Elas representam a nova face do alerta climático, em nome do qual os ecologistas (Verdes) conseguiram um grande avanço nas recentes eleições ao Parlamento Europeu: Greta, Luisa e outros jovens como elas encarnam uma geração em ascensão, que coloca o futuro do planeta no centro do debate político.
Seu forte ativismo nos meios de comunicação, nas ruas e nas redes sociais tem tido um inquestionável efeito mobilizador, afirmam analistas.
Aos 16 anos, a sueca Greta Thunberg deu rosto a um movimento que se tornou mundial, com centenas de milhares de jovens aglutinando-se em torno de seu nome em dezenas de países nas manifestações “Friday For Future” (Sextas-feiras pelo futuro).
Uma delas, Luisa Neubauer, uma estudante de 23 anos, foi apelidada de “a Greta alemã”.
As duas ativistas se encontraram em pelo menos duas ocasiões, em dezembro passado na Polônia, durante a COP24, e em março passado na Alemanha, onde se manifestaram juntas.
As redes sociais têm um papel decisivo na mobilização dos jovens, sobretudo na convocação de manifestações de rua.
De maria-chiquinha e olhar desafiador, Greta inspirou outras jovens e mulheres, caso das estudantes Anuna De Wever, de 17 anos, e Kyra Gantois, de 20, na Bélgica, ou de Leah Namugerwa, de 14, em Uganda, que se destacaram nas trincheiras do ativismo ecologista recentemente.
Anuna e Kyra já publicaram inclusive um ensaio, intitulado “Somos o clima. Carta para todos”.
Nas recentes eleições ao Parlamento Europeu, os Verdes conseguiram uma forte projeção, apoiada sobretudo nos ecologistas alemães (20,5%), franceses (13,47%) e britânicos (12,1%).
As eleições “demonstram que nós não colocamos a crise ecológica apenas na agenda de rua, mas também nas urnas”, escreveu Neubauer no Twitter.
‘Efeito Greta’
Para o jornal sueco Dagens Nyheter, de tendência liberal, “sopra um vento ecologista em toda a Europa”, em parte devido ao “efeito Greta”.
“Mas ninguém é profeta em sua própria terra”, acrescentou o periódico na ressaca das eleições europeias, visto que na Suécia, os ecologistas recuaram com relação a 2014, perdendo dois dos quatro assentos que tinham no Parlamento europeu.
Um resultado que, no entanto, mascara uma dinâmica real: com 11,4%, multiplicaram por 2,6 seu resultado nas legislativas de setembro de 2018, antes do fenômeno Greta.
Entre as mulheres, os Verdes suecos tiveram 15% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna feitas pela TV pública sueca.
Algo que também explica porque são sobretudo Greta e Luisa que produzem o “zumbido verde”. Elas confirmam “a diferença observada entre o voto das mulheres jovens, que foi para os partidos liberais, e o dos homens mais velhos, que representam sobretudo o eleitorado dos partidos de direita e de direita populista”, explicou à AFP a cientista política Sofie Blombäck.
A ameaça para estas formações políticas parece ser tal que Greta, que tem síndrome de Asperger – um transtorno do espectro autista – foi, durante a campanha para as eleições europeias, alvo de ataques virulentos de parte da extrema direita cética do aquecimento global.
Na França e na Alemanha, em particular, ativistas desta tendência destacaram sua condição para desacreditar seu discurso, acusando-a de ter sido usada por “ecofascistas”, segundo um relatório do Instituto para o Diálogo Estratégico (ISD), de Londres.
AFP