Um gás versátil


 

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Por preconceito ou puro desconhecimento, aqui no Brasil o biogás costuma ser esquecido quando o assunto é energia renovável. O fato de ser produzido a partir de resíduos vegetais ou dejetos animais contribui para a imagem de fonte de energia de “segunda categoria”. Quando o assunto é sustentabilidade agrícola, no entanto, nenhuma outra fonte garante as mesmas vantagens. Principalmente se a produção do biogás for feita por microgeradores conectados em geração distribuída, conforme defende o engenheiro agrônomo especializado em Ciências do Solo, Cícero Bley Júnior, atual superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional.

Cícero é autor do livro Biogás, a Energia Invisível, publicado neste primeiro semestre de 2014, graças a uma parceria entre o Planeta Sustentável (Editora Abril), o Centro Internacional de Energias Renováveis com ênfase em Biogás (CIBiogás) e a Itaipu Binacional.

No livro de 138 páginas, o especialista faz um pequeno histórico da produção de biogás no Brasil, compara esta com as demais fontes de energias renováveis, propõe um modelo racional de integração à rede nacional de eletricidade e estima um potencial energético considerável: 37 milhões de megawatts por ano, equivalente a um terço da energia gerada pela Itaipu Binacional. Desse total, um terço poderia ser produzido com resíduos de alimentos e dejetos de suínos, aves ou bovinos e dois terços viriam do setor sucroalcooleiro.

O biogás é versátil: pode ser usado como fonte de energia térmica, elétrica ou como combustível. Mas as suas melhores qualidades – do ponto de vista da sustentabilidade agrícola – estão nos “efeitos colaterais”: produzir biogás numa propriedade rural significa deixar de queimar ou jogar fora resíduos de colheita (reduzir o desperdício), deixar de despejar dejetos em cursos d´água (reduzir a poluição hídrica) e reduzir a emissão de gases do efeito estufa (77,8 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente por ano ou 7% da meta brasileira até 2020). Também significa produzir biofertilizante tratado, de alta qualidade. E aquecer incubadoras, matrizeiras e berçários dos diversos animais criados. E reduzir custos. E aumentar a eficiência dos processos agroindustriais de beneficiamento ou transformação.

Trata-se, enfim, de uma fonte de energia local e firme, capaz de servir tanto a produtores isolados como na composição de um sistema nacional mais seguro. Sem contar que o clima tropical é ideal para a produção de biogás porque tem alta biodiversidade de microrganismos para digerir a matéria orgânica e calor o ano inteiro.

Se esses argumentos não bastam, Cícero Bley Jr ainda dedica diversas páginas ao relato das experiências incentivadas pela Itaipu Binacional no estado do Paraná, como a pioneira Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu; o Condomínio de Agroenergia de Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon; a fazenda Star Milk, de Céu Azul e diversas cooperativas de Itaipulândia, Matelândia, Serranópolis, Assis Chateubriand e Terra Roxa. Todos já produzem biogás e alguns já vendem o excedente para a empresa paranaense de eletricidade, a Copel.

Cícero Bley Jr. irá autografar Biogás, a Energia Invisível em 15/05, durante o evento AgriSustenta, uma realização do Planeta Sustentável na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em Piracicaba (SP).

A versão e-book já pode ser adquirida no sites do iba.

Texto por Liana John

Fonte: Planeta Sustentável