A associação ambiental Robin des Bois (Robin Hood) anunciou, nesta segunda-feira (29), que apresentou uma denúncia judicial pela contaminação com chumbo provocada pelo incêndio da Catedral Notre-Dame de Paris, acusando as autoridades francesas pela demora em agir e pela falta de transparência.
A denúncia da Robin des Bois foi apresentada na última sexta à Procuradoria de Paris por “falhas na aplicação das medidas de polícia geral (por exemplo, proteção e informação para a população e para os trabalhadores) que tiveram como consequência colocar o próximo em risco deliberado e a não assistência à pessoa em perigo”.
A associação considera que as autoridades deveriam ter “tomado as medidas imediatas de reclusão da população vizinha e dos trabalhadores”, assim como “impedir as multidões perto do incêndio, enquanto este se desenvolve” e “impor um afastamento e reclusão da população”.
A ação é contra a prefeitura de Paris, o Ministério francês da Cultura, a Agência Regional de Saúde (ARS), a Polícia de Paris e da região Île-de-France.
Desde o incêndio da catedral em 15 de abril, foram registrados nos arredores do monumento níveis significativos de concentração de chumbo. Na sexta, duas escolas situadas perto da catedral foram fechadas até novo aviso, em função de um nível de chumbo importante.
O chumbo é uma substância tóxica que, em níveis altos, pode afetar o funcionamento dos rins, provocar problemas digestivos, lesões ao sistema nervoso, ou anomalias no sistema reprodutivo.
As crianças são especialmente vulneráveis aos efeitos tóxicos do chumbo, que pode ter consequências graves e permanentes em sua saúde, afetando, em particular, o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o veículo investigativo digital Mediapart, um mês depois do acidente foram detectados níveis de concentração de chumbo até 10 vezes mais altos do que o limite de alerta (70 microgramas por metro quadrado) nas creches e nos colégios próximos da catedral, situado no centro de Paris.
AFP