Nova York processa Exxon por enganar investidores sobre clima


Foto: EBC

A procuradora-geral do Estado de Nova YorkBarbara Underwood, impetrou na Justiça nesta quarta-feira (24) uma ação contra a Exxon Mobil. A maior empresa de petróleo do mundo é acusada de enganar acionistas ao minimizar o risco do combate à mudança climática para seu negócio.

A informação é publicada por Observatório do Clima, 24-10-2018.

É mais um revés para a petroleira, que já é investigada nos Estados Unidos por ter negado durante décadas a ligação entre petróleo e mudança do clima, que já era conhecida pelos cientistas da empresa desde os anos 1970.

Segundo um comunicado da procuradoria, a Exxon passou anos dizendo aos investidores que estava computando o custo cada vez mais alto das regulações climáticas em seu planejamento e na valoração de seus ativos. No entanto, prossegue a nota, a empresa “fez muito menos do que alegou, enganando os investidores sobre a verdadeira exposição financeira da companhia a regulações e políticas adotadas para mitigar os efeitos adversos da mudança do clima”.

Exxon, por exemplo, vendia suas ações como um investimento seguro, tentando atrair investidores de longo prazo como fundos de pensão e empresas de seguro de vida. Segundo Underwood, a empresa “construiu uma fachada para convencer os investidores de que estava administrando os riscos da regulação climática quando, de fato, estava intencional e sistematicamente subestimando-os ou ignorando-os”.

A matemática do clima é implacável com as empresas de combustíveis fósseis. Se quiser evitar que o aquecimento global chegue a 2°C, como determina o Acordo de Paris, a humanidade não poderá emitir mais do que 500 bilhões de toneladas de gás carbônico daqui até o final dos tempos. Como a queima de combustíveis fósseis é a maior fonte de emissões do planeta, isso significa que a maior parte das reservas de hidrocarbonetos do mundo terá de ficar no subsolo, o que tem impacto direto sobre o futuro de empresas como a Exxon, a Shell e a brasileira Petrobras.

Neste mês, o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, publicou um relatório que torna a realidade das petroleiras ainda mais dura: se a humanidade quiser evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5°C, terá de cortar 45% das emissões nos próximos 12 anos. Não há como fazer isso mantendo o ritmo atual de extração e uso de petróleo.

“A ação contra a Exxon tende a acender a luz amarela no mundo todo sobre o risco financeiro de continuar a investir em petróleo”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “O Brasil, que faz uma aposta arriscada nesse setor ao dar subsídios de centenas de bilhões de reais para a exploração do pré-sal até 2040, deveria prestar atenção a esse alerta e acelerar mudanças na Petrobras no sentido de uma economia de baixo carbono.”

IHU