Amazônia Legal estará toda mapeada até 2017, informa órgão


O projeto de mapeamento da Amazônia Legal está em andamento e deve ser concluído até 2017, segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), que coordena as operações. Cerca de 55 mil quilômetros quadrados (km²) de hidrovias navegáveis e 1,2 milhão de km² terrestres já foram cartografados.

                              

O Projeto Cartografia da Amazônia foi lançado em 2008 e visa a atualizar e concluir as cartografias terrestre, geológica e náutica dos 35% da Região da Amazônia sem informações na escala de 1:100.000, que são mais detalhadas. Dos 5,2 milhões de km² da Amazônia Legal, 1,8 milhão de km² não tinham informações cartográficas nessa escala.

Mais importante que a base estruturante da cartografia são os desdobramentos temáticos para as instituições, órgãos e municípios da região, avalia o diretor de Produtos do Censipam, Péricles Cardim. “Traduzir as informações dos mapas e pegar todo o montante desse conhecimento para subsidiar o poder decisório de outros órgãos era o que faltava na Amazônia”, disse.

As cartografias auxiliam o planejamento e a execução de projetos de infraestrutura, como rodovias e hidrelétricas, regularização fundiária, segurança territorial e desenvolvimento regional.

Os 55 mil km² de hidrovias já cartografados correspondem a 90 cartas náuticas produzidas ou atualizadas até 2013. Neste ano serão mapeadas mais cerca de 9,5 mil km², em 19 cartas náuticas, sendo que sete foram finalizadas até o último mês de maio. O objetivo é ampliar a segurança da navegação nos rios dos estados do Amapá, Amazonas, parte do Acre, Maranhão, de Mato Grosso, do Pará e de Roraima.

Até 2008, dois navios se dedicavam a mapear a Região Amazônica, mas, segundo Cardim, não conseguiam atingir afluentes mais distantes. Então, dentro do projeto, a Marinha recebeu cerca de R$ 43 milhões, sendo que 90% dos recursos foram para a construção de quatro navios menores, hidroceanográficos, e um de maior porte, oceanográfico. “A partir dessa capacidade, a Marinha amplia a cobertura, ano a ano, nos locais sem mapas ou que precisam de revisita.”

Mais de 95% de todo o transporte comercial da região ocorre por meio dos rios. Além disso, o transporte fluvial de passageiros movimenta anualmente 8,9 milhões de pessoas. A segurança de navegação também interfere no cálculo do seguro do frete comercial, influenciando diretamente no preço dos produtos transportados e afetando toda a economia regional.

Além dos navios, o projeto destinou recursos para investimentos como modernização dos sistemas de aquisição e processamento de dados de aeronaves especializadas em sensoriamento remoto, software e hardware para o tratamento e processamento dos dados e imagens, bem como da capacitação de recursos humanos.

Segundo Péricles Cardim, o mapeamento geológico foi o que alavancou o projeto todo, levando também a parte mais substancial dos recursos: R$ 176 milhões. “É um mapeamento que vai delimitar com qualidade a real riqueza mineral que temos na Amazônia”, disse o diretor.

Entretanto, segundo ele, são informações que dependem de aprovação e regulamentação do novo Marco Regulatório da Mineração. “É uma informação importante para ordenar como serão exploradas as riquezas”, explicou o diretor do Censipam.

O Projeto Cartografia da Amazônia tem como executores a Marinha, o Exército, a Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O orçamento total é de R$ 350 milhões.

Fonte: Agência Brasil

Laísa Mangelli

Mato Grosso e o desmatamento na Amazônia legal


Mato Grosso é único estado da Amazônia Legal a registrar alta no desmatamento em cinco meses


Daniela Torezzan/ICV

Trator flagrado derrubando floresta na região norte de Mato Grosso durante operação do Ibamam em 2014. Foto: Ibama-MT

Trator flagrado derrubando floresta na região norte de Mato Grosso durante operação do Ibama, em 2014. Foto: Ibama-MT

O desmatamento continua crescendo em Mato Grosso, confirmando uma tendência que já vem sendo registrada nos últimos três anos. Os dados de monitoramento por satélite mostram que, entre agosto e dezembro de 2015, Mato Grosso foi o único estado da Amazônia Legal onde o corte raso da floresta aumentou (16%), em comparação com o mesmo período de 2014, passando de 362 quilômetros quadrados para 419 quilômetros quadrados. Nos demais estados houve queda nas taxas de desmatamento. Os dados foram divulgados nesta semana pelo Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Os dados correspondentes aos cinco primeiros meses do calendário oficial de monitoramento preocupam pois, além de contrariarem a tendência de queda verificada na Amazônia Legal, confirmam a tendência de retomada do desmatamento que vem sendo registrada desde 2013, com altas progressivas desde o ano de 2013.

Uma análise detalhada do Instituto Centro de Vida (ICV), de Mato Grosso, aponta que o desmatamento total detectado entre agosto e dezembro de 2015 representa um aumento de 670% em relação a esse mesmo período no ano de 2013.

 

Essa frente de forte expansão de desmatamento está concentrada, principalmente, na região noroeste do estado, onde ainda há um grande maciço florestal e onde acontece uma pressão para abertura de novas áreas para utilização agropecuária. Colniza continua liderando o ranking dos municípios que mais desmataram no estado, sendo responsável pelo corte raso de 74 quilômetros quadrados de floresta, o que significa 19% de todo o desmatamento registrado. Na mesma região aparecem ainda Cotriguaçu, com 26 quilômetros quadrados desmatados, Juína e Juara, responsáveis, cada um, pela supressão de 14 quilômetros quadrados de floresta.

Neste cenário, dez municípios foram responsáveis por mais de 60% do desmatamento detectado em solo mato-grossense.

 

Para Alice Thuault, diretora adjunta do ICV, o momento é grave e exige uma resposta rápida e contundente por parte do governo do estado para enfrentar o problema. “Esta é uma situação que demonstra o quanto é necessária a implementação de uma estratégia para combater o desmatamento. Representa uma oportunidade para o governo do estado implementar as medidas anunciadas no final do ano passado, durante a COP- 21, em Paris, que prevê o fim do desmatamento ilegal em Mato Grosso”, reforçou.

A referência é ao anúncio feito pelo governador do estado, Pedro Taques de um pacote de medidas para zerar o desmatamento ilegal no estado até 2020, prevendo a redução de 90% da taxa geral no bioma amazônico e 95% no cerrado. Na época, o governador reconheceu como inaceitável o aumento no desmatamento em Mato Grosso e se comprometeu a implementar uma estratégia intitulada Produzir, Conservar e Incluir, composta por ações nestes três eixos. Na produção, o estado pretende substituir 6 milhões de hectares de pastagens com baixo rendimento em áreas de alta produtividade, compostas por 3 milhões de hectares de plantio de grãos, 2,5 milhões de pecuária e 500 mil de floresta plantada.

Para conservação, os principais pontos incluem, além da meta de reduzir o desmatamento, manter os 60% de vegetação nativa existente hoje no estado e recuperar 2 milhões de hectares de áreas de preservação permanente (APPs). A parte de inclusão traz pontos ligados ao aumento, de 20% para 80%, da participação da agricultura familiar no mercado interno de alimentos, com a regularização fundiária em 70% dos lotes, com aumento do acesso ao crédito.

Fonte:Instituto Centro de Vida