Pesquisa do Centro de Ciência e Sustentabilidade da PUC-Rio levantou indicadores inéditos que podem melhorar a qualidade da restauração de ecossistemas.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 02-10-2018.
Um estudo pioneiro sobre as características do solo da Mata Atlântica, desenvolvido pelo Centro de Ciência e Sustentabilidade da PUC-Rio, foi publicado pela revista Restoration Ecology, uma das mais importantes plataformas internacionais do meio acadêmico. A divulgação do artigo é um reconhecimento ao trabalho, que se tornou uma das principais linhas de pesquisa do CSRio e do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
As novas perspectivas podem melhorar as atividades de restauração da Mata Atlântica, favorecendo a qualidade e acelerando o crescimento da vegetação. A ideia inicial foi investigar a relação solo versus restauração no bioma Mata Atlântica e surgiu da pesquisa de graduação em Geografia pela PUC-Rio, feita pela aluna Maiara Mendes. Maiaraé hoje pesquisadora do CSRio (Centro de Ciência da Sustentabilidade da PUC-Rio).
“A partir da revisão da literatura, nós fomos buscando nas bases de dados trabalhos sobre restauração no bioma Mata Atlântica e que tivessem análises de solo disponíveis. Quando percebemos que não havia muitos, resolvemos nos aprofundar nesse assunto. Integrar o conhecimento entre que acontece na cobertura florestal e no solo é um desafio. A partir de agora, podemos direcionar melhor os esforços de restauração”, explica a líder do estudo.
A investigação dos solos da Mata Atlântica foi realizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro de maneira interdisciplinar, integrando os saberes da Geografia e da Ecologia. Com o título traduzido do original em inglês “Olhe para baixo – existe uma lacuna – a necessidade de incluir dados de solo na restauração da Mata Atlântica”, a pesquisa revela que o solo continua sendo um aspecto sub-investigado e negligenciado em análises sobre restauração. Coautora do estudo, a doutoranda de Geografia da PUC-Rio, Aline Rodrigues, destaca:
“A maioria das investigações sobre restauração da Mata Atlântica não considera indicadores de qualidade do solo. Ao acessar essas informações, temos uma compreensão melhor sobre os processos que estão ocorrendo nas áreas de restauração. Quanto mais fatores forem levados em consideração, mais chances de sucesso”, indica.
De acordo com Agnieszka Latawiec – Professora do Departamento de Geografia da PUC-Rio, Coordenadora do CSRio e diretora executiva IIS – que orientou a pesquisa, a necessidade de aprofundamento na questão dos solos é antiga.
”A escassez dos estudos sobre a relação entre solo e restauração da Mata Atlântica foi percebida há alguns anos e pode, de certa forma, ser explicada pelo maior interesse dos pesquisadores que trabalham com restauração na parte ‘verde’. Quem estuda solo se concentra mais nos processos químicos e físicos do que no que acontece acima da terra. A pesquisa é muito importante e por isso alcançou essa conquista rara, que é um aluno da graduação conseguir publicar numa revista de alto impacto”.
O trabalho de campo foi realizado entre 2016 e 2017.
Referência
Mendes, M. S., Latawiec, A. E., Sansevero, J. B., Crouzeilles, R. , Moraes, L. F., Castro, A. , Alves-Pinto, H. N., Brancalion, P. H., Rodrigues, R. R., Chazdon, R. L., Barros, F. S., Santos, J. , Iribarrem, A. , Mata, S. , Lemgruber, L. , Rodrigues, A. , Korys, K. and Strassburg, B. B. (2018), Look down—there is a gap—the need to include soil data in Atlantic Forest restoration. Restor Ecol. . doi:10.1111/rec.12875. https://doi.org/10.1111/rec.12875
IHU