Apesar das iniciativas globais para proteger tigres selvagens e estimular a reprodução para dobrar o número de animais até 2022, governos de províncias chinesas têm estimulado a matança silenciosa dos felinos, por conivência com a venda de peles e partes do corpo dos animais, segundo um relatório de uma ONG britânica que apura crimes ambientais.
O documento, publicado nesta semana pela Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês), diz existir uma rede de comércio de peles de tigres criados em cativeiro na China. A venda é legalizada e ocorre com o aval do poder público do país, segundo a ONG.
A estimativa é que mais de 5 mil tigres nascidos em cativeiro estejam em “fazendas” e “zoológicos” chineses, aponta a EIA. Na natureza, somente 3,5 mil destes felinos são encontrados, ainda segundo a organização.
A China defendeu suas políticas de proteção a espécies ameaçadas de animais, em entrevista dada nesta terça-feira (27) a agências internacionais.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Hua Chunying, afirmou que o “governo chinês atribui muita importância à defesa da vida selvagem, incluindo tigres”.
Chunying ressaltou que a China tem criado leis e realizado ações para proteger espécies em risco de extinção. O Ministério da Segurança Pública chinês, responsável pela aplicação das leis, não foi encontrado para comentar o relatório, segundo a AFP.
Ossos de tigre – O relatório da ONG aponta evidências que sugerem que uma notificação “secreta” do governo chinês estimula o uso de ossos de tigres de cativeiro para a produção de bebidas com supostos poderes medicinais, chamadas de “vinhos tônicos”.
A Agência de Investigação Ambiental cobra que o governo chinês envie um recado claro a todos os criadores, consumidores e à indústria do país de que a política oficial é de acabar com todo o comércio de produtos derivados de tigres.
Para Debbie Banks, diretora da campanha de defesa dos tigres da ONG, a política adotada pelo poder público chinês é “uma das maiores ilusões já perpetradas na história dos esforços para salvar estes felinos”.
Debbie aponta uma “contradição entre a posição internacional da China, apoiando esforços para salvar os tigres selvagens, e suas políticas internas, que estimulam o consumo [de produtos derivados de felinos] e fecham os olhos para a caça de animais”.
O relatório cobra que os níveis mais altos do governo chinês “assumam o controle” e criem normas para conter a criação de “fazendas de tigres” e para facilitar o fim do comércio de produtos feitos a partir de partes de animais.
Fonte: Ambiente Brasil