Imposto sobre bicicletas no Brasil é de 40,5% maior que de carros


                

Embora tenha crescido no país o discurso pró-bicicleta, pelas vantagens ambientais, na saúde da população e para desafogar o trânsito, o governo tributa mais as “magrelas” que os carros, beneficiados por incentivos fiscais, que podem ser prorrogados até 2014. Segundo estudo elaborado pela Tendências Consultoria para a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o imposto que incide sobre as bicicletas no país é de 40,5% em média, contra 32% dos tributos no preço final dos carros, de acordo com levantamento da Consultoria IHS Automotive no Brasil. A falta de incentivo fica claro na comparação do IPI: a alíquota do tributo federal é de 3,5% para carros populares, contra 10% para as bicicletas produzidas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM, onde há isenção, mas que produz apenas 21% do total do país).

Com isso, o Brasil tem umas das bicicletas mais caras do mundo. Uma bike comum, aro 26 e 21 marchas, vendida em média a R$ 400 no Brasil, é cerca de 54% mais cara que uma similar nos Estados Unidos, onde sai por R$ 259, segundo pesquisas em sites de compras. A bicicleta dobrável, ideal para uso de forma integrada ao transporte público, custa R$ 640 no Brasil, contra R$ 477 na Alemanha.

– Com todos os benefícios da bicicleta me parece descabido este elevado grau de impostos. A população tem se conscientizado, algumas cidades estão criando infraestrutura de ciclovias e ciclofaixas, mas falta, ainda, a questão tributária – afirmou Marcelo Maciel, presidente da Aliança Bike, que reúne 53 empresas do setor.

Venda pode subir 14% com preço baixo

Segundo o estudo, em média, uma bicicleta que sai de uma fábrica brasileira tem seu preço elevado em 68,2% devido aos impostos, levando em conta o mix de produção do Brasil, uma vez que a produção de Manaus, 21% do total, tem menos impostos. Levando em conta apenas o preço de uma bicicleta fabricada no resto do país, os tributos elevam em 80,3% seu preço, ou seja, nestes casos, uma parcela de 44,5% do preço final das bikes é tributos.

Para Daniel Guth, consultor da Associação de Ciclistas Urbanos da Cidade de São Paulo (Ciclocidade), a tributação e seu impacto nos preços é fundamental para estimular o uso das bicicletas no país. Segundo ele, do total de bicicletas vendidas no Brasil, 50% são destinadas ao transporte, 37% vão para as crianças, 17% usadas para lazer e 1% para corrida:

– Temos dados que mostram que 30% das pessoas que usam bicicletas no país têm renda de até R$ 600. E uma bicicleta não sai por menos de R$ 500, então o fator preço pesa muito.

Segundo a economista Carla Rossi, da Tendências, uma redução de 10% do preço pode gerar aumento imediato de 14% nas vendas no Brasil. Ela estima que, por causa do preço, o mercado das bikes, de cinco milhões de unidades em 2011, chegará a 5,9 milhões em 2018, enquanto que o potencial, com um preço mais justo, seria de 9,3 milhões de unidades.

– E uma redução nos impostos poderia auxiliar até na formalização do setor, com cerca de 40% das 235 fabricantes do país informais, de pequeno tamanho.

Quem não quer entrar na informalidade acaba se transformando em importador. É o caso da RioSouth, empresa carioca que planejava fabricar bicicletas elétricas em solo fluminense. Mas os sócios da empresa fizeram as contas e viram que suas bicicletas, que hoje custam de R$ 3 mil a R$ 4 mil – no caso da elétrica dobrável – sairiam 30% mais caras:

– Teríamos o imposto de importação de peças, pois motores e baterias não são feitos no país, e o elevado custo da mão de obra. Não conseguiríamos incentivos, pois somos pequenos. No fim, decidimos fazer o design das bicicletas e fabricá-las na China – disse Felipe Tolomei, sócio da empresa. – E como esse preço ainda é alto por causa de impostos, muitos consumidores acabam optando por comprar uma scooter, que sai a partir de R$ 4 mil.

E não é apenas o preço final que afasta os usuários. Renato Mirandolla, gerente da Dádiva Bike, pequena distribuidora de peças e que também produz algumas bicicletas na capital paulista, diz que os caros insumos castigam os mais humildes:

– Um pneu de bike custa cerca de R$ 30. Um trabalhador que use sua bicicleta todo o dia precisa fazer a troca a cada dois ou três meses, isso pesa no orçamento.

 

Tablets substituem bikes

Everton Francatto, diretor comercial da Verden Bikes, fábrica que produz cerca de 40 mil bicicletas por ano no interior paulista, afirma que hoje o maior problema do setor é o preço. Ele lembra que uma bicicleta para o dia a dia no Brasil custa cerca de R$ 500, contra valores entre € 80 e € 120 na Alemanha:

– A nossa maior preocupação é justamente nas bicicletas infantis, que custam cerca de R$ 300. Nessa faixa temos uma forte concorrência com o eletrônico. Hoje o sonho de Natal das crianças não é mais a bike, é um tablet, e isso gera problemas de saúde para esta geração.

Ele explica, ainda, que apesar do setor poder integrar o Supersimples, o ICMS encarece o produto. As bicicletas estão enquadradas no conceito de substituição tributária. Pelo regime, o valor do imposto é cobrado tanto da indústria quanto do varejo, antes que o produto seja de fato comercializado. Para tanto, é realizada uma estimativa do valor final do produto ao consumidor e é feito uma cobrança quando o produto cruza uma divisa estadual.

Fonte: http://www.portalaz.com.br/ ; http://oglobo.globo.com/

Laísa Mangelli

Sydney se prepara para enfrentar situação ‘catastrófica’ por incêndios


Restos carbonizados de veículos após os incêndios em Old Bar, em 11 de novembro de 2019 (AFP)

Depois de o governo australiano declarar estado de emergência, os moradores da região de Sydney se preparavam para enfrentar uma situação “catastrófica”, devido ao recrudescimento dos incêndios, numa situação inédita para a maior cidade australiana. As autoridades advertiram que “vidas e casas estão em risco”.

“Nada está construído, ou concebido, para resistir ao tipo de situação catastrófica que podemos esperar”, declarou Shane Fitzsimmons, responsável pelos Bombeiros do estado de Nova Gales do Sul (sudeste), que inclui Sydney.

As elevadas temperaturas e os fortes ventos, esperados para esta terça-feira, devem atiçar os incêndios que levaram a primeira-ministra do estado, Gladys Berejiklian, a declarar Estado de emergência por sete dias.

Mais de 350 escolas não terão aulas, e o Exército foi encarregado de dar apoio logístico aos bombeiros. Dezenas de focos não controlados no norte deste estado deixaram desde sexta-feira três mortos e mais de 150 casas destruídas, obrigando milhares de habitantes a fugir.

Nos últimos dias, cerca de 11 mil quilômetros quadrados – equivalente à Jamaica – foram queimados, de acordo com o serviço estadual dos bombeiros. Após uma situação de maior calma nesta segunda-feira (11), amanhã as zonas mais afetadas podem ser as Blue Mountains, ao oeste de Sydney; o vale vitícola de Hunter, ao norte; e a região de Illawarra, ao sul da cidade. “Amanhã (terça) será preciso proteger a vida, os bens, e tentar deixar todo o mundo o mais seguro possível”, declarou Berejiklian.

Algumas regiões, já afetadas pelos incêndios dos últimos duas, preparam-se para enfrentar esta nova ameaça. Na cidade costeira de Old Bar, ao norte de Sydney, os bombeiros estavam de volta para queimar zonas até agora não afetadas pelos incêndios. “Nós as queimamos para que não sejam uma ameaça para os próximos dias”, explicou o bombeiro Brett Slavin.

Fumaça tóxica

Depois de ter sido forçada a sair de casa, Shirley Murphy, de 82 anos, voltou para sua residência e reconhece que teve “sorte” que o imóvel continue de pé. Nesta época do ano, os incêndios são frequentes no país, mas a temporada começou mais cedo desta vez.

A mudança climática e dos ciclos meteorológicos gerou uma seca excepcional, baixa taxa de umidade e fortes ventos, fatores que contribuem para espalhar incêndios nas matas. Segundo Paul Read, um especialista da Universidade Monash, este ano, “diante dos incêndios antecipados”, a situação “vai-se agravar, à medida que o verão se aproxima”.

Além da ameaça à vida da população, Read destaca os riscos das nuvens de fumaça tóxica geradas pelo fogo para a saúde. “Um índice de qualidade do ar superior a 300 é considerado perigoso para todo o mundo, e não apenas para as pessoas vulneráveis”, explica. Segundo ele, este nível foi superado em vários lugares, inclusive em Sydney.

A presença de nuvens de fumaça tóxica foi registrada até na Nova Caledônia, a cerca de 1,5 mil quilômetros do outro lado do mar. Estes incêndios, particularmente violentos, geraram polêmica, já que o governo conservador é acusado de minimizar a ameaça da mudança climática.

O vice-primeiro-ministro Michael McCormack, líder do Partido Nacional Rural na coalizão governista, foi criticado por ter dado a entender que não é o momento de falar de clima. “Não nos interessam agora os delírios sobre algumas capitais puras, iluminadas e verdes, enquanto as pessoas tentam salvar suas casas”, declarou.

AFP

Objetivos do desenvolvimento sustentável no Antropoceno


Objetivos do desenvolvimento sustentável no Antropoceno, artigo de Paulo Artaxo

Nosso planeta está passando por uma série de processos de transformação muito fortes e rápidos, com o potencial de dificuldades importantes para as gerações futuras em termos de viabilidade como sociedade sustentável.

Certamente estamos caminhando neste início de Antropoceno a um planeta com clima mais instável e violento, além da evidente escassez de recursos naturais. E somos nós que estamos promovendo tais mudanças, muitas das quais sequer nos demos conta.

Nosso planeta Terra tem uma história longa, de cerca de 4,5 bilhões de anos. O homem moderno só apareceu muito recentemente (200 mil anos atrás), e a civilização tal qual a conhecemos hoje existe há apenas 6 mil anos, minúsculo intervalo na vida de nosso planeta.

Foi, contudo, nesse último milênio, que o nosso planeta passou por mudanças significativas, estando hoje muito diferente do que era àquela época.

Mudanças no uso do solo em larga escala tiveram início no desenvolvimento da agricultura, inicialmente em pequena escala, mas que hoje tomaram proporções planetárias.

A partir do século 19, o homem descobriu que queimar carvão, petróleo ou gás natural poderia produzir trabalho mecânico, e com esta descoberta na Inglaterra teve início a revolução industrial, que tantos progressos trouxe à humanidade.

Porém, com o progresso vieram também os problemas, e um deles é o uso excessivo de recursos naturais como água, minerais, combustíveis fósseis e outros, que são finitos.

Com uma crescente população de 7 bilhões de pessoas em 2016, cuja estimativa é que tenhamos cerca de 10 bilhões de pessoas em algumas décadas, é fundamental pensarmos na sustentabilidade do planeta a longo prazo.

Certamente estamos caminhando neste início de Antropoceno a um planeta com clima mais instável e violento, além da evidente escassez de recursos naturais”

Entre as 9 milhões de espécies biológicas em nosso planeta, somos uma única, controlando a biosfera da Terra, a tal ponto que estamos alterando a composição da atmosfera e o clima de nosso planeta, com fortes consequências para todas as 9 milhões de espécies.

Áreas enormes das Américas, Europa e Ásia que eram florestas, há alguns séculos, hoje são áreas cultivadas ou com estradas e áreas urbanas, o que significa forte mudança no uso do solo, com reflexos em várias propriedades que regulam o clima do planeta, tais como o balanço radioativo.

Hoje, temos cerca de 1,3 bilhão de automóveis circulando na Terra; estima-se que podemos ter 2 bilhões de automóveis em algumas décadas. Parece claro que não se pode continuar dessa forma, pois estamos esgotando rapidamente os finitos recursos naturais de nosso planeta.

Para estudar essa questão, um grupo de cientistas mundiais fundou uma atividade chamada em inglês de Future Earth, ou “Terra Futura” (site:http://www.futureearth.org/). Essa iniciativa visa a entender como o desenvolvimento de nosso planeta pode se tornar sustentável a longo prazo.

O objetivo do Future Earth é produzir o conhecimento científico necessário para minimizar os riscos das mudanças climáticas globais e realizar a transição para a sustentabilidade global, se é que isso pode ser possível.

Garantir a sustentabilidade de nossa sociedade vai envolver fortes mudanças de atitude de e para todos nós. A enorme desigualdade na distribuição das riquezas de nosso planeta traz instabilidade política, econômica e social, e é preciso minimizá-la para evitar conflitos ainda mais sérios.

Com estas preocupações em mente, as Nações Unidas estruturaram os chamados “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, que consistem em um conjunto de metas acordadas pelos 193 países membros da ONU, visando ao desenvolvimento sustentável de nosso planeta a longo prazo.

Hoje, temos cerca de 1,3 bilhão de automóveis circulando na Terra; estima-se que podemos ter 2 bilhões de automóveis em algumas décadas”

Este é um dos resultados da Rio+20, e entraram em vigor em 1 de janeiro de 2016, com um prazo de realização até 31 de dezembro de 2030. Para cada ODS, são estruturados 169 metas e indicadores globais de acompanhamento da implementação dos ODS. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são:

  1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
  2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição
  3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos
  4. Garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade
  5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
  6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água
  7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável
  8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável
  9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva
  10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles
  11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes
  12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis
  13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima
  14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos
  15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável das florestas
  16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável
  17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global

A figura abaixo ilustra de modo pictórico estes ODS, que são abrangentes e visam a construir uma nova sociedade em nosso planeta.

Estes objetivos fazem parte da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, estruturado pela ONU, onde desenvolvimento sustentável é definido como o desenvolvimento que procura satisfazer às necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades.

Garantir a sustentabilidade de nossa sociedade vai envolver fortes mudanças de atitude de e para todos nós”

Desenvolvimento sustentável demanda um esforço conjunto para a construção de um futuro inclusivo, resiliente e sustentável para todas as pessoas e todo o planeta.

A questão das mudanças climáticas é um ponto central, onde se observa que a mudança do clima já impacta a saúde pública, segurança alimentar e hídrica, migração, paz e segurança.

A mudança do clima, se não for controlada, reduzirá os ganhos de desenvolvimento alcançados nas últimas décadas e impedirá possíveis ganhos futuros. As ações relacionadas à mudança do clima darão impulso ao desenvolvimento sustentável.

Se conseguirmos atingir a maior parte destes ODS, teremos um planeta mais igualitário, justo e sustentável. Os ODS, embora de natureza global e universalmente aplicáveis, dialogam com as políticas e ações nos âmbitos regional e local.

Na disseminação e no alcance das metas estabelecidas pelos ODS, é preciso promover a atuação dos governantes e gestores locais como protagonistas da conscientização e mobilização em torno dessa agenda global.

O Brasil ao longo dos últimos dez anos trabalhou em políticas de inclusão que tiraram milhões de pessoas da pobreza extrema. Este esforço deve continuar, com a intensificação de políticas sociais visando à integração de milhões de brasileiros na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, trazendo desenvolvimento sustentável e justiça social. Essa é uma tarefa de todos os brasileiros.

Paulo Artaxo é professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.

Artigo socializado pelo Jornal da USP e reproduzido in EcoDebate, 24/06/2016

Poluição leva México a proibir que 40% dos carros circulem na capital


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O alerta surgiu após os níveis de poluição chegarem aos 161 pontos, acima do limite dos 150
Foto: Wikimedia Commons

A Cidade do México emitiu um novo alerta de poluição atmosférica, o que significa que 40% dos veículos não puderam circular na terça-feira, 3 de maio, e que as indústrias terão de cortar emissões, informou a Agência Lusa.

A poluição na cidade de mais de 20 milhões de habitantes piorou em março, levando as autoridades a emitir os primeiros alertas em uma década e a impor restrições ao trânsito.

As novas regras obrigam que um em cada cinco carros fique fora das estradas diariamente, mas o alerta emitido na segunda-feira (2) fez com que a proibição duplicasse no dia seguinte. Cerca de 5,5 milhões de veículos circulam habitualmente na cidade.

A Comissão Ambiental da Megalópole, que inclui autoridades da capital e de estados, ordenou que as empresas de cimento, químicas, farmacêuticas, de petróleo e energia reduzam as emissões até 40%.

O alerta surgiu após os níveis de poluição chegarem aos 161 pontos, acima do limite dos 150.

 

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Fonte: EcoD