A Organização das Nações Unidas reúne nesta quinta-feira (26) líderes de governo, empresários e o setor financeiro para o primeiro Diálogo de Alto Nível para o Financiamento pelo Desenvolvimento desde a adoção da Agenda de Ação de Adis Abeba em 2015. Na ocasião, foram elencadas uma série de ousadas medidas para revisar práticas financeiras globais e direcionar fundos para enfrentar desafios econômicos, sociais e ambientais. O objetivo do encontro agora é discutir como as nações podem investir em áreas que apoiem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A ONU estima que o alcance dos ODS poderia gerar cerca de 12 trilhões de dólares de valor na economia global, criando 380 milhões de novos empregos até 2030. Mas realizar isto requer investimentos anuais em torno de 5 a 7 trilhões de dólares em vários setores – atualmente, os níveis de investimento estão muito inferiores a isto.
Várias razões têm sido elencadas para explicar este déficit, incluindo crescimento econômico desigual e aumento da desigualdade. Outros fatores incluem medidas restritivas de mercado, aumento de endividamento e diminuição do investimento estrangeiro.
Liu Zhenmin, sub-secretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais, explicou que recursos privados serão necessários para complementar o dinheiro público que representa a espinha dorsal dos recursos disponíveis. “Em face dos desafios significativos que temos, a transição sustentável nos sistemas financeiros não está acontecendo na escala necessária nem na velocidade necessária”, alertou.
Liu Zhenmin reconheceu, porém, que o interesse e o investimento nos ODS estão aumentando: a indústria financeira tem cada vez mais levado em conta os riscos relacionados ao clima no seu processo de tomada de decisão de investimentos e ferramentas digitais e inovação financeira estão destravando novos recursos de financiamento para o desenvolvimento sustentável.
Na África, projetos apoiados pelo Banco Mundial estão demonstrando os impactos positivos que o desenvolvimento sustentável pode ter nas comunidades. São Tomé e Príncipe, altamente vulnerável a enchentes, erosão costeira e desastres naturais, está se beneficiando do Programa de Gerenciamento de Áreas Costeiras na África Ocidental, que ajuda o governo a incorporar riscos climáticos no planejamento de infraestrutura, como prédios públicos e rodovias, e garantir que eles são construídos a uma distância segura do litoral.
Já o Marrocos enfrenta severa erosão litorânea, aumento de temperaturas e redução das chuvas. Programas apoiados pelo Banco Mundial têm ajudado o governo local a levar em conta os impactos das políticas climáticas em diferentes setores e grande economia de energia tem sido feito por usar sistemas energéticos renováveis e por melhorar a eficiência energética.
“Alcançar o desenvolvimento sustentável requer uma perspectiva de longo prazo”, afirmou Liu Zhenmin. “Incentivos públicos e privados precisam estar alinhados ao desenvolvimento sustentável, para que todas as decisões de financiamento incorporem a sustentabilidade como questão central”.
Espera-se que o encontro sirva como um chamado coletivo para estimular os Estados-membros e o setor privado a anunciar medidas novas e concretas que aumentem o financiamento para o desenvolvimento sustentável.
Esté é um dos cinco grandes eventos ocorrendo nesta semana na sede da ONU em Nova Iorque, onde chefes de Estado e de governo discutem ações que levem à transformação necessária para assegurar vidas saudáveis, pacíficas e prósperas para todas as pessoas. Os encontros ocorrem simultaneamente à 74ª. Assembleia Geral da ONU.
ONU News