Governo chinês reconhece que quase 60% das águas subterrâneas do país estão poluídas


Cerca de 60% dos 4.778 pontos em 203 cidades  monitorados pela China apresentaram a qualidade das águas subterrâneas “muito ruim” ou “relativamente ruim” em 2013, apontou um relatório do governo divulgado pela agência estatal de notícias Xinhua nesta terça-feira (22).

 

Segundo o Ministério de Terras e Recursos 43,9% dos pontos apresentaram qualidade das águas subterrâneas “relativamente ruim” e 15,7% foram classificados como tendo uma qualidade das águas subterrâneas “muito ruim”.

 

Segundo os padrões do país, uma água que apresente qualidade relativamente ruim só pode ser utilizada para consumo após passar por um tratamento apropriado. Já a água classificada como tendo qualidade muito ruim não pode ser utilizada para consumo sob nenhuma hipótese.

 

No ano anterior, a porcentagem de água que não poderia ser diretamente ingerida era de 57,4%, tendo aumentando 2,2% para 59,6% em 2013. No total, 647 pontos de monitoramento mostraram melhoras na qualidade da água em relação a 2012, mas em compensação 754 pontos apresentaram uma piora na qualidade.

 

No início deste mês, um vazamento químico contaminou o abastecimento de água da cidade de Lanzhou, que tem dois milhões de habitantes, com benzeno, levando grande parte da população a depender da água vendida em garrafas.

 

Infelizmente, a poluição hídrica não é a única forma de contaminação enfrentada pela China atualmente, e o país vem sofrendo para controlar os níveis de poluentes na água, terra e ar. Na última semana, o Ministério de Terras e Recursos apresentou alguns dados indicando que quase 20% do solo do país está contaminado com cádmio, mercúrio ou arsênico.

 

Além disso, nos últimos anos, as grandes metrópoles chinesas têm vivenciado situações alarmantes em relação ao nível da poluição atmosférica, que em muitos casos aumenta o número de casos de doenças e mortes por problemas respiratórios e impossibilita inclusive que os habitantes saiam às ruas.

 

Autor: Jéssica Lipinski   –   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Crédito imagem: Changhua Coast Conservation Action

Estudo aponta que bagaço da cana pode ajudar a purificar água poluída


                                      

Um engenheiro ambiental descobriu que o resíduo do bagaço da cana de açúcar pode retirar corantes de águas contaminadas, resultantes de processos industriais. A descoberta partiu de um estudo de Mestrado de Ecologia na Universidade Santa Cecília, em Santos, e está em processo de patente.Durante uma visita em uma usina de cana de açúcar, o consultor ambiental Antônio Iris Mazza observou uma montanha de bagaço de cana. Ao lado, uma parte de resíduos que eram jogados em aterros sanitários, como se fossem lixo. A partir dessa observação, ele quis encontrar uma forma de utilizar aquele material. “Pensei em como produzir uma cinza para alguma coisa útil. Por isso resolvi trazer o material para o laboratório”, explica Mazza.

Nas primeiras experiências, ele tentou utilizar a chamada ‘cinza’ do bagaço da cana de açúcar para retirar carga orgânica do esgoto. Os primeiros testes foram positivos mas, depois, o procedimento apresentou resultados que não eram constantes e, por isso, não obteve sucesso. Mazza estudou mais um pouco o material e começou a fazer testes com água contaminadas com corantes, resultante de processos químicos. “Quando a água tem corante ela altera o processo de fotossíntese e, assim, todo o ambiente marítimo é afetado”, afirma. Por isso, segundo o engenheiro ambiental, a água contaminada com corante deve passar por vários processos antes de ser descartada.Depois de aproximadamente 600 testes e uma pesquisa que durou quase sete meses, ele conseguiu comprovar que o pó do bagaço da cana retira até 80% do corante da água contaminada.

Um procedimento foi utilizado em três tipos de corantes (amarelo, vermelho e azul) e deu o mesmo resultado positivo. Com isso, uma solução retirada da natureza, que seria descartada, é usada a favor do meio ambiente.O resíduo do bagaço da cana é misturado com a água e são feitas 100 rotações por minuto em um recipiente. Após isso, o líquido passa por uma peneira e por uma centrífuga. Por último, a água passa por uma medição para avaliar quanto foi retirado do corante. “Esse procedimento com o resíduo pode ser usado para a retirada de cor, metais, carga orgânica, efluentes industriais e todo o processo que usa o carvão ativado”, explica o engenheiro. Apenas duas gramas de resíduo são suficientes para retirar o corante de um litro de água contaminada. A medição pode ser usada em qualquer proporção.
Sendo assim, o resíduo da cana pode ser substituído pelo carvão ativado, utilizado para esse procedimento de retirada dos resíduos, mas que gera um custo muito alto para a maioria das empresas. “O corante é usado em tudo, como, por exemplo, para fazer uma camiseta colorida. Mas não pode jogar isso no meio”, explica o orientador da pesquisa de Mestrado de Mazza, o professor doutor Sílvio José Valadão Vicente. Segundo ele, a descoberta da ação desse resíduo aconteceu por acaso, assim como tantas outras invenções no mundo, e é mais uma conquista a favor da sustentabilidade. “A sustentabilidade deixou de ser a expressão da moda e passou a ser uma necessidade”, afirmou o doutor.

Pesquisas mais minuciosas poderão comprovar se o resíduo pode transformar água não potável em água para reuso. A boa notícia é que, segundo eles, isso já é um palpite quase certo. “A pesquisa deu indicadores de que pode ser usado o resíduo. Mas os testes ainda precisam ser feitos”, afirma o engenheiro.
Após apresentar a descoberta para o mundo acadêmico, Mazza está em processo de patentear o tratamento com o RBC (resíduo do bagaço da cana). Como consultor ambiental, ele continua fazendo testes e observando resíduos nas indústrias para que, no futuro, cada vez mais se use a matéria prima natural para resolver problemas industriais a baixo custo. “Esse material vem da natureza. Existe um ganho financeiro e não destrói árvores, como se faz com o carvão. Eu criei mais um produto que veio da cana de açúcar”, finaliza Mazza.

Fonte: g1.globo.com

Publicado em Instituto Ideias