de casas que possuem sistemas de captação de energia solar reclamam de dificuldades de manutenção e reposição de peças. Como o senhor vê isto?
Falta mão de obra. O Brasil não está conseguindo formar engenheiros suficientes para garantir a infraestrutura. Está faltando técnicos. Também existem equipamentos mais baratos, com manutenção difícil. Não tem peças no mercado.
Além do aproveitamento da energia solar para o consumo doméstico, qual outra possibilidade o senhor considera?
Com um custo entre R$ 20 mil e R$ 40 mil, você instala em sua casa um sistema de módulos solares e tem uma mini usina de energia. Você pode vender a energia excedente e receber na forma de créditos. Falta financiamento.
Fonte: O Vale Online – 11.01.2015