Meu nome é Rogério Monteiro e sou novato no Movimento ECOS, realizado pela Escola Superior Dom Helder Câmara, em parceria com a Secretaria estadual de Educação do Estado de Minas Gerais. Meu ingresso se deu de última hora e, ao iniciar, não conhecia essa atividade da Faculdade em que leciono. Aos poucos, fui me familiarizando até chegar ao ponto em que me encontro hoje: sinto-me um parceiro das escolas que coordeno. Sou responsável por oito: E.E. Caio Nelson; E. E. Margarida de Mello Prado; E. E. Benvida de Carvalho; E.E. Silviano Brandão; E. E. Guimarães Rosa; E.E. Professor Alisson Pereira Guimarães; E.E. Ursulina De Andrade Melo; e E. E. Guia Lopes
Além de acompanhar as atividades técnicas de cada escola, como elaboração dos projetos para consecução dos objetivos propostos pela Faculdade Dom Helder, aos poucos, fui descobrindo o que sequer cogitava encontrar. Há uma parte evidente, relatada pelas comunidades escolares, que é o nosso descaso social para com a educação fundamental. Essa (ir)responsabilidade não é de um governo específico, pois todos nós não somos agentes que lutam para transformar a Educação no país. Reclamamos de impostos, corrupção, violência, desigualdade social, mas não somos capazes de uma grande mobilização pela Educação. Na rede estadual, prevalecem estudantes de baixa renda. São jovens que enfrentam obstáculos muito maiores para realizar seus sonhos do que aqueles que já nascem com facilidades de construírem uma história cultural caudalosa. Alguns jovens não chegam nem mesmo a sonhar, visto que suas realidades pessoais estão bastante apartadas de uma vida que não seja a repetição de contextos desfavoráveis ao desenvolvimento pleno da dignidade da pessoa humana. Mas apesar desse lado duro, cru e perverso (a perversidade é nossa – a indiferença), existe também muita esperança e alegria. Meninas e meninos, liderados por professoras e professores muito dedicados, querem transformar, desenvolver-se e construir caminhos que façam a vida valer a pena. Também são pessoas que abraçam a nossa Mãe Terra com um carinho extraordinário. Todas as escolas devem cumprir dois objetivos gerais: diminuir o consumo de energia e de água. Além desses, um terceiro é obrigatório. No entanto, nas reuniões que fizemos, precisei conter o ímpeto de quase todas/todos, pois a vontade de abarcar um número enorme de cuidados com o meio ambiente era pulsante. Reunir com essa garotada sempre me faz ver a potência criativa de todos eles. O elã e o engajamento se transformam em um espírito comunitário, que evidencia, rapidamente, como o bem comum (difícil de ser compreendido na Modernidade e na Pós-Modernidade) continua a fazer sentido em nossas vidas.
O entusiasmo explícito do corpo discente ganha força com o respaldo do corpo docente. Estou absolutamente impressionado com a qualidade dos profissionais com quem estou lidando. Qualidade que também atesto dos gestores, pois a sensibilidade dos diretores/diretoras nos ensina o sentido da palavra “educação”. Todos eles, professores e gestores, conseguem promover adaptações teóricas e práticas a seus contextos específicos. Isso tem me chamado a atenção, pois a alteridade brota em cada um, com sabedoria, senso prático e resiliência.
O projeto Movimento Ecos me colocou diante de realidades multifacetadas e muito, mas muito ricas de energia e vontade de viver. A ecologia integral, como tanto menciona Boff, em sua dimensão holística, nos permite compreender o mundo como um complexo de energia que interage a todo instante. Infelizmente, o ser humano, pela ganância e arrogância, usa essa força para destruir nossa Mãe Terra e obter benefícios individuais, exclusivamente. Mas todas as escolas, com a comunidade que movimenta cada uma delas, especialmente pelos olhares e vozes de gente sem muitas facilidades, tem me mostrado que jamais devemos desistir de uma caminhada coletiva. Nessas meninas e nesses meninos ecoa a voz da Criação de Deus em nosso planeta, que não separa ser humano e natureza. Somos o todo. O projeto de extensão da Dom Helder é também um movimento de boas energias, que, agregadas, nos permitem dizer: juntos, podemos!
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