Plantas desempenham papel mais importante do que se pensava na limpeza da atmosfera


Uma pesquisa recente afirma que a vegetação desempenha um papel maior do que o pensado na limpeza da atmosfera.

 

           

Graças a observações, estudos de expressão gênica e modelagem por computador, os pesquisadores puderam demonstrar que as plantas caducifólias absorvem cerca de um terço mais poluentes químicos atmosféricos de do que se pensava anteriormente.

Segundo os cientistas, as plantas ativamente consumem certos tipos de poluentes. A equipe focou em uma classe de substâncias químicas conhecidas como compostos orgânicos voláteis oxigenados, que podem ter um impacto a longo prazo sobre o ambiente e a saúde humana.

Os compostos se formam abundantemente na atmosfera, a partir de hidrocarbonetos e outras substâncias químicas que são emitidas de fontes naturais, incluindo plantas, e fontes relacionadas às atividades humanas, incluindo veículos e materiais de construção.

Esses compostos ajudam a formar quimicamente a atmosfera e influenciam o clima. Eventualmente, alguns evoluem para pequenas partículas no ar, conhecidas como aerossóis, que têm efeitos importantes sobre as nuvens e a saúde humana.

Ao medir os níveis dos poluentes em vários ecossistemas, os pesquisadores determinaram que as plantas caducifólias parecem absorver os compostos a uma taxa inesperadamente rápida, até quatro vezes mais rápida do que se pensava.

Essa captação é especialmente rápida em florestas densas, e mais evidente perto do topo das copas das florestas. Tal absorção é responsável por 97% do consumo de poluentes observado no estudo.

Mas como as plantas absorvem essas grandes quantidades de substâncias químicas? A equipe descobriu que quando as árvores estão sob estresse, por causa de um ferimento físico ou devido à exposição à poluição por ozônio, por exemplo, elas começam a aumentar drasticamente a sua absorção de poluentes.

Ao mesmo tempo, ocorrem mudanças nos níveis de expressão de determinados genes que indicam elevada atividade metabólica nas árvores. Os pesquisadores concluíram então que o consumo de poluentes parece ser parte de um ciclo metabólico maior.

As plantas podem produzir substâncias químicas para se proteger de poluentes irritantes e repelir invasores, da mesma forma que o corpo humano pode aumentar sua produção de glóbulos brancos em reação a uma infecção.

Mas estes produtos químicos, se produzidos em grande quantidade, podem tornar-se tóxicos para a planta. A fim de metabolizar estes produtos químicos, as plantas começam a aumentar os níveis de enzimas que transformam os produtos químicos em substâncias menos tóxicas. Sendo assim, a planta acaba consumindo também os poluentes do ar, que podem ser metabolizados pelas enzimas.

De forma resumida, as plantas podem realmente ajustar seu metabolismo e aumentar a sua absorção de produtos químicos atmosféricos como uma resposta a vários tipos de estresse, o que acaba tendo o efeito colateral de “limpar a atmosfera”.

Os resultados da pesquisa indicaram que, em um nível global, as plantas estão absorvendo 36% mais poluentes do que já havia sido contabilizado anteriormente. Além disso, já que as plantas estão diretamente removendo esses poluentes, menos compostos estão evoluindo para aerossóis.

Fonte: National Science Foundation.

Laísa Mangelli

Detectados na atmosfera quatro novos gases prejudiciais à camada de ozônio


                            

 

Cientistas alemães, australianos, franceses, holandeses e suíços, liderados por pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), identificaram quatro novos gases prejudiciais à camada de ozônio na atmosfera, indicando que os riscos à camada podem não estar ainda totalmente controlados.

 

Os quatro gases – três clorofluorcarbonetos (CFCs), CFC-112, CFC-112a e CFC 113a e um hidroclorofluorcarbono (HCFC), HCFC-133a – foram encontrados em uma quantidade de 74 mil toneladas.

 

“Nossa pesquisa mostrou quatro gases que não estavam na atmosfera até os anos 1960, o que sugere que eles são produzidos pelo homem”, observou Johannes Laube, principal autor do estudo, da Escola de Ciências Ambientais da UEA.

 

Os pesquisadores descobriram a presença dos gases na atmosfera através da análise de amostras de ar coletadas na Tasmânia entre 1978 e 2012. Além disso, compararam as amostras com outras, retiradas do gelo na Groenlândia, o que permitiu diferenciação da composição do ar em diversos momentos da história.

 

O que chamou a atenção dos cientistas é que a concentração destes gases foi aumentando no decorrer do tempo, mesmo com a implementação do Protocolo de Montreal em 1989. O tratado baniu parcialmente os CFCs na atmosfera devido aos danos que esses causam à camada de ozônio. Em 2010, o protocolo instituiu uma proibição completa dos clorofluorcarbonetos.

 

Segundo Laube, o aumento na concentração desses gases se deve ao fato de que a legislação tem algumas lacunas, o que permite a emissão de CFCs em determinadas exceções.

 

Agora, os pesquisadores querem saber se os novos gases descobertos estão dentro destas exceções ou se estão sendo emitidos ilegalmente.

 

“Simplesmente não sabemos se os gases que descobrimos na atmosfera vêm de emissões isentas ou se eles vêm de alguma produção ilegal em algum lugar. De qualquer forma, as emissões estão aumentando rapidamente”, comentou.

 

O que se desconfia é que elas estão sendo produzidas no Hemisfério Norte, mas não se sabe precisamente onde ou por quem. “Fontes possíveis incluem produtos químicos de matérias-primas para a produção de inseticidas e solventes para a limpeza de componentes eletrônicos”, acrescentou o autor.

 

Laube afirma que não há motivo para alarde, já que a taxa dessas emissões está muito abaixo do pico de CFCs atingido na década de 1980 de mais de um milhão de toneladas por ano. Ainda assim, ele alerta que é necessário buscar desde já as fontes de emissão, para que o problema não tome proporções maiores.

 

“A detecção desses quatro novos gases é bem preocupante, já que eles contribuirão para a destruição da camada de ozônio. Além do mais, os três CFCs estão sendo destruídos muito vagarosamente na atmosfera – então, mesmo se as emissões parassem imediatamente, eles ainda ficariam [na atmosfera] durante muitas décadas.”

 

“Embora essa nova liberação seja pequena, contribuindo com uma fração de 1% do total de emissões de substâncias prejudiciais à camada de ozônio, para o Protocolo de Montreal continuar a ter sucesso é necessário entender se ele está sendo rigorosamente cumprido”, concluiu William Collins, professor de meteorologia da Universidade de Reading.

 

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.

Fonte: Envolverde