A gestão que gera lucratividade sustentável


Além de medir suas “pegadas” e reduzir riscos, a empresa deve, tratar a sustentabilidade como algo indispensável para melhoria contínua da gestão.

 

Por Roberto Araújo*

Durante muitos anos, o conceito de sustentabilidade foi tratado por alguns empresários como uma “pedra no sapato”. Para eles, trabalhar com a sustentabilidade era sinônimo de aumento de custos, licença para operar ou, na melhor das hipóteses, uma ação de marketing para melhorar a imagem da empresa. Hoje, nas grandes organizações, predomina o entendimento de que a sustentabilidade deve fazer parte da estratégia competitiva, pois ajuda a gerar e proteger valor, sendo fundamental para a longevidade dos negócios.

Segundo a pesquisa A New Era of Sustainability, realizada em 2010 pela Accenture, com 766 executivos de 13 setores industriais diferentes, as palavras “marca”, “confiança” e “reputação” foram citadas por 72% dos CEOs como os três principais fatores que os impulsionavam a agir em questões de sustentabilidade. Dos entrevistados, 91% relataram que sua empresa empregaria novas tecnologias, como energias renováveis, eficiência energética e tecnologias da informação e comunicação, para abordar questões de sustentabilidade ao longo dos próximos cinco anos.

Para que a sustentabilidade, de fato, seja incorporada à gestão de uma empresa, a sua liderança deve estar comprometida, investir na educação e desenvolver, de forma transversal, a competência da sustentabilidade nas suas equipes.

No Brasil, poucas são as organizações que podemos considerar inovadoras por trazerem o conceito da sustentabilidade integrado à sua gestão ou com papel transformador. A maioria delas está na fase de engajamento. São transparentes em seus processos, possuem a intenção de elaborar estratégias de sustentabilidade, melhorar o relacionamento com stakeholders e liderança, mas não são inovadoras em seu modelo de negócio, não desenvolvem atividades integradas em prol da sustentabilidade e tampouco são transformadoras em suas ações.

Dessa forma, algumas empresas precisam, além de medir suas “pegadas” e reduzir riscos, tratar a sustentabilidade como algo indispensável para a melhoria contínua da gestão, visando aumentar a lucratividade da empresa. De acordo com a pesquisa The Innovation Bottom Line, do MIT Sloan Management Review – Winter 2013, que teve a colaboração da consultoria Boston Consulting Group e ouviu cerca de 2.600 executivos, mais de 60% das empresas que mudaram seu modelo de negócio e que têm a sustentabilidade como pilar estratégico de sua gestão disseram ter lucros maiores devido à sustentabilidade, comprovando os melhores resultados financeiros por meio de business cases.

A sustentabilidade é capaz de aumentar a lucratividade de uma empresa, desde que ela tenha uma visão sistêmica da cadeia de valor e atue como um agente transformador de seus colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes e consumidores de forma geral. É uma busca contínua e conseguirá chegar à frente a empresa que utilizar a sustentabilidade para melhorar sua gestão, inovar e compartilhar valor. Afinal, se uma solução sustentável tiver um custo maior para o cliente, certamente ela não é a mais sustentável.

*Roberto Araújo é diretor-presidente da Fundação Espaço ECO.

Fonte: Instituto Ethos