Os bombeiros continuavam buscando, nesta quarta-feira (25), pessoas bloqueadas em suas casas, ou em veículos carbonizados, nas localidades de Mati e de Rafina, arrasadas pelos incêndios que deixaram ao menos 79 mortos.
Ainda de acordo com o novo balanço, anunciado por Stavroula Maliri, a responsável pelo serviço de bombeiros, há 187 feridos registrados até o momento.
Os socorristas continuam a busca, especialmente na cidade de Mati e em Kokkino Limanaki, um bairro da cidade portuária de Rafina, a cerca de 40 quilômetros de Atenas, onde há centenas de casas e de veículos queimados.
A catástrofe, que vários veículos da imprensa local classificaram de “tragédia nacional”, começou na segunda-feira, quando o fogo foi declarado em um monte próximo de Pendeli e estimulado por ventos de 100 km/h.
O balanço na zona arrasada já supera os 77 mortos registrados nos incêndios de 1977 no Peloponeso (sul da Grécia) e na ilha de Eubea (leste).
Na terça, a descoberta de 26 corpos carbonizados em uma casa de Mati comoveu o país. Entre os mortos, havia crianças pequenas. Foram encontrados abraçados em grupos “em uma última tentativa de se proteger”, contou o socorrista Vassilis Andriopulos.
Alguns moradores fugiram em pânico para a praia, a poucos metros de distância. Muitos tiveram de ficar por mais de uma hora na água para se salvar.
Os bombeiros continuavam recebendo “dezenas de chamadas” de pessoas em busca de seus familiares, afirmou a porta-voz da corporação.
“O problema é o que se esconde sob as cinzas”, advertiu o vice-presidente dos serviços de emergência, Miltiadis Mylonas.
Nesta quarta, mais de 300 engenheiros chegaram à zona do sinistro para acelerar a avaliação de danos.
Uma mãe polonesa e seu filho estão entre os mortos, segundo o governo de Varsóvia, assim como um cidadão belga, indicou o Ministério das Relações Exteriores da Bélgica.
Um inferno na praia
“Vi as chamas na frente da janela do hotel. Achei que fosse explodir”, relatou a turista alemã Alina Marzin, de 20 anos, que na segunda-feira à noite estava no hotel Capo Verde, de Mati, com seus pais e o irmão.
Seis pessoas foram encontradas mortas no mar, para onde fugiram diante do avanço do fogo.
Mais de 700 pessoas foram evacuadas por via marítima até o porto de Rafina.
“Temo que haja outras vítimas e pessoas desaparecidas, especialmente idosos”, disse à AFP o vereador Myron Tsagarakis, de Rafina.
“Hoje a Grécia está em luto”, declarou o primeiro-ministro Alexis Tsipras, ao anunciar, em pronunciamento em rede nacional, três dias de luto no país. A Presidência da República anulou os atos previstos para esta terça em celebração do restabelecimento da democracia na Grécia, em julho de 1974.
Em Mati, a violência dos ventos “provocou uma progressão fulminante do fogo no tecido urbano”, afirmou a porta-voz Stavroula Maliri.
Autoridades e voluntários trabalham para ajudar os afetados, com coleta e distribuição de água, comida e roupa, enquanto as pessoas desabrigadas foram levadas para hotéis.
A identificação das vítimas se anuncia demorada nesta zona muito frequentada por turistas estrangeiros.
Envio de ajuda
O país, que ativou o mecanismo europeu de defesa civil, está contando com a ajuda, especialmente em termos de meios aéreos, de Espanha, França, Israel, Bulgária, Turquia, Itália, Macedônia, Portugal e Croácia. Vários países já enviaram mensagens de condolências.
“A Comissão Europeia não poupará esforços para ajudar a Grécia”, tuitou o presidente do órgão, Jean-Claude Juncker.
“A dor dos afetados atinge todos nós”, declarou a chanceler alemã, Angela Merkel.
O papa Francisco transmitiu “sua profunda tristeza”, enquanto o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, expressou “a solidariedade” da Aliança.
O governo grego anunciou que arcará com o custo dos velórios e aprovará medidas fiscais a favor dos desabrigados. A Procuradoria da Suprema Corte abriu uma investigação sobre as causas dessa tragédia.
O porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopulos, disse nesta terça-feira que houve “15 focos de incêndio simultâneos em três frentes diferentes” em Ática. Os Estados Unidos emprestaram um drone para sobrevoar Ática e “observar e detectar qualquer atividade suspeita”, completou.
AFP