Por Elmo Júlio de Miranda e Amanda Rodrigues
Em edições anteriores o Movimento Ecos trouxe conteúdos que relatam a sua criação, história e como foram seus primeiros passos trilhados no caminho para uma Educação Socioambiental mais ampla e consistente, ofertando aprendizado, estruturas e assessoria à educação pública e privada. Em seu arcabouço de intenções, planejamentos e ações, esmeram-se a sustentabilidade e a equidade social das ambiências em geral e as relações de grupos sociais com a natureza. Sendo assim, mais uma vez, o Movimento Ecos descreve a sua trajetória e o seu papel, hoje, contando com mais de 150 escolas parceiras.
O nome Ecos, ainda que muito sugestivo, não remete somente às questões ecológicas, mas também às complexidades que norteiam a questão ambiental em vários aspectos, formando uma estrutura cíclica e completa, capaz de construir propostas concretas no pensar, agir, multiplicar e transformar uma nova postura em prol da natureza e da sociedade. Em ocasião do isolamento social causado pela Covid-19, o Movimento vem buscando atividades alternativas que, mesmo à distância, poderão inserir processos de ajuda mútua à comunidade escolar e à educação em geral, auxiliando professores e alunos no enriquecimento e ampliação de conceitos e conteúdos ao atual cenário de preocupações e incertezas.
Além das atividades oficiais propostas, há uma variabilidade de veículos de comunicação, que são perfeitas ferramentas para a educação e enfrentamento da Covid-19, levando material para pesquisa e orientação aos jovens estudantes. Não obstante às propostas e atividades, a presente edição remonta ao Ecos, o sentido de seu próprio nome: o Ecos que ecoa, repercute e reproduz sons, sabedoria, que valoriza o ecológico e que procura mirar metodologias que auxiliem na dinamização dos processos de buscas de atitudes corretamente ecológicas, preocupando-se com a sobrevivência e a harmonia dos habitats. Um Ecos que valoriza a vida e que traduz e reafirma conceitos.
Dentro dessa perspectiva, o Movimento Ecos busca interpretações das relações de ambiências, do meio ambiente, da nossa casa em harmonia. Exatamente por isso, resgates conceituais passam a ser importantes para reafirmar o discurso ambiental e cultural, fortalecer a pesquisa e enriquecer atividades curriculares. Assim, estabelecer esses conceitos e relembrar a importância do espaço de relações homem-natureza serão o foco das próximas matérias.
Resgates conceituais: conhecer para agir
Todos nós fazemos parte de um determinado espaço, que se remete ao ecossistema, seja ele natural ou cultural, com paisagem transformada pelo homem. A palavra ecossistema traz consigo uma rica interpretação. Trata-se de um conjunto de interações harmônicas entre os elementos da natureza, onde vivem os organismos vivos, e os elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e os minerais. Esses elementos vêm sofrendo os impactos causados pela ação antrópica, ou seja, as ações humanas, que interferem direta ou indiretamente sobre a natureza, transformando a paisagem natural e muita das vezes provocando desequilíbrio e a fragmentação do ciclo do ecossistema, que é a desarmonização das relações entre os elementos da natureza, sejam eles bióticos ou abióticos.
Os elementos bióticos são os elementos vivos que compõem a natureza e os abióticos são os elementos artificiais criados pelo homem, e, se introduzidos ao ecossistema natural de maneira inadequada, são capazes de impactar negativamente toda a paisagem. O impacto de grandes áreas nos ecossistemas está relacionado à intensa exploração de recursos naturais não renováveis, aqueles que são utilizados como matérias primas e que não conseguem mais se renovar e se recompor na natureza, ou que levaria um longo tempo para tanto.
Mesmo com a constante exploração, o ecossistema está aí, e, embora intensamente modificado, ainda carrega elementos residuais ou testemunhos, que nada mais são do que fragmentos de determinado espaço, que identificam o ecossistema original, tais como uma pequena mancha florestal, um rio, ainda que poluído, ou uma encosta planáltica. Tais elementos contam uma história e precisam ser cuidados e resgatados para a saúde e para o bem-estar das presentes e futuras gerações.