Árvores centenárias, ao lado de uma vegetação exuberante, queimam nos incêndios da Amazônia, um desastre ecológico que pode apenas ser parcialmente mitigado com planos ambiciosos de reconstrução, afirmou o engenheiro agrônomo e especialista em ciência ambiental Rodrigo Junqueira.
“Para destruir a floresta leva muito pouco tempo, mas para reconstruir é necessário esperar uma década ou mais” para começar a ver resultados concretos, mas o sucesso não é garantido”, destaca Junqueira, assessor da ONG Instituto Socioambiental (ISA).
Que tipo de vegetação está sendo afetada pelos incêndios da Amazônia?
“As florestas nativas da Amazônia sofrem com o fogo. São florestas de fisionomias diferentes, com áreas de vegetação baixa, como no Mato Grosso, e outras mais densas, nas quais convivem espécies originais com outras geradas ao longo da história.
Há espécies centenárias que estão sendo afetadas. Castanhas, jatobás, ipês foram atingidos pelas chamas e transformados em cinzas.
Estas madeiras, altamente valorizadas pelos mercados, desaparecem no meio do fogo e esta destruição é nefasta para o meio ambiente”.
Há possibilidades de reconstituição desta vegetação?
“Algumas áreas da floresta têm capacidade de resiliência, de regeneração, mas o fogo na Amazônia é muito cruel e os arbustos que morrem às vezes deixam de nascer de novo”.
O ambiente influencia a definir se uma área é recuperada ou não, por exemplo, se o ambiente possui apenas agricultura, será mais difícil recuperá-la”.
Que planos de ação deveriam ser implementados pelas autoridades para reverter o dano provocado pelo fogo?
“Para destruir a floresta, leva muito pouco tempo, para reconstruí-la é necessário que as políticas associadas sejam aplicadas para recuperar estas áreas. E você precisa esperar uma década ou mais para começar a ver resultados concretos, mas o sucesso não é garantido.
Um processo de reflorestamento é possível e existe experiência na recuperação de áreas degradadas. Eles se recuperam sem se tornar exatamente como eram antes da devastação, mas tentam chegar o mais perto possível do que eram.
É importante incluir ps moradores. Temos experiências (no ISA) nas quais recuperamos hectares usando máquinas utilizadas em plantações de soja, é algo inovador.
O governo ficou muito ausente nos últimos anos na recuperação de áreas desmatadas e você precisa correr por trás para acabar com os incêndios.
Políticas de prevenção em áreas degradadas são essenciais para obter sucesso”.
AFP