O líder ianomâmi Davi Kopenawa, em nome da Hutukara Associação Yanomami, é um dos quatro vencedores do prêmio anual da Fundação Right Livelihood concedido anualmente a ativistas que lutam pelo meio ambiente, desenvolvimento e direitos humanos.
Os outros ganhadores são a ativista sueca Greta Thunberg, ícone da luta contra a mudança climática; a ativista de direitos humanos marroquina-saaraui Aminatou Haidar por seu combate pela autodeterminação do Saara Ocidental; e a advogada chinesa Guo Jianmei especializada no direito das mulheres. Cada premiado recebe 1 milhão coroas suecas (R$ 431 mil).
O Right Livelihood Award, também conhecido como o “Prêmio Nobel Alternativo”, foi criado em 1980 por Jakob von Uexkull, que foi eurodeputado pelo Partido Verde, após a recusa da Fundação Nobel a criar um prêmio para o meio ambiente e o desenvolvimento.
O líder indígena é o sétimo brasileiro a vencer o prêmio e foi escolhido “pela corajosa determinação dele em proteger as florestas e a biodiversidade da Amazônia, e as terras e a cultura de seus povos indígenas”. A Fundação Right Livelihood afirma que as florestas tropicais da Amazônia estão sob a ameaça da exploração ilegal de madeira e incêndios florestais, assim como das políticas incentivadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
Kopenawa disse que o prêmio chega em momento oportuno: “Demonstra confiança em mim e na Hutukara, e em todos aqueles que defendem a floresta e o planeta Terra. O prêmio me dá a força para continuar a luta para defender a alma da Floresta Amazônica”, declarou.
“Eu continuo a luta pelos direitos do meu povo, nossos direitos à terra, saúde, nossa língua e costumes, nosso xamanismo e muito mais”, afirmou Kopenawa ao Right Livelihood Award. “O papel de Hutukara é defender o povo ianomâmi e a nossa terra contra políticos, garimpeiros, fazendeiros e outros que querem roubar. Nossa terra é tudo o que sabemos. Eu não vou parar de lutar. Eu vou continuar até morrer.”
Davi e seu filho Dario têm sido ameaçados regularmente por garimpeiros que ocupam a Terra Indígena Ianomami, em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Atualmente, cerca de 15 mil garimpeiros
Thunberg, 16 anos, venceu o prêmio por “ter inspirado e encarnado as reivindicações políticas a favor de uma ação climática urgente de acordo com os dados científicos”. “Sua compreensão da crise climática baseada na ciência e a falta de respostas da sociedade e dos políticos a este tema levaram Greta Thunberg a dedicar-se à causa e a reclamar atos contra a mudança climática. Personifica a ideia de que todos podemos modificar o curso das coisas”, escreveu a fundação em um comunicado.
O movimento da ativista adolescente contra a mudança climática, Fridays For Future (Sextas-feiras pelo Futuro) começou há um ano, em 20 de agosto de 2018, quando ela fez, sozinha diante do Parlamento sueco, sua primeira “greve escolar pelo clima”. Desde então o movimento ganhou força, da Suécia à Austrália, passando pela Europa e Estados Unidos, graças em parte a jovens ativistas como Greta.
Na sexta-feira passada, mais de 4 milhões de pessoas, de acordo com os organizadores, saíram às ruas em 160 países para uma “greve mundial pelo clima” e para exigir que os governantes adotem ações contra a catástrofe climática prevista pelos cientistas.
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Redação Dom Total