O Brasil é o país que proporcionalmente menos utiliza defensivos agrícolas entre os grandes exportadores de alimentos, e foi o único que conseguiu aumentar a eficiência no uso desde 2004, afirma um estudo inédito da consultoria Kleffmann Group. O Brasil conseguiu reduzir em 3% o gasto com defensivos agrícolas entre 2004 e 2011, passando de US$ 7,28 por tonelada produzida para exatos US$ 7,05 por tonelada.
Em igual período, outros grandes exportadores reduziram a eficiência: a Argentina passou a gastar 47% mais e os EUA elevaram os custos com defensivos em 6%.
Os norte-americanos gastam US$ 10,65 em defensivos para produzir cada tonelada, enquanto os argentinos desembolsam US$ 10,59.
A melhora do Brasil nas estatísticas está atrelada a uma produção cada vez maior do País com um pequeno aumento de área cultivada – ganho de produtividade, em outras palavras – com a ajuda do clima que permite o plantio de duas ou até três safras por ano em um mesmo espaço. "O milho 'safrinha' ajudou a melhorar a matriz produtiva porque tem uma alta produção por hectare", lembrou o presidente da Kleffmann no Brasil, Lars Schobinger.
O levantamento abrange todos os produtos agrícolas, como soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, café e hortifrutigranjeiros.
A cana, produto com um peso por hectare bem superior aos dos grãos, com destaque na agricultura do Brasil (maior produtor de açúcar do mundo), ajuda a entender o estudo, uma vez que países como Estados Unidos contam com uma maior produtividade média para cereais, por exemplo, do que o Brasil.
A categoria de defensivos inclui fungicidas, herbicidas e inseticidas, necessários para evitar ataques que poderiam reduzir sensivelmente a produtividade das lavouras.
"O uso de defensivos no Brasil é bastante racional e acaba contribuindo no ganho produtivo", disse Schobinger, destacando o recente avanço da produtividade do milho no País, que ainda tem espaço para avançar frente a outros países, como os Estados Unidos.
Em números absolutos, no entanto, o Brasil – com uma agricultura tropical e uma maior incidência de pragas e doenças – é o país que mais gasta em defensivos, cerca de US$ 7 bilhões em 2011, superando os Estados Unidos, que desembolsaram US$ 6,7 bilhões naquele ano.
A pesquisa da Kleffmann abrange o período de 2004 a 2011 porque usa como importante fonte os levantamentos globais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que divulga dados com atraso.
Por ser um país de clima tropical, onde a incidência de fungos, insetos e ervas daninhas é elevada, o Brasil ainda gasta bem mais em defensivos do que a Rússia, onde o clima frio interrompe o ciclo de vida das pragas. "Estamos apenas atrás de países de baixa tecnologia ou com uma condição de clima muito diferente da nossa", disse o executivo.
Matéria originalmente publicada no jornal Diário do Comércio
Fonte: Cidades Sustentáveis