Pescadores cobram indenização da Petrobras por vazamento na Baía de Guanabara


         

 

Um grupo de pescadores protestou no último dia 18, em frente à sede da Petrobras, contra os danos ambientais causados pela estatal na Baía de Guanabara. Com redes de pesca, vestidos de preto, o grupo cobrou o pagamento de indenização estipulada em R$ 1 bilhão pelo acidente que provocou o derramamento de 1,8 milhão de litros de óleo na baía, em 2000.

 

Segundo o Fórum de Pescadores e Amigos do Mar, o acidente causou uma série de impactos socioambientais e provocou a redução de 90% da pesca na região. Pelo dano, ocasionado por um problema em oleoduto da Petrobras, a Justiça condenou a empresa a pagar R$ 1 bilhão de indenização. “Até hoje, a empresa não cumpriu a decisão. O

 

s pescadores estão idosos, doentes, empobrecidos, venderam embarcações para pagar dívidas. Muitos morreram, suas viúvas estão abandonadas e os que sobraram não têm sustento”, disse o ambientalista Sérgio Ricardo, que integra o fórum. “Há um drama humano, queremos o diálogo”, completou. Procurada pela reportagem, a Petrobras não se pronunciou sobre o caso.

 

Da colônia de pescadores Z-10, de Niterói, Jane dos Santos, de 71 anos, participou do ato e relembrou os efeitos do vazamento. “[A baía] tinha garça rosa, garça cinza, tinha mexilhão, peixe-carapicu, maria-preta e cocoroca. A poluição acabou com tudo”, disse. Ela pescava 0,5 tonelada por dia antes do acidente. Depois, a média caiu para 200 quilos. “Tirava 40 panos de rede por dia, pescava muito, conheço todas as colônias do Rio. Parei de pescar pela idade, aposentei com um salário mínimo. Não dava mais”, completou.

 

Durante o protesto, os pescadores alertaram para existência de óleo remanescente nos manguezais e no fundo da baía, o que tem afetado a reprodução dos peixes até os dias de hoje e provocado o desaparecimento de espécies. “Todos os berçários de peixe foram consumidos pelo óleo da Petrobras”, disse o pescador Paulo Sérgio, de Niterói.

 

“O óleo afundou, mas fica lá, matando. Você joga uma linha e pode ver, ela volta suja de óleo. Então, todos os peixes que tinha, que se alimentavam do limo das pedras, e também o camarão, o boto, não existem mais”, explicou Paulo Sérgio, que é da Colônia Tubiacanga. Para sobreviver, ele conta que alguns pescadores driblam a Marinha alugando barcos para o turismo.

 

Para o Fórum de Pescadores, a expansão da indústria petroleira tem ocorrido sem “critérios técnicos e sem ouvir as comunidades impactadas” e ameaça a fauna e o meio de trabalho e vida dos pescadores. Eles cobram o zoneamento ecológico-econômico e demarcação de territórios pesqueiros pelo governo do estado.

 

A Secretaria Estadual do Ambiente também não respondeu sobre os procedimentos solicitados pelos pescadores.

 

Fonte: http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/02/pescadores-cobram-indenizacao-da-petrobras-por-vazamento-na-baia-de

Foto: Reprodução

Laísa Mangelli

Rio de janeiro anuncia acordo para despoluir a Baia de Guanabara


O governo do estado de Maryland, nos Estados Unidos, vai colaborar com o programa de despoluição da Baía de Guanabara. O Acordo de Cooperação Técnica Fortalecimento da Governança e Gestão da Baía de Guanabara, estabelecida pelo Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía (Psam), da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), foi assinado ontem (4) e hoje (5) foi feito um seminário no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói para a troca de experiência entre os dois países.

               

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, explica que o Brasil não vai copiar o modelo implantado na Baía de Chesapeake, no Nordeste dos Estados Unidos, mas pretende aprender como funciona a gestão de um modelo que deu certo.

“É uma grande baía em que eles conseguiram reunir todo mundo, os governadores e prefeitos, porque pega muito mais do que um estado, é maior do que a Baía de Guanabara. Eles cobram do cidadão para despoluir, tem metas anuais, tem transparência, é que nem uma fábrica, que nem uma empresa, cada departamento tem uma grana, tem um responsável, tem uma meta, todo mundo acompanha e eles estão conseguindo muita coisa”.

De acordo com Minc, o governo de Maryland vai ajudar com a formação de quadros técnicos e com a metodologia de monitoramento para cada parâmetro, como a água, a terra e o ar.

“No convênio está prevista a ida de técnicos nossos para lá, para ter informações, ver como é que aquilo funciona, ver como eles cobram, como é que aplicam, como é que monitoram, que é uma coisa que a gente não consegue fazer tão bem assim, monitorar o resultado de cada uma das ações. Então ficamos todos nós, técnicos, prefeitos, ambientalistas, muito animados com essa perspectiva, porque eles são considerados uma experiência top de governança e limpeza de uma baía”.

O secretário lembra que o Plano Guanabara Limpa está em andamento e tem avançado em várias questões, como o fim dos lixões que despejavam chorume na baía, o aumento de 12% para 40% da população atendida por saneamento básico e a instalação de Unidades de Tratamento de Rio que vão retirar um terço da poluição despejada nas águas, além do Termo de Ajustamento de Conduta feito com a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) que reduziu em mais de 40% toda a poluição química, orgânica e oleosa da Reduc.

             

O governo do estado assumiu o compromisso com o Comitê Olímpico Internacional (COI) de despoluir 80% da Baía de Guanabara até 2016. Até lá, vamos esperar para assistir o desfecho final, pois quem vive no estorno da Baía, conhece sua atual situação de crise ambiental. E que por sinal, é grave, dado o tamanho da área a ser despoluída. 

Há anos a despoluição da Guanabara é tema entre os ambientalistas locais e cidadãos conscientes. Mas até hoje muito pouco foi feito de fato para minimizar os impactos que ela vem sofrendo ao longo dos anos, com o despejo de esgoto desmedido e principalmente com a especulação imobiliária desordenada no seu entorno.

Fonte: Info.abril

Laísa Mangelli