"As mudanças climáticas são uma séria ameaça aos esforços para o desenvolvimento sustentável e para a redução da pobreza. A continuidade da trajetória de aquecimento deixará um legado ao planeta, de irreversível transformação, com temperaturas excedendo os 2ºC e potenciais impactos devastadores." O alerta foi feito pelo climatologista Carlos Nobre na quinta-feira, 23 de abril, em artigo para o jornal Folha de S.Paulo.
Segundo Nobre, se atuarmos rápida e corajosamente, podemos começar a descarbonizar a economia global e limitar as mudanças climáticas. Para isso, porém, as lideranças políticas de todos os países devem agir neste ano para garantir um futuro melhor para as gerações vindouras e para todas as demais espécies.
A Earth League (Liga da Terra) – uma rede internacional de cientistas estudiosos das mudanças globais (da qual Nobre faz parte) -, lançou na última quinta-feira (23) a 'Declaração da Terra', um conjunto de oito ações essenciais às discussões da Cúpula do Clima (COP21), em Paris, em dezembro.
Para Nobre, o Brasil tem se destacado na redução de 36% das emissões nos últimos anos, cortando suas emissões brutas de 2,36 Gt CO2, equivalente em 2005, para 1,52 Gt CO2,equivalente em 2012, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Isso ocorreu, principalmente, pela redução de cerca de 80% dos desmatamentos da Amazônia e, em menor grau, pela redução também no bioma Cerrado.
Agricultura e energia
"O Plano de Agricultura de Baixo Carbono sinaliza caminhos para a sustentabilidade da agricultura brasileira na direção de redução das emissões, diminuição da pressão sobre ecossistemas e, ao mesmo tempo, aumento de produtividade, equação que fecha com a intensa utilização de conhecimento, tecnologias e inovação no campo e que pode levar ao desmatamento quase zero", projeta o também diretor do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do MCTI.
No setor de energia, a descarbonização passa pelo aumento da eficiência energética e da utilização maciça de energias renováveis – notadamente energias eólica e solar – na matriz elétrica brasileira. "China e Índia têm planos de acrescentar essas formas de energia renovável nos próximos dez anos, e o Brasil deve seguir o exemplo", aponta Nobre.
"Na COP21, o Brasil deve apoiar e defender um acordo ambicioso, equitativo e cientificamente embasado, limitando o aquecimento a 2ºC", conclui o climatologista.
Fonte: Eco Desenvolvimento